Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Evitemos lamentações teatrais e rezemos por quem sofre verdadeiramente

Tantas vezes eu ouvi pessoas que estão vivendo situações difíceis, dolorosas, que perderam muito ou se sentem sós e abandonadas e vêm lamentar-se e fazem estas perguntas: Porquê? Porquê? Rebelam-se contra Deus. E eu digo: 'Continua a rezar assim, porque também isto é uma oração ". Era uma oração quando Jesus disse ao seu Pai: "Por que me abandonaste?!
(...)
Santa Teresa, rezava e pedia para andar em frente, na escuridão. Isto chama-se entrar em paciência. A nossa vida é demasiado fácil, as nossas lamentações, são lamentações de teatro. Perante estas, estas lamentações de tantas pessoas, de tantos irmãos e irmãs que estão na escuridão, que quase perderam a memória, que quase perderam a esperança – que vivem aquele exílio de si próprios, são exilados, também de si próprios – nada! E Jesus fez este caminho: da noite no Monte das Oliveiras até a última palavra da cruz: "Pai, por que me abandonaste!”

Papa Francisco - excertos homilia Casa de Santa Marta 30.09.2014

Dois Álvaros

Em 1986 Álvaro del Portillo aterrou em Lisboa para uma curta estada. Era então o prelado do Opus Dei. Os responsáveis do aeroporto levaram-no à sala VIP, mas estava ocupada pelo... secretário-geral do PCP. Apesar da surpresa, Álvaro Cunhal consentiu amavelmente em dar também lugar ao recém-chegado. Quando no final se cruzaram, Álvaro del Portillo estendeu a mão, agradeceu a gentileza e disse: "Sei que é o secretário do Partido Comunista Português; eu sou o prelado do Opus Dei. Também me chamo Álvaro."

O encontro foi brevíssimo, fortuito, sem mais transcendência. Se o trago aqui é porque me serve de pretexto e me parece um símbolo. Serve-me de pretexto, para assinalar que o Papa Francisco decidiu beatificar esse homem afável e sorridente que foi Álvaro del Portillo, numa cerimónia que vai acontecer neste sábado. Também eu o conheci assim: simpático e sereno. Com todos: quer tivesse pela frente o cauteleiro, o líder comunista ou o maior amigo. Tanto nos bairros da periferia de Madrid onde em jovem passava tantos dias, como mais tarde ao lançar iniciativas sociais em África.

Ao mesmo tempo, esse encontro entre dois Álvaros é um sinal: o sinal de duas grandes visões que estão presentes no mundo contemporâneo.

Marx estava muito convencido do que dizia quando escreveu: o homem é para o homem o ser supremo. Não há ninguém acima dele. Destronámos Deus. E Deus - como muitas vezes na história - deixou. As rédeas do mundo passaram para as mãos dos homens. E temos assistido às consequências. Contudo, já alguém disse, com razão, que colocar-se no lugar de Deus, sem ser Deus, é a mais tola arrogância, é a mais perigosa aventura.

Outra visão é a que herdámos do povo judeu e se conserva na oração fundamental de Israel: "Escuta, ó Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor!"

Estamos tão habituados a considerar que só os problemas diários são problemas reais, e tão desabituados de valorizar o fator Deus, que podemos não sentir a diferença abissal entre uma visão e a outra.

Álvaro del Portillo era crente, mas não no sentido de admitir que Deus existe, sim, mas lá longe, indiferente e entretido com muitas outras coisas. Ele incorporou em si a grande intuição do cristianismo: que Deus - além das coisas "óbvias" de ser criador, poderoso, bondoso, providente, juiz - nos pediu amizade. Não só a uns eleitos. A todos. Essa amizade inclui, da parte dele, ter feito seus os nossos sofrimentos.

Não por ser um Deus que tenha um gosto especial por sofrer, mas por ter um jeito especial para amar. Tal como fazem os pais, que seguem cada minuto dos filhos, e gostariam de ser todo-poderosos para os ajudar. Nisso Deus leva vantagem. Paradoxalmente, este Deus paternal é aquele que alguns pretendem expulsar da realidade como se Deus fosse uma ameaça.

Álvaro del Portillo viveu com Deus muito perto, envolveu Deus no trabalho, atravessou as complicações na vida, não com a segurança de quem tem um Deus às ordens para afastar todas as dificuldades, mas como quem confia que - mesmo quando as coisas correm inapelavelmente mal - Deus é Pai e lá sabe o que faz.

Álvaro del Portillo se fosse vivo teria 100 anos. No dia em que morreu, João Paulo II foi velar o seu corpo.

Pedro Gil in Diário de Notícias

A MEDICINA DE SANTA HILDEGARDA apresentado por Aura Miguel - 30.09.2014


Alegrar-se com a fé

A fé dá alegria. Se Deus não está presente, o mundo desertifica-se e tudo se torna aborrecido, tudo é completamente insuficiente. Hoje, vê-se bem como um mundo sem Deus se desgasta cada vez mais, como se tornou um mundo sem nenhuma alegria. A grande alegria vem do facto de existir o grande amor, e é essa a afirmação essencial da fé. Você é alguém indefectivelmente amado. Foi por isso que o cristianismo encontrou a sua primeira expansão sobretudo entre os fracos e os que sofriam.

É claro que agora se pode interpretar isso num sentido marxista, e dizer que na época o cristianismo representou apenas uma consolação, quando devia ter sido uma revolução.

Mas penso que, de certa forma, já ultrapassamos essas fórmulas. O cristianismo estabeleceu novas relações entre senhores e escravos, de modo que já São Paulo podia dizer a um senhor: "Não faças mal ao teu escravo porque ele se tornou teu irmão" (cfr. Filemon).

Pode-se dizer que o elemento fundamental do cristianismo é a alegria. Não me refiro à alegria no sentido de um divertimento qualquer, que pode ter o desespero como pano de fundo; como sabemos, muitas vezes o divertimento é a máscara do desespero. Refiro-me à verdadeira alegria. É uma alegria que está presente numa existência difícil e torna possível que essa existência seja vivida. A história de Cristo começa, segundo o Evangelho, com o Anjo que diz a Maria: "Alegra-te!" Na noite do Natal, os anjos dizem outra vez: "Eis que vos anunciamos uma grande alegria". E Jesus diz: "Anuncio-vos a Boa Nova". Portanto, o núcleo de que aqui se trata é sempre: "Anuncio-vos uma grande alegria. Deus está presente, sois amados, e isso está estabelecido para sempre".

(Cardeal Joseph Ratzinger em O sal da terra’ págs. 23-24)

«QUE ALEGRIA QUANDO ME DISSERAM: VAMOS PARA A CASA DO SENHOR!»

Deve ser da idade, mas estava para aqui a pensar que o tempo vai passando, e que se vai aproximando o tempo de partir desta vida.

Claro que este aproximando não é nos dias, nem nos anos mais próximos, penso eu, mas curiosamente, ou talvez não, a ideia da morte é algo que se vai cruzando comigo, sem qualquer drama ou tristeza, mas apenas como algo inevitável à condição de estar vivo neste mundo.

Não tenho qualquer preocupação com isso e será quando Deus quiser, apenas cuido de vigiar e orar para estar pronto para daqui a pouco, daqui a um mês, daqui 30 anos!

Mas enquanto pensava nisso, veio à minha memória um cântico que muitas vezes entoo em surdina, nos mais diversos momentos.

«Que alegria quando me disseram: vamos para a casa do Senhor.
Os nossos passos se detêm às tuas portas, Jerusalém.»

Realmente, pensei eu, gostaria que fosse uma alegria, sobretudo porque naquele dia e naquela hora, os meus passos, pela graça de Deus, não se deterão às portas, mas entrarão decididos na Casa do Senhor, porque será Ele que os conduzirá.

E essa alegria, gerada pelo amor, será então para sempre!

Que bom é estar vivo e saber que Ele está connosco, nos ama, nos conduz e nunca nos abandona!

Monte Real, 6 de Junho de 2013

Joaquim Mexia Alves

«MINHA VIDA TEM SENTIDO…»

Este Domingo que passou (01.09.2013), por causa de uma Homenagem aos Combatentes do Ultramar em Monte Real, decidi participar na Missa Dominical na minha anterior paróquia.

Cheguei cedo, fiz as minhas orações e sentei-me à espera do início da celebração.

O coro, (no qual cantei quando vivia em Monte Real), ensaiava os cânticos para a Missa, e a certa altura, começaram a ensaiar um conhecido cântico: «Minha vida tem sentido, cada vez que eu venho aqui…»

Vieram-me as lágrimas aos olhos!

Aquele cântico, naquela altura, naquela igreja, naquele momento, teve um significado como nunca tinha tido para mim.

Teve o sentido óbvio do cântico, da vida ter sentido cada vez que procuramos Deus em Igreja.

Mas teve também um sentido mais particular, mais íntimo, mais vivido, para mim.

É que foi naquela igreja, que ao fim de quase 25 anos de afastamento de Deus e da Igreja, eu me comecei a sentar em frente do sacrário, (quando a igreja estava vazia), falando abertamente com Jesus, “provocando-O” a fazer qualquer coisa da minha vida, então sem sentido.

E foi ali, naqueles bancos, em frente daquele sacrário, que tive a minha primeira “experiência” de perdão, uma vontade intensa de pedir perdão, não só a Deus, mas também a todos que eu tinha ofendido na minha vida, acompanhada de uma vontade tranquila de perdoar a quem me tinha ofendido.

Talvez tenha sido ali também, (apesar de todo o meu percurso de catequese e prática religiosa na infância e adolescência), que pela primeira vez senti verdadeiramente Jesus Cristo presente, senti verdadeiramente o amor de Deus, senti verdadeiramente que Ele estava comigo e em mim.

E depois … depois fui recebido com alegria e sorrisos por aquelas e aqueles que iam chegando para a Missa e que até me pediram para fazer uma Leitura.

Como é bela a comunhão da e em Igreja!

Como fez sentido cantar naquela Missa: «Minha vida tem sentido, cada vez que eu venho aqui…»

Marinha Grande, 4 de Setembro de 2013

Joaquim Mexia Alves

O caminho para Jerusalém

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja 
Meditações, capítulo 18


O peso da nossa fragilidade faz-nos pender para as realidades deste mundo; o fogo do teu amor, Senhor, eleva-nos e conduz-nos às realidades do alto, para onde subimos pelo impulso do nosso coração, cantando os salmos das elevações; e deixando-nos queimar pelo teu fogo, o fogo da tua bondade, que nos transporta.

Para onde nos levas tu? Para a paz da Jerusalém celeste: «Que alegria quando me disseram: vamos para a casa do Senhor!» (Sl 121,1). Só o desejo de aí permanecer eternamente nos fará chegar. Enquanto estamos neste corpo, encaminhamo-nos para ti. Não temos aqui cidade permanente; procuramos sem cessar a nossa morada na cidade futura (Heb 13,14). Que a tua graça me conduza, Senhor, para o fundo do meu coração, para aí cantar o teu amor, meu Rei e meu Deus. […] E, recordando esta Jerusalém celeste, o meu coração ascenderá para Jerusalém, minha verdadeira pátria, Jerusalém, minha verdadeira mãe (Gal 4,26). Tu és o seu Rei, a sua luz, o seu defensor, o seu protector, o seu pastor; tu és a sua alegria inalterável; a tua bondade é a fonte de todos os seus bens inexprimíveis […], tu, meu Deus e minha misericórdia divina.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 30 de setembro de 2014

Aconteceu que, aproximando-se o tempo da Sua partida deste mundo, dirigiu-Se resolutamente para Jerusalém, e enviou adiante de Si mensageiros, que entraram numa aldeia de samaritanos para Lhe prepararem pousada. Não O receberam, por dar mostras de que ia para Jerusalém. Vendo isto, os Seus discípulos Tiago e João disseram: «Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu que os consuma?». Ele, porém, voltando-Se para eles, repreendeu-os. E foram para outra povoação.

Lc 9, 51-56