Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

O invencível

Três séculos antes de Cristo, Aureliano, Imperador de Roma, fixou a festa do invencível deus Sol no final de Dezembro, porque é nessa altura que o Sol arranca para a sua marcha triunfal. Até 21 de Dezembro, no hemisfério Norte, o Sol brilha cada vez menos horas e com uma luz cada vez mais ténue. Parece esvair-se, vencido pelo frio da noite. Até que, a partir de 21 de Dezembro, nunca mais pára de brilhar mais alto e mais tempo, até chegar ao esplendor de 21 de Junho. No final de Dezembro, o Sol passa de astro derrotado a vitorioso, afirma-se como «Sol invictus», o Sol invencível.

Quando acabaram as perseguições mais duras, no século IV, a Igreja decidiu que o dia 25 de Dezembro se prestava a celebrar o nascimento de Jesus Cristo, o verdadeiro invencível. Os dados disponíveis situam esse nascimento à volta do ano 7 ou 5 antes de Cristo, na cidade de Belém, origem da dinastia de David, mas desconhece-se o dia ou o mês em que Jesus nasceu.


A festa do Natal adquiriu rapidamente tradições encantadoras, que ajudam a contemplar o amor de Deus por nós. Quando o próprio Deus Se faz homem para viver connosco, que se pode acrescentar a esta mensagem tão eloquente, dita sem palavras? A sensibilidade cristã juntou ao Natal o costume de dar prendas às crianças, de decorar as casas de luzes, de saborear bolos e vinhos, de cantar melodias, especialmente comoventes na sua simplicidade.


Logo que S. Francisco de Assis organizou em 1223, na aldeia de Greccio, um Presépio com figuras vivas, a imaginação cristã agarrou a ideia com entusiasmo e deu origem a uma forma nova de escultura popular, muito expressiva e participada. No cenário do Natal cabem as figuras artísticas das personagens principais e também mil e um figurantes que enquadram o nascimento de Jesus na história comezinha dos homens. Deus não veio impor-se com poder e glória, mas partilhar connosco as alegrias simples, o cansaço do trabalho, a beleza da Criação, tudo o que compõe o dia-a-dia da humanidade, ao mesmo tempo banal e sublime. Ainda hoje se conservam, nos países do Sul da Europa, maravilhosos presépios, com centenas de figuras, alguns remontando ao século XV, a maioria do século XVIII ou posteriores.


O Sol invencível não foi destronado por um meteorito maior do que ele, ou engolido pelo frio da noite, foi suavemente posto de parte por um bebé adorável, que nestes dias cobrimos de beijos e de mimos, porque nasceu para desafiar a nossa iniciativa de amar.


O Imperador Aureliano homenageava o seu ídolo proclamando-lhe uma espécie de triunfo militar. Tão longe do estilo de Deus! O contraste não poderia ser mais flagrante!


Este Jesus Menino, frágil e pequenino, vence sem palavras as batalhas que contra Ele travam os grandes da História, para O expulsar das nossas vidas, até para purificar a moral ou a religião.


Por exemplo, em 1640, o tirano inglês Oliver Cromwell proibiu o Natal e substituiu-o por uma jornada de jejum e penitência, para combater o deleite e a ternura que o Natal inspiram. Esse intitulado «Protector do Povo», que condenou tanta gente à morte, confundiu a mensagem de Jesus com o reino da miséria. Só 20 anos mais tarde os ingleses se viram livres deste furor de religiosidade puritana e recuperaram o seu Natal.


As orientações da União Europeia acerca da linguagem inclusiva (Novembro de 2021) propunham abolir as palavras «Natal» e «Maria», por causa da sua conotação cristã, e substituir os nomes cristãos por outros como Malika e Júlio. Não sabem estes sábios que Júlio também é nome cristão e que os árabes cristãos usam Malika como sinónimo de Maria e de rainha.


Noutros casos, a loucura exprime-se com condescendências cómicas. Em França, o Conselho Superior do Audiovisual (CSA, Conseil supérieur de l’audiovisuel) decidiu não condenar uma pequena cadeia de televisão, a C8, por ter transmitido uma Missa, com o argumento de que não tinha chegado a ocasionar «uma perturbação da ordem pública» e, ao fim de dois meses e meio de intensos estudos, os sábios do CSA também condescenderam em não proibir o filme «Unplanned», que conta uma história real de infelicidade de quem fez abortos, embora tenha criticado a C8 e, por pressão do Governo, tenha sido preciso avisar os telespectadores de que «as mulheres têm direito a dispor do seu corpo como lhes apetecer, conforme garantido pela lei, etc.».


Boa oportunidade para reler a Carta apostólica «Admirabile signum» do Papa Francisco, sobre o significado do Presépio (1 de Dezembro de 2019). Jesus, à sua maneira, é o invencível. À sua maneira.


Feliz Natal!

José Maria C.S. André

Humildade diante do presépio

Nesta Noite Santa, sobre o povo que andava nas trevas, resplandeceu uma grande Luz. Sobre cada um de nós, especialmente no fundo da nossa alma, brilha essa Luz ímpar que marca o tempo da História: o nascimento do nosso Deus!
Não há lugar para dúvidas. Deixemo-las para os cépticos que, como diz o Papa Francisco, por interrogarem somente com a razão — esquecendo a pequenez de cada ser humano — nunca chegam à Verdade com letra maiúscula.
Nesta Noite não há lugar para a indiferença nem para a apatia. Se acreditamos de verdade que Deus Se fez Homem e veio à Terra para nos salvar, tudo o resto — preocupaçõezinhas, egoísmozinhos, orgulho ferido — adquire um sentido muito relativo.
Se vivemos bem o Natal — não só de um modo exterior-superficial — voltamos a redescobrir a nossa grandeza e a nossa pequenez.
Grandeza porque somos de verdade filhos de Deus. Ele veio à Terra para nos recordar que valemos muito. Não somos produtos do acaso. Deus conta connosco para recordar a tantos a sua dignidade — muitas vezes desfeita por um orgulho de pretender viver sem contar com Ele.
Pequenez porque sem Deus não podemos nada. Somos o único ser nesta Terra que é consciente da sua mortalidade. E também somos o único que, tantas vezes, se comporta como se fosse imortal. Como se fosse Deus. Como se não necessitasse da salvação que Ele nos traz.
Não é só Deus que ama o humilde e rejeita o soberbo. Nós fazemos o mesmo. A modéstia, quando é sincera, atrai. Faz com que uma pessoa seja amada, a sua companhia desejada e a sua opinião valorizada.
Com Maria e José, possam os nossos corações ficar maravilhados contemplando Jesus reclinado numa manjedoura. E que diante da modéstia do nosso Deus brote um propósito sincero que resolverá tantas “tragédias” da nossa vida: sermos humildes de verdade.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria