Nesta nossa época, tão complexa como apaixonante, existe o risco de que a agitação do ambiente nos empurre, quase sem nos apercebermos, para o atordoamento, fazendo-nos perder a perspetiva de que o Senhor está muito perto. Jesus dá-se-nos totalmente, e nada mais natural que nos peça muito. Não entender esta realidade significa não compreender ou não se meter bem no Amor de Deus.
Mas não vamos imaginar situações anormais ou extraordinárias. O Senhor espera que nos esmeremos no desempenho dos deveres mais comuns, próprios de um cristão. Por isso vos proponho que estas semanas – que em tantos países se caraterizam por um crescendo de preparativos exteriores para o Natal –, pressuponham, no vosso caminhar, um crescendo de recolhimento no trato com Deus e no generoso e alegre serviço aos outros. No meio das pressas, das compras – ou das dificuldades económicas, talvez ligadas a uma certa falta de segurança social –, de guerras ou catástrofes naturais, temos de nos saber contemplados por Deus. E assim encontraremos a paz do coração. Olhemos para Cristo que chega, como há algumas semanas o Papa comentava, citando uma frase bem conhecida de Santo Agostinho: “Tenho medo que o Senhor passe” e eu não O reconheça, que o Senhor passe ao meu lado numa dessas pessoas simples, necessitadas, e eu não me dê conta de que é Jesus [6].
Cuidemos melhor, particularmente, os pormenores de piedade que tornam mais íntimo e caloroso o relacionamento com Deus, e que preparam para o Menino Jesus uma pousada acolhedora: por exemplo, benzer-nos com calma, sabendo-nos acolhidos pela Santíssima Trindade e salvos pela Cruz; recolhermo-nos, com naturalidade mas com fé, à hora de rezar antes das refeições ou de dar graças a Deus pelos alimentos; manifestar, nas genuflexões diante do perene presépio do Sacrário [7], a firmeza de uma fé concreta e atual; acompanhar uma esmola com um sorriso; cumprimentar a nossa Mãe com carinho, nas suas imagens, preparando, nestes primeiros dias de dezembro, a solenidade da sua Imaculada Conceição… Na aridez de certos dias, a Virgem Maria nos fará encontrar flores repletas de um bom aroma, do bonus odor Christi [8], como narram as aparições da Virgem de Guadalupe a S. Juan Diego, que celebramos no dia 12.
[6]. Papa Francisco, Discurso na audiência geral, 12-X-20l6 (cfr. S. Agostinho, Sermão 88, 14, 13).
[7] S. Josemaria, AGP, sec A, leg 3, carp. 3, cit. em “Camino. Edición crítico-histórica” (ed. Pedro Rodríguez) Rialp, 3ª ed., Madrid 2004, p. 1051.
[8]. 2 Cor 2, 15.
[7] S. Josemaria, AGP, sec A, leg 3, carp. 3, cit. em “Camino. Edición crítico-histórica” (ed. Pedro Rodríguez) Rialp, 3ª ed., Madrid 2004, p. 1051.
[8]. 2 Cor 2, 15.
(D. Javier Echevarría excerto da carta do mês de dezembro de 2016)
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