Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Rasoamanarivo

No passado sábado 7 de Setembro, durante a viagem a Moçambique, Madagáscar e República da Maurícia, o Papa fez questão de visitar o túmulo de Victoire Rasoamanarivo, uma mulher malgaxe que transformou o seu país no século XIX.

Nasceu em 1848, filha de um alto funcionário do palácio real, Rainiandriantsilavo. A mãe, Rambahinoro, era de linhagem real. Rasoamanarivo era uma encantadora menina rica, que participava no culto aos ídolos no palácio.

Quando tinha 13 anos, morreu a Rainha que tinha expulso os missionários e o novo rei autorizou o cristianismo. Rasoamanarivo foi uma das primeiras alunas da escola católica. Quando quis receber o Baptismo, levantou-se a oposição da família, mas Rasoamanarivo tinha uma personalidade tão forte que levou a melhor. Escolheu Victoire (Vitória) como nome de Baptismo.

Com 16 anos, casam-na, contra a sua vontade, com Radriaka, o filho mais velho do Primeiro-Ministro. Parecia um excelente partido, porque Radriaka era um oficial prestigiado do exército, mas infelizmente o rapaz caiu no vício da bebida e envergonhou a família. A própria rainha e o Primeiro-Ministro, pai do marido, acharam que Victoire se devia separar, mas ela explicou-lhes: «Não sabem que o casamento cristão não se pode dissolver? Só a morte nos pode separar».

Até lá, Victoire suporta tudo, respeita-o, ama-o com imensa ternura e reza incansavelmente pela sua conversão.

Os missionários voltaram a ser expulsos durante a guerra contra os franceses e desencadeou-se uma caça aos cristãos. A ilha ficou sem padres e os cristãos perseguidos. Victoire jogou todo o seu prestígio na corte e conseguiu parar a perseguição. Ao mesmo tempo, percorreu o Madagáscar a dar coragem ao povo e a animá-lo na fidelidade à fé. Muitíssima gente se converteu.

Quando os missionários regressaram ao país, em vez da igreja desolada que esperavam encontrar, descobriram uma comunidade pujante, muito mais numerosa que quando os tinham expulso.

Anos mais tarde, depois de um acidente, Radriaka, o marido, chega a casa gravemente ferido e pede o Baptismo. A própria Victoire o baptiza, impondo-lhe o nome de Joseph. O marido morre pouco depois.

Quando beatificou Victoire Rasoamanarivo, o Papa João Paulo II disse «que ela vivia continuamente diante de Deus. Todos ficavam tocados pela intensidade da sua oração. Por isso, sendo tão familiar da presença de Deus, sabia arrastar os outros na intimidade com o Senhor. Dizia-lhes: “Santifiquemo-nos primeiro nós mesmos; para depois nos ocuparmos dos outros”».

Victoire vivia no palácio, no meio da corte, onde fazia sentir a força da sua liderança natural, que todos respeitavam, mas gastava muito tempo a visitar os pobres e os doentes. Isto é, aquela mulher tinha um temperamento de fogo. Estava, na prática, em todo o lado e deixou uma marca extraordinária na história do Madagáscar.

O Papa Francisco tem repetido esta ideia do Concílio Vaticano II de que os leigos têm de assumir a sua responsabilidade evangelizadora. Sem clericalismo. Aos Bispos do Madagáscar repetiu: «Insisto muito. Por favor, não clericalizem os leigos. Os leigos são leigos. Ouvi, na minha diocese anterior, propostas como esta: “Senhor Bispo, tenho um leigo maravilhoso na paróquia: trabalha, organiza tudo... fazemo-lo diácono?” Deixa-o estar, não lhe estragues a vida, deixa-o ser leigo!». O que é próprio dos leigos não é ajudarem os padres, a sua missão é serem cristãos de profunda vida interior, verdadeiramente santos, para poderem pegar a todos aquele fogo de que Cristo falava: «Vim trazer fogo à terra e que quero senão que se incendeie!» (Lc 12, 49).

Victoire Rasoamanarivo era realmente uma alma em fogo e por isso Francisco quis reservar uma parte importante da sua visita a Madagáscar para ficar longamente, em silêncio, a rezar diante do túmulo desta mulher.

José Maria C.S. André

Não há trabalhos de pouca categoria

No serviço de Deus, não há trabalhos de pouca categoria: todos são de muita importância. A categoria do trabalho depende do nível espiritual de quem o realiza. (Forja, 618)

Compreendem porque é que uma alma deixa de saborear a paz e a serenidade quando se afasta do seu fim, quando se esquece de que Deus a criou para a santidade? Esforcem-se por nunca perder este ponto de mira sobrenatural, nem sequer nos momentos de diversão ou de descanso, tão necessários como o trabalho na vida de cada um.

Bem podem chegar ao cume da vossa actividade profissional, alcançar os triunfos mais retumbantes, como fruto da livre iniciativa com que exercem as actividades temporais; mas se abandonarem o sentido sobrenatural que tem de presidir todo o nosso trabalho humano, enganaram-se lamentavelmente no caminho.

(...) Perante Deus, que é o que conta em última análise, quem luta por comportar-se como um cristão autêntico, é que consegue a vitória: não existe uma solução intermédia. Por isso vocês conhecem tantas pessoas que deviam sentir-se muito felizes, ao julgar a sua situação de um ponto de vista humano e, no entanto, arrastam uma existência inquieta, azeda; parece que vendem alegria a granel, mas aprofunda-se um pouco nas suas almas e fica a descoberto um sabor acre, mais amargo que o fel. Isto não há-de acontecer a nenhum de nós, se deveras tratarmos de cumprir constantemente a Vontade de Deus, de dar-lhe glória, de louvá-lo e de espalhar o seu reinado entre todas as criaturas. (Amigos de Deus, 10–12).

São Josemaría Escrivá

Cireneus

São João Paulo II foi vítima de um atentado a 12 de Maio de 1982, em Fátima. A 13 de Maio de 1981 tinha sido alvejado em Roma, tendo então perigado a sua vida. A providencial coincidência deste incidente com o aniversário da primeira aparição, em Fátima, levou João Paulo II a atribuir a Maria a sua sobrevivência. Por esta razão, fez uma peregrinação, um ano depois, à Cova da Iria. Foi então que um padre espanhol, não católico, atentou, sem êxito, contra a vida daquele Papa.

Logo depois deste segundo atentado, um casal madrileno apresentou-se na nunciatura, em Lisboa: eram os pais do clérigo que pusera em risco a vida de São João Paulo II. A razão da sua precipitada vinda ao nosso país, que passou desapercebida à imprensa, era só uma: pedir desculpa.

Aqueles pais, católicos, não tinham nenhuma responsabilidade no delito perpetrado pelo filho, maior de idade. Naquela hora amarga, de tanta angústia e vergonha, era compreensível que se tivessem escondido mas, pelo contrário, deram a cara em nome de um crime que não era deles. Outros teriam entendido, com razão, que nada tinham a ver com aquele acto criminoso, mas aqueles pais carregaram com a culpa do seu filho. Muitos progenitores ter-se-iam orgulhado de uma glória filial, mas aqueles desgraçados pais humilharam-se com a desonra do seu descendente e, em seu nome, ofereceram-se à vítima, em expiação dessa falta. Como é rara a nobreza de uma voluntária humilhação! Como é belo pedir perdão!

“Nisto consiste o amor: (…) em ter sido Deus que nos amou e enviou o seu Filho, como vítima de expiação pelos nossos pecados. (…) Se Deus nos amou assim, também nós devemos amar-nos uns aos outros” (1Jo 4,10-11). Neste mundo, sobram os Pilatos e os Herodes acusadores, mas faltam Cireneus que carreguem as cruzes alheias.

P. Gonçalo Portocarrero de Almada

Saber medir as nossas palavras

Estávamos os três a tomar uma cerveja. A esplanada, quase vazia. Depois de um dia extenuante de trabalho, logicamente, o cansaço fazia-se notar. De repente, um deles fez ao outro uma pergunta indelicada, com uma certa ironia e até violência. Mais do que perguntar, parecia que estava a brincar com uma atitude que não entendia. Instintivamente, fiquei à espera de uma resposta à altura das circunstâncias. Mas ela não veio. Pelo contrário, a contestação foi cordial e sem azedume.

Fez-me pensar. Aquela pessoa levava consigo o seu próprio ambiente. Um ambiente que não dependia de circunstâncias nem de provocações. Podendo fazê-lo, por uma questão de “estrita justiça”, não tinha devolvido o mal com o mal. Demonstrava com isto um senhorio de si próprio fora do comum. Ao outro só restavam duas opções: pedir desculpas pelo modo como tinha abordado o assunto ou fingir que nada tinha acontecido. Escolheu esta última por ser a mais cómoda, e, pensava ele erradamente, a menos humilhante. Que diferença tão grande de nível humano em duas pessoas com a mesma profissão.

O meu amigo cordial tinha um tom humano impressionante. Um tom que facilitava o relacionamento mútuo, que fazia com que os outros se sentissem bem ao seu lado. Sabia estar com todos. Irradiava à sua volta um ambiente agradável, de profunda dignidade. Oferecia uma amizade sincera, sem ocultar a sua identidade de cristão coerente por medo a ser rejeitado. E foi devido a essa sua coerência que a pergunta irónica tinha surgido. Ao fazer-lhe ver a minha admiração pelo modo como tinha actuado, respondeu-me: “não há caridade sem respeito, e não há respeito se não sabemos medir as nossas palavras”.

Saber medir as nossas palavras. Quantas vezes ferimos os outros porque não sabemos medir as nossas palavras. E isso não é hipocrisia nem falta de sinceridade. É simplesmente respeito. É capacidade de nos pormos na situação dos outros e descobrir que não gostaríamos que nos falassem assim. Dizer o que pensamos sem pensar no que dizemos, geralmente, é uma atitude bastante irresponsável. É como atirar uma pedra pela janela sem preocuparmo-nos com os estragos que possa provocar.

Cuidar o modo como dizemos as coisas também não é algo superficial. Quantas vezes, tendo alguma razão, a perdemos não por aquilo que dizemos, mas pelo modo como o fazemos. Quase tudo depende da forma de dizer as coisas. Há muitos modos de dizer a mesma coisa e, habitualmente, não é necessário tornar a verdade antipática a ninguém. A verdade é como uma flor. Não é a mesma coisa oferecê-la a alguém ou atirá-la à sua cara. A segunda atitude não é mais sincera, ainda que muitas pessoas nos tentem convencer do contrário.

Pe. Rodrigo Lynce de Faria

Como se deve haver e falar cada um em seus desejos

Oração para cumprir a vontade de Deus:

Concedei-me, benigníssimo Jesus, que a vossa graça esteja comigo, comigo trabalhe e persevere comigo até ao fim. Dai-me que deseje e queira sempre o que mais vos for aceito e agradável. Vossa vontade seja a minha, e a minha acompanhe sempre a vossa e se conforme em tudo com ela. Tenha eu convosco o mesmo querer e não querer, de modo que não possa querer ou não querer, senão o que vós quereis ou não quereis.

Imitação de Cristo, 3, 15, 2

Evangelho do dia 20 de setembro de 2019

Em seguida Jesus caminhava pelas cidades e aldeias, pregando e anunciando a boa nova do reino de Deus; andavam com Ele os doze e algumas mulheres que tinham sido livradas de espíritos malignos e de doenças: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demónios, Joana, mulher de Cusa, procurador de Herodes, Susana, e outras muitas, que os serviam com os seus bens.

Lc 8, 1-3