Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sexta-feira, 10 de julho de 2020

A Mãe especial

Desde há séculos, os cristãos repararam que o Anjo se dirigiu a Nossa Senhora de uma maneira invulgar, que marcou profundamente a história da Igreja e se reflecte nas decisões recentes do Papa Francisco.

Salvo na iminência de ser morto na Cruz, parece que Jesus não apreciava que O tratassem como rei, pelos equívocos que esse título gerava. Por exemplo, quando O quiseram fazer rei (Jo 6, 15) foge para o monte.

Em contrapartida, quando o Anjo fala com Nossa Senhora, o eixo da mensagem é que ela vai ser Mãe do Rei, vai conceber um filho «a quem o Senhor Deus dará o trono de seu pai David, reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá sem fim» (Lc 1, 32-33).

Zacarias insiste: «suscitou uma força de salvação na casa do seu servo David» (Lc 1, 69), isto é, na casa real com quem Deus tinha estabelecido a Aliança.

O Imperador César Augusto (um pagão incapaz de medir o alcance extraordinário da sua acção) mandou que cada família fosse recensear-se à cidade de origem do marido e foi isso que obrigou José a ir com a sua mulher, que estava para dar à luz, «à cidade de David, chamada Belém, por ser da casa e da linhagem de David» (Lc 2, 4). Não apenas S. José era de estirpe real como o Evangelista sublinha que isso foi decisivo para que Jesus nascesse onde devia nascer.

Quando Jesus nasce, o que o Anjo tem para dizer aos pastores é «hoje, na cidade de David, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias Senhor!».

Os apóstolos e aqueles cristãos que conheciam as tradições de Israel compreenderam imediatamente o que Deus propôs a Nossa Senhora. Na monarquia de Israel, o Rei e a Mãe do Rei reinavam juntamente, iniciavam juntos essas funções, sentavam-se lado a lado no trono e o Rei tomava as decisões de acordo com a sua Mãe. Neste sistema, a mulher do Rei não tinha particular relevância, só quando o marido morria e o filho lhe sucedia é que ela assumia a importantíssima função de Mãe do Rei. Os livros históricos do Antigo Testamento, os Livros das Crónicas, os Livros dos Reis, etc., estão cheios de exemplos do papel essencial exercido pela Mãe do Rei.

Ou seja, conhecendo o mundo israelita e a história da casa de David, é óbvio que Deus chamou Nossa Senhora a reinar unida ao seu Filho como Rainha da Misericórdia, porque na casa de David era essa a função da Mãe do Rei, a de acrescentar à autoridade real a suavidade da misericórdia.

O Papa Francisco, através de uma carta do Prefeito para o Culto Divino, publicada há dias, na Memória do Coração Imaculado de Maria, dispôs que se acrescentasse a invocação «Mater misericordiae» (Mãe da Misericórida) na Ladainha que se costuma rezar no final do Terço, a seguir à invocação «Mãe da Igreja».

Comemoram-se este ano os 20 anos da canonização de Santa Faustina Kowalska, a freira polaca a quem Deus pediu que promovesse no mundo a devoção à Divina Misericórdia, e comemoram-se os 40 anos da Encíclica «Dives in misericordia» ([Deus] Rico em miseridórida), de João Paulo II. Esta Encíclica é um vibrante apelo a redescobrir a ânsia divina de misericórdia para connosco, que o Papa classifica como ponto central –hoje mais do que nunca– para o futuro da Igreja e da humanidade.

Para Bento XVI «a misericórdia é realmente o núcleo central da mensagem evangélica, é o próprio nome de Deus, o rosto com o qual Ele Se revelou na Antiga Aliança e Se revelou plenamente em Jesus Cristo, incarnação do Amor criador e redentor» (Regina Caeli, 30 de Março de 2008).

O Papa Francisco deu um relevo ainda maior à mensagem de Santa Faustina Kowalska, que é afinal a mensagem de Cristo, porque este nosso tempo, diz o Papa, é especialmente o tempo da misericórdia (Carta apostólica «Misericordia et misera», 2016). No Santuário «Mater Misericordiae», em Vilnius, na Lituânia, lançou ao mundo o desafio: «a Mãe de Misericórdia convida-nos a abrir as portas a um amanhecer novo» (2018). Deus espera por nós no sacramento da Confissão para nos perdoar –diz também o Papa– e quer-nos cada vez mais próximos de Nossa Senhora, «Mãe de Misericórdia».
José Maria C.S. André

Quando tiveres de corrigir, fá-lo com caridade

Só serás bom, se souberes ver as coisas boas e as virtudes dos outros. Por isso, quando tiveres de corrigir, fá-lo com caridade, no momento oportuno, sem humilhar... e com intenção de aprender e de melhorar tu próprio, naquilo que corriges. (Forja, 455)

Para curar uma ferida, primeiro limpa-se esta muito bem e inclusivamente ao seu redor, desde bastante distância. O médico sabe perfeitamente que isso dói, mas se omitir essa operação, depois doerá ainda mais. A seguir, põe-se logo o desinfectante; arde – pica, como dizemos na minha terra – mortifica, mas não há outra solução para a ferida não infectar.

Se para a saúde corporal é óbvio que se têm de tomar estas medidas, mesmo que se trate de escoriações de pouca importância, nas coisas grandes da saúde da alma – nos pontos nevrálgicos da vida do ser humano – imaginai como será preciso lavar, como será preciso cortar, como será preciso limpar, como será preciso desinfectar, como será preciso sofrer! A prudência exige-nos intervir assim e não fugir ao dever, porque não o cumprir seria uma falta de consideração e inclusivamente um atentado grave, contra a justiça e contra a fortaleza.

Persuadi-vos de que um cristão, se pretende deveras proceder rectamente diante de Deus e dos homens, precisa de todas as virtudes, pelo menos em potência. Mas, perguntar-me-eis: Padre, o que diz das minhas fraquezas? Responder-vos-ei: Porventura um médico que está doente, mesmo que a sua doença seja crónica, não cura os outros? A sua doença impede-o de prescrever a outros doentes o tratamento adequado? É claro que não. Para curar, basta-lhe ter a ciência necessária e aplicá-la com o mesmo interesse com que combate a sua própria enfermidade. (Amigos de Deus, 161)

São Josemaría Escrivá

Comunismo

Os sistemas comunistas fracassaram por causa do seu falso dogmatismo económico. Mas passa-se por alto com demasiada complacência o facto de que naufragaram principalmente pelo seu desprezo dos direitos humanos, pela sua subordinação da moral às exigências do sistema e às suas promessas de futuro. A verdadeira catástrofe que provocaram não é de natureza económica; consiste na secura das almas, na destruição da consciência moral. Vejo isto como um problema essencial do momento presente [...]: ninguém põe em dúvida o naufrágio económico [do comunismo], e por isso os ex-comunistas, sem duvidar um só momento, fizeram-se liberais em economia. Mas a problemática moral e religiosa, o problema de fundo, permanece quase que totalmente posto de lado.

A problemática deixada atrás de si pelo marxismo continua a existir hoje: a dissolução das certezas primordiais do homem sobre Deus, sobre si mesmo e sobre o universo. Esta dissolução da consciência dos valores morais intangíveis é o nosso problema neste exato momento.

(Cardeal Joseph Ratzinger in ‘Fundamentos espirituales de Europa’)

«Que devo eu fazer para alcançar a vida eterna?»

Para que esta vida tenha êxito, eu tenho por meio dela de ir ao encontro da vida eterna, tenho de refletir no facto de que Deus pensou para mim uma tarefa no mundo e que um dia me há-de perguntar o que fiz da minha vida. Hoje muitos afirmam que o pensamento da vida eterna impede os homens de fazer o que está certo neste mundo. Mas o oposto é que é verdade. Se perdermos de vista o critério de Deus, o critério da eternidade, como linha de orientação não fica senão o egoísmo.


('Olhar para Cristo' excerto Homilia sobre Lucas 10, 25-37 – I – Joseph Ratzinger)