Obrigado, Perdão Ajuda-me
domingo, 27 de junho de 2010
Bento XVI envia mensagem de solidariedade e condenação ao Arcebispo de Bruxelas na sequência dos abusos perpetrados por agentes da justiça belga
Em mensagem dirigida ao Presidente da Conferência Episcopal da Bélgica, D. André Joseph Léonard, o Santo Padre embora reconhecendo o direito das autoridades civis a indagar, afirma: “Desejo expressar, querido irmão no Episcopado, bem como a todos os Bispos da Bélgica, a minha proximidade e solidariedade neste momento de tristeza, no qual, com alguns métodos surpreendentes e deploráveis, as buscas foram realizadas na Catedral de Malines e nos locais aonde o Episcopado se encontrava reunido em Sessão Plenária”.
“Espero que a justiça prossiga o seu caminho garantindo simultaneamente os direitos das pessoas e das instituições, no respeito pelas vítimas e reconhecendo sem preconceitos aqueles que se comprometeram a colaborar com ela”.
TEXTO ORIGINAL EM FRANCÊS
Au cher Frère,
Mgr André Joseph Léonard,
Archevêque de Malines-Bruxelles,
Président de la Conférence Episcopale de Belgique
Je désire vous exprimer, cher Frère dans l’Episcopat, ainsi qu’à tous les Evêques de Belgique, ma proximité et ma solidarité en ce moment de tristesse, dans lequel, avec certaines modalités surprenantes et déplorables, des perquisitions ont été menées y compris dans la cathédrale de Malines et dans les locaux où l’Episcopat belge était réuni en Session plénière. Durant cette réunion, auraient dû être traités, entre autres, des aspects liés à l’abus sur des mineurs de la part de membres du clergé. J’ai répété moi-même de nombreuses fois que ces faits graves devaient être traités par l’ordre civil et par l’ordre canonique dans le respect réciproque de la spécificité et de l’autonomie de chacun. Dans ce sens, je souhaite que la justice suive son cours en garantissant le droit des personnes et des institutions, dans le respect des victimes, dans la reconnaissance sans préjugés de ceux qui s’engagent à collaborer avec elle et dans le refus de tout ce qui pourrait obscurcir les nobles devoirs qui lui sont assignés.
Vous assurant que j’accompagne quotidiennement dans la prière le cheminement de l’Eglise en Belgique, je vous envoie volontiers une affectueuse Bénédiction apostolique.
Cité du Vatican, le 27 juin 2010
BENEDICTUS PP. XVI
© Copyright 2010 - Libreria Editrice Vaticana
“Espero que a justiça prossiga o seu caminho garantindo simultaneamente os direitos das pessoas e das instituições, no respeito pelas vítimas e reconhecendo sem preconceitos aqueles que se comprometeram a colaborar com ela”.
TEXTO ORIGINAL EM FRANCÊS
Au cher Frère,
Mgr André Joseph Léonard,
Archevêque de Malines-Bruxelles,
Président de la Conférence Episcopale de Belgique
Je désire vous exprimer, cher Frère dans l’Episcopat, ainsi qu’à tous les Evêques de Belgique, ma proximité et ma solidarité en ce moment de tristesse, dans lequel, avec certaines modalités surprenantes et déplorables, des perquisitions ont été menées y compris dans la cathédrale de Malines et dans les locaux où l’Episcopat belge était réuni en Session plénière. Durant cette réunion, auraient dû être traités, entre autres, des aspects liés à l’abus sur des mineurs de la part de membres du clergé. J’ai répété moi-même de nombreuses fois que ces faits graves devaient être traités par l’ordre civil et par l’ordre canonique dans le respect réciproque de la spécificité et de l’autonomie de chacun. Dans ce sens, je souhaite que la justice suive son cours en garantissant le droit des personnes et des institutions, dans le respect des victimes, dans la reconnaissance sans préjugés de ceux qui s’engagent à collaborer avec elle et dans le refus de tout ce qui pourrait obscurcir les nobles devoirs qui lui sont assignés.
Vous assurant que j’accompagne quotidiennement dans la prière le cheminement de l’Eglise en Belgique, je vous envoie volontiers une affectueuse Bénédiction apostolique.
Cité du Vatican, le 27 juin 2010
BENEDICTUS PP. XVI
© Copyright 2010 - Libreria Editrice Vaticana
Uma foto incrível tornou-se uma mensagem de fé na Espanha
Tirada em Córdoba no baptismo de Valentino Mora, filho de Erica, uma mãe solteira de 21 anos, que pediu à fotógrafa que tirasse de graça a foto de seu filho.
A foto do baptismo está varrendo a internet, porque na hora em que o padre derrama a água benta sobre sua cabeça, a água escorre no formato de um terço.
A foto do baptismo está varrendo a internet, porque na hora em que o padre derrama a água benta sobre sua cabeça, a água escorre no formato de um terço.
Editorial da Radio Vaticana: A IGREJA E O MUNDO DIGITAL
É cada vez mais actual a discussão sobre o tema da cultura digital, dentro e fora da Igreja. Um tema que diz respeito à própria estrutura da Igreja como também aos membros e aqueles que trabalham com o mundo da comunicação. O próprio Santo Padre na sua mensagem por ocasião do 44º Dia Mundial das Comunicações Sociais deste ano, que se celebrou no último mês de Maio, chamou a atenção dos sacerdotes para anunciar Cristo também no mundo digital. Um tema que “põe em primeiro plano a reflexão sobre um âmbito pastoral vasto e delicado como é o da comunicação e o mundo digital, oferecendo ao sacerdote novas possibilidades de realizar seu particular serviço à Palavra e da Palavra”.
Os agentes de comunicação – sejam eles clérigos ou leigos - que prestam o seu serviço nos meios de comunicação e agora com o fenómeno do mundo digital, devem realizar um autêntico serviço dentro desta nova cultura, que é um espaço de “busca da verdade” e que suscita comunhão entre as pessoas.
Há poucos dias o Presidente do Pontifício Conselho das Comunicações Sociais, D. Claudio Celli reafirmava que todos devem aceitar este desafio abrindo “espaços como o ‘pátio dos gentis’ no Templo de Jerusalém”, que sejam espaços de busca da verdade, de aproximação ao Mistério de Deus.
O mundo da comunicação teve nos últimos anos um crescimento exponencial, e a Igreja Católica não pode ficar alheia a isso. Podemos afirmar que cresceu o número de obras sobre a comunicação após o Concílio Vaticano II, e isso representa de modo concreto que a Igreja toma consciência de que sua missão é comunicação, que a comunicação suscita comunhão entre as pessoas, e que as pessoas em comunhão actuam como fermento na massa da sociedade.
Como comunicadores devemos nos circundar com um autêntico profissionalismo, com o amor à verdade e a integridade, com a ética do respeito e da defesa da dignidade da pessoa humana.
Recentemente o Papa convidou os meios eclesiais a integrarem o Evangelho nesta nova cultura criada pela comunicação moderna, para poder transformar o “continente digital” com a única Palavra que pode salvar o homem.
“O uso dos meios de comunicação não tem somente a finalidade de multiplicar o anúncio do Evangelho: trata-se de um facto muito mais profundo porque a própria evangelização da cultura moderna depende, em grande parte, da sua influência” (n. 37). Não é suficiente, portanto, usá-los para difundir a mensagem cristã e o Magistério da Igreja, mas é necessário integrar a mensagem nesta ‘nova cultura’ criada pelos novos meios de comunicação.
As novas tecnologias estão criando uma nova cultura, a cultural digital: O grande desafio que a Igreja deve enfrentar hoje não é a aquisição de meios mais potentes de transmissão, mas ser capaz de dialogar com esta nova cultura. Assim, redescobriremos que a missão da Igreja é sempre a mesma: anunciar a Palavra de Jesus. Hoje, essas grandes redes sociais são ponto de encontro para milhões de pessoas.
(Silvonei José)
© Copyright Radio Vaticana na sua edição em português do Brasil com adaptação de JPR
Os agentes de comunicação – sejam eles clérigos ou leigos - que prestam o seu serviço nos meios de comunicação e agora com o fenómeno do mundo digital, devem realizar um autêntico serviço dentro desta nova cultura, que é um espaço de “busca da verdade” e que suscita comunhão entre as pessoas.
Há poucos dias o Presidente do Pontifício Conselho das Comunicações Sociais, D. Claudio Celli reafirmava que todos devem aceitar este desafio abrindo “espaços como o ‘pátio dos gentis’ no Templo de Jerusalém”, que sejam espaços de busca da verdade, de aproximação ao Mistério de Deus.
O mundo da comunicação teve nos últimos anos um crescimento exponencial, e a Igreja Católica não pode ficar alheia a isso. Podemos afirmar que cresceu o número de obras sobre a comunicação após o Concílio Vaticano II, e isso representa de modo concreto que a Igreja toma consciência de que sua missão é comunicação, que a comunicação suscita comunhão entre as pessoas, e que as pessoas em comunhão actuam como fermento na massa da sociedade.
Como comunicadores devemos nos circundar com um autêntico profissionalismo, com o amor à verdade e a integridade, com a ética do respeito e da defesa da dignidade da pessoa humana.
Recentemente o Papa convidou os meios eclesiais a integrarem o Evangelho nesta nova cultura criada pela comunicação moderna, para poder transformar o “continente digital” com a única Palavra que pode salvar o homem.
“O uso dos meios de comunicação não tem somente a finalidade de multiplicar o anúncio do Evangelho: trata-se de um facto muito mais profundo porque a própria evangelização da cultura moderna depende, em grande parte, da sua influência” (n. 37). Não é suficiente, portanto, usá-los para difundir a mensagem cristã e o Magistério da Igreja, mas é necessário integrar a mensagem nesta ‘nova cultura’ criada pelos novos meios de comunicação.
As novas tecnologias estão criando uma nova cultura, a cultural digital: O grande desafio que a Igreja deve enfrentar hoje não é a aquisição de meios mais potentes de transmissão, mas ser capaz de dialogar com esta nova cultura. Assim, redescobriremos que a missão da Igreja é sempre a mesma: anunciar a Palavra de Jesus. Hoje, essas grandes redes sociais são ponto de encontro para milhões de pessoas.
(Silvonei José)
© Copyright Radio Vaticana na sua edição em português do Brasil com adaptação de JPR
ANGELUS: "LIBERDADE E AMOR COINCIDEM"
Vídeo em espanhol
“Liberdade e amor coincidem. Ao contrário, obedecer ao próprio egoísmo conduz a rivalidades e conflitos”. Foi o que recordou o Papa Bento XVI nesta manhã no breve discurso proferido antes da recitação da oração mariana do Angelus, com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro. O Santo Padre evocou o episódio narrado pelo evangelista Lucas no qual apresenta Jesus que, enquanto caminha pela estrada em direcção a Jerusalém, encontra alguns homens, provavelmente jovens, os quais prometem segui-lo onde for. Com eles Jesus se demonstra muito exigente, advertindo-os que “o Filho do homem – isto é Ele, o Messias – não tem onde repousar a cabeça”, ou seja não tem um casa sua estável, e quem escolhe trabalhar com Ele no campo de Deus não pode mais voltar para traz. A um outro ao invés Cristo mesmo diz: Segue-me, pedindo-lhe uma interrupção radical com o passado inclusive com os familiares.
“Essas exigências podem parecer duras demais, - disse o Papa - mas na realidade exprimem a novidade e a prioridade absoluta do Reino de Deus que se faz presente na Pessoa mesma de Jesus Cristo. Em última análise, trata-se daquela radicalidade que é devido ao Amor de Deus, ao qual Jesus mesmo obedece em primeiro lugar. Quem renuncia a tudo, até mesmo a si mesmo, para seguir Jesus, entra em uma nova dimensão da liberdade, que São Paulo define “caminhar segundo o Espírito” (cfr Gal 5,16).
Cristo – continuou o Santo Padre – libertou-nos para a liberdade e explica que essa nova forma de liberdade adquirida por Cristo consiste no estar “a serviço uns dos outros” (Gal 5,1.13). Liberdade e amor coincidem! Ao contrário, obedecer ao próprio egoísmo conduz a rivalidades e conflitos.
O chamamento feito nos Evangelhos prefigura a vocação religiosa e sacerdotal que requer uma total adesão e de facto, com os jovens que encontra, Jesus – recordou o Papa – “mostra-se muito exigente. Que quem tem a sorte de conhecer um jovem ou uma jovem que deixa a família de origem, os estudos ou o trabalho para consagrar-se a Deus, - destacou o Pontífice - sabe muito bem do que se trata, porque tem diante de si um exemplo vivente de resposta radical à vocação divina.
“É essa uma das experiências mais bonitas que fazem na Igreja: ver, tocar com a mão a acção do Senhor na vida das pessoas; experimentar que Deus não é uma entidade abstracta, mas uma Realidade tão grande e forte que enche de modo superabundante o coração do homem, uma Pessoa vivente e próxima, que nos ama e pede para ser amada.”
Recordando enfim que se conclui o mês de Junho, “caracterizado pela devoção ao Sagrado Coração de Jesus”, o Papa lembrou o encerramento do Ano Sacerdotal na Praça São Pedro – repleta nesta manhã com cerca 40 mil fiéis – durante o qual ele mesmo renovou “com os sacerdotes do mundo inteiro o compromisso de santificação”. “Hoje – concluiu – gostaria de convidar todos a contemplar o mistério do Coração divino-humano do Senhor Jesus, para provar da fonte mesma do Amor de Deus. Quem fixa o olhar no Coração trespassado e sempre aberto por amor nosso, sente a verdade desta invocação: “Tu és, Senhor, o meu único bem”.
Em seguida o Papa rezou a oração mariana do Angelus e concedeu a todos a sua Bênção Apostólica.
Antes de se despedir dos fiéis Bento XVI saudou em várias línguas os diversos grupos de peregrinos presentes na Praça São Pedro. O Papa recordou que hoje na Itália e em outros países realiza-se o Dia da Caridade do Papa, nas paróquias se recolhem as ofertas destinadas ao “Óbolo de São Pedro”, com as quais o Santo Padre ajudas as igrejas mais pobres no mundo.
“Exprimo, – disse o Pontífice - a minha viva gratidão a todos aqueles que, com a oração e as ofertas apoiam a acção apostólica e caritativa do Sucessor de Pedro e em favor da Igreja presente no mundo inteiro e de tantos irmãos próximos e distantes”.
Bento XVI recordou ainda que na manhã de hoje, no Líbano foi proclamado bem-aventurado Estephan Nehme', religioso da Ordem Libanesa Maronita, que viveu no Líbano entre ao fim de Oitocentos e a primeira metade de Novecentos.
O Papa desejou ainda, na iminência das férias europeias, que as mesmas sejam ocasião para encontros “com a natureza, com novas pessoas, com os frutos da criatividade humana” e de “reforço da fé”.
© Copyright Radio Vaticana na sua edição em português do Brasil com adaptação de JPR
Saramago, o último intelectual marxista
Morreu José Saramago e com ele morreu o último de muitos que, ao longo do século XX, se comprometeram com o comunismo e encontraram na ideologia marxista o sentido da sua escrita ou da sua arte. O seu nome junta-se ao de Gorki, Aragon, Picasso, Jorge Amado ou Paul Éluard, uma lista enorme de intelectuais que passaram pelas fileiras dos partidos comunistas. Saramago foi, como homem e como escritor, um empenhado militante da ideologia que abraçou e que lhe marcou sempre a vida e a escrita. A ideologia enquanto visão global do homem, da sociedade, da religião que Marx e Engels teorizaram e que Lénine, Mao, Brejnev ou Fidel, entre outros, levaram à prática.
Olhando para a vida e a escrita de José Saramago, o que mais impressiona é o facto de ele ter vivido e visto o comunismo ruir na URSS e nos países do bloco de Leste, como a RDA, a Hungria, a Checoslováquia, a Roménia, a Albânia, entre muitos outros, e ter silenciado esse facto. Confrontar-se com o sofrimento daqueles povos, já não nos relatos de Sakharov ou de Soljenítsin, mas nas imagens dos directos das televisões e passar ao lado da alegria com que abraçaram a liberdade.
Nem o confronto directo com o balanço dramático das vítimas dos que se libertaram do comunismo o fez alguma vez ter escrito ou dito qualquer palavra. O silêncio de quem usa a escrita é mais visível. Os seus gestos foram de quem passava ao lado: logo a seguir à queda do muro de Berlim, candidatou-se nas listas do Partido Comunista à autarquia de Lisboa. Que balanço faria dos anos de comunismo e do sofrimento das pessoas que viveram na pele um dos dois grandes horrores do século XX?
Saramago não passou, que se leia em nenhum dos seus textos, por qualquer crise. Não lhe doeu, não se interrogou, não sofreu com o terrível juízo que a história fez, sem remissão nem perdão, do totalitarismo comunista.
De Saramago, mesmo quando o comunismo foi julgado pela História, não se conhece nenhum sobressalto, nenhuma angústia. Muitas vezes me interroguei se seria uma total e completa insensibilidade moral?
É certo que, ao longo do século XX, muitos dos intelectuais marxistas viveram mergulhados na ideologia totalitária e nunca olharam à sua volta. Não foram todos, claro. Uns sobressaltaram-se logo em 1917, outros com o Pacto Germano-Soviético, na invasão da Checoslováquia, ou da Hungria, ou na chacina do Camboja, ou na loucura da Revolução Cultural Chinesa.
José Saramago não. Viveu e morreu mergulhado num mundo que ruiu à sua volta e cujo dramático balanço foi feito com muita dor. Sem uma palavra, sem uma linha, sem uma lágrima por quantos (milhões) de pessoas, de famílias, de gente, de operários, camponeses ou intelectuais que, ao longo do século XX, morreram e sofreram em nome do comunismo por todo o lado onde o marxismo passou da revolução ao Poder.
Nem um gesto teve quando lhe pediram apoio os dissidentes cubanos presos por Fidel. Nem mesmo quando Susan Sontag o confrontou com esse facto. Uma única dúvida subsiste, porém, quando se observa que visitou Cuba diversas vezes, mas nunca foi à Rússia libertada, apesar de ter sido convidado a lançar os seus livros e a debatê-los numa universidade de Moscovo - aí o confronto com a história seria certamente impossível de ignorar e de silenciar. Um confronto que, reconheço, é muito difícil de viver.
Zita Seabra
(Fonte: JN online)
Olhando para a vida e a escrita de José Saramago, o que mais impressiona é o facto de ele ter vivido e visto o comunismo ruir na URSS e nos países do bloco de Leste, como a RDA, a Hungria, a Checoslováquia, a Roménia, a Albânia, entre muitos outros, e ter silenciado esse facto. Confrontar-se com o sofrimento daqueles povos, já não nos relatos de Sakharov ou de Soljenítsin, mas nas imagens dos directos das televisões e passar ao lado da alegria com que abraçaram a liberdade.
Nem o confronto directo com o balanço dramático das vítimas dos que se libertaram do comunismo o fez alguma vez ter escrito ou dito qualquer palavra. O silêncio de quem usa a escrita é mais visível. Os seus gestos foram de quem passava ao lado: logo a seguir à queda do muro de Berlim, candidatou-se nas listas do Partido Comunista à autarquia de Lisboa. Que balanço faria dos anos de comunismo e do sofrimento das pessoas que viveram na pele um dos dois grandes horrores do século XX?
Saramago não passou, que se leia em nenhum dos seus textos, por qualquer crise. Não lhe doeu, não se interrogou, não sofreu com o terrível juízo que a história fez, sem remissão nem perdão, do totalitarismo comunista.
De Saramago, mesmo quando o comunismo foi julgado pela História, não se conhece nenhum sobressalto, nenhuma angústia. Muitas vezes me interroguei se seria uma total e completa insensibilidade moral?
É certo que, ao longo do século XX, muitos dos intelectuais marxistas viveram mergulhados na ideologia totalitária e nunca olharam à sua volta. Não foram todos, claro. Uns sobressaltaram-se logo em 1917, outros com o Pacto Germano-Soviético, na invasão da Checoslováquia, ou da Hungria, ou na chacina do Camboja, ou na loucura da Revolução Cultural Chinesa.
José Saramago não. Viveu e morreu mergulhado num mundo que ruiu à sua volta e cujo dramático balanço foi feito com muita dor. Sem uma palavra, sem uma linha, sem uma lágrima por quantos (milhões) de pessoas, de famílias, de gente, de operários, camponeses ou intelectuais que, ao longo do século XX, morreram e sofreram em nome do comunismo por todo o lado onde o marxismo passou da revolução ao Poder.
Nem um gesto teve quando lhe pediram apoio os dissidentes cubanos presos por Fidel. Nem mesmo quando Susan Sontag o confrontou com esse facto. Uma única dúvida subsiste, porém, quando se observa que visitou Cuba diversas vezes, mas nunca foi à Rússia libertada, apesar de ter sido convidado a lançar os seus livros e a debatê-los numa universidade de Moscovo - aí o confronto com a história seria certamente impossível de ignorar e de silenciar. Um confronto que, reconheço, é muito difícil de viver.
Zita Seabra
(Fonte: JN online)
O GRANDE SILÊNCIO dos Monges Cartuxos - Excertos cânticos e do filme
Encravada num vale no sopé dos Alpes da Isére, a Grande Chartreuse, berço da milenar Ordem dos Cartuxos, é considerado um dos Mosteiros mais ascéticos do mundo.
Em 1984, o director alemão Philip Gröning escreveu à Ordem dos Cartuxos, a mais austera da Igreja, pedindo permissão para filmar um documentário no mosteiro. Eles lhe garantiram que dariam um retorno. Dezasseis anos depois, eles estavam prontos. Gröning, sem equipe ou iluminação artificial, viveu seis meses na clausura dos monges — filmando suas orações diárias, tarefas, rituais e ocasionais saídas ao ar livre. Este filme transcendente, cuidadosamente observado, busca encorpar um mosteiro, ao invés de simplesmente retratá-lo — sem créditos, comentários ou cenas arquivísticas. O que resta é estarrecedoramente elementar: tempo, espaço e luz. Uma das crónicas mais hipnotizantes e poéticas jamais criadas sobre a espiritualidade, O GRANDE SILÊNCIO dissolve a fronteira entre tela e telespectador com uma imersão total na quietude da vida monástica. Mais meditação do que documentário, é uma rara e transformadora experiência para todos.
Um filme sobre a presença do absoluto, no silêncio e na vida de almas dedicadas à vida reclusa para Deus, adiantando-se na eterna contemplação já nesta vida prévia [Lucas 10;38-42]. O filme ganhou diversos prémios e lotou cinemas por toda a Europa.
Título alemão original: Die Größe Stile (O Grande Silêncio / Into Great Silence / Le Grand Silence)
Site Oficial: www.diegrossestille.de/english
Em 1984, o director alemão Philip Gröning escreveu à Ordem dos Cartuxos, a mais austera da Igreja, pedindo permissão para filmar um documentário no mosteiro. Eles lhe garantiram que dariam um retorno. Dezasseis anos depois, eles estavam prontos. Gröning, sem equipe ou iluminação artificial, viveu seis meses na clausura dos monges — filmando suas orações diárias, tarefas, rituais e ocasionais saídas ao ar livre. Este filme transcendente, cuidadosamente observado, busca encorpar um mosteiro, ao invés de simplesmente retratá-lo — sem créditos, comentários ou cenas arquivísticas. O que resta é estarrecedoramente elementar: tempo, espaço e luz. Uma das crónicas mais hipnotizantes e poéticas jamais criadas sobre a espiritualidade, O GRANDE SILÊNCIO dissolve a fronteira entre tela e telespectador com uma imersão total na quietude da vida monástica. Mais meditação do que documentário, é uma rara e transformadora experiência para todos.
Um filme sobre a presença do absoluto, no silêncio e na vida de almas dedicadas à vida reclusa para Deus, adiantando-se na eterna contemplação já nesta vida prévia [Lucas 10;38-42]. O filme ganhou diversos prémios e lotou cinemas por toda a Europa.
Título alemão original: Die Größe Stile (O Grande Silêncio / Into Great Silence / Le Grand Silence)
Site Oficial: www.diegrossestille.de/english
Tema para reflexão - Confiança e Desprendimento
Como confiar se estou “preso” a tantas coisas, convenções, hábitos, desejos de ter e possuir? Efectivamente não me sobra muito espaço para a confiança.
Confiar é pôr toda a minha vida nas mãos de Deus que sabe muito melhor que eu o que mais e melhor me convém em cada momento. Esta confiança permitir-me-á fazer o que devo fazer em cada momento seguro que essa, sendo a Vontade de Deus, é a atitude correcta para ser feliz.
(AMA, meditação sobre a confiança, 2010.05.11)
Publicada por ontiano em NUNC COEPI - http://amexiaalves-nunccoepi.blogspot.com/
Confiar é pôr toda a minha vida nas mãos de Deus que sabe muito melhor que eu o que mais e melhor me convém em cada momento. Esta confiança permitir-me-á fazer o que devo fazer em cada momento seguro que essa, sendo a Vontade de Deus, é a atitude correcta para ser feliz.
(AMA, meditação sobre a confiança, 2010.05.11)
Publicada por ontiano em NUNC COEPI - http://amexiaalves-nunccoepi.blogspot.com/
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