Obrigado, Perdão Ajuda-me

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As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Na Missa que presidiu em Berlim, Bento XVI afirmou que a Igreja Católica “existe para os pecadores, a fim de lhes abrir o caminho da conversão, da cura e da vida”

O primeiro dia da visita de Bento XVI á Alemanha concluiu-se com uma missa, no Estádio Olímpico de Berlim, cidade com apenas 7% de católicos (dados da Santa Sé), na presença de dezenas de milhares de pessoas que lotaram o espaço”.


Bento XVI convidou os católicos alemães a manifestarem a sua pertença à Igreja, ainda que se confrontem com a “experiência dolorosa de que há peixes bons e maus, trigo e joio”.


“Se o olhar se fixa nas realidades negativas, então nunca mais se desvenda o grande e profundo mistério da Igreja”, disse o Papa.


A intervenção deixou críticas aos que manifestam “insatisfação e descontentamento, se não virem realizadas as próprias ideias superficiais e erróneas de «Igreja» e os próprios «sonhos de Igreja»”.


Cinco anos depois da sua última passagem por solo germânico, o Papa quis deixar esta mensagem a uma Igreja afetada pelos casos de abusos sexuais envolvendo membros do clero e pela divisão dentro do próprio catolicismo em matérias como o celibato dos padres ou a moral sexual.


“Deus sabe transformar em amor mesmos as coisas pesadas e acabrunhadoras da nossa vida. Importante é «permanecermos» na videira, em Cristo”, precisou.


Segundo a Santa Sé, dos 81,7 milhões de habitantes da Alemanha 24,6 milhões são católicos, o que corresponde a 30% do total da população


“Alguns olham para Igreja, detendo-se no seu aspeto exterior: Então, ela aparece-lhes apenas como uma das muitas organizações presentes numa sociedade democrática e, segundo as normas e leis desta, devem depois avaliar e tratar inclusive uma figura tão difícil de compreender como é a «Igreja»”, observou Bento XVI.


Os presentes saudaram com uma salva de palmas a chegada do papamóvel ao estádio, onde o Papa foi recebido pelo arcebispo de Berlim, D. Rainer Maria Woelki, e o presidente do município local, Klaus Wowereit.


“Às vezes sentimo-nos como que sob uma prensa, à semelhança dos cachos de uva que são completamente esmagados. Mas sabemos que, unidos a Cristo, nos tornamos vinho generoso”, disse Bento XVI na sua intervenção.


O Papa falou num “tempo de inquietação e indiferença, em que tanta gente perde a orientação e o apoio, em que a fidelidade do amor no matrimónio e na amizade se tornou tão frágil e de breve duração”.


A Igreja Católica, acrescentou, “existe para os pecadores, a fim de lhes abrir o caminho da conversão, da cura e da vida”.


“Não estamos sozinhos quando somos oprimidos por causa da nossa fé. Jesus está connosco”, declarou.


Em conclusão, Bento XVI disse que “permanecer em Cristo” significa “permanecer na Igreja”.


“Nesta comunidade, Ele sustenta-nos e, ao mesmo tempo, todos os membros se sustentam uns aos outros. Juntos resistem às tempestades e oferecem proteção uns aos outros. Não cremos sozinhos, mas cremos com toda a Igreja”, frisou.


Depois da homilia, os participantes foram convidados a rezar pelos “cristãos mortos por causa da sua fé, sob a ditadura do século XX”, numa alusão ao regime comunista da República Democrática da Alemanha, surgida após a II Guerra Mundial.


Rádio Vaticano

'Bolero' de Joseph-Maurice Ravel - Filarmónica de Viena dirigida por Gustavo Dudamel

“Tens erros... e que erros!!”

Não te assustes nem desanimes, ao descobrires que tens erros... e que erros! Luta por arrancá-los. E, desde que lutes, convence-te de que é bom que sintas todas essas debilidades porque, se não, serias um soberbo: e a soberba afasta de Deus. (Forja, 181)

Jesus, se nós, que nos reunimos no teu Amor, fôssemos perseverantes! Se conseguíssemos traduzir em obras esses anseios de santidade que Tu próprio despertas nas nossas almas! Perguntemo-nos a nós próprios com frequência: para que estou eu na terra? E assim hão-de procurar acabar perfeitamente – com muita caridade – as tarefas que empreenderem em cada dia e cuidar das coisas pequenas. Debrucemo-nos sobre o exemplo dos santos: pessoas como nós, de carne e osso, com fraquezas e debilidades, que souberam vencer e vencer-se por amor de Deus; consideremos a sua conduta e – como as abelhas que destilam de cada flor o néctar mais precioso – aproveitemo-nos das suas lutas. Assim também havemos de aprender a descobrir muitas virtudes nos que nos rodeiam – dão-nos lições de trabalho, de abnegação, de alegria... – sem nos determos demasiado nos seus defeitos; só quando for imprescindível, para os ajudar com a correcção fraterna. (Amigos de Deus, 20)

São Josemaría Escrivá

Bento XVI no ‘Bundestag’ (parlamento alemão) pede regresso às raízes cristãs para defender «Estado de Direito»

Discurso inédito no parlamento germânico lembra experiência do regime nazi e apela a compromisso político pela justiça

Bento XVI apelou hoje em Berlim à redescoberta do património cristão da Europa para defender o futuro do “Estado de Direito” no Velho Continente, “num momento histórico em que o homem adquiriu um poder até agora impensável”.


“Foi na base da convicção sobre a existência de um Deus criador que se desenvolveram a ideia dos direitos humanos, a ideia da igualdade de todos os homens perante a lei, o conhecimento da inviolabilidade da dignidade humana em cada pessoa e a consciência da responsabilidade dos homens pelo seu agir”, disse, no primeiro discurso proferido por um Papa no parlamento federal alemão (Bundestag).


Ao contrário de outras grandes religiões, acrescentou, “o cristianismo nunca impôs ao Estado e à sociedade um direito revelado”, mas apelou para “a natureza e a razão como verdadeiras fontes do direito”.


“A cultura da Europa nasceu do encontro entre Jerusalém, Atenas e Roma, do encontro entre a fé no Deus de Israel, a razão filosófica dos gregos e o pensamento jurídico de Roma”, assinalou Bento XVI.


Após alertar que “o homem é capaz de destruir o mundo”, Joseph Ratzinger, nascido na Alemanha, falou da experiência do regime nazi, nas décadas de 30 e 40 do século passado.


“O Estado tornara-se o instrumento para a destruição do direito: tornara-se um bando de salteadores muito bem organizado, que podia ameaçar o mundo inteiro e impeli-lo até à beira do precipício”, recordou.


Neste contexto, o Papa declarou que “a política deve ser um compromisso em prol da justiça e, assim, criar as condições de fundo para a paz”.


Bento XVI chegou ao Bundestag com um ligeiro atraso, após um percurso em automóvel pela capital alemã, tendo sido recebido pelo presidente do parlamento, Norbert Lammert.


Cerca de uma centena dos 620 deputados alemães faltaram ao encontro, por considerarem que um discurso papal é incompatível com a neutralidade religiosa do Estado, mas os presentes assinalaram o momento com uma salva de palmas.
Sem aludir diretamente a este facto, Bento XVI falou do “papel que compete à Santa Sé como parceira no seio da comunidade dos povos e dos Estados”.


Para Bento XVI, “o princípio maioritário não basta” quando “está em jogo a dignidade do homem e da humanidade”.


O Papa admitiu dificuldades na missão de “reconhecer aquilo que verdadeiramente é justo e, deste modo, servir a justiça na legislação”, criticando a “concepção positivista, quase geralmente adotada hoje, de natureza e de razão”.


Bento XVI destacou, em particular, a situação na Europa, “onde vastos ambientes procuram reconhecer apenas o positivismo como cultura comum e como fundamento comum para a formação do direito”, colocando-se, “face às outras culturas do mundo, numa condição de falta de cultura” e suscitando, ao mesmo tempo, “correntes extremistas e radicais”.


O discurso papal - que gerou aplausos e algumas gargalhadas quando Bento XVI fez referências na primeira pessoa -, destacou, ainda, a mudança política gerada pelo aparecimento do movimento ecológico, nos anos 60 do século passado: “Quando na nossa relação com a realidade há qualquer coisa que não funciona, então devemos todos refletir seriamente sobre o conjunto e todos somos reenviados à questão acerca dos fundamentos da nossa própria cultura”.


Esta terceira viagem à Alemanha, a 21ª ao estrangeiro (16ª na Europa), prolonga-se até domingo e conta com passagens por Berlim, Erfurt, Etzelsbach e Friburgo, tendo como lema ‘Onde há Deus, há futuro’.


OC

(Fonte: site Agência Ecclesia)

O Papa em Berlim: a fé, base da verdadeira convivência (vídeo em espanhol)

Por que sou Católico?

Oh Lord You´re Beautiful

Bento XVI falou aos jornalistas a bordo do avião que o levou até Berlim e disse «compreender» quem deixa Igreja depois dos escândalos ligados à pedofilia

Bento XVI disse hoje “compreender” as pessoas que abandonaram a Igreja Católica na sequência de casos de abusos sexuais sobre menores envolvendo membros do clero.


“Posso compreender que, em vista de tais informações - sobretudo quando são próximas de pessoas conhecidas - alguém diga: esta já não é a minha Igreja”, afirmou o Papa aos jornalistas que o acompanhavam desde Roma no voo rumo a Berlim, capital da Alemanha, para a primeira visita de Estado à sua terra natal.


Bento XVI abordou também algumas polémicas que precederam esta viagem, sublinhando que as manifestações de protesto fazem parte da “liberdade” de cada um.


“Quando [a contestação] é expressa de uma forma civilizada, não há nada a dizer. Respeito os que assim se exprimem", afirmou.


(…)


Agência Ecclesia

A liberdade precisa da religião e não e é possível sem solidariedade: Bento XVI na cerimónia de boas-vindas, recordando que se desloca à Alemanha "para falar de Deus"

Acolhido no aeroporto de Berlim pelo Presidente da República Federal, Christian Wulff, e pela Chanceler alemã Ângela Merkel, Bento XVI chegou a meio da manhã à Alemanha, iniciando uma visita que se prolonga até domingo próximo. A cerimónia de boas-vindas teve lugar na residência oficial do chefe de estado, o palácio de Bellevue.


Na primeira intervenção pública desta viagem, agradecendo as boas vindas do presidente alemão, Bento XVI fez notar que, embora se trate de “uma visita oficial que reforçará as boas relações entre a República Federal da Alemanha e a Santa Sé”, contudo não se desloca primariamente “em vista de objetivos políticas ou económicos, como justamente fazem outros homens de Estado, mas para encontrar as pessoas e lhes falar de Deus”.


“A respeito da religião, constatamos uma indiferença crescente na sociedade, que, nas suas decisões, tende a considerar a questão da verdade sobretudo como um obstáculo, dando por isso a prioridade às considerações utilitaristas. Mas há necessidade duma base vinculativa para a nossa convivência; caso contrário, cada um vive só para o seu individualismo. Ora um destes fundamentos para uma convivência bem sucedida é a religião. «Assim como a religião precisa da liberdade, assim também a liberdade precisa da religião”.


Precisamente melhor o seu pensamento sobre esta relação entre liberdade e religião, acrescentou ainda o Papa:


“A liberdade precisa duma ligação primordial a uma instância superior. O facto de haver valores que não são de modo algum manipuláveis, é a verdadeira garantia da nossa liberdade. O homem que se sente vinculado à verdade e ao bem, estará imediatamente de acordo com isto: a liberdade só se desenvolve na responsabilidade face a um bem maior. Um tal bem só existe para todos juntos; por conseguinte, devo interessar-me sempre também dos meus vizinhos. A liberdade não pode ser vivida na ausência de relações. Na convivência humana, a liberdade não é possível sem a solidariedade.”


“A República Federal da Alemanha tornou-se naquilo que é hoje, através da força da liberdade plasmada pela responsabilidade diante de Deus e a de cada um perante o outro. Ela precisa desta dinâmica, que envolve todos os âmbitos humanos, para poder continuar a desenvolver-se nas condições actuais. Precisa disso neste mundo que necessita de uma renovação cultural profunda e da redescoberta de valores fundamentais para construir sobre eles um futuro melhor”.


Rádio Vaticano

É importante escutar o que Papa vem dizer como mestre da fé

O Núncio Apostólico na Alemanha, D. Jean Claude Périsset, assinalou que é importante que os fiéis escutem e respondam ao que o Santo Padre vai dizer como mestre da fé em uma sociedade que necessita de Deus.

Em entrevista concedida à Rádio Vaticano, o Núncio disse que entre os católicos na Alemanha "há inquietudes, porque na atual sociedade livre, cada qual expressa seu próprio parecer, e isto não me surpreende".

"Mas é necessário tomar consciência do tesouro intrínseco no magistério da Igreja, enriquecido ao longo dos séculos, que deu vida à nossa comunidade e que hoje o Papa, junto aos bispos, busca tornar cada vez mais vivo para a sociedade de hoje".

"Estar à escuta: para mim, é muito importante. Assim – prosseguiu D. Périsset – é necessário responder de tal maneira que nossa linguagem possa ser compreendida pelas pessoas. E acredito que nisto o Papa Bento é um professor".

Sobre a realidade da sociedade germânica, o Prelado disse que o Papa encontrará "uma Alemanha similar às demais sociedades ocidentais, nas que a fé já não é tão vivida, nem sequer dentro da própria Igreja Católica".

"Os praticantes, quantos frequentam pelo menos a missa dominical, alcançam pouco mais de 15 por cento, e no entanto, as pessoas reconhecem-se como membros de uma Igreja: um terço católicos, um terço evangélicos, e um terço afirma não ter pertença religiosa alguma. Mas eu vejo também que aqueles que não estão de acordo com a Igreja de todos os modos estão interessados na sua mensagem". 

Quanto ao sentido ecuménico da viagem, o Núncio na Alemanha disse que "para mim, apenas o fato de que o Papa se encontre com os irmãos evangélicos no lugar onde Lutero foi monge (em Erfurt) – e onde deixou os ensinamentos da Igreja para promover uma visão pessoal – é realmente relevante".

"O Papa deseja dar este sinal: não só de diálogo com os representantes da Igreja evangélica e de outros grupos ligados à Reforma, mas também um momento, um ato de oração ecuménica. Isto responde ao que diz a escritura: ‘onde dois ou três se reúnem em meu nome, ali Eu estou’".

Finalmente, falando sobre os protestos anunciadas por alguns parlamentares em repúdio ao discurso do Papa Bento XVI no Bundestag (Parlamento Alemão), D. Périsset afirmou que "esta atitude significa que não se sabe o que quer dizer uma visita de Estado e o que representa a pessoa do Papa".

Portanto, que alguns parlamentares não o entendam quer dizer que não estão bem informados, acrescentou e expressou seu desejo de que estes protestos se dêem dentro dos limites do correto, sem atitudes intolerantes.

(Fonte: ‘ACI Digital’ com edição de JPR)

Bento XVI vai propor Deus aos alemães

Fátima Maio de 2010
O Vaticano considera que a visita do Papa Bento XVI à Alemanha, que começa hoje, vai contribuir para enfrentar o progressivo processo de “secularização” do país.


Num texto publicado no Missal da Viagem do Papa, refere-se que o movimento de descristianização intensificou-se com a reunificação das duas Alemanhas, em 1990, porque a maior parte da população da antiga RDA que cresceu sob o domínio comunista e foi educada no espírito do ateísmo.


Nesse sentido, esta visita do Papa pretende contribuir para manter viva a pergunta de Deus na sociedade alemã.


Cinco anos depois da última passagem pela Alemanha, o Papa será recebido, logo mais, em Berlim, pelo presidente federal Christian Wullff e pela chamceler Angela Merkel, no início de uma deslocação que gera protestos de quadrantes políticos e sociais.


Propor Deus aos alemães


Não se trata de turismo religioso nem de uma visita “show”, mas sim de propor Deus aos alemães, para que Ele regresse ao horizonte de todos os homens. Foi o próprio Papa quem assim definiu esta viagem de quatro dias.


Uma viagem que inclui um pouco de tudo, a começar por Berlim, a mais liberal das três cidades que Bento XVI visita e onde se prevêem protestos de rua -  está convocada para esta quinta-feira uma manifestação com milhares de homossexuais, ateus, e laicos radicais - e protestos também por parte de um grupo de políticos de esquerda que esta tarde se recusam a ouvir o Papa quando ele falar no Parlamento.
Destaque também nesta quinta-feira para a missa no Estádio Olímpico e para o que Bento XVI poderá dizer aos católicos, que são cada vez em menor número nesta Alemanha secularizada.


Outra dimensão importante desta visita é a questão ecuménica. Bento XVI visitará a cidade de Erfurt, a terra natal de Lutero, onde participará numa celebração ecuménica.
Na última etapa, em Freiburg, destaque para o encontro com os jovens, sábado à tarde, e com os católicos empenhados na sociedade, domingo ao final do dia.
Bento XVI regressa, pela terceira vez, ao seu país natal depois das visitas de 2005, para a Jornada Mundial da Juventude em Colónia e 2006, na visita à Baviera, região onde nasceu.

Rádio Renascença online

Bento XVI nunca esteve apaixonado por uma rapariga, declarou o seu irmão numa entrevista

Bento XVI nunca esteve apaixonado, afirmou Georg Ratzinger, irmão mais velho do papa, numa entrevista ao jornal alemão Bunte, hoje publicada.

Questionado sobre se os irmãos Ratzinger tinham na juventude estado apaixonados por uma rapariga, Georg respondeu: "Não. Para nós foi muito claro, muito cedo, que seguiríamos outro caminho e renunciaríamos ao casamento", declarou o padre Georg Ratzinger, de 87 anos.

O irmão de Bento XVI afirmou que o Papa cometeu pecados, como todas as pessoas. "Cada pessoa peca. Pouco importa se é Papa ou não", disse.

(…)

(Fonte: DN online)

Bento XVI inicia hoje visita à Alemanha para sanar divisões

O Papa é uma dessas figuras que "fascinam qualquer pessoa", por defender as suas posições de modo convincente (Horst Opaschowski, sociólogo) 

Colónia. "Somos Papa!" foi com este cabeçalho em grandes letras que o jornal mais sensacionalista da Alemanha celebrava, a 20 de Abril de 2005, a eleição no dia anterior do cardeal Joseph Ratzinger como Papa. Uma feliz ideia, que depressa passou a fazer parte dos livros de jornalismo.
Nos quase cinco anos e meio que decorreram desde a sua elevação à cátedra de Pedro, a euforia com que foi recebida a eleição de Bento XVI deu lugar a velhos ressentimentos, prevenções e preconceitos. De tal modo que uma das iniciativas contra a próxima viagem do Papa à Alemanha, de 22 a 25 de Setembro, tem por título "Não somos Papa".
Um dos momentos mais esperados da visita é o discurso do Papa no Bundestag 
Esta plataforma tornou público um comunicado: "O Papa devia aprender de uma vez por todas que a maioria dos católicos e católicas da Alemanha apoia as reformas desde há muito consideradas necessárias: redução das estruturas autocráticas, abolição do celibato obrigatório, acesso das mulheres a todos os cargos eclesiásticos, comunhão eucarística em conjunto com outras confissões e admitindo divorciados que tenham contraído novas núpcias, evolução no campo da doutrina sexual e fim da discriminação dos homossexuais". E assim se repete pela enésima vez um catálogo de reivindicações já constantes, por exemplo, de um "Memorandum" assinado em Fevereiro de 2011 por cerca de 300 teólogos e teólogas, ao qual evidentemente se reporta a plataforma "Não somos Papa".
Que reformas?
O que o documento da plataforma não refere é a resposta que a 19 de Fevereiro deu o presidente da Conferência Episcopal, arcebispo Robert Zollitsch, num artigo publicado no diário Die Welt: "Com todo o respeito para com os teólogos, será que alguém pensa realmente que, levando à prática as reformas reivindicadas, se chegaria na Igreja ao desejado florescimento da fé? O diálogo desejado por todos os bispos refere-se a uma reflexão séria sobre o modo de responder de modo que se entenda à questão de Deus nas circunstâncias das nossas vidas, numa época moderna ou pós moderna. Trata-se também de como exteriorizar convincentemente a fé cristã tanto na oração e na liturgia como no testemunho prático mediante obras de caridade e solidariedade. Para tal, precisa-se de mais do que de algumas reformas na Igreja."
Todas estas "iniciativas" não deixam lugar a dúvidas: em vésperas da visita do Papa ao seu país natal, as divisões entre os católicos da Alemanha não dizem apenas respeito a questões periféricas; trata-se da própria essência da sacramentalidade da Igreja, pois existem - como na época da Reforma - diferenças fundamentais sobre o que se entende como sacramentos da Eucaristia e do sacerdócio. Por esta razão, os bispos alemães convidaram cerca de 300 católicos, leigos e religiosos, para reflectirem juntos sobre a fé e o futuro da Igreja católica, marcando um encontro anual durante cinco anos; a primeira realizou-se a 8 e 9 de Julho em Mannheim. Se bem que entre os participantes no dito diálogo não tenham faltado vozes que criticavam o ênfase excessivo em questões estruturais, de distribuição de poder no seio da Igreja e de moral sexual, o Papa mostrou profundo interesse por neste processo que poderia, em sua opinião, constituir um forte impulso para o futuro da Igreja. O Papa sublinhou ainda que se devia estabelecer uma ligação com o 50º aniversário do concílio Vaticano II. 
Autenticidade: a marca de Bento XVI
Também o lema da viagem papal se refere ao futuro da Igreja: "Wo Gott ist, da ist die Zukunft" ("Onde está Deus, há futuro"). Face a todos os grupos que protestam contra esta visita do Papa, os fiéis responderam maioritariamente: para a missa de Freiburg inscreveram-se - só se pode participar solicitando uma entrada antecipadamente - mais de 100.000 pessoas; no total, calcula-se que cerca de 260.000 pessoas irão assistir às três missas que Bento XVI vai celebrar durante esta sua terceira viagem à Alemanha: para além da já referida em Freiburg, no Domingo, 24 de Setembro, a do estádio olímpico de Berlim (Quinta-feira, 22) e em Erfurt (Sábado, 24). Na vigília com os jovens, que terá lugar no Sábado à tarde em Freiburg, estão inscritas já 23.000 pessoas; a União da Juventude Católica (BDKJ) mostra o seu interesse num comunicado: "Muitos jovens católicos consideram o Papa Bento uma pessoa autêntica". Claro que, embora a BDKJ também se refira às "reformas esperadas por muitos", é significativo que refiram que os jovens "estimam o Papa pela sua credibilidade". É precisamente a credibilidade - na opinião de um observador independente, o sociólogo especializado em futurologia Horst W. Opaschowski, que goza na Alemanha de grande prestígio - o traço mais referido na construção de um perfil de Bento XVI: "Durante a sua visita à Alemanha, o Papa irá ganhar as pessoas com a sua imagem de autenticidade"; o Papa é uma dessas figuras que "fascinam as pessoas" por defender as suas posições de modo convincente:"A personalidade carismática do Papa tem um efeito muito positivo, que muitos políticos desejariam possuir".
A essa "pregação sem disfarces" se referia também o cardeal Meisner de Colónia, numa entrevista concedida à agência católica de notícias KNA: o Papa irá pregar a verdade e a beleza do Evangelho, pois é esse o seu dom especial. Meisner referiu-se igualmente ao encontro com protestantes em Erfurt. Um artigo de Arnd Brummer, redactor-chefe da revista Chrismon - financiada pelo conselho da Igreja Evangélica alemã - provocou há algumas semanas algum alvoroço pela sua crítica invulgarmente acerba à Igreja católica. No entanto, o presidente do conselho, Nikolaus Schneider, distanciou-se do referido artigo, por considerar que "supõe pouca ajuda" ao diálogo.
O mais esperado: o discurso no Bundestag
O cardeal Meisner, no entanto, espera uma "melhoria do clima" entre as diferentes confissões; mas também se referiu ao facto de o Papa dever dizer aos protestantes para "não seguirem o espírito dos tempos" e serem mais fiéis à doutrina cristã em relação a questões éticas de actualidade como o aborto, o diagnóstico pré-implantatório ou as relações homossexuais.
Um dos momentos mais esperados desta viagem do Papa terá lugar no primeiro dia: Bento XVI visitará na 5ª-feira de tarde o parlamento alemão. Se bem que alguns deputados tenham feito saber que não assistiriam em sinal de protesto, não devemos esquecer - como recentemente fez numa entrevista Hans-Jochen Vogel, ex-presidente do partido social democrata SPD- que "todos os grupos parlamentares aceitaram o convite".
O presidente do Bundestag, Norbert Lammert, sublinhou o "significado histórico" da visita: "Em todos os grupos parlamentares existe um amplo consenso sobre ser esta uma ocasião praticamente irrepetível de cumprimentar um Papa alemão na capital da Alemanha, uma ocasião que deveria estar acompanhada por um convite para fazer um discurso ao Bundestag".
Bento XVI terá igualmente uma reunião com o tribunal constitucional, não estando, no entanto, previsto nenhum discurso.
Exposição de obras de Rafael
Para comemorar a viagem papal, Bento XVI autorizou o envio a Dresden de uma obra prima de Rafael, que nunca anteriormente tinha saído dos Museus do Vaticano: a Virgem de Foligno. Juntamente com a ainda mais famosa Virgem Sistina, que se conserva em Dresden desde meados do século XVIII, as duas pinturas de Rafael são o coração de uma mostra preparada nesta cidade alemã - próxima de Berlim e conhecida por "Florença do Elba" - com o título: "Esplendor celeste. Rafael, Dürer e Grünewald pintam a Virgem". A exposição estará aberta ao público até Janeiro de 2012.
Diminui o número de católicos
O ano de 2010 saldou-se na Alemanha por um aumento sem precedentes do número de baixas na Igreja: 181.193 pessoas declararam que a deixavam, cerca de 47% mais que em 2009. Foi a primeira vez que superaram o número de baptismos, que foi de 170.339. Se tivermos em conta os aproximadamente 283.000 falecimentos, a percentagem de católicos da população alemã desceu em 2010 para 30,2% dos 81 milhões de habitantes. Mesmo assim continua a ser a confissão mais numerosa, contando com 24,65 milhões de crentes, face aos quase 24,2 milhões de evangélicos.
Na capital, Berlim, os católicos encontram-se no entanto em franca minoria: segundo os dados oficiais de 2009, são apenas 9,34% dos seus 3,43 milhões de habitantes, face a 19,35% de evangélicos e cerca de 7,25% de muçulmanos. A grande maioria é no entanto constituída por pessoas "sem confissão": mais de 63%.
Por detrás destas estatísticas, e em particular por detrás do elevado número de baixas na Igreja católica, esconde-se a reacção aos casos de abusos sexuais por parte de clérigos que, embora na sua grande maioria tenham tido lugar décadas atrás, vieram a lume durante o ano passado. Embora tanto os bispos alemães como Bento XVI, tenham reagido com rapidez (num comentário redigido para o diário Die Welt de 18 de Março, o arcebispo Robert Zollitsch, presidente da Conferência Episcopal Alemã, chegou a perguntar retoricamente: "Que mais querem que o Papa diga?"), o impacto mediático foi enorme.

José M. García Pelegrín

Aceprensa

A imprensa alemã e a viagem de Bento XVI que se inicia hoje

A viagem que Bento XVI fará à Alemanha a partir de amanhã è certamente uma das mais densas de significados de seu papado. Será a terceira a seu país de origem, depois de ter vindo a Colónia em 2005 para a JMJ (apenas 4 meses após sua eleição) e à Baviera em 2006, mas é a primeira como convidado do Presidente da República para uma ‘visita de Estado’.


Pode-se afirmar que esta viagem estava nas intenções do Pontífice há muito tempo e vinha adiada por vários motivos. Este, há 5 anos da última, segundo o Papa, é o momento certo. Aqui, ele vai encontrar uma sociedade sempre mais secularizada, onde também o catolicismo sofre com a perda de fiéis, e uma Igreja local em estado de agitação e ainda ferida pelos casos de abusos sexuais envolvendo clérigos. A tensão também é política e económica. Como os outros países deste continente, a Alemanha não atravessa uma boa fase económica e política. A popularidade do governo é baixa e os números demonstram que o país cresce pouco.


A missão que se impôs fica clara já no tema da viagem: “Onde estiver Deus, há futuro”, extraído de uma homilia proferida em 2007 no santuário austríaco de Mariazell, e sublinha que sem os valores da fé e sem a esperança que dela deriva, não existe resposta para nossas angustias: o futuro, o meio ambiente, os conflitos e até a economia mundial. É o que Bento XVI vai destacar aqui, no país ‘locomotiva’ do Velho Continente, mas aonde a fé cristã parece ter-se estagnado. Recorda-se que apenas um terço da população alemã é católica.


A expectativa, no entanto, aumenta, e os meios de comunicação têm intensificado a programação dedicada à visita papal. O jornal de Frankfurt publica uma reportagem sobre o catolicismo em Berlim, ressaltando que a Igreja local sempre foi composta por imigrantes, ou seja, não berlinenses, e ainda hoje é assim. Para o quotidiano de centro-direita, o Papa vai encher os 70 mil lugares do estádio olímpico de Berlim, onde celebrará missa amanhã à tarde.


Já o Süddeutsche Zeitung (centro-esquerda) traz cartas de leitores com opiniões favoráveis e contrárias à visita do Papa ao Parlamento (o evento mais debatido desta viagem). O Bild, diário mais lido na Alemanha, colocou na fachada de sua sede um poster de 78 metros de altura: uma reprodução da primeira página do jornal no dia da eleição de Papa Ratzinger, com a famosa manchete “Wir sind Papst – Nós somos Papa”. Hoje, uma página inteira è dedicada à visita, com o título “Berlim inteira olha ao Papa”.


Assim, Berlim aguarda a chegada do Pontífice hoje. O discurso mais esperado será às 16h15, no Bundestag, o Parlamento alemão. Dois grupos parlamentares, a Linke e os Verdes, já anunciaram que não presenciarão o encontro.


Depois da capital federal, o Papa terá etapas em Erfurt, com o encontro ecuménico no ex-Convento dos Agostinianos, e após a visita ao santuário mariano de Etzelsbach, na ex-Alemanha Oriental - lugar das perseguições comunistas aos cristãos – irá a Friburgo, no sul do país, região tradicionalmente católica.


Cristiane Murray, da Alemanha, para a RV


Rádio Vaticano

A REGENERAÇÃO DA UNIVERSIDADE - Comentário ao Discurso de Bento XVI em Espanha, na recente JMJ

As palavras de Bento XVI aos professores universitários são um convite à reflexão sobre o significado do ensino, que nunca pode limitar-se à transmissão de verdades parciais desligadas da fonte do seu sentido global

O discurso de Bento XVI proferido a 19 de Agosto no Mosteiro de S. Lourenço do Escorial perante jovens professores universitários, constituiu, pela sua forma e conteúdo, uma peça magistral, no sentido mais genuíno da palavra: são ideias de um mestre que transmite aos seus discípulos ou colegas mais jovens, orientações sapienciais extraídas do tesouro da sua experiência e reflexão sobre a natureza da vida universitária. São orientações muito pertinentes numa altura em que a instituição universitária atravessa uma profunda crise de identidade, ameaçada que está pela actual invasão de lógicas utilitárias e mercantilistas, que, aproveitando a situação de falta de vontade para buscar a verdade última sobre o ser humano, desgastam a verdadeira natureza da universidade. 

Neste contexto, Bento XVI achou oportuno relembrar a natureza e missão da universidade, actualizando o conteúdo das palavras de Afonso X, o Sábio, que, já no século XIII, a descrevia como «assembleia de mestres e alunos com vontade e compreensão para aprender os saberes». Estas palavras recordam qual é a alma desta instituição, e quão fundamental é a sua contribuição na tarefa de recuperar a confiança na capacidade humana de buscar a verdade e viver de acordo com a mesma. Deste modo, as novas gerações encontrarão pontos de referência firmes para construir as suas vidas, tal como é proposto na mensagem do Papa aquando da recente Jornada Mundial da Juventude, realizada em Madrid.

A casa onde se busca a verdade

Consciente do contributo que a universidade pode e deve dar com o objectivo de formar pessoas íntegras, Bento XVI chamou a atenção, explicitamente, para o perigo de reduzir a missão da universidade a, apenas, formar profissionais competentes de acordo com as regras ditadas por ideologias ou pelo mercado. É o perigo de limitar a formação, dada pela universidade, à transmissão de conhecimentos técnicos ou imparciais e esquivar-se às interrogações actuais que constituem uma luta por abrir caminho no espírito e no coração dos jovens. 

É, exactamente, neste contexto que se torna particularmente urgente que a universidade tome consciência da sua origem e da tradição herdada, pois «o verdadeiro conceito de universidade é, exactamente, o que nos defende dessa visão redutora e distorcida do ser humano». 

Efectivamente, a universidade como «casa onde se busca a verdade própria da pessoa humana» não é compatível com o relativismo e o cepticismo que destroem o amor à verdade, entregando o homem nas mãos de outros interesses, pragmáticos ou ideológicos, cada vez mais mesquinhos: «A universidade encarna um ideal que não deve ser desvirtuado nem por ideologias fechadas ao diálogo racional, nem por servilismos a uma lógica utilitária do simples mercado, que vê o homem como um mero consumidor».

Responsáveis por um ideal

Nesta conjuntura, o Papa convidou os jovens professores universitários a sentirem «a responsabilidade deste ideal que recebemos dos nossos antepassados», a reconhecer-se como seus «continuadores numa história bem diferente da sua, mas em que as questões essenciais do ser humano continuam a exigir a nossa atenção e estímulo para ir em frente». 

Seguir o testemunho das gerações de universitários que nos precederam e concretizar, no actual momento histórico, semelhante ideal universitário constitui um desafio apaixonante, que, na situação actual, só é possível enfrentar indo ao âmago da vida universitária, superando os obstáculos estruturais e culturais que, nos nossos dias, constituem o perigo mais iminente. Estes obstáculos podem ser diferentes dos de outras épocas; contudo, não são insuperáveis desde que os protagonistas da vida universitária recuperem o sentido do seu próprio papel. Isto é comprovado, de modo eloquente, pela própria experiência de Bento XVI, que relembra a enorme escassez de meios materiais por que passava a universidade alemã durante o pós-guerra que nada podiam relativamente à «ilusão de uma actividade apaixonante», como era a relação com os colegas das diferentes disciplinas e o desejo de dar respostas às inquietações prementes e essenciais dos alunos, nessa época». 

Neste duplo desejo que encerra, em grande parte, a ideia de universidade definida nas palavras de Afonso X, o Sábio, esboça-se a prioridade de uma visão de relacionamento da universidade, que tem como objectivo o crescimento das pessoas. Esta visão contrasta com a actual ênfase dada aos aspectos do sistema e do progresso da organização universitária, em que o crescimento pessoal é quase um efeito colateral. Todavia, compete-nos esperar que, de uma revitalização pessoal da autêntica vocação universitária, surja um estímulo para iniciar uma regeneração desta instituição, que, actualmente, sofre de uma evidente asfixia estrutural.

Os verdadeiros mestres

Tem muito a ver com o despertar o interesse dos verdadeiros mestres que Bento XVI descreve em poucas palavras como «pessoas abertas à verdade total nos diversos ramos do saber», que sabem «escutar e viver no seu próprio interior esse diálogo interdisciplinar» tão necessário para ultrapassar a parcialidade, a dispersão dos saberes; «pessoas convictas, sobretudo, da capacidade humana de avançar no caminho da verdade». 

Nestas palavras, encontra-se, sem dúvida, um convite à reflexão sobre o significado do ensino, que nunca se pode limitar à transmissão de verdades parciais, desinseridas de contextos; que nunca pode ser reduzido a «uma escola de transmissão de conteúdos», mas que deve ser entendido, como «um conjunto de jovens que haveis de compreender e querer, em quem haveis de despertar essa sede de verdade que possuem, no mais fundo do seu ser e esse desejo de superação». Os jovens, com as suas sinceras inquietações, tantas vezes escondidas por eles próprios, são, em última instância, o estímulo desse «conjunto de professores e alunos», unidos pela «compreensão e vontade de aprender os saberes», sem os quais não há universidade. 

Contudo, essa aprendizagem é muito mais do que a transmissão de verdades parciais; por isso, num tempo marcado pela fragmentação dos saberes, na caracterização do professor há referência à interdisciplinaridade, bem como a um código para interpretar correctamente o seu sentido. Assim, tal «interdisciplinaridade» não pode ser levada à prática unicamente a partir de conceitos analíticos ou dispersos do saber; só poderá nascer de uma reflexão e síntese pessoal, que abranja as diferentes ciências à luz de uma verdade que lhe confira unidade e sentido. Consequentemente, qualquer professor universitário deve ter algo de filósofo; pois é nessa filosofia da própria disciplina que se pode encontrar os pontos últimos de ligação aos restantes saberes.

Intercâmbio intelectual entre professores e alunos

De qualquer modo, as palavras de Bento XVI constituem um desafio para os próprios professores, que, para estarem à altura da sua missão, devem ter em conta, por um lado, que o caminho para a verdade nos empenha totalmente e, por outro, que a própria verdade está sempre muito além do nosso alcance e que nunca a possuímos integralmente, pois é, pelo contrário, ela que nos possui, como notamos no facto da mesma consumir o melhor das nossas energias. 

Entretanto, para que esta subordinação lógica à verdade, sem a qual não existe uma verdadeira vocação universitária, seja posta em prática de modo efectivo, torna-se imprescindível cultivar uma atitude humilde em que o professor se coloca em segundo plano transformando-se numa via para o caminho de outros rumo à verdade. 
Esses «outros», não são nunca, pura e simplesmente, os destinatários de processos docentes de ensino/aprendizagem, mas pessoas cujos anseios mais profundos de verdade que vão muito para além da simples assimilação de saberes materiais não temos o direito de defraudar. Por isso, a relação académica, tanto entre colegas professores como entre professores e estudantes hão-de ser estabelecidas num clima de intercâmbio intelectual que tenha em conta o todo da pessoa.
 

Este estilo de ser professor, que tem em Cristo a sua primeira referência, facilita, sem dúvida, a tarefa de «propor e prestigiar a fé perante a inteligência dos homens». Pois constitui o ambiente dentro do qual pode desenvolver-se essa harmonia entre fé e razão da qual brotaram, no Ocidente, tantos frutos culturais vividos em todo o mundo, entre os quais, significativamente, a própria instituição.

Ana Marta González

Ana Marta González é professora de Filosofia Moral na Universidade de Navarra e directora do projecto "Cultura emocional e identidade"

Aceprensa