Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sexta-feira, 25 de julho de 2014

«A fé vem da escuta» (Rm 10, 17)

Justamente porque o conhecimento da fé está ligado à aliança de um Deus fiel, que estabelece uma relação de amor com o homem e lhe dirige a Palavra, é apresentado pela Bíblia como escuta, aparece associado com o ouvido. São Paulo usará uma fórmula que se tornou clássica: « fides ex auditu — a fé vem da escuta » (Rm 10, 17). O conhecimento associado à palavra é sempre conhecimento pessoal, que reconhece a voz, se lhe abre livremente e a segue obedientemente. Por isso, São Paulo falou da « obediência da fé » (cf. Rm 1, 5; 16, 26).[23] Além disso, a fé é conhecimento ligado ao transcorrer do tempo que a palavra necessita para ser explicitada: é conhecimento que só se aprende num percurso de seguimento. A escuta ajuda a identificar bem o nexo entre conhecimento e amor.

A propósito do conhecimento da verdade, pretendeu-se por vezes contrapor a escuta à visão, a qual seria peculiar da cultura grega. Se a luz, por um lado, oferece a contemplação da totalidade a que o homem sempre aspirou, por outro, parece não deixar espaço à liberdade, pois desce do céu e chega directamente à vista, sem lhe pedir que responda. Além disso, parece convidar a uma contemplação estática, separada do tempo concreto em que o homem goza e sofre. Segundo esta concepção, haveria oposição entre a abordagem bíblica do conhecimento e a grega, a qual, na sua busca duma compreensão completa da realidade, teria associado o conhecimento com a visão.

Mas tal suposta oposição não é corroborada de forma alguma pelos dados bíblicos: o Antigo Testamento combinou os dois tipos de conhecimento, unindo a escuta da Palavra de Deus com o desejo de ver o seu rosto. Isto tornou possível entabular diálogo com a cultura helenista, um diálogo que pertence ao coração da Escritura. O ouvido atesta não só a chamada pessoal e a obediência, mas também que a verdade se revela no tempo; a vista, por sua vez, oferece a visão plena de todo o percurso, permitindo situar-nos no grande projecto de Deus; sem tal visão, disporíamos apenas de fragmentos isolados de um todo desconhecido.

Lumen Fidei, 29

O SURF DE DEUS

Experiência de contemplação e de testemunho da fé cristã

Não sei se o facto do meu ministério pastoral me obrigar a percorrer, com frequência, a estrada entre o Dafundo e o Estoril, à beira-mar, faz de mim um padre na linha … ou, pelo contrário, um marginal!

Mas, a verdade é que não me canso daquele trajecto que, apesar de conhecido como a palma da mão, é sempre de uma surpreendente beleza. Mais do que as pequenas fortalezas costeiras, a contrastar com a imponência do Forte de São Julião da Barra, ou o Bugio, ou ainda os cruzeiros que, de manhã cedo, entram pelo rio e, ao crepúsculo, desaparecem no horizonte, entusiasma-me o espectáculo dos surfistas que, durante todo o ano, se podem ver nalgumas praias.

Ao volante e sempre apressado, quase nunca tenho o tempo que desejaria para uma observação mais prolongada, excepto quando o trânsito está mais lento ou o semáforo me concede alguns segundos de distracção. É então que contemplo, com alguma inveja, aquelas pranchas à tona da água, em velozes ziguezagues entre as ondas, aproveitando a força da maré, em jogos de equilíbrio que parecem danças guerreiras, ou um estranho ballet. O mar, esse espelho de água em que o azul do céu se reflecte, está por vezes calmo mas, em geral, o vento suscita uma considerável ondulação que, nas marés vivas, chega a ser furiosa, ouvindo-se então um bramido assustador, que recorda o mítico Adamastor. À fragilidade do nauta, sem outra defesa que a sua destreza sobre a instável plataforma, assiste apenas o seu saber de experiência feito e, se a tiver, a sua fé. Foi essa a ciência e essa a luz sobrenatural – Lumen fidei, como recorda a primeira encíclica do Papa Francisco – que guiou os navegantes lusíadas que, aventurando-se por rotas desconhecidas, deram novos mundos ao mundo e dilataram a fé.

Neste Ano da Fé e já na iminência de mais umas Jornadas Mundiais da Juventude, quero crer que muitos jovens cristãos sulcarão as marés adversas, com a determinação e a alegria da fé. Para um cristão, esta apaixonante prática desportiva não pode ser apenas uma mera diversão, nem uma exibição egoísta, nem muito menos uma agressiva competição, mas uma escola de vida cristã. Deve ser – porque não? – experiência de Deus na comunhão da natureza, ou seja, oração. E testemunho de fé na vivência da caridade com todos os irmãos.

Quando passo pela praia e vejo o «cardume» de jovens desportistas a surfar, não posso deixar de sorrir e de rezar por quantos navegam pelas tumultuosas águas do mundo, pedindo a Deus que nos conceda a graça de poder ver, um dia, sobre os altares, alguns dos que agora vejo sobre as pranchas. Com quanta alegria e devoção eu rezaria a um santo surfista!

P. Gonçalo Portocarrero de Almada in 'Hora da Verdade' 21.07.2013

ORAÇÃO DO SURFISTA

Para rezar antes e depois de ir ao mar

Obrigado, Deus-Pai, pela beleza do mar
E pela grandeza do vento e da maré!
Fazei que sempre vos saibamos amar
E aumentai em nós o dom da vossa fé!

Jesus, que andastes sobre as águas do mar,
Dizei-nos o que outrora mandastes a Simão
Para que sobre as ondas saibamos caminhar
E se o pé faltar, não nos falte a vossa mão!

Espírito Santo, que sois fogo e vento,
Acendei em nós o lume da caridade
Para que aos náufragos demos alento
E ajuda a quem tenha necessidade!

Oh Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe,
Estrela do Mar: sede sempre o nosso norte
Porque quem na vida a seu lado vos tem,
É feliz agora e na hora da sua morte!

Anjos da Guarda, doce companhia,
E vós, bem-aventurados Santos e Santas:
Socorrei-nos e salvai-nos, noite e dia,
Guiai nossas almas e as nossas pranchas!

«Podeis beber o cálice que Eu estou para beber?»

São Basílio (c. 330-379), monge, bispo de Cesareia na Capadócia, doutor da Igreja 
Homília sobre o salmo 115, §4.


«Como retribuirei ao Senhor?» (Sl 116,12). Nem com sacrifícios nem com holocaustos, nem com a observância dos preceitos da lei, mas com toda a minha vida. E é por isso que o salmista diz: «Elevarei o cálice da salvação» (v. 13). Os trabalhos que sofreu nos combates da sua devoção filial a Deus e a constância pela qual resistiu ao pecado até à morte, a isso chama o salmista o seu cálice.

É a propósito desse cálice que o próprio Senhor Se exprime assim no Evangelho: «Meu Pai, se é possível, afaste-se de Mim este cálice» (Mt 26,39); e aos seus discípulos: «Podeis beber o cálice que Eu estou para beber?» Com isto queria referir-Se à morte que iria sofrer pela salvação do mundo. Por isso diz: «elevarei cálice da salvação», isto é, todo o Meu ser se lança sedento para a consumação do martírio, a ponto de achar os tormentos sofridos nos combates do amor filial um repouso para a alma e para o corpo, e não um sofrimento. «Oferecer-Me-ei ao Senhor», diz, «como um sacrifício e uma oblação». […] Estou pronto para testemunhar essas promessas perante todo o povo: «Cumprirei as minhas promessas feitas ao Senhor na presença de todo o seu povo» (v. 14).

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 25 de julho de 2014

Então, aproximou-se d'Ele a mãe dos filhos de Zebedeu com seus filhos, prostrando-se, para Lhe fazer um pedido. Ele disse-lhe: «Que queres?». Ela respondeu: «Ordena que estes meus dois filhos se sentem no Teu reino, um à Tua direita e outro à Tua esquerda». Jesus disse: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu hei-de beber?». Eles responderam-Lhe: «Podemos». Disse-lhes: «Efectivamente haveis de beber o Meu cálice, mas, quanto a sentar-se à Minha direita ou à Minha esquerda, não pertence a Mim concedê-lo; será para aqueles para quem está reservado por Meu Pai». Os outros dez, ouvindo isto, indignaram-se contra os dois irmãos. Mas Jesus chamou-os e disse-lhes: «Vós sabeis que os príncipes das nações as subjugam e que os grandes as governam com autoridade. Não seja assim entre vós, mas todo aquele que quiser ser entre vós o maior, seja vosso servo, e quem quiser ser entre vós o primeiro, seja vosso escravo. Assim como o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida para resgate de todos».

Mt 20, 20-28