Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sábado, 23 de julho de 2022

Kateri Tekakwitha

A viagem do Papa Francisco ao Canadá começou nesta sexta-feira 22 de Julho com uma ida em cadeira de rodas à basílica romana de Santa Maria Maior, para rezar diante da imagem de Nossa Senhora. É sempre esta a primeira e a última etapa de uma viagem do actual Pontífice. No meio, de 24 a 30 de Julho, será a viagem propriamente dita ao Canadá.


O Canadá, conhecido pela beleza natural e pelo desenvolvimento social e económico, está cheio de desafios para a Igreja, pela agressividade sexual, a decadência de costumes e, como se não bastasse, pela consciência recente de que houve prepotências durante a primeira evangelização.


A vida cristã não é fácil. A intolerância do Estado Canadiano vai ao ponto de não reconhecer sequer o direito à objecção de consciência, mesmo em matérias sensíveis, como a recusa a colaborar num aborto, ou num casamento homossexual, ou a recusa a provocar a morte de uma pessoa idosa ou doente. A militância anticristã impede praticamente que um cristão, em particular um católico, ocupe lugares destacados na sociedade. Cerca de 40% da população sente afinidade com a Igreja católica, mas a falta de assiduidade à Missa dominical, à Confissão e aos outros sacramentos é dramática: o país que o Papa visita requer um fôlego renovado de evangelização.


Por outro lado, alguns descendentes das tribos nativas acusam a Igreja católica e as igrejas protestantes de terem procurado converter os seus antepassados à força. A história não parece simples. Houve prepotência de uns europeus e generosidade de outros europeus. Por vezes, os que procuraram ajudar as populações pobres foram pouco compreensivos da sensibilidade local. A mesma pessoa fez coisas edificantes e coisas más. Houve de tudo, naquele país disperso por milhares de quilómetros de florestas e paisagens geladas. A principal queixa é que, para ajudar as populações nativas, o Governo canadiano promoveu, a partir de 1870, uma rede de 130 colégios internos que ficaram ao cuidado de diversas entidades, nomeadamente anglicanas e protestantes, mas também, pelo menos uma dúzia, orientados por católicos. Apesar da boa intenção, houve várias falhas nesses 130 colégios internos para nativos. Frequentemente, acolhiam crianças retiradas aos pais, forçadas a ir à escola, a disciplina era demasiado severa, os colégios eram demasiado pobres, o ensino era deficiente e transmitia às crianças nativas a ideia de que a sua cultura de origem não tinha valor.


No Domingo passado, o Papa resumiu assim este tema central da sua viagem:


— «Infelizmente, no Canadá, muitos cristãos, incluindo alguns membros de institutos religiosos, contribuíram para políticas de assimilação cultural que, no passado, prejudicaram gravemente as comunidades nativas, de várias formas. Por esta razão, recebi recentemente no Vaticano alguns grupos, representantes dos povos indígenas, a quem manifestei o meu pesar e solidariedade pelos danos que sofreram. E agora preparo-me para empreender uma peregrinação penitencial que espero, com a graça de Deus, contribua para o caminho de cura e reconciliação já empreendido. (…) Peço-vos que me acompanheis em oração».


Que seria de nós sem os santos, no meio dos conflitos culturais? O Canadá tem vários santos missionários e mártires e começa a ter santos autóctones. A primeira é Santa Kateri Tekakwitha, uma rapariga da tribo dos Mohawk, cuja vida resume a turbulência da época.


Uma epidemia de varíola dizimou a família e ela sobreviveu, mas ficou com marcas na cara. Foi recolhida na tribo, acompanhada por outros índios, uns católicos, outros não, até que aos 19 anos entrou em contacto com uma missão, decidiu formar-se e receber o baptismo. Quando tinha 10 anos, o exército francês atacou a aldeia dos Mohawk, destruiu tudo e obrigou-os a refugiarem-se numa floresta gelada do Norte. Quando tinha 13 anos, centenas de guerreiros Mohican cercaram a aldeia com grande violência, mas a defesa conseguiu chamar reforços e os atacantes acabaram largamente dizimados e torturados. O líder da defesa converteu-se ao catolicismo. Parte da aldeia converte-se, outros proíbem os filhos de se aproximar das missões. Kateri Tekakwitha vence a oposição dos familiares, consegue baptizar-se e… é hoje a primeira santa de uma tribo nativa do Canadá.


Por intercessão de santa Kateri Tekakwitha, que Deus acompanhe o Papa nesta sua viagem.

José Maria C.S. André

As 15 Orações de Santa Brígida a Jesus

Santa Brígida da Suécia, co-Padroeira da Europa

1. "Eu renovo todas as coisas... estas palavras são fiéis e verdadeiras" (Ap 21, 5).

Cristo renova todas as coisas. Santa Brígida, ilustre filha da terra da Suécia, acreditou muito e com profundo amor em Cristo. Adornou com o seu cântico de fé e as suas boas obras a Igreja, na qual reconhecia a comunidade dos crentes, habitada pelo Espírito de Deus.

Hoje recordamos esta singular figura de Santa e sinto-me particularmente feliz por que nesta celebração estejam ao meu lado os mais altos representantes das Igrejas luteranas da Suécia e da Finlândia, juntamente com os meus venerados Irmãos no Episcopado de Estocolmo e de Copenhaga. Saúdo-os a todos e cada um com grande afeto.

Com deferência saúdo também o Rei e a Rainha da Suécia, que quiseram honrar esta celebração com a sua presença. A minha saudação estende-se, além disso, às Personalidades políticas que estão aqui connosco. Saúdo por fim todas vós, queridas Irmãs do Santíssimo Salvador de Santa Brígida, aqui guiadas pela vossa Superiora-Geral.

2. Estamos mais uma vez reunidos para renovar diante do Senhor o empenho pela unidade da fé e da Igreja, que Santa Brígida, com convicção, fez próprio em tempos difíceis. A paixão pela unidade dos cristãos foi o alimento de toda a sua existência. E este empenho, graças ao seu testemunho e ao da Madre Isabel Hesselblad, chegou até nós através da corrente misteriosa da Graça que ultrapassa os confins do tempo e do espaço.

A celebração hodierna impele-nos a meditar sobre a mensagem de Santa Brígida, que eu quis recentemente proclamar co-Padroeira da Europa, juntamente com Santa Catarina de Sena e Santa Teresa Benedita da Cruz. O seu amor ativo pela Igreja de Cristo e o testemunho que deu da Cruz constituem um símbolo e uma inspiração para todos nós, que nos preparamos para cruzar o limiar de um novo milénio.

É-me muito grato inaugurar e benzer nesta tarde, no termo da presente celebração, uma estátua que tornará mais viva, aqui no Vaticano, a memória desta grande testemunha da fé. Colocada no exterior desta Basílica e precisamente ao lado da Porta chamada "da oração", a efígie em mármore de Santa Brígida constituirá para todos um constante convite a orar e a trabalhar sempre pela unidade dos cristãos.

3. O meu pensamento dirige-se agora para o dia 5 de Outubro de 1991, quando, nesta mesma Basílica, teve lugar uma solene celebração ecuménica no sexto centenário da canonização de Santa Brígida. Naquela circunstância pude dizer: "Já há vinte e cinco anos luteranos e católicos se esforçam por encontrar de novo o caminho comum... O diálogo teológico tornou evidente o vasto património de fé que nos une... Ninguém ignora que da doutrina da justificação teve início a Reforma protestante e que ela rompeu a unidade dos cristãos do Ocidente. Uma sua comum compreensão... ajudar-nos-á, disto estamos certos, a resolver as outras controvérsias que, directa ou indirectamente, a ela estão ligadas" (cf. L'Osserv. Rom. ed. port. de 13/X/1991, pág. 2).

Aquela "comum compreensão" a que eu almejava há nove anos, hoje, graças ao Senhor, tornou-se realidade animadora. No dia 31 de Outubro passado, na cidade de Ausburgo, foi assinada solenemente uma Declaração conjunta, na qual luteranos e católicos amadureceram um consenso sobre verdades fundamentais da doutrina da justificação. Esta aquisição do diálogo ecuménico, marco miliário no caminho rumo à unidade plena e visível, é o resultado de um intenso trabalho de pesquisa, encontros e oração.

Contudo, permanece diante de nós um longo caminho a percorrer: "grandis resta nobis via". Devemos fazer ainda mais, conscientes das responsabilidades que nos competem no limiar de um novo milénio. Devemos continuar a comunhão juntos, sustentados por Cristo, que no Cenáculo, na vigília da sua morte, pediu ao Pai para que todos os seus discípulos "fossem um só" (Jo 17, 21).

4. Como mais do que nunca necessário, no texto da Declaração conjunta está escrito que o consenso obtido pelos católicos e luteranos "sobre verdades fundamentais da doutrina da justificação, deve ter efeitos e encontrar uma verificação na vida e no ensino das Igrejas" (n. 43).

Neste caminho, confiamo-nos à ação incessante do Espírito Santo. Além disso, temos confiança também em quem, antes de nós, amou tanto Cristo e a sua Cruz e orou, como Santa Brígida, pela característica irrenunciável da Igreja, a da sua unidade.

Não conhecemos o dia do encontro com o Senhor. Por isto o Evangelho convida-nos a vigiar, tendo acesas as nossas lâmpadas para que, quando o Esposo chegar, possamos estar prontos a acolhê-l'O. Nesta expectativa vigilante, ressoa no coração de cada crente a invocação do divino Mestre: "Ut unum sint".

Santa Brígida nos sirva de exemplo e interceda por nós. A vós, suas caríssimas filhas espirituais da Ordem do Santíssimo Salvador, peço de modo especial que prossigais com fidelidade no vosso precioso apostolado ao serviço da unidade.

O novo milénio já está às portas: "Cristo ontem, hoje e sempre" seja o centro e a meta de todas as nossas aspirações. É Ele que renova todas as coisas e traça para nós um itinerário de jubilosa esperança. Oremos sem cessar para que Ele nos conceda a sabedoria e a força do seu Espírito; invoquemo-l'O para que todos os cristãos cheguem quanto antes à unidade. Nada é impossível a Deus!

João Paulo II – Homilia proferida em 13 de Setembro de 1999