Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

O Inferno, o Céu e a oração do rico

O mês de Novembro é dedicado aos mistérios deste encontro ou desencontro com Deus. Pode ser um encontro feliz, inesgotável e exultante, ou pode ser um desencontro tenebroso, para sempre.

É imprudente supor que Nosso Senhor se enganou ao afirmar que «larga é a porta e espaçoso o caminho que leva à perdição e são muitos os que seguem por ele. Que estreita é a porta e apertado o caminho que leva à Vida e como são poucos os que o encontram!» (Mt 7, 13-14).

Em vez de injectar uma droga ideológica nas veias para ter alucinações eufóricas, é melhor reconhecer que a vida se decide em escolhas muito sérias. Em vez de desvarios a prometer, sem qualquer fundamento, que no final todos se encontrarão com Deus, é preferível enfrentar os factos.

Felizmente, a realidade é muito melhor que a ficção. Não só porque no final de uma quimera vem a ressaca da verdade como porque – já hoje –, o caminho estreito é muito melhor. Parece estreito, mas é amplo e variado; o outro parece largo mas oferece uma monotonia deprimente. O caminho estreito chama-se santidade, tema habitual das pregações do Papa Francisco nos meses de Novembro.

No passado dia 1 dizia ele à multidão, na praça de S. Pedro: «A santidade é uma meta que não se alcança apenas com as próprias forças, mas é fruto da graça de Deus e da nossa resposta livre». Noutro mês de Novembro dizia: «Antes de tudo, devemos ter bem presente que a santidade não é algo que nos propomos sozinhos, que possamos obter com as nossas qualidades e capacidades».

De facto, um erro comum é imaginar uma ascese difícil, uma espécie de conquista sobre-humana, um alpinismo cheio de técnica e de vertigens. Pelo contrário! Esse é o caminho largo, dos orgulhosos, que escalam paredes verticais sem qualquer apoio, até descobrirem que afinal estão a rastejar no chão sem sair do mesmo sítio.

A santidade é a forma sublime da amizade com Deus e com os outros, feita de alegria, de deixar-se ajudar e de ser generosos. É, ao mesmo tempo, muito simples e maravilhosa.

«Alguns pensam que a santidade é fechar os olhos e fazer cara de santinho! – disse o Papa a rir, em Novembro de 2014 – Não, a santidade não é isto! A santidade é algo maior, mais profundo, que Deus nos dá. Aliás, somos chamados a tornar-nos santos precisamente vivendo com amor e oferecendo o testemunho cristão nas ocupações diárias. (...) És casado? Sê santo amando e cuidando do teu marido, da tua mulher, como Cristo fez com a Igreja. És baptizado solteiro? Sê santo cumprindo com honestidade e competência o teu trabalho e oferecendo o teu tempo (...). “Mas padre, trabalho numa fábrica (...), ali não se pode ser santo...”. “Sim, pode! Podes ser santo aí onde trabalhas. É Deus quem te concede a graça de ser santo, comunicando-Se a ti!”. (...) És pai, avô? Sê santo... (...) És catequista, educador, voluntário? Sê santo tornando-te sinal visível do amor de Deus e da sua presença. Cada condição de vida leva à santidade, sempre! Em casa, na rua, no trabalho, na igreja, naquele momento e na tua condição de vida (...). O Senhor só pede isto: que permaneçamos em comunhão com Ele e ao serviço dos irmãos (...). Quando o Senhor nos convida a ser santos, não nos chama para algo pesado, triste... Ao contrário! É o convite a partilhar a sua alegria, a viver e a oferecer com júbilo cada momento da nossa vida, fazendo dele um dom de amor pelas pessoas que estão ao nosso lado».

No passado 27 de Outubro, na homilia da Missa de encerramento do último sínodo dos bispos, o Papa falou dos paradoxos da oração e da santidade. Partiu do Evangelho daquele dia, que narrava a parábola do fariseu e do publicano que tinham ido ao Templo. O fariseu era o protótipo da pessoa religiosa, mas a sua oração foi rejeitada. O publicano era a figura do empresário rico e com má fama: Jesus diz na parábola que afinal ele respeitava Deus e fazia verdadeira oração; por isso é escutado. Curiosamente, reparou o Papa, a primeira leitura falava da oração de um pobre, também sincera, e Deus atende-o igualmente.

A conclusão é que não importa a situação de cada um. Todos são chamados à amizade com Deus e com os outros. Dizia o Papa em Novembro de 2014: «Eis o convite à santidade! Aceitemo-lo com alegria e sustentemo-nos uns aos outros porque o caminho para a santidade não o percorremos sozinhos, cada qual por sua conta, mas juntos, no único corpo que é a Igreja, amada e santificada pelo Senhor Jesus Cristo».
José Maria C.S. André

São Josemaría sobre a Solenidade de Todos os Santos

Todos os Santos. Festividade de todos aqueles que gozam já da visão de Deus. “A santidade consiste em viver tal como nosso Pai dos céus dispôs que vivêssemos. É difícil? Sim, o ideal é muito elevado. Mas, por outro lado, é fácil: está ao alcance da mão. Quando uma pessoa adoece, acontece às vezes que não se consegue encontrar o remédio adequado. No terreno sobrenatural, não é assim. O remédio está sempre junto de nós: é Cristo Jesus, presente na Sagrada Eucaristia, que nos dá, além disso, a sua graça através dos outros Sacramentos que instituiu”

Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação

Se não for para construir uma obra muito grande, muito de Deus – a santidade –, não vale a pena entregar-se. Por isso, a Igreja, ao canonizar os Santos, proclama a heroicidade da sua vida. (Sulco, 611)

Chegarás a ser santo, se tiveres caridade, se souberes fazer as coisas que agradem aos outros e que não sejam ofensa a Deus, mesmo que a ti te custem. (Forja, 556)

Todos os que aqui estamos fazemos parte da família de Cristo, porque Ele mesmo nos escolheu antes da criação do mundo, por amor, para sermos santos e imaculados diante dele, o qual nos predestinou para sermos seus filhos adoptivos por meio de Jesus Cristo para sua glória, por sua livre vontade. Esta escolha gratuita de que Nosso Senhor nos fez objecto, marca-nos um fim bem determinado: a santidade pessoal, como S. Paulo nos repete insistentemente: haec est voluntas Dei: sanctificatio vestra , esta é a vontade de Deus: a vossa santificação. Portanto, não nos esqueçamos: estamos no redil do Mestre, para alcançar esse fim. (...).

A meta que proponho – ou melhor, a que Deus indica a todos – não é uma miragem ou um ideal inatingível: podia contar-vos tantos exemplos concretos de mulheres e de homens correntes, como vocês e como eu, que encontraram Jesus que passa quasi in occulto pelas encruzilhadas aparentemente mais vulgares e decidiram segui-lo, abraçando com amor a cruz de cada dia. Nesta época de desmoronamento geral, de concessões e de desânimos, ou de libertinagem e de anarquia, parece-me ainda mais actual aquela convicção simples e profunda que, no princípio da minha actividade sacerdotal e sempre, me consumiu em desejos de comunicar à humanidade inteira: estas crises mundiais são crises de santos. (Amigos de Deus, 2–4)

São Josemaría Escrivá

Cada santo é como um raio de luz

Cada santo é como um raio de luz que sai da palavra de Deus, afirma Bento XVI (2010). As grandes espiritualidades na história da Igreja surgiram de uma referência explícita à Sagrada Escritura. Entre os mais recentes pensemos também em São Josemaría e na sua pregação sobre o chamamento universal à santidade.

Certamente não é por acaso que as grandes espiritualidades, que marcaram a história da Igreja, nasceram de uma explícita referência à Escritura. Penso, por exemplo, em Santo Antão Abade, que se decide ao ouvir esta palavra de Cristo: «Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que possuíres, dá o dinheiro aos pobres, e terás um tesouro no céus; depois, vem e segue-Me» (Mt 19, 21).

Igualmente sugestivo é São Basílio Magno, quando, na sua obra Moralia, se interroga: «O que é próprio da fé? Certeza plena e segura da verdade das palavras inspiradas por Deus. (…) O que é próprio do fiel? Com tal certeza plena, conformar-se com o significado das palavras da Escritura, sem ousar tirar nem acrescentar seja o que for».

São Bento, na sua Regra, remete para a Escritura como «norma retíssima para a vida do homem». São Francisco de Assis – escreve Tomás de Celano – «ao ouvir que os discípulos de Cristo não devem possuir ouro, nem prata, nem dinheiro, não devem trazer alforge, nem pão, nem cajado para o caminho, não devem ter vários pares de calçado, nem duas túnicas, (…) logo exclamou, transbordando de Espírito Santo: Com todo o coração isto quero, isto peço, isto anseio realizar!».

E Santa Clara de Assis reproduz plenamente a experiência de São Francisco: «A forma de vida da Ordem das Irmãs pobres (…) é esta: observar o santo Evangelho do Senhor nosso Jesus Cristo». Por sua vez, São Domingos de Gusmão «em toda a parte se manifestava como um homem evangélico, tanto nas palavras como nas obras», e tais queria que fossem também os seus padres pregadores: «homens evangélicos».

Santa Teresa de Ávila, nos seus escritos, recorre continuamente a imagens bíblicas para explicar a sua experiência mística, e lembra que o próprio Jesus lhe manifesta que «todo o mal do mundo deriva de não se conhecer claramente a verdade da Sagrada Escritura». Santa Teresa do Menino Jesus encontra o Amor como sua vocação pessoal, quando perscruta as Escrituras, em particular os capítulos 12 e 13 da Primeira Carta aos Coríntios; e a mesma Santa assim nos descreve o fascínio das Escrituras: «Apenas lanço o olhar sobre o Evangelho, imediatamente respiro os perfumes da vida de Jesus e sei para onde correr».


Cada Santo constitui uma espécie de raio de luz que brota da Palavra de Deus: assim o vemos também em Santo Inácio de Loyola na sua busca da verdade e no discernimento espiritual, em São João Bosco na sua paixão pela educação dos jovens, em São João Maria Vianney na sua consciência da grandeza do sacerdócio como dom e dever; em São Pio de Pietrelcina no seu ser instrumento da misericórdia divina; em São Josemaría Escrivá na sua pregação sobre a vocação universal à santidade; na Beata Teresa de Calcutá missionária da caridade de Deus pelos últimos; e nos mártires do nazismo e do comunismo representados, os primeiros, por Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein), monja carmelita, e os segundos pelo Beato Aloísio Stepinac, Cardeal Arcebispo de Zagreb.
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Lido em: EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL VERBUM DOMINI DO SANTO PADRE BENTO XVI AO EPISCOPADO, AO CLERO ÀS PESSOAS CONSAGRADAS E AOS FIÉIS LEIGOS SOBRE A PALAVRA DE DEUS NA VIDA E NA MISSÃO DA IGREJA http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/apost_exhortations/documents/hf_ben-xvi_exh_20100930_verbum-domini_po.html

(Fonte: site São Josemaría Escrivá em http://www.pt.josemariaescriva.info/artigo/um-raio-de-luz)

O Evangelho do dia 1 de novembro de 2019

Vendo Jesus aquelas multidões, subiu a um monte e, tendo-Se sentado, aproximaram-se d'Ele os discípulos.  E pôs-Se a falar e ensinava-os, dizendo: 
«Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus. 
«Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. 
«Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra. 
«Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. 
«Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. «Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. 
«Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. 
«Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. 
«Bem-aventurados sereis, quando vos insultarem, vos perseguirem, e disserem falsamente toda a espécie de mal contra vós por causa de Mim. 
Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois também assim perseguiram os profetas que viveram antes de vós.

Mt 5, 1-12a