Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sexta-feira, 15 de maio de 2020

Os Choctaw e a Covid

A tribo dos índios Choctaw é a terceira maior tribo de índios norte-americanos, logo depois das tribos Cherokee e Navajo. Entre os anos 1830 e 1850, os Choctaw, que povoavam os actuais Estados do Mississippi, da Louisiana, do Alabama e da Florida, foram expulsos das suas terras e fechados numa «Reserva». Neste tempo humilhante e de profundo sofrimento para eles, concretamente em 1847, os Choctaw tiveram a notícia de que ocorria uma fome terrível na Irlanda e cotizaram-se para ajudar esses desconhecidos, que sofriam mais do que eles.

O facto é surpreendente em si mesmo: em meados do século XIX, uns índios iletrados, que nunca tinham saído da América, nem conheciam o Atlântico ou a Europa, identificaram-se de tal maneira com a angústia dos irlandeses que se privaram do pouco que ainda tinham para ajudar quem lhes parecia mais necessitado. Assim como os Choctaw não sabiam muito acerca da Irlanda, a maioria dos irlandeses ignorava que existia uma tribo chamada Choctaw. Mas esta ignorância mútua acabou para todo o sempre.

O extermínio massivo dos irlandeses ocorreu entre 1845 e 1849. Nesses quatro anos, cerca de milhão e meio de irlandeses morreu à fome, cerca de dois milhões fugiram para os Estados Unidos e um grande número naufragou no Atlântico. Muitas vezes fala-se de um genocídio cometido pelo Reino Unido, que naquela época dominava inteiramente a ilha. Tecnicamente, não terá havido o propósito de matar. Criaram-se as condições que geraram a fome apenas com o intuito de obter maior lucro; depois, não se remediou a situação e, em quatro anos, um quinto da população morreu. Quando o Governo do Reino Unido obrigou a Irlanda à monocultura da batata, tinha consciência de impedir o seu desenvolvimento económico, mas não esperava que uma praga devastasse completamente essa única cultura e privasse a ilha de alimento. Em face do desastre, Londres manteve as proibições e pensou fazer qualquer coisa, mas acabou por deixar a desgraça seguir o seu curso.

Em contrapartida, do outro lado do Atlântico, fechados na sua «Reserva», os Choctaw amealharam os poucos fundos que tinham e enviaram-nos para o outro lado do Atlântico, para os irlandeses comprarem alimentos. Ainda hoje, as comunidades irlandesas de todo o mundo recordam a generosidade dos Choctaw e, volta e meia, têm oportunidade de lhes agradecer. Em 2018, o Primeiro Ministro irlandês, a propósito de umas bolsas de estudo oferecidas a jovens Choctaw, falava do «vínculo sagrado que une para todo o sempre os nossos dois povos. A Irlanda nunca esqueceu e nunca esquecerá o vosso gesto de simpatia». Em 2017, num parque em Cork, na Irlanda, descerrou-se um memorial formado por nove penas de águia, metálicas, intitulado «Kindred Spirits» (os espíritos da amizade) em honra da generosidade dos Choctaw.

Os acontecimentos mais recentes fizeram reviver de modo expressivo esta estima desinteressada que cresce desde há 173 anos entre as duas margens do Atlântico.

Sugestão de auxílio às vitimas das consequências do COVID 19
em Portugal da responsabilidade do blogue convictos que o autor
do artigo estará de acordo com a nossa sugestão. Obrigado!
https://www.alimentestaideia.pt/
Neste momento, existem cerca de 200 mil índios Choctaw, metade dos quais na zona de Oklahoma. Ainda são muito pobres – cerca de 40% não tem água potável e 10% não têm sequer electricidade –, em geral as condições higiénicas são más e talvez por isso registam uma das taxas mais elevadas de infecção por Covid 19 nos E.U.A. Há poucos dias, quando os irlandeses receberam a notícia de que há milhares de pessoas infectadas na comunidade Choctaw e uma centena de mortos, mobilizaram-se e enviaram-lhes três milhões de dólares.
José Maria C.S. André

A formosura da santa pureza

Não se pode levar uma vida limpa sem a ajuda divina. Deus quer a nossa humildade, quer que lhe peçamos a sua ajuda, através da nossa Mãe e sua Mãe. Tens que dizer a Nossa Senhora, agora mesmo, na solidão acompanhada do teu coração, falando sem ruído de palavras: – Minha Mãe, este meu pobre coração rebela-se algumas vezes... Mas se Tu me ajudares... E ajudar-te-á, para que o conserves limpo e continues pelo caminho a que Deus te chamou: Nossa Senhora facilitar-te-á sempre o cumprimento da Vontade de Deus. (Forja, 315)

Devemos ser o mais limpos possível em relação ao corpo, mas sem medo, porque o sexo, é algo santo e nobre – participação no poder criador de Deus–, foi feito para o matrimónio. Assim, limpos e sem medo, dareis com a vossa conduta o testemunho da viabilidade e da formosura da santa pureza. (…)

Cuidai com esmero da castidade e também das virtudes que a acompanham e a salvaguardam: a modéstia e o pudor. Não olheis com ligeireza as normas, tão eficazes, que nos ajudam a conservarmo-nos dignos do olhar de Deus: a guarda atenta dos sentidos e do coração; a valentia de ser cobarde para fugir das tentações; a frequência dos sacramentos, especialmente da Confissão sacramental; a sinceridade total na direcção espiritual pessoal; a dor, a contrição e a reparação depois das faltas. E tudo isto ungido com uma terna devoção a Nossa Senhora, de modo que ela nos obtenha de Deus o dom de uma vida limpa e santa. (Amigos de Deus, 185)

São Josemaría Escrivá 

Filha pródiga

Clara Ferreira Alves escreveu uma importante confissão no livro “Fátima, 1979-2016”. Intitulada “Deus, fala comigo!”, é uma confissão corajosa, porque desafia o ateísmo austero e o cinismo engraçadista que dominam o meio intelectual. Hoje em dia, a fé ou é esmagada pela bota cardada do cientismo ou é gozada pelo engraçadismo cínico que recusa acreditar em algo superior ao “eu” pósmoderninho. Estas duas predisposições dominam os círculos bem pensantes, as faculdades, os festivais disto e daquilo, as editoras, as redações. Ao assumir o regresso à fé, Clara Ferreira Alves demonstra coragem, que é, foi e será sempre a grande virtude moral e estética do escritor. Além de corajosa, a confissão é comovente. Revela alguém que, depois da revolta clássica contra Deus, regressa à sua casa de sempre, à sua infância, à sua Rosebud teológica. “Se o homem é o princípio e o m de todas as coisas, então a solidão humana é insuportável e a extinção também”, diz Ferreira Alves de forma clara.

A escritora regressa à fé da sua infância, garantindo que a “reconversão” é mais “inclemente do que a conversão”. E acrescenta: “Do ponto de vista de quem nasceu e cresceu dentro da fé, os convertidos são uma espécie bafejada. Fizeram a viagem em sentido contrário, tiveram mais sorte”. Discordo. Como convertido, como ex-ateu, não sinto esse superior conforto ou sorte. Sinto, aliás, o oposto. Por muito que se esforce, Paulo nunca será Pedro. Por muito que se esforce, Zaqueu nunca terá a sorte do Filho Pródigo: este regressa a casa, aquele entra pela primeira vez nessa casa já na vida adulta. Zaqueu nunca sentirá a comoção pura que brota deste regresso à Ítaca religiosa, que é mais íntima do que Ítaca propriamente dita; sentir-se-á sempre deslocado, sentir-se-á uma perpétua visita e não uma peça da mobília. Não é fácil chegar a uma casa aos 35 anos.

Além disso, a fé do convertido tardio tende a ser demasiado intelectualizada, demasiado afastada do “sexto sentido” invocado por Ferreira Alves. Esse instinto moral desenvolve-se na infância e está relacionado com as memórias dos nossos pais, com os bolos que a Clara ainda menina comia em Óbidos antes da caminhada final até Fátima. Eu comia sanduíches mistas no Canal Caveira a caminho de um deserto geográfico e religioso; eram e são as melhores sanduíches mistas do mundo, mas não são grande conforto teológico. Sim é evidente que a fé tem um lado racional. As leis da física e da química remetem para uma universalidade centralizador. A moral do direito natural remete para direitos inalienáveis que não dependem de poderes terrenos e direitos positivos, mas sim de uma esfera transcendente. Esta racionalidade porém não chega. Kant não chega. É preciso o tal sexto sentido, que está mais perto de quem passou a infância com o sacho da fé na mão. Uma terra que nunca foi amanhada é difícil de quebrar. Seja como for, a divisão entre convertidos e reconvertidos é um pormenor. Acima de tudo convertidos e reconvertidos devem estar conscientes de que “haverá mais alegria no Céu por um só pecador que se converte do que por noventa e nove justos que não necessitam de conversão” (Lc 15, 7).

Henrique Raposo in Expresso
(seleção de imagem 'Spe Deus')

Aprender com Maria

«Aprendamos de Maria a falar pessoalmente com o Senhor, ponderando e conser­vando na nossa vida e no nosso coração a palavra de Deus, para que se converta em verdadeiro alimento para cada um. Deste modo, Maria guia-nos numa escola de oração, num contacto pessoal e profundo com Deus».

(Bento XVI - Encontro com sacerdotes em Roma, 22-II-2007)

Os direitos humanos em Deus

“A lei natural é um guia universal que cada um pode reconhecer, base com a qual todas as pessoas podem compreender-se e amar-se reciprocamente. Contudo, os direitos humanos enraízam-se em última análise numa participação de Deus, que criou cada pessoa humana inteligente e livre. Perdendo de vista uma sólida base ética e política, os direitos humanos permanecem frágeis, porque privados do seu sólido fundamento.”

(Bento XVI aos participantes na Assembleia plenária anual da Academia Pontifícia das Ciências Sociais em 05.05.2009)

Santo Rosário - Quinto Mistério Doloroso



Jesus Morre na Cruz

Chegou ao fim o Teu calvário. O sofrimento, os insultos, o vexame de seres despido em público, o opróbrio de seres contado entre os salteadores, tudo se consumou.

Inclinas a cabeça gotejante, e expiras.

E o mundo cobre-se de trevas. E muitos ressuscitaram.

E eu?
Coberto pelas trevas ou ressuscitado?

Inclinado em prostração pelo sacrifício tremendo, coberto de crepes, as lágrimas correndo, o corpo alquebrado pela angústia do meu Senhor morto, ou, ao contrário, ressuscitado para a vida que acabas-Te de dar-me, para a luminosa realidade de Teu filho e irmão, para a felicidade de finalmente ter sido liberto da minha escravidão ao pecado?

Como pude eu, Senhor, mergulhar nas trevas?
Como posso eu, Senhor, passear-me indiferente ao Teu sacrifício?
Como é possível que eu não me transfigure num homem novo, diferente?
Porquê não começo a caminhar em frente, para Ti, em vez dos desvios que continuamente faço, das paragens para deter-me em coisas que não valem nada, nesta minha viagem para me juntar a Ti?
Nessa Cruz onde expiras-Te, caberei eu também?
Posso, Senhor, juntar-me a Ti de braços estendidos e participar conTigo?
Porque não quises-Te Senhor, que eu fosse, ao menos, esse ladrão que levasTe, hoje mesmo, conTigo para o Paraíso?

Mais fácil, muito mais fácil teria sido, sem dúvida. Tu queres de mim, Senhor, toda a minha entrega e eu não Te dou senão bocadinhos de mim, da minha vida e, mesmo esses, de má vontade e sem determinação.
Posso eu merecer este Teu sacrifício?
Decerto que sim, mas só com a Tua ajuda, Senhor. Só com a Tua ajuda constante.
Bastará um momento, uma fracção de segundo, que me falte o Teu apoio e eu sou de novo aquele que Te flagela, que Te coloca a coroa de espinhos, que Te trespassa o peito com a lança, que Te vê morrer sem compreender nada, sem fazer nada.
Não podes, Senhor, deixar-me. Tenho de ser digno da Tua morte, tenho de merecer o Teu calvário, a Tua Cruz.

Protesto eu que a minha cruz é pesada, difícil e, no entanto, não morro nela. Pelo contrário, constantemente sinto a Tua mão a ajudar-me a carregá-la, o seu peso descansar também no Teu ombro dorido. Pois é, Senhor, mas eu não passo de um pobre pecador, desnorteado por vezes, cheio de ambições, de vaidade e fraquezas. Tenho á minha frente a Tua cruz, essa enorme cruz onde morresTe por mim.
Inclino-me contristado e com o coração compungido pela dor de Te ver
partir, de Te ver morrer.
Sei porem que ressuscitarás e que estarás sempre comigo, até que resolvas chamar-me para o pé de Ti.
Nada mais quero, nada mais desejo.

O que for preciso, Senhor, o que for necessário fazer para merecer esta Tua morte, que eu o faça com a Tua ajuda, com o alento que sabes dar, com a Tua misericórdia e bondade infinitas.
E então, quando prostrado Te adorar, quando estiver no Teu seio, dir-Te-ei:

Obrigado Senhor, pela Tua morte, sem ela não estaria aqui gozando a Vida Eterna.