Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sexta-feira, 3 de abril de 2020

A estranha pergunta

Ao reler por estes dias uma biografia de S. Filipe Neri («Filipe Neri, o Sorriso de Deus», de Guilherme Sanches Ximenes, Ed. Quadrante), reparei na quase coincidência de datas de um estranho episódio, ocorrido há aproximadamente 5 séculos num dia 16 de Março.

O protagonista viveu os anos duros da Renascença, que dilaceraram a cristandade com as revoltas protestantes (de Lutero, de Zwinglio, de Calvino, de Henrique VIII, de Melanchthon) e fustigaram a Europa com guerras generalizadas, incluindo violências contra a cidade de Roma por parte de imperadores ditos católicos. Estes tempos difíceis foram também uma época de grandes santos, que sacudiram a tibieza e a corrupção da sociedade com propostas exigentes de renovação espiritual. Conviveram com S. Filipe Neri muitas figuras deste calibre, como Santo Inácio de Loyola, S. Pio V, S. Carlos Borromeo e são contemporâneos dele Santa Teresa de Ávila, S. João da Cruz e S. Pedro de Alcântara. Mas Filipe não foi herege nem reformador austero, foi um santo brincalhão, desconcertante, ao mesmo tempo que um grande santo.

Era um homem de profunda oração, mas até nisso não perdeu o humor, por vezes atrevido com o próprio Deus. Até nos milagres, S. Filipe Neri foi original.

O episódio que me chamou a atenção começou de forma dramática quando a Sra. Lavinia, mulher de Fabrizio Massimo, amigo de S. Filipe, estava para dar novamente à luz. O casal já tinha cinco filhas, mas o sexto parto ia muito mal encaminhado. Fabrizio recorreu a S. Filipe e este, depois de rezar, tranquilizou-o com toda a segurança: tudo ia correr bem, iam ter um rapaz saudável e deveriam dar-lhe o nome de Paolo. Realmente, tudo aconteceu como previsto.

Catorze anos depois, já a mãe do rapaz tinha morrido e também uma das irmãs, Paolo adoece gravemente. A doença arrasta-se por vários meses e Filipe visita-o todos os dias. Finalmente, o jovem entra em agonia. Filipe foi chamado à pressa mas, como estava a celebrar a Missa, demorou algum tempo e só chegou quando o rapaz já tinha morrido.

A cena é fácil de imaginar: o cadáver inerte sobre a cama, rodeado pelo pai, as irmãs e os vizinhos, a chorar e a prepararem o enterro.

São Filipe ressuscita Paolo Massimo
Filipe ajoelhou-se perto da cama em oração. Rigoroso silêncio. A seguir, pegou num frasco de água benta, aspergiu o corpo e chamou com força: «Paolo! Paolo!». Paolo abriu os olhos e disse «Padre». Filipe e Paolo ficaram a conversar um quarto de hora, como se nada fosse, rodeados pelos circunstantes, boquiabertos. A certa altura, Filipe pergunta a Paolo se queria continuar vivo ou se preferia ir para junto da mãe e da irmã, no Céu. Paolo escolheu a segunda alternativa. No processo de canonização, o próprio pai testemunhou o acontecido: «Então, Filipe, na minha presença, deu-lhe a bênção e, impondo-lhe a mão sobre a fronte, disse-lhe –e eu o ouvi–: “Vai, sê abençoado e reza a Deus por mim”. E tendo Filipe dito estas palavras, Paolo, com o semblante sereno, sem fazer nenhum gesto, nas mãos desse bem-aventurado sacerdote, na minha presença..., voltou subitamente a morrer».

No castelo da família Massimo celebra-se todos os anos, no dia 16 de Março, data do milagre, uma Missa em recordação deste episódio.

Nestes dias, em que talvez morram conhecidos nossos vítimas do coronavírus, nestes dias que abalam o nosso sonho de vir a celebrar 100 anos, em que o espectro da morte nos espreita do lado de lá da porta da casa, Deus pergunta-nos o que preferimos. Um grande amigo meu respondeu-Lhe: «Senhor, deixo a minha vida nas tuas mãos. Sei que escolhereis o que for melhor para mim».
José Maria C.S. André

ESTADO DE EMERGÊNCIA CRISTÃ

Uma proposta diária de oração pessoal e familiar.

16º Dia. Sexta-feira da V Semana da Quaresma, 3 de Abril de 2020.

Meditação da Palavra de Deus (Jo 10, 31-42)

A blasfémia e as boas obras

“Jesus disse-lhes: ‘Apresentei-vos muitas boas obras, da parte de meu Pai. Por qual dessas obras Me quereis apedrejar?’ Responderam os judeus: ‘Não é por qualquer boa obra que Te queremos apedrejar; é por blasfémia, porque Tu, sendo homem, Te fazes Deus’.”

Por que razão a Igreja, dois mil anos depois da sua fundação, é tão atacada, não apenas pelos regimes autoritários e pelo fundamentalismo islâmico, mas também pelo laicismo europeu, que quer confiná-la à intimidade das consciências, mas sem presença nem expressão pública. É, na realidade, pela mesma razão que, há dois mil anos, também queriam apedrejar Jesus: pelas suas boas obras.

Para qualquer ateu, agnóstico ou crente noutra religião, é insuportável todo o bem que a Igreja realiza no mundo inteiro: não têm conta os seus hospitais, orfanatos, clínicas, sanatórios, leprosarias, dispensários médicos, creches, escolas profissionais, colégios, universidades, residências, etc. Nos lugares mais perdidos do planeta, há missionários que, sem qualquer recompensa humana nem reconhecimento social, se entregam generosamente aos outros, em atitude de serviço e de voluntária e alegre oblação.

Por que razão as obras de caridade e de assistência social da Igreja católica são tão provocantes para os não-crentes? A resposta é dada pela indignação de Judas Iscariotes ante a esplêndida prestação de Maria: a generosidade da irmã de Lázaro punha a nu a mesquinhez e avareza do apóstolo traidor.

Mais insuportável do que a caridade da Igreja é, com efeito, a sua ‘blasfémia’: afirmar que Jesus Cristo é Deus! Talvez muitos estivessem de acordo em reconhecer que é um profeta, um justo, até mesmo um grande santo, mas … Deus?! Escandalizam-se quando, pelas próprias obras da Igreja, deveriam perceber que todo o bem que a Igreja faz, há dois mil anos no mundo, não é humano, mas divino. Mas é tal a misericórdia de Deus que, em vez de fazer o bem por si mesmo, o quer fazer através de nós ou, melhor dizendo, apesar de nós.

Senhor, obrigado pela santidade da tua vida e da tua Igreja! Não permitas que nunca cessem as suas boas obras! Obrigado por nos teres escolhido, nós que somos servos inúteis, como instrumentos desproporcionados das obras de Deus. Não permitas que, por nossa culpa, seja blasfemado o Santo Nome de Deus, nem a santidade da tua Igreja!
Intenções para os mistérios dolorosos do Santo Rosário de Nossa Senhora:

1º - A oração de Jesus no horto. Neste primeiro mistério doloroso rezemos pela Ásia, recordando que foi num país deste continente que Jesus nasceu, viveu, morreu e ressuscitou. Queira Deus que haja paz na pátria de Jesus, Príncipe da Paz!

2º - A flagelação de Jesus. Ao Egipto coube a honra de aí ter vivido, durante algum tempo, a Sagrada Família, quando se exilou, para fugir à ira assassina de Herodes. Rezemos pelo continente africano, pelos refugiados e por todos os cristãos que, nesses países, são perseguidos por causa da sua fé.

3º - A coroação de espinhos. A coroa é um símbolo tradicional do poder, que por vezes é exercido de uma forma despótica. Rezemos pelo continente americano, pedindo sobretudo pela Igreja desses países e pelos cristãos da Venezuela.

4º - Jesus com a cruz às costas. Penoso foi o caminho do Senhor até ao Calvário, como difícil é também o caminho do progresso humano e espiritual dos longínquos povos da Oceania. Rezemos para que, também nesse continente, Jesus Cristo seja conhecido e amado.

5º - Jesus morre na Cruz. A Europa declarou, a finais do século XIX, a ‘morte de Deus’ e, desde então, sofre as consequências desta negação, que é também uma ameaça à sua identidade, à vida e dignidade humana. Que esta Páscoa seja também uma ocasião para o renascimento da Igreja em todos os países europeus.

Para ler, meditar e partilhar! Obrigado e até amanhã, se Deus quiser!

Com amizade,
P. Gonçalo Portocarrero de Almada

Que a tua vida não seja uma vida estéril

Que a tua vida não seja uma vida estéril. – Sê útil. – Deixa rasto. – Ilumina, com o resplendor da tua fé e do teu amor. Apaga, com a tua vida de apóstolo, o rasto viscoso e sujo que deixaram os semeadores impuros do ódio. – E incendeia todos os caminhos da Terra com o fogo de Cristo que levas no coração. (Caminho, 1)

Se cedesses à tentação de perguntar a ti mesmo: quem me manda a mim meter-me nisto?, teria de responder-te: manda-to, pede-to o próprio Cristo. A messe é grande e os operários são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da messe que mande operários para a sua messe. Não digas, comodamente: eu para isto não sirvo; para isto já há outros; não estou feito para isto... Não. Para isto não há outros. Se tu pudesses falar assim, todos podiam dizer a mesma coisa. O pedido de Cristo dirige-se a todos e cada um dos cristãos. Ninguém está dispensado: nem por razões de idade, nem de saúde, nem de ocupação. Não há desculpas de nenhum género. Ou produzimos frutos de apostolado ou a nossa fé será estéril.

Além disso, quem disse que para falar de Cristo, para difundir a sua doutrina, era preciso fazer coisas especiais, fora do comum? Faz a tua vida normal; trabalha onde estás a trabalhar, procurando cumprir os deveres do teu estado, acabar bem o que é próprio da tua profissão ou do teu ofício, superando-te, melhorando-te dia-a-dia. Sê leal, compreensivo com os outros e exigente contigo mesmo. Sê mortificado e alegre. Será esse o teu apostolado. E, sem saberes porquê, tendo perfeita consciência das tuas misérias, os que te rodeiam virão ter contigo e, numa conversa natural, simples – à saída do trabalho, numa reunião familiar, no autocarro, ao dar um passeio, em qualquer parte – falareis de inquietações que em todas as almas existem, embora às vezes alguns não queiram dar por isso. Mas cada vez as perceberão melhor, desde que comecem a procurar Deus a sério. (Amigos de Deus, 272–273)

São Josemaría Escrivá

NÃO É VERDADE! NÃO ESTOU - NUNCA - SÓ!

Do meu "diário":

Estava a ver um filme na TV, com o Robert de Niro, como sempre uma interpretação fantástica!
É um recém viúvo que resolve percorrer os EUA para fazer uma surpresa aos filhos.
A surpresa acaba de ser ele quem a tem porque os filhos têm vidas diferentes e complexas onde o Pai não tem lugar.

Desliguei a TV.

Comigo não se passa nada disto!
As minhas filhas têm as suas vidas... mas têm sempre lugar para mim. Não há dia que não me telefonem ou mandem mensagens e eu sei que o fazem por amor, simples e gratuito amor.

Lembro todos e serão muitos, os Pais como o do filme que tendo família no fim e ao cabo não têm amor nenhum, nem sequer se sentem bem-vindos quando aparecem.

O Senhor deu-me - sem qualquer mérito da minha parte - esta graça extraordinária:
Se às vezes - bastantes vezes, por causa da minha fraqueza - me vou "abaixo" e me sinto só logo a realidade vem ao de cima: NÃO É VERDADE! NÃO ESTOU - NUNCA - SÓ!

2016.04.02 - 22:15

António Mexia Alves

A Deus nada é impossível!

Com 4/5 anos de idade, o sexto filho de uma família nessa altura com 7 irmãos, mais tarde seriam 10, apareceu com uma doença, na época, pelos anos 1944/45, estranha ou, pelo menos, pouco divulgada: Leucemia.
Não havia, então, grandes meios, nem de diagnóstico e, muito menos de tratamento. As análises semanais eram feitas e enviadas para Alemanha, em Portugal, não havia recursos para tal. Os resultados revelavam sempre o agravamento da doença.

Os Pais, não desistiam de aplicar todos os meios, embora escassos, para lutar pela saúde do seu filho e, sobretudo, todos os dias 13 de cada mês, levavam-no a Fátima onde participava na Missa dos peregrinos e recebia a bênção dos doentes.

O miúdo olhava para a Mãe ao seu lado, vestida de servita e via nos seus olhos doces, fixando a Custódia, um brilho de lágrimas incontidas.

Passados talvez 2 anos e meio, num dia 13 de Maio, mais uma vez ali estiveram.

No dia seguinte mais uma análise, desta vez com colheita de gânglios linfáticos que se avolumavam no pescoço do rapazinho. Uns dias depois, talvez uma semana, vieram os resultados do laboratório alemão: Não havia vestígios de Leucemia!

As análises continuaram, cada vez mais espaçadas e, os resultados mantinham-se.

O rapazinho recuperou totalmente a saúde, foi para a escola e fazia, normalmente, a vida que todos os rapazes da sua idade faziam.

Passados 3 anos, em Fevereiro, nova e terrível doença: Meningite no seu estado mais grave!

Não havia ainda medicamentos apropriados (como a Estreptomicina que só apareceria no mercado em Abril desse ano e por um preço astronómico). As punções lombares cada dois dias eram um tormento indescritível e as dores de cabeça eram tais que o Pai do menino pediu ao porteiro do prédio que desse uma moeda a cada tocador de guitarra, acordeão etc. que então abundavam nas ruas de Lisboa com a recomendação de se afastarem do local.

Não havia possibilidades de o levar a Fátima, tal a prostração e debilidade crescentes, mas, a sua Mãe colocou-lhe debaixo da almofada da sua cama de quase moribundo, um cravo que tinha colhido do andor de Nossa Senhora, em Fátima, depois da “procissão do adeus” num dia 13 também de Maio.

Passadas poucas semanas, voltou para o colégio, são e salvo!

Naquela família existiu – existe – sempre a convicção profunda que Jesus, por intercessão da Sua Santíssima Mãe, tinha, mais uma vez, operado um milagre.

O rapazinho viveu, tem hoje 75 anos! (N. Spe Deus: 80 em 2019)

A Deus nada é impossível!

N. 'Spe Deus': autor devidamente identificado e testemunho que sabemos ser autêntico