Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

domingo, 3 de agosto de 2014

Meriam Ibrahim

A fonte é directa. Uma equipa de teólogos redigia um documento da Santa Sé sobre como actuar perante dilemas políticos difíceis. Ponderavam que, em certas condições, às vezes se podia aceitar uma alternativa parcialmente má, se não fosse realista conseguir uma solução completamente boa. Os matizes estavam lá todos, naquele texto, e toda a prudência, mas o Papa João Paulo II avisou-os: «os senhores não excluam o heroísmo!». Às vezes, é possível escolher o silêncio e fingir que não se vê. Mas também é legítimo não ficar calado, por piores que sejam as consequências.

Lembrei-me de uma mulher do Sudão, de 26 anos, elegante, com o curso de Física, que passou torturas e humilhações por se recusar a deixar de ser católica. Primeiro, foi despedida e obrigada a fazer serviços humildes e mal pagos. Aceitou. Depois foi presa. Não cedeu. Torturada. Manteve-se fiel a Deus. Finalmente, condenaram-na à morte e esteve à beira de morrer.

O Papa Francisco mexeu-se para a salvar e o movimento internacional que se gerou obrigou as autoridades a desistir da condenação e a deixá-la sair do país. A Meriam Yahia Ibrahim Isha e o marido Daniel Wani, gravemente doente, têm dois filhos pequenos. A mais nova, a Maya, nasceu em Maio passado, na prisão.

Ao saírem do país, quiseram ir direitos a Roma. «O Papa – referiu o porta-voz Vaticano – agradeceu à Meriam o seu testemunho de fé» e ela e a família «agradeceram ao Papa a proximidade, as orações e o seu apoio e o apoio da Igreja». O porta-voz do Vaticano diz que o encontro foi «muito sereno e afectuoso». O Papa «quer estar próximo de todos os que sofrem pela fé, vivendo-a em situações de dificuldade e de provação, e por isso [este encontro] é também um símbolo, para além de uma ocasião tão maravilhosa».

A Meriam dizia aos jornalistas que estava feliz por ter conseguido fazer escala em Roma e acrescentou (não sei se isto é importante, mas chamou-me a atenção): «…tinham ido à Missa no Domingo, tinha voltado a viver».

O Papa não se cansa de resgatar gente da violência. Umas vezes consegue, outras não, mas insiste. Ainda este Domingo pedia que tivessem pena das crianças: «Com a guerra perde-se tudo e com a paz não se perde nada. Irmãos e irmãs: não mais guerra, não mais guerra. Penso sobretudo nas crianças a quem se rouba a esperança de uma vida digna e futura, crianças mortas, crianças mutiladas, crianças que brincam com resíduos bélicos: por favor, parem! Peço-vos de todo o coração, parem, por favor».

Acrescentou que «o cristão não pode esconder a sua fé, porque ela tem de transparecer em cada palavra, em cada gesto, até nos gestos mais simples do dia-a-dia». «Rezemos por intercessão da Virgem Maria…».

Noutro dia desta semana, o Papa lembrou a parábola do tesouro escondido e da pérola preciosa. O Reino de Deus é um tesouro que se encontra, uma pérola preciosíssima que se descobre. «Em ambos os casos, o tesouro e a pérola valem todos os outros bens (…) e quando os encontra, o negociante renuncia a tudo para os comprar. Não precisa de fazer muitas contas, de pensar, de reflectir: percebe o valor incomparável que encontrou e está disposto a perder tudo para o alcançar».

Lembrei-me da Meriam e da família, que tinham estado com o Papa. Lembrei-me da Asia Bibi, uma mãe do Paquistão que, por ser católica, está há cinco anos no corredor da morte, à espera de um desfecho que pode vir a qualquer momento. Uma pessoa vê estes exemplos e acaba a olhar para si própria. A minha fé transparece no quotidiano?… E se Deus me chamar hoje, eu respondo que sim?

José Maria C. S. André

«Correio dos Açores», 3-VIII-2014

Compaixão, partilha, Eucaristia

Na Eucaristia, Jesus não dá um pedaço de pão, mas o pão da vida eterna, dá Si mesmo, oferecendo-se ao Pai por amor nosso. (...) quando Jesus ao longo do Lago da Galileia, dá de comer a uma multidão de pessoas, podemos colher três mensagens: compaixão, partilha, Eucaristia.

A primeira é a compaixão. Diante da multidão que O segue e - por assim dizer - "não o deixa em paz”, Jesus não reage com irritação, mas sente compaixão, porque sabe que não o procuram por curiosidade, mas por necessidade. E o sinal dessa compaixão são as numerosas curas que ele faz. Jesus ensina-nos a pensar primeiro nas necessidades dos pobres e depois nas nossas. As nossas exigências, mesmo legítimas, nunca serão tão urgentes quanto as dos pobres, que não têm o necessário para viver.

A segunda mensagem é a partilha. É útil comparar a reação dos discípulos, diante das pessoas cansadas e famintas, com a de Jesus,os discípulos pensam que é melhor mandá-las embora, para que possam ir procurar alimento. Em vez disso, Jesus diz: dêem vocês mesmo de comer. Duas reações diferentes, que refletem duas lógicas opostas: os discípulos estão pensando de acordo com o mundo, por isso cada um deve pensar em si mesmo; raciocinam como se dissessem: arranjem-se sozinhos. Jesus pensa de acordo com a lógica de Deus, que é o da partilha.

Finalmente , a terceira mensagem: o prodígio dos pães preanuncia a Eucaristia.

Isto pode-se ver no gesto de Jesus que "recitou a bênção" (v. 19), antes de partir o pão e distribuir pela multidão. É o mesmo gesto que Jesus fará na Última Ceia, quando instituirá o memorial perpétuo do seu Sacrifício redentor. Na Eucaristia, Jesus não dá um pedaço de pão, mas o pão da vida eterna, dá Si mesmo, oferecendo-se ao Pai por amor nosso.

Papa Francisco - Excertos Ângelus de 03.08.2014

Bom Domingo do Senhor!

Imitemos o Senhor como nos fala o Evangelho de hoje (Mt 14, 13-21) que após a triste notícia da morte de João e de se haver retirado, quando viu uma enorme multidão a atendeu, não nos deixando abater pelas situações gravosas que enfrentamos e estando sempre disponíveis para o próximo.

Louvado seja Jesus Cristo Nosso Senhor fonte permanente de inspiração.

Quando em férias, nos deparamos com o mundo...

Tenho tido umas férias absolutamente fantásticas, junto da família, de amigos, na praia, a petiscar e a beber uns copos, com tempo para rezar, para rir e também para contemplar.

Acontece que ao voltar dessa metade de férias (pois vou de novo mais 2 semanas) para a minha casa que está em obras , acabei confinada apenas ao meu quarto, à cozinha e pouco mais, o que acabei por ter um tempo para parar e ler noticias do mundo. Óbvio que o caso “Espírito Santo” está em cada página de jornal ou em cada visita ao Facebook, mas o que mais me fez pensar e comover foi vislumbrar o que se vai passando no mundo, hoje! Para não falar no drama da guerra entre Israelitas e Palestinianos, ou entre Rússia e Ucrânia ( mais todos os envolvidos), recebi da Associação “Ajuda à Igreja que Sofre” uma chamada de atenção para o que se está a passar no Sudão!!! Um genocídio, um holocausto, que nos habituamos a ouvir e ter um olhar vago, como se aquele canto do nosso planeta Terra, fosse apenas uma lugar onde não há humanidade. Que horror!!! Fico envergonhada de ser tão indiferente! Fico aflita porque não sei como ajudar!!! Fico triste porque nem sequer consigo imaginar tamanho sofrimento colectivo!

A minha limitação, a minha condição, a minha consciência, levam-me a pelo menos falar disto. E.... sinto que me é pedido mais oração, mais jejum, mais sacrifício, mais amor. Também porque vejo que é a Igreja que mais está no terreno a ajudar e manter viva a Esperança!!!

Uma coisa é certa, peço a Deus que nunca me deixe ficar indiferente ao sofrimento humano e que me cure dos meus caprichos, das minhas pseudo-razões para virar a cara. Que pelo menos saiba levantar o olhar e ver quem está à minha frente, seja rico ou pobre, seja velho ou novo, bonito ou feio, simpático ou antipático, amigo ou inimigo. Todos somos UM DE NÓS e cada um tem a sua necessidade de compaixão. Eu também.

Lembrando uma intenção de uma rapariga de 20 e tal anos num dos terços rezados em Vilanova de Milfontes, nestes 15 dias de férias que passaram, dizia:
“que cada um de nós se deixe e saiba ajudar, porque de outra forma não chegamos a lado nenhum!” . E ser ajudado muitas vezes é ouvirmos aquilo que não queríamos ouvir, ver aquilo que não queríamos ver....

Continuação de boas férias se for o caso,

Sofia Guedes na sua página no Facebook

Como aumentar a minha fé?

A fé transmitida ao longo dos séculos

A transmissão da fé, que brilha para as pessoas de todos os lugares, passa também através do eixo do tempo, de geração em geração. Dado que a fé nasce de um encontro que acontece na história e ilumina o nosso caminho no tempo, a mesma deve ser transmitida ao longo dos séculos. É através de uma cadeia ininterrupta de testemunhos que nos chega o rosto de Jesus. Como é possível isto? Como se pode estar seguro de beber no « verdadeiro Jesus » através dos séculos? Se o homem fosse um indivíduo isolado, se quiséssemos partir apenas do « eu » individual, que pretende encontrar em si mesmo a firmeza do seu conhecimento, tal certeza seria impossível; não posso, por mim mesmo, ver aquilo que aconteceu numa época tão distante de mim. Mas, esta não é a única maneira de o homem conhecer; a pessoa vive sempre em relação: provém de outros, pertence a outros, a sua vida torna-se maior no encontro com os outros; o próprio conhecimento e consciência de nós mesmos são de tipo relacional e estão ligados a outros que nos precederam, a começar pelos nossos pais que nos deram a vida e o nome. A própria linguagem, as palavras com que interpretamos a nossa vida e a realidade inteira chegam-nos através dos outros, conservadas na memória viva de outros; o conhecimento de nós mesmos só é possível quando participamos duma memória mais ampla. O mesmo acontece com a fé, que leva à plenitude o modo humano de entender: o passado da fé, aquele acto de amor de Jesus que gerou no mundo uma vida nova, chega até nós na memória de outros, das testemunhas, guardado vivo naquele sujeito único de memória que é a Igreja; esta é uma Mãe que nos ensina a falar a linguagem da fé. São João insistiu sobre este aspecto no seu Evangelho, unindo conjuntamente fé e memória e associando as duas à acção do Espírito Santo que, como diz Jesus, « há-de recordar-vos tudo » (Jo 14, 26). O Amor, que é o Espírito e que habita na Igreja, mantém unidos entre si todos os tempos e faz-nos contemporâneos de Jesus, tornando-Se assim o guia do nosso caminho na fé.

Lumen Fidei, 38

A política

«A luta pela liberdade da Igreja – luta, porque o reino de Jesus não pode ser identificado com nenhuma estrutura política – deve ser travada em todos os séculos».

(
Joseph Ratzinger / Bento XVI - “Jesus de Nazaré”)

«Um lugar deserto, afastado»

Santo Atanásio (295-373), bispo de Alexandria, doutor da Igreja 
24ª Carta para a festa da Páscoa


Todos os santos tiveram de fugir da porta larga e do caminho espaçoso (Mt 7,13), vivendo a virtude em lugar deserto: Elias, Eliseu […], Jacob. […] O deserto é o abandono da agitação da vida, que proporciona ao homem a amizade com Deus. Abraão, quando saiu da terra dos caldeus, foi chamado «amigo de Deus» (Tg 2,23). Também o grande Moisés, quando saiu da terra do Egipto, […] falou com Deus face a face, foi salvo das mãos dos seus inimigos e atravessou o deserto. Todos eles são a imagem da saída das trevas para a luz admirável, e da subida para a cidade que está no céu (Heb 11,16), a prefiguração da verdadeira felicidade e da festa eterna.

Quanto a nós, temos connosco a realidade que foi anunciada por sombras e símbolos, isto é, a imagem do Pai, nosso Senhor Jesus Cristo (Col 2,17; 1,15). Se O recebermos como alimento em todos os momentos, e se marcarmos com o seu sangue as portas da nossa alma, seremos libertos dos trabalhos do Faraó e dos seus inspectores (Ex 12,7; 5,6ss). […] Agora, encontrámos o caminho para passar da terra ao céu. […] No passado, por intermédio de Moisés, o Senhor precedia os filhos de Israel numa coluna de fogo e numa espessa nuvem; agora, Ele próprio nos chama dizendo: «Se alguém tem sede, venha a Mim e beba; daquele que crê em Mim sairão rios de água viva, que jorra para a vida eterna» (Jo 7,37ss).

Portanto, que cada um se prepare com um desejo ardente de ir a esta festa; que escute o chamamento do Salvador, porque é Ele que nos consola a todos e a cada um em particular. Que aquele que tem fome venha a Ele: Ele é o verdadeiro pão (Jo 6,32). Que aquele que tem sede, venha a Ele: Ele é a fonte de água viva (Jo 4,10). Que o doente venha a Ele: Ele é o Verbo, a Palavra de Deus, que cura os doentes. Se alguém está sobrecarregado pelo peso do pecado e se arrepende, que se refugie a seus pés: Ele é o repouso e o porto de salvação. Que o pecador tenha confiança, porque Ele disse: «Vinde a Mim, vós todos que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei» (Mt 11,28).

(Fonte: Evangelho Quotidiano)