Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Um ano que termina

Quando recordares a tua vida passada, passada sem pena nem glória, considera quanto tempo perdeste, e como podes recuperá-lo: com penitência e com maior entrega. (Sulco, 996)


Um ano que termina - já foi dito de mil modos, mais ou menos poéticos - com a graça e a misericórdia de Deus, é mais um passo que nos aproxima do Céu, nossa Pátria definitiva.


Ao pensar nesta realidade, compreendo perfeitamente aquela exclamação que S. Paulo escreve aos de Corinto: tempus breve est!, que breve é a nossa passagem pela terra! Para um cristão coerente, estas palavras soam, no mais íntimo do seu coração, como uma censura à falta de generosidade e como um convite constante a ser leal. Realmente é curto o nosso tempo para amar, para dar, para desagravar. Não é justo, portanto, que o malbaratemos, nem que atiremos irresponsavelmente este tesouro pela janela fora. Não podemos desperdiçar esta etapa do mundo que Deus confia a cada um de nós.


Pensemos na nossa vida com valentia. Por que é que às vezes não conseguimos os minutos de que precisamos para terminar amorosamente o trabalho que nos diz respeito e que é o meio da nossa santificação? Por que descuidamos as obrigações familiares? Por que é que se nos mete a precipitação no momento de rezar ou de assistir ao Santo Sacrifício da Missa? Por que nos faltará a serenidade e a calma para cumprir os deveres do nosso estado e nos entretemos sem qualquer pressa nos caprichos pessoais? Podeis responder-me: são coisas pequenas. Sim, com efeito, mas essas coisas pequenas são o azeite, o nosso azeite, que mantém viva a chama e acesa a luz.


(Amigos de Deus, 39-41)

São Josemaria Escrivá

Pedido para o Novo Ano

Querido Jesus

Cá estamos de novo a pedir-Te algo e, como sempre, contamos com a Tua ajuda, para enfrentar as dificuldades que nos esperam no próximo ano, pedimos-Te que nos ajudes a partir delas aproveitarmos a oportunidade para renovarmos e fortalecermos a nossa Fé e nos aproximarmos mais e mais de Ti e dos verdadeiramente precisados.

Dificuldades? Com que direito Te falamos nelas, quando há muitíssimos mais milhões de seres humanos em grande sofrimento sem acesso a cuidados de saúde e que não têm nem nunca tiveram o bem-estar que usufruímos.

Bem! Está certo, há um certo exagero, mas elas além de previsíveis poderão em momentos de franqueza abalar os nossos alicerces, pelo que Te rogamos com humildade e fé para que tal não só nunca venha a suceder e que sejam sim instrumentos de crescimento espiritual enquanto cristãos.

Leva-nos e eleva-nos ainda, para que um dia do próximo ano e para sempre, sejamos merecedores de dizer como Paulo «Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim» (Gal 2, 20), já que o nosso barro ainda é de finíssima espessura e está envelhecido.

JPR

São Josemaria Escrivá no dia 31 de dezembro de 1973

No último dia do ano de 1973, diz: “Hoje daremos graças ao Senhor, pelos benefícios que recebemos no ano que termina. Para o que começa, vendo como estão as coisas deste mundo em que vivemos e o modo de proceder de tanta gente, queremos ter a retidão de intenção de sermos humildes, de voltarmos sempre à verdade e de nos agarrarmos com mais força a Nosso Senhor. Pedir-me-eis talvez outras palavrinhas para este ano que vem, e eu desejaria antes que nos decidíssemos a servir de verdade, completamente. Então, dir-vos-ei, concretizando: servite Domino in laetitia! (“servi ao Senhor com alegria!”); e também: gaudete in Domino semper! (“alegrai-vos sempre no Senhor!”)

São Silvestre, Papa

Era um homem piedoso e santo com uma personalidade pouco marcada. Foi um homem apagado ao lado de um Imperador culto e ousado, o qual mais que servi-lo se terá antes servido dele, da sua simplicidade e humanidade, agindo como verdadeiro bispo da Igreja. E, na realidade, nos assuntos externos da Igreja, o Imperador considerava-se acima dos próprios Bispos, o Bispo dos Bispos, com inevitáveis intromissões nos próprios assuntos internos, uma vez que, com a sua mentalidade ainda pagã, não estava capacitado para entender e aceitar um poder espiritual diferente e acima do civil ou político. Apesar de tudo, S. Silvestre terá sido o Papa ideal para as circunstâncias, pois ainda estava muito viva a lembrança dos horrores que passara a Igreja e, como testemunha de tudo isso, terá preferido agradecer este dom inesperado da proteção imperial e agir com moderação e prudência.

Entretanto, novas pregações tinham voltado a negar a divindade da 2ª Pessoa e por conseguinte o Mistério da Santíssima Trindade. Constantino, dando conta desta agitação doutrinária, manda convocar os bispos do império para discutirem de novo esta questão. Sabemos que o Papa dá o seu acordo, e envia como representantes seus, Oslo, Bispo de Córdova, acompanhado por dois presbíteros. Ele próprio, como dignidade suprema, não se imiscuía nas disputas, reservando-se a aprovação do veredicto final, pois não convinha parecer demasiado submisso ao Imperador.

Depois de 21 anos de pontificado, cheio de acontecimentos e transformações profundas na vida da Igreja, morre S. Silvestre I no último dia do ano 335, dia em que a Igreja venera a sua memória.

Sepultado no cemitério de Priscíla, os seus restos mortais seriam transladados por Paulo I (757-767) para a Igreja erguida em sua memória.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Sobre a Oração que o Senhor nos ensinou

- Ensinaste-nos a rezar o Pai Nosso e desde logo começamos por Te estabelecer a morada aonde só poderias estar, o Céu, mas não aquele que nossa dimensão terrena vislumbramos com os nossos olhos, mas sim Aquele que mostraste a Pedro, João e Tiago na Tua Transfiguração.

Senhor Jesus, ajuda-nos a merecer a graça de nos juntarmos a Elias e Moisés!

- «Santificado seja o Vosso nome», é nosso dever fazê-lo com amor, respeito e profunda devoção glorificando-Te conjuntamente com o Filho e o Espírito Santo.

Senhor ajuda-nos a fazê-lo hoje e sempre levando-Te a quem ainda não Te conhece ou Te recusa!

- «Assim na terra como no Céu», Pai ao enviar-nos o Vosso amado Filho fazendo-O homem e morrendo Ele por nós na Cruz e ao Ressuscitá-Lo ao terceiro dia, só podemos santificar o Vosso nome aqui na terra já que estando Ele à Vossa direita é e será glorificado e santificado pelos séculos dos séculos no Reino dos Céus.

Concede-nos Senhor a graça e ajuda para sermos bons cristãos e assim estarmos entre os eleitos para entrar no Vosso Reino!

- «o pão nosso de cada dia nos dai hoje», Senhor Jesus ao Te ofereceres na Eucaristia permitiste-nos na Tua infinita misericórdia receber-Te diariamente, também Te rogamos, nesta tão linda oração que nos ensinaste, que ajudes todos os carenciados a poderem receber os alimentos necessários à dignidade da sua condição humana.

Jesus Cristo, Filho de Deus obrigado por ouvires as nossas preces!

- «perdoai-nos as nossas ofensas», Senhor bem gostaríamos não ter de Te formular este pedido diariamente e mesmo algumas vezes ao dia, mas a nossa condição de pecadores, mesmo que em pequenos detalhes, levam-nos a ofender-Te ao não cumprirmos os Mandamentos e deixarmo-nos dominar pela visão humana das coisas e não aquela que nos ensinaste.

Meu Deus, porque sois tão bom, ajudai-nos a não Te ofender!

- «assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido», Senhor quão difícil é por vezes reconhecermo-nos coerentes com esta afirmação, que vergonha sentimos em dizê-lo a Ti que a todos perdoas.

Senhor Jesus Filho de Deus aumenta a nossa fé e ajuda-nos a ser cada vez mais fiéis imitadores Teus para que como Paulo possamos um dia dizer «não sou eu quem vive; é Cristo que vive em mim» (Gal 2, 20)

- «não nos deixeis cair em tentação», Senhor que a Tua graça nos cubra e nos dê força para à Tua semelhança, que durante 40 dias enfrentastes as tentações de Satanás, saibamos resistir-lhe incluindo as mais ínfimas coisas que se poderão tornar pronuncio de fraqueza para as maiores.

Senhor Jesus, que tão bela oração de louvor e rogo nos ensinaste, protege-nos Te suplicamos!

- «mas livrai-nos do mal», Senhor na nossa condição humana reveladora de falta de confiança e de entrega em Ti e a Ti, frequentemente assumimos como mal situações que mais tarde nos apercebemos foram para o nosso bem ou do próximo.

Ajuda-nos a ser humildes e entregarmo-nos totalmente, pois és o Bom Pastor e nada nos faltará!

JPR

Yes!! Free at last…

Há três anos nesta data publicámos este post, agora editado para o adaptar no tempo, e em nada alterámos a nossa opinião sobre o Facebook. Damos graças a Deus por nos ter ajudado a ser coerentes com o escrito sem exceções. Obrigado pela vossa compreensão.

Livre dos algoritmos do Facebook que tentam nos impor o que vemos e lemos e só divulgam o que se enquadro no seu projeto global de controlo da opinião pública.

Há quase quatro anos eliminámos a página do Spe Deus no Facebook, decisão que damos graças a Deus por nos haver guiado e feito compreender que não O estávamos a servir. Embora não a eliminando, decidimos interromper toda e qualquer publicação na página pessoal e raramente interagiremos com ‘Gosto’ ou comentários, servirá apenas para seguir familiares e amigos em silêncio, se alguma coisa lhes quiser dizer fá-lo-ei pelo Messenger ou verbalmente.

Continuaremos a usar o Twitter em @jppreis, que poderá ser lida na coluna do lado direito do blogue, aonde diariamente publico breves citações das Sagradas Escrituras.

Antecipei a decisão de Ano Novo de um dia e meio, porque conforme explicado esta não se prende com uma qualquer moda ou, pior ainda, superstição.

Muito obrigado pela vossa compreensão e votos de um Bom Ano e uma Boa Luta Nova em 2022, sobretudo que o Senhor nos ajude na saúde e no evitarmos este maldito vírus que nos atormenta,

João Paulo Reis

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

São Tomás Becket, bispo, mártir, †1170

S. Tomás Becket nasceu na Normandia, era senhor de grande riqueza e considerado um dos homens de grandes capacidades no seu tempo. Foi até comparado a Richelieu, com o qual na realidade se parecia pelas qualidades de homem de Estado e grande amor às grandezas.

Em 1155, Henrique II rei de Inglaterra nomeou-o seu chanceler. Quando vagou a Sé de Canterbury, Henrique II escolheu-o para a ocupar. Tomás foi ordenado sacerdote a 1 Junho de 1162 e sagrado Bispo dois dias depois. Desde então, passou a ser a pessoa mais importante a seguir ao rei e mudou inteiramente de vida, convertendo-se num dos prelados mais austeros.

Convencido de que o cargo de primeiro-ministro e o de príncipe de Inglaterra eram incompatíveis, Tomás pediu demissão do cargo de chanceler, o que descontentou muito o rei. Henrique II ficou ainda mais aborrecido quando, em 1164, por ocasião dos “concílios” de Clarendon e Northampton, o Arcebispo tomou o partido do Papa contra ele. Tomás viu-se obrigado a fugir, disfarçado em irmão leigo, e foi procurar asilo em Compiegne, junto de Luis VII.

Passou, a seguir, à abadia de Pontigny e depois à de Santa Comba, na região de Sens (França). Decorridos 4 anos, a pedido do Papa e do rei de França, Henrique II acabou por consentir em que Tomás regressasse à Inglaterra, O rei estava persuadido de que podia contar dai em diante com a submissão cega do Arcebispo, mas em breve reconheceu que muito se tinha enganado, pois este continuava a defender a Igreja Romana contra as pretensões régias. Desesperado, o rei exclamou um dia: “Malditos sejam os que vivem do meu pão e não me livram deste padre insolente”. Quatro cavaleiros tomaram à letra estas palavras, que não eram sem dúvida mais que uma exclamação de desespero. A 29 de Dezembro de 1170, à tarde, vieram encontrar-se com Tomás no seu palácio, exigindo-lhe que levantasse as censuras que tinha imposto. Recusou-se a isso e foi com eles tranquilamente para uma capela lateral da Sé.

“Morro de boa vontade por Jesus e pela Santa Igreja”, disse-lhes; e eles abateram-no com as espadas.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Santos Inocentes, mártires, séc. I

A Igreja honra como mártires este coro de crianças, vítimas do terrível e sanguinário rei Herodes, arrancadas dos braços das suas mães para escrever com o seu próprio sangue a primeira página do álbum de ouro dos mártires cristãos e merecer a glória eterna, segundo a promessa de Jesus:"Quem perder a vida por amor a mim há-de encontrará-la." Para eles a liturgia repete hoje as palavras do poeta Prudêncio: "Salvé, ó flores dos mártires, que na alvorada do cristianismo fostes massacrados pelo perseguidor de Jesus, como um violento furacão arranca as rosas apenas desabrochadas! Vós fostes as primeiras vítimas, a tenra grei imolada, num mesmo altar recebestes a palma e a coroa."

O episódio é narrado somente pelo evangelista Mateus, que se dirigia principalmente aos leitores hebreus e, portanto, tencionava demonstrar a messianidade de Jesus, no qual se realizaram as antigas profecias: "Quando Herodes descobriu que os sábios o tinham enganado ficou furioso. Mandou matar em Belém e nos arredores todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo que ele tinha apurado pelas palavras dos sábios. Foi assim que se cumpriu o que o profeta Jeremias tinha dito: Em Ramá se ouviu um grito: coro amargo, imensa dor. É Raquel a chorar seus filhos; e não quer ser consolada, porque eles já não existem."

A origem desta festa é muito antiga. Aparece já no calendário cartaginês do século IV e cem anos mais tarde em Roma no Sacramentário Leonino. Hoje, com a nova Reforma Litúrgica, a celebração tem um carácter jubiloso e não mais de luto, como o era antigamente, e isto em sintonia com os simpáticos costumes medievais, que celebravam nestas circunstâncias a festa dos meninos do coro e do serviço do altar. Entre as curiosas manifestações temos aquela de fazer descer os cónegos dos seus lugares ao canto do versículo: "Depôs os poderosos do trono e exaltou os humildes."

Deste momento em diante, os meninos, revestidos das insígnias dos cónegos, dirigiam todo o ofício do dia. A nova liturgia, embora não querendo ressaltar o carácter folclórico que este dia teve no curso da história, quis manter esta celebração, elevada ao grau de festa por São Pio V, muito próxima da festa do Natal. Assim colocou as vítimas inocentes entre os companheiros de Cristo, para circundar o berço de Jesus Menino de um coro gracioso de crianças, vestidas com as cândidas vestes da inocência, pequena vanguarda do exército de mártires que testemunharão, com o sangue, a sua pertença a Cristo.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

O ensinamento do apóstolo São João

Se existe um assunto característico que mais sobressai nos escritos de João, é o amor. [...] Certamente João não é o único autor das origens cristãs que fala do amor. Sendo este um elemento essencial do cristianismo, todos os escritores do Novo Testamento falam dele, mesmo se com acentuações diferentes. Se agora nos detemos a reflectir sobre este tema em João, é porque ele nos traçou com insistência e de modo incisivo as suas linhas principais. Portanto, confiemo-nos às suas palavras.

Uma coisa é certa: ele não reflecte de modo abstracto, filosófico, ou até teológico, sobre o que é o amor. Não, ele não é um teórico. De facto, o verdadeiro amor, por sua natureza, nunca é meramente especulativo, mas faz referência directa, concreta e verificável, a pessoas reais. Pois bem, João, como apóstolo e amigo de Jesus mostra-nos quais são os componentes, ou melhor, as fases do amor cristão, um movimento que é caracterizado por três momentos.

O primeiro refere-se à própria Fonte do amor, que o Apóstolo coloca em Deus, chegando [...] a afirmar que «Deus é amor» (1 Jo 4, 8.16). João é o único autor do Novo Testamento que nos dá uma espécie de definição de Deus. Ele diz, por exemplo, que «Deus é Espírito» (Jo 4, 24) ou que «Deus é luz» (1 Jo 1, 5). Aqui proclama com intuição resplandecente que «Deus é amor». Observe-se bem: não é simplesmente afirmado que «Deus ama», nem sequer que «o amor é Deus»! Por outras palavras: João não se limita a descrever o agir divino, mas procede até às suas raízes. Além disso, não pretende atribuir uma qualidade a um amor genérico e talvez impessoal; não se eleva do amor até Deus, mas dirige-se directamente a Deus para definir a Sua natureza com a dimensão infinita do amor. Com isto João deseja dizer que a componente essencial de Deus é o amor e, portanto, que toda a actividade de Deus nasce do amor e está orientada para o amor: tudo o que Deus faz é por amor, mesmo se nem sempre podemos compreender imediatamente que Ele é amor, o verdadeiro amor.

Bento XVI 
Audiência geral de 9/VIII/2006

domingo, 26 de dezembro de 2021

Hino à Sagrada Família (Breviário)

Venturosa luz celeste,
Dos homens suma esperança:
Eis o Salvador do mundo
Nascendo simples criança.
Maria, cheia de graça,
Ao casto seio O sustenta:
Sorrindo, o Verbo divino
Do seu leite Se alimenta.
Glorioso patriarca,
Sois guarda do Filho Eterno:
Escutais da sua boca
O doce nome paterno.
Eis a Família Sagrada
Entre todas escolhida:
Nasceu em humilde casa
A fonte da eterna vida.
No meio de vós floresce
O Sol da graça divina:
Sois das famílias humanas
Um clarão que as ilumina.
Glória ao Pai omnipotente
E ao Espírito que nos guia;
Glória a Jesus que obedece
A José e a Maria
O lux beáta caélitum
et summa spes mortálium,
Iesu, cui doméstica
arrísit orto cáritas;
María, dives grátia,
o sola quae casto potes
fovére Iesum péctore,
cum lacte donans óscula;
Tuque ex vetústis pátribus
delécte custos Vírginis,
dulci patris quem nómine
divína Proles ínvocat:
De stirpe Iesse nóbili
nati in salútem géntium,
audíte nos, qui súpplices
ex corde vota fúndimus.
Qua vestra sedes flóruit
virtútis omnis grátia,
hanc detur in domésticis
reférre posse móribus.
Iesu, tuis oboédiens
qui factus es paréntibus,
cum Patre summo ac Spíritu
semper tibi sit glória. Amen.


Festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José

A liturgia desta festa propõe-nos a família de Jesus como exemplo e modelo das nossas comunidades familiares… Como a família de Jesus – diz-nos a liturgia deste dia – as nossas famílias devem viver numa atenção constante aos desafios de Deus e às necessidades dos irmãos.

O Evangelho põe-nos diante da Sagrada Família de Nazaré apresentando Jesus no Templo de Jerusalém. A cena mostra uma família que escuta a Palavra de Deus, que procura concretizá-la na vida e que consagra a Deus a vida dos seus membros. Nas figuras de Ana e Simeão, Lucas propõe-nos também o exemplo de dois anciãos de olhos postos no futuro, capazes de perceber os sinais de Deus e de testemunhar a presença libertadora de Deus no meio dos homens.

A segunda leitura sublinha a dimensão do amor que deve brotar dos gestos dos que vivem “em Cristo” e aceitaram ser “Homem Novo”. Esse amor deve atingir, de forma muito especial, todos os que connosco partilham o espaço familiar e deve traduzir-se em determinadas atitudes de compreensão, de bondade, de respeito, de partilha, de serviço.

A primeira leitura apresenta, de forma muito prática, algumas atitudes que os filhos devem ter para com os pais… É uma forma de concretizar esse amor de que fala a segunda leitura.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

Do presépio à cruz

Bento XVI 
Angelus de 26/12/2006


No dia após a solenidade do Natal, celebramos a festa de Santo Estêvão, diácono e primeiro mártir. À primeira vista a proximidade […] com o nascimento do Redentor pode-nos surpreender, porque é tocante o contraste entre a paz e a alegria de Belém e o drama de Estêvão. […] Na realidade, o aparente desacordo é superado se considerarmos mais profundamente o mistério do Natal. O Menino Jesus, deitado na gruta, é o Filho único de Deus que Se fez homem. Ele salvará a humanidade morrendo na cruz. Agora vemo-Lo envolvido em panos no presépio; depois da sua crucificação será novamente envolvido por faixas e colocado no sepulcro. Não é por acaso que a iconografia natalícia representava, por vezes, o Menino divino colocado num pequeno sarcófago, para indicar que o Redentor nasce para morrer, nasce para dar a vida em resgate por todos (Mc 10,45).

Santo Estêvão foi o primeiro que seguiu os passos de Cristo com o martírio; morreu, como o divino Mestre, perdoando e rezando pelos seus algozes (At 7, 60). Nos primeiros quatro séculos do cristianismo, todos os santos venerados pela Igreja eram mártires. Trata-se de uma multidão inumerável, a que a liturgia chama «o cândido exército dos mártires». […] A sua morte não incutia receio nem tristeza, mas entusiasmo espiritual, que suscitava sempre novos cristãos. Para os crentes, o dia da morte, e ainda mais o dia do martírio, não é o fim de tudo, mas a «passagem» para a vida imortal, o dia do nascimento definitivo, em latim «dies natalis». Compreende-se então o vínculo que existe entre o «dies natalis» de Cristo e o «dies natalis» de Santo Estêvão. Se Jesus não tivesse nascido na terra, os homens não teriam podido nascer no Céu. Precisamente porque Cristo nasceu, nós podemos «renascer»!

Santo Estêvão ofereceu a vida ao Menino Jesus, como quem Lhe oferece ouro

Bem perto do Salvador recém-nascido, encontramos Santo Estêvão. O que foi que valeu este lugar de honra àquele que foi o primeiro a prestar ao Crucificado o testemunho do sangue? Em seu ardor juvenil, ele realizou aquilo que o Senhor declarou ao entrar neste mundo: «Deste-Me um corpo. Eis-Me aqui, para fazer a Tua vontade» (Heb 10, 5-7). Ele praticou a obediência perfeita, que mergulha as suas raízes no amor e se exterioriza no amor.

Seguiu os passos do Senhor naquilo que é mais difícil, por natureza e para o coração humano, naquilo que parece mesmo ser impossível; tal como o próprio Salvador, cumpriu o mandamento do amor aos inimigos. O Menino que está na manjedoura, que veio cumprir a vontade de Seu Pai até à morte na cruz, vê em espírito, diante de Si, todos aqueles que hão de segui-Lo por esse caminho. Ele ama este jovem, que será o primeiro a ser colocado junto ao trono do Pai, com a palma na mão. Aquela mãozinha aponta-no-lo como modelo, como se dissesse: Vede o ouro que espero de vós.

Santa Teresa-Benedita da Cruz (Edith Stein) (1891-1942), carmelita, mártir, co padroeira da Europa
Meditação para o dia 6 de Janeiro de 1941

sábado, 25 de dezembro de 2021

Quem aponta a Luz do Mundo?

No século XVI, a descoberta do alçapão de entrada para umas catacumbas esquecidas, na via Salaria, ofereceu à Igreja um olhar novo sobre a comunidade cristã dos primeiros séculos. Foi o frade Alfonso Ciacconio quem primeiro se adentrou pelos quilómetros e quilómetros de labirintos estreitos destas catacumbas, em percursos sinuosos, em três níveis sobrepostos, escavados no subsolo da cidade de Roma. A capital do antigo Império Romano já conhecia muitas catacumbas, mas estas são particularmente importantes.


Numa das muitas capelinhas destas catacumbas, hoje conhecidas pelo nome de catacumbas de Santa Priscila, existe um fresco com a imagem de Nossa Senhora com o Menino. Os primeiros que exploraram este mundo novo compreenderam imediatamente a raridade e importância do achado: este fresco é a mais antiga representação de Nossa Senhora que chegou até nós.


Em 1992, as intervenções de limpeza e consolidação do fresco, permitiram datá-lo com rigor, entre os anos 130 e 140 depois de Cristo. Alguns outros frescos da mesma zona, de tema cristológico, também são desta data, nomeadamente a imagem de Cristo Bom Pastor, com uma ovelha aos ombros. Em paredes próximas, há representações de defuntos, pintadas por volta do ano 160, durante os anos mais terríveis da perseguição de Diocleciano.


Neste fresco, por cima da figura de Maria com o Menino, situa-se uma estrela e, ao lado de Nossa Senhora, uma figura masculina, de pé, a apontar a estrela. Desde o princípio, essa personagem foi identificada como S. José, atribuição que prevaleceu até ao século XIX, quando começaram a multiplicar-se as teorias. Ninguém se lembraria de pintar S. José num presépio! Concluiu-se assim que o homem a apontar a estrela deveria ser um profeta do Antigo Testamento, a indicar com o gesto que o Messias seria a Luz do Mundo. É essa, hoje, a convicção dos especialistas.


Seguindo este raciocínio, Giovanni Battista de Rossi concluiu que esse profeta era Isaías, que fala do Messias como Luz do Mundo. Pelo contrário, Raffaelle Garrucci pensou que o profeta seria Balaão, que também fala na estrela. Joseph Wilpert voltou a Isaías, embora citando uma passagem diferente da de Rossi, mas depois reviu a teoria e considerou que afinal o Profeta seria Miqueias, que também fala na estrela. Giorgio Otranto pensou que a enigmática figura seria o Rei David, que se refere à estrela nos seus salmos. As hipóteses sucedem-se, porque muitos profetas mencionam a estrela e anunciam o Messias como Luz do Mundo. Quando já parecia impossível propor ideias novas, Pasquale Testini desenterrou mais uma: a figura seria a personificação colectiva de todos os profetas e não um deles em particular.


Chegados a este ponto, as alternativas parecem esgotadas, para quem sonhe em imortalizar o seu nome com uma hipótese original. A não ser... Sim! Que, em vez de procurar no Antigo Testamento, olhemos para os Evangelhos: os Reis Magos! Óbvio! Como é que ninguém se lembrou? Infelizmente, a ideia não é inteiramente original, porque houve quem dissesse que os Reis Magos estavam implícitos, ocupando a posição do espectador, a olharem o profeta apontar a estrela de Belém para que, seguindo-a, encontrassem Maria com o Menino. Resta-nos Zacarias, pai de João Baptista, que aclama o Messias que «há-de iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte e dirigir os nossos passos no caminho da paz» (Lc 1, 68), ou os Pastores que viram uma grande claridade, ou Simeão que louva Deus pelo Menino, «luz para iluminar as nações» (Lc 2, 28), ou... Há ainda esperança para uma proposta original?


Desisto. Os que nasceram primeiro esgotaram as possibilidades.


Que pena, não sermos nós a descobrirmos quem acompanha a mais antiga imagem de Nossa Senhora. Decerto ficaríamos célebres e talvez ricos. Porque é uma imagem a vários títulos invulgar. Uma imagem simultaneamente arcaica e cheia de movimento, com o Menino irrequieto a saltar do colo da Mãe. Uma imagem com o sabor do tempo dos Mártires, que morreram confiantes em que o Jesus Menino vale mais que o Imperador. Mas é inútil, já se exploraram todas as alternativas.


Nesse caso, prefiro a solução dos que primeiro entraram nesta catacumba, a solução que vigorou indiscutida durante três séculos: é S. José quem está junto de Maria e do Menino.


Por mim, está decidido. É S. José quem aponta a Luz do Mundo nas catacumbas de Priscila. Por alguma coisa, o Papa dedicou este ano ao santo Patriarca.

José Maria C.S. André

O NATAL DA VACA E DO BURRO

A conversa ia fiada quando, de repente, um relâmpago iluminou toda a gruta. Depois, ouviu-se o choro de um bebé: tinha nascido Jesus, a luz do mundo!


Foi há mais de dois mil anos que se encontraram, no presépio, a vaca de Belém com o burro de Nazaré. Quando Maria e José entraram no estábulo, o burro disse à vaca:


- Boa noite, Dona Vaca, e obrigado por nos receber! Com tantos estrangeiros em Belém, não encontrámos alojamento na pousada!


- Seja bem-vindo, Senhor Burro! Pois, se esta jovem família tem que se hospedar num estábulo, nesta fria noite de inverno, é porque a hospitalidade já não é o que era!


- A quem o diz, Dona Vaca, a quem o diz!  José foi a casa de vários familiares e amigos e ninguém nos recebeu! Todos, de uma forma ou outra, se desculparam, ou por hospedarem parentes, ou por ser pequena a sua casa, ou por outras razões sem razão, que não seja a razão do seu egoísmo e falta de coração.


- Então fiquem neste estábulo! – disse, prazenteira, a vaca, que acrescentou: É pouco o que tenho para oferecer: apenas um pouco de palha fresca e uma manjedoura, mas sempre é melhor do que ficarem ao relento.


- Sem dúvida! – respondeu o jerico, que exclamou, suspirando:  Depois de tantos dias a trotar, já nem os cascos sinto!


- Não me diga que carregou com o casal durante toda a viagem!?



- Não! José veio sempre a pé, para que fosse Maria a vir montada!


- Mas, egoístas como são as pessoas, devem ter passado todo o caminho a discutir quem vinha no burro! Já não há respeito pelos animais!


- Pelo contrário, Dona Vaca! Discutiam, é certo, mas era porque cada um queria o melhor para o outro!


- A sério?! Nos tempos que correm é de estranhar tanta caridade!


- Pode crer, Dona Vaca! Veja só isto: em tantos dias de viagem, nunca os ouvi zangados e olhe que se alguma coisa tenho grande são, precisamente, as orelhas!


- De facto, são um casal muito especial!


- São incapazes de pensar em si próprios! José é de poucas falas mas, quando se trata do bem de Maria, não cede: é mais teimoso do que eu, que sou burro! Escusado será dizer que veio sempre ela montada e ele, a pé, levando-me pela arreata.


- E porque vieram de Nazaré, estando Maria neste estado?!


- Acho que tem a ver com um recenseamento, mas disso não percebo muito porque, valha a redundância, nós os burros somos mesmo burros!


- Olhe que muita sabedoria tem um asno em dizer que o é! O que mais abunda por aí são burros que julgam que são sábios, quando todos os verdadeiros sábios sabem que, por muito que saibam, não passam de burros!


- É verdade, Dona Vaca! Tenho colegas burros que gostariam de ser cavalos de corrida, ou de alta escola, mas eu sinto-me muito bem na minha pele de asno!


- Eu também, se quer que lhe diga, nunca fui levada a nenhum concurso de gado, mas dou mais leite do que essas vacas todas aperaltadas que se fartam de ganhar prémios de beleza mas, a bem dizer, não servem para mais nada. Talvez não seja tão bonita como uma charolesa, mas acredite que o meu leite e carne não são piores do que os delas!


- Claro, Dona Vaca, o importante é servir! Uma vez o meu dono, José, quando eu estava com preguiça para trabalhar – coisa de burro! – sussurrou-me ao ouvido uma frase que nunca mais esqueci: quem não vive para servir, não serve para viver!


- Ora aí está! É o que eu também digo aos meus vitelinhos, sobretudo quando só querem correr e brincar …


- Eu cá sei que sou um jumento de carga, não um cavalo de cortesias! Mas, para mim, trabalhar não é nenhum sacrifício, mas uma honra! Tenho um tio que anda todo o dia à nora, à volta do poço, mas nunca se farta de fazer sempre a mesma coisa. Sabe o que me disse uma vez, que me queixei da minha vida?!


- Pois não sei, mas diga lá, Senhor Burro!


- Disse-me, com um sorriso que ia de orelha a orelha, que é verdade que era cansativo o seu trabalho, aparentemente tão monótono, mas que, quando esse pensamento o entristecia, olhava para as flores e frutos do horto, regado pela água que tirava do poço e enchia-se de alegria, por saber que toda aquela beleza era fruto do seu trabalho!


- Nem mais! Às vezes também me custa sair de manhã cedo, para ir pastar, mas se o não fizer, não tenho leite para amamentar os meus bezerros e, por isso, é sempre com alegria que vou por esses montes e vales …


A conversa ia fiada quando, de repente, um relâmpago iluminou toda a gruta. Depois, ouviu-se o choro de um bebé: tinha nascido Jesus, a luz do mundo!


A vaca e o burro, muito de mansinho, aproximaram-se da manjedoura, onde Jesus sorria. A vaca ainda tentou dar um beijinho ao Menino, mas José não deixou pois, decerto, O iria assustar. Quando ambos voltaram para o seu canto, a vaca comentou:


- Que Menino tão bonito! Se eu pudesse, dava-lhe cá cada lambidela!


- Pois eu hei-de ser sempre o seu burro! E, um dia, quando for adulto, entrará em Jerusalém montado em mim, como se fosse eu o seu corcel! É como se já ouvisse os miúdos e os graúdos a aclamarem Jesus, dizendo: Hossana, ó filho de David!


- Ó Senhor Burro, que grande burrice a sua: que rei escolhe um pobre asno para seu trono real?!


- Pode crer, Dona Vaca, porque quem não desdenha nascer num curral, também não despreza um pobre jumento como eu!


P. Gonçalo Portocarrero de Almada

«Nascido do Pai antes de todos os séculos [...] fez-Se homem [...] e nasceu da Virgem Maria (Credo)

São Máximo de Turim (?-c. 420), bispo
Sermão 10, sobre o Natal do Senhor, PL 57, 24

Caríssimos irmãos, há dois nascimentos em Cristo, e tanto um como o outro são a expressão de um poder divino que nos ultrapassa absolutamente. Por um lado, Deus gera o Seu Filho a partir de Si mesmo; por outro, Ele é concebido por uma virgem por intervenção de Deus. [...] Por um lado, Ele nasce para criar a vida; por outro, para eliminar a morte. Ali, nasce de Seu Pai; aqui, é trazido ao mundo pelos homens. Por ter sido gerado pelo Pai, está na origem do homem; por ter nascido humanamente, liberta o homem. Uma e outra formas de nascimento são propriamente inexprimíveis e ao mesmo tempo inseparáveis. [...]

Quando ensinamos que há dois nascimentos em Cristo, não queremos com isto dizer que o Filho de Deus nasça duas vezes; mas afirmamos a dualidade de natureza num só e mesmo Filho de Deus. Por um lado, nasceu Aquele que já existia; por outro, foi produzido Aquele que ainda não existia. O bem-aventurado evangelista João afirma isto mesmo com as seguintes palavras: «No princípio existia o Verbo; o Verbo estava em Deus; e o Verbo era Deus»; e ainda: «E o Verbo fez-Se homem».

Assim, pois, Deus, que estava junto de Deus, saiu Dele, e a carne de Deus, que não estava Nele, saiu de uma mulher. Assim, o Verbo fez-Se carne, não de maneira que Deus Se diluísse no homem, mas para que o homem fosse gloriosamente elevado em Deus. É por isso que Deus não nasce duas vezes; mas, por estes dois géneros de nascimentos – a saber, o de Deus e o do homem –, o Filho único do Pai quis ser, a um tempo, Deus e homem na mesma pessoa: «E quem poderá contar o Seu nascimento?» (Is 53, 8 Vulg)

Natal do Senhor Jesus

A história do Natal começou na véspera do nascimento de Jesus, quando, segundo nos testemunha a Bíblia, os anjos anunciaram a chegada do menino.

Oficialmente, faz agora 2014 anos. Nessa altura, o imperador Augusto determinou o registo de toda a população do Império Romano por causa dos impostos, tendo cada pessoa, para o efeito de inscrever na sua localidade.

Segundo o Novo Testamento, José partiu de Nazaré para Belém, para esse efeito, e levou com ele a sua esposa, Maria, que esperava um Filho. Ao longo da viagem, chegou a hora de Maria dar à luz, e como a cidade estava com os albergues completamente cheios, tiveram de pernoitar numa gruta. Foi nessa região da Judeia, que Jesus nasceu.

Diz a Bíblia que um Anjo desceu sobre os pastores que guardavam os seus rebanhos durante a noite e disse-lhes: «Deixai o que estais a fazer e vinde adorar o menino, que se encontra em Belém e é o vosso Redentor». Os pastores foram apressados, procurando o lugar indicado pelo Anjo, e lá encontraram Maria, José e o menino. Ao vê-lo, espalharam a boa nova.

Os primeiros registos da celebração do Natal têm origem na Turquia, a 25 de Dezembro, em meados do sec II.

No ano 350, o Papa Júlio I levou a efeito uma investigação pormenorizada e proclamou o dia 25 de Dezembro como data oficial e o Imperador Justiniano, em 529, declarou-o feriado nacional.

O período das festas alargou-se até à Epifania, ou seja vai desde 25 de Dezembro até 6 de Janeiro. O dia 6 de Janeiro é o chamado dia dos Reis Magos.

A religião Cristã foi, depois, abraçando toda a Europa, dando a conhecer a outros povos a celebração do Natal. Em Inglaterra, o primeiro arcebispo de Cantuária foi responsável pela celebração do Natal. Na Alemanha, foi reconhecido em 813, através do sínodo de Mainz. Na Noruega, pelo rei Hakon em meados de 900. E em finais do séc. IX, o Natal já era celebrado em toda a Europa.

Os Evangelhos de S. Lucas e S. Mateus relatam a história do nascimento de Jesus. Só que, ao contrário do que julgávamos, Jesus não teria nascido no Inverno e sim na Primavera ou no Verão - os pastores não guardariam os rebanhos nos montes com o rigor do Inverno...

Em relação à data do nascimento de Jesus, existem algumas dúvidas. A estrela que guiou os Magos até à gruta de Belém deu lugar a várias explicações.

Alguns cientistas afirmam que deverá ter sido um cometa. No entanto, nessa altura não há registo que algum cometa tivesse sido visto.

Outros dizem que, no ano 6 ou 7 a. C., houve um alinhamento dos planetas Júpiter e Saturno mas também não é muito credível, para que se considere esse o ano do nascimento de Jesus.

Por outro lado, a visita dos Reis Magos é comemorada 12 dias depois do Natal (Epifania) sendo tradicional festejar este acontecimento em pleno Inverno, a 6 de Janeiro.

De qualquer forma, para além da certeza histórica de uma data, é o mistério do Nascimento de Jesus Cristo que os cristãos celebram. E esse é eterno

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

O invencível

Três séculos antes de Cristo, Aureliano, Imperador de Roma, fixou a festa do invencível deus Sol no final de Dezembro, porque é nessa altura que o Sol arranca para a sua marcha triunfal. Até 21 de Dezembro, no hemisfério Norte, o Sol brilha cada vez menos horas e com uma luz cada vez mais ténue. Parece esvair-se, vencido pelo frio da noite. Até que, a partir de 21 de Dezembro, nunca mais pára de brilhar mais alto e mais tempo, até chegar ao esplendor de 21 de Junho. No final de Dezembro, o Sol passa de astro derrotado a vitorioso, afirma-se como «Sol invictus», o Sol invencível.

Quando acabaram as perseguições mais duras, no século IV, a Igreja decidiu que o dia 25 de Dezembro se prestava a celebrar o nascimento de Jesus Cristo, o verdadeiro invencível. Os dados disponíveis situam esse nascimento à volta do ano 7 ou 5 antes de Cristo, na cidade de Belém, origem da dinastia de David, mas desconhece-se o dia ou o mês em que Jesus nasceu.


A festa do Natal adquiriu rapidamente tradições encantadoras, que ajudam a contemplar o amor de Deus por nós. Quando o próprio Deus Se faz homem para viver connosco, que se pode acrescentar a esta mensagem tão eloquente, dita sem palavras? A sensibilidade cristã juntou ao Natal o costume de dar prendas às crianças, de decorar as casas de luzes, de saborear bolos e vinhos, de cantar melodias, especialmente comoventes na sua simplicidade.


Logo que S. Francisco de Assis organizou em 1223, na aldeia de Greccio, um Presépio com figuras vivas, a imaginação cristã agarrou a ideia com entusiasmo e deu origem a uma forma nova de escultura popular, muito expressiva e participada. No cenário do Natal cabem as figuras artísticas das personagens principais e também mil e um figurantes que enquadram o nascimento de Jesus na história comezinha dos homens. Deus não veio impor-se com poder e glória, mas partilhar connosco as alegrias simples, o cansaço do trabalho, a beleza da Criação, tudo o que compõe o dia-a-dia da humanidade, ao mesmo tempo banal e sublime. Ainda hoje se conservam, nos países do Sul da Europa, maravilhosos presépios, com centenas de figuras, alguns remontando ao século XV, a maioria do século XVIII ou posteriores.


O Sol invencível não foi destronado por um meteorito maior do que ele, ou engolido pelo frio da noite, foi suavemente posto de parte por um bebé adorável, que nestes dias cobrimos de beijos e de mimos, porque nasceu para desafiar a nossa iniciativa de amar.


O Imperador Aureliano homenageava o seu ídolo proclamando-lhe uma espécie de triunfo militar. Tão longe do estilo de Deus! O contraste não poderia ser mais flagrante!


Este Jesus Menino, frágil e pequenino, vence sem palavras as batalhas que contra Ele travam os grandes da História, para O expulsar das nossas vidas, até para purificar a moral ou a religião.


Por exemplo, em 1640, o tirano inglês Oliver Cromwell proibiu o Natal e substituiu-o por uma jornada de jejum e penitência, para combater o deleite e a ternura que o Natal inspiram. Esse intitulado «Protector do Povo», que condenou tanta gente à morte, confundiu a mensagem de Jesus com o reino da miséria. Só 20 anos mais tarde os ingleses se viram livres deste furor de religiosidade puritana e recuperaram o seu Natal.


As orientações da União Europeia acerca da linguagem inclusiva (Novembro de 2021) propunham abolir as palavras «Natal» e «Maria», por causa da sua conotação cristã, e substituir os nomes cristãos por outros como Malika e Júlio. Não sabem estes sábios que Júlio também é nome cristão e que os árabes cristãos usam Malika como sinónimo de Maria e de rainha.


Noutros casos, a loucura exprime-se com condescendências cómicas. Em França, o Conselho Superior do Audiovisual (CSA, Conseil supérieur de l’audiovisuel) decidiu não condenar uma pequena cadeia de televisão, a C8, por ter transmitido uma Missa, com o argumento de que não tinha chegado a ocasionar «uma perturbação da ordem pública» e, ao fim de dois meses e meio de intensos estudos, os sábios do CSA também condescenderam em não proibir o filme «Unplanned», que conta uma história real de infelicidade de quem fez abortos, embora tenha criticado a C8 e, por pressão do Governo, tenha sido preciso avisar os telespectadores de que «as mulheres têm direito a dispor do seu corpo como lhes apetecer, conforme garantido pela lei, etc.».


Boa oportunidade para reler a Carta apostólica «Admirabile signum» do Papa Francisco, sobre o significado do Presépio (1 de Dezembro de 2019). Jesus, à sua maneira, é o invencível. À sua maneira.


Feliz Natal!

José Maria C.S. André