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sexta-feira, 20 de março de 2009
Bento XVI - “Cada vida é um dom de Deus”
Respeito pela vida também quando é marcada pela doença. Encontrando aqueles que frequentam o centro fundado pelo Cardeal canadiano Paul Emile Léger, Bento XVI fez ontem uma reflexão sobre o sofrimento humano, exaltando o compromisso da Igreja católica neste âmbito.
Pensando nas vítimas da SIDA/AIDS, da malária e da tuberculose, o Papa indiciou o mistério da Cruz. No tempo da prova, quando “a angústia humana” e “a nossa condição física se degrada”, reconheceu o Pontífice, “alguns são tentados de duvidar da presença de Deus na sua existência”. E é precisamente nestes momentos que devemos pensar em Jesus, morto em Cruz para o bem do mundo.
Vendo a infâmia da qual é objecto o filho do Senhor, “contemplando a sua face na Cruz, e reconhecendo a atrocidade da sua dor – disse Bento XVI – podemos ver, com a fé, a face luminosa do Ressuscitado, que nos diz que o sofrimento e a doença não terão a última palavra nas nossas vidas humanas”.
(Fonte: H2O News)
Bento XVI à sua chegada a Luanda – “Não vos rendais à lei do mais forte!”
Na saudação pronunciada no aeroporto de Luanda logo à chegada a Angola no inicio da tarde desta sexta-feira, Bento XVI declarou o desejo de oferecer ao povo angolano um “cordial encorajamento a prosseguir no caminho da pacificação e da reconstrução do país e das suas instituições”. Agradecendo ao presidente de Angola o convite a visitar o país, e as saudações que acabara de lhe dirigir, o Papa quis evocar João Paulo II, que ali se deslocou em Junho de 1992:
“Incansável missionário de Jesus Cristo até aos confins da terra, mostrou o caminho para Deus, convidando todos os homens de boa vontade a escutarem a própria consciência rectamente formada e a edificarem uma sociedade de justiça, paz e solidariedade, na caridade e no perdão recíproco.”
Pela sua parte, disse, vindo de um país que conheceu a guerra e a separação entre irmãos “por causa de ideologias devastadoras e desumanas que, sob a falsa aparência de sonhos e ilusões, faziam pesar sobre os homens o jugo da opressão”, Bento XVI declarou-se “sensível ao diálogo entre os homens para superar qualquer forma de conflito e de tensão e fazer de cada nação uma casa de paz e fraternidade”. Para tal, “há que ir ao encontro uns dos outros sem medo, aceitando partilhar as próprias riquezas espirituais e materiais em benefício de todos”.
“Queridos amigos angolanos, o vosso território é rico; a vossa nação é forte. Usai, porém, estes vossos créditos para favorecer a paz e o entendimento entre os povos, numa base de lealdade e igualdade que promova em África aquele futuro pacífico e solidário a que todos aspiram e têm direito. Para isso, vos peço: Não vos rendais à lei do mais forte!”
Recordando que “Deus concedeu aos seres humanos voar… com as asas da razão e da fé”, o Papa convidou todos os angolanos a “reconhecer no outro um irmão que nasceu com os mesmos direitos humanos fundamentais”. Isso, porque – lembrou – infelizmente existem ainda em Angola “muitos pobres, que reclamam o respeito dos seus direitos”.
“Não se pode esquecer a multidão de angolanos que vive abaixo da linha de pobreza absoluta. Não desiludam as suas expectativas!
Trata-se de uma obra imensa, que requer uma maior participação cívica de todos. É necessário envolver nela a sociedade civil angolana inteira, mas esta precisa de apresentar-se mais forte e articulada tanto entre as forças que a compõem como também no diálogo com o Governo. Para dar vida a uma sociedade verdadeiramente atenta ao bem comum, são necessários valores compartilhados por todos”.
Bento XVI exprimiu a sua convicção de que Angola poderá encontrar esses valores comuns no Evangelho de Jesus Cristo, seguindo as pegadas dos angolanos que já há quinhentos anos a ele aderiram:
Eis o motivo imediato que me trouxe a Angola: encontrar-me com uma das mais antigas comunidades católicas da África sub-equatorial, para a confirmar na sua fé em Jesus ressuscitado e unir-me às preces de seus filhos e filhas para que o tempo da paz, na justiça e na fraternidade, não conheça ocaso em Angola, permitindo-lhe cumprir a missão que Deus lhe confiou em favor do seu povo e no concerto das nações. Deus abençoe Angola!
(Fonte: site Radio Vaticana)
Angola espera por Bento XVI
Bento XVI chega esta Sexta-feira a Angola para cumprir a segunda etapa da sua viagem a África, depois de três dias no Camarões.
A 20 de Março, o Papa aterra no Aeroporto internacional 4 de Fevereiro, de Luanda. Logo nesse dia, Bento XVI encontra-se com o presidente José Eduardo dos Santos, com autoridades civis e políticas, com o corpo diplomático e com os Bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé.
No Sábado, 21, o programa do Papa inclui uma Missa na Igreja de São Paulo e um encontro com os jovens, mais tare, no Estádio dos Coqueiros.
No Domingo tem lugar uma Missa na esplanada de Cimangola e à tarde um encontro com os movimentos católicos responsáveis pela promoção da mulher.
A viagem, que em Angola assinala os 500 anos de evangelização deste país lusófono, conclui-se Segunda-feira, 23 de Março, com uma cerimónia de despedida no aeroporto de Luanda.
Em finais de Outubro de 2008, na conclusão do Sínodo dos Bispos, Bento XVI anunciou que iria visitar Angola "para homenagear a uma das Igrejas subsaarianas mais antigas".
Actualmente os católicos em Angola são 8,6 milhões (55,6% da população), distribuídos por 18 Dioceses e 307 paróquias, com 27 Bispos e 794 sacerdotes, para além de 2178 religiosas e 30.394 catequistas.
O Arcebispo de Luanda, D. Damião Franklin, refere à Ecclesia que a visita do Papa a um país é sempre “uma alegria e também um compromisso”, um privilégio.
“Angola exultou pelo facto de o Santo Padre ter escolhido o seu país para a primeira visita a África”, desde a Igreja aos órgãos de soberania, indica.
O presidente da Conferência Episcopal, afirma que para a Igreja o mais importante é a “preparação espiritual”, para que tudo não se reduza a “folclore”, promovendo “uma vida cristã autêntica”, em todos os sentidos.
D. Joaquim Lopes, português que está à frente da Diocese angolana de Viana, diz que “é natural que haja essas leituras políticas” nesta visita e que os políticos” procurem tirar dividendos dessa visita, sobretudo em ano de eleições presidenciais, mas temos insistido na necessidade de informar bem que esta visita papal é feita essencialmente numa dimensão essencialmente eclesial”.
“Claro que o Papa é Chefe de Estado, do Vaticano, mas nós temos privilegiado a dimensão pastoral, ele vem para visitar o Povo de Deus, como um pastor que visita o seu rebanho, há apenas sete anos num clima de paz total, para dar um pouco mais de elan para que as comunidades cristãs adquiram força e coragem, para que Angola não só mantenha e incremente o clima de paz, mas também que o desenvolvimento e progresso se desenvolvam nesta linha, sabendo que a Igreja tem um papel preponderante neste país”, refere.
Igreja-Estado
O Pe. Jerónimo Cahinga, teólogo angolano, diz que a Igreja Católica neste país lusófono corre o risco de viver uma «paz constantiniana», como aconteceu no séc. IV: “Passado o tempo da perseguição e martírio, a Igreja de Roma, apanhada de surpresa, procurou encontrar no âmbito do Império romano um espaço de acomodação. Ela viu-se na necessidade de recorrer às estruturas estatais para se organizar. O Estado, por sua vez, tinha todo o interesse de se apoiar na Igreja, não tanto porque se tinha convertido, mas sobretudo para se estabilizar”.
“Em Angola, depois da instrumentalização da religião no tempo colonial, depois da perseguição e martírio durante a guerra civil, surge agora uma paz semelhante à constantiniana. O receio é de vermos uma Igreja angolana com sinais obnubilados de subserviência”, escreve no artigo publicado neste dossier.
Segundo este sacerdote, “o que pode acontecer é que a Igreja angolana confie demasiadamente num Estado secularizado e não realmente convertido (como o fez a Igreja primitiva), e venha a sofrer a mesma crise como outrora”.
500 anos
D. António Couto, Presidente da Comissão Episcopal das Missões, fala à Agência ECCLESIA da importância de Bento XVI se deslocar a África. “O Papa esteve já noutros continentes, e quer agora dar um sinal a África. Uma das tónicas a focar será certamente a existência de África, as muitas potencialidades e energia. O mundo não pode esquecer África”, acentua.
O Presidente da Comissão aponta, em especial, a responsabilidade que os portugueses têm de “continuar a apoiar e a animar para que o povo viva intensamente o Cristianismo”.
Foram os portugueses que estiveram envolvidos no trabalho de evangelização há 500 anos. “Foi um trabalho com muitas curvas”, recorda o também Bispo auxiliar de Braga.
A fim de satisfazer os pedidos do Rei do Congo, saiu de Lisboa, em 1490 a primeira missão de cooperação e evangelização, chegando a 29 de Março de 1491 ao Soyo, foz do Rio Zaire. A catequese começou pelo rei e pelos nobres, enquanto os operários portugueses construíram a primeira igreja. Nesta primeira fase destaca-se o rei Dom Afonso I, Mvémba–Nzínga (1506-1543), que foi naquele tempo o maior missionário do seu povo.
D. António Couto assinala que os primeiros missionários abriram caminhos “nunca antes tentados”. Já na época moderna, a evangelização foi confrontada com a revolução e a Igreja travou uma “bela luta. O povo angolano está fortemente evangelizado, com raízes profundamente fundadas no Evangelho”.
Missionários
É Português, mas está em Angola há mais de 25 anos. Foi para este país lusófono – “lá para o interior, no meio da guerra” - com mais dois dominicanos. Posteriormente, Frei João Domingos foi chamado pelos bispos para Luanda. Em declarações à Agência ECCLESIA, este dominicano relata a sua experiência no país que receberá Bento XVI neste mês de Março.
Deixou o interior angolano para conduzir a Paróquia do Carmo e “fiquei encarregado do ICRA (Instituto de Ciências Religiosas de Angola)” que forma professores de Educação Moral e Cívica e Educadores Sociais. O seu dinamismo é notório. Em 2005, criou o Instituto João Paulo II que dá cursos superiores na mesma área do ICRA.
O jesuíta Estêvão Jardim está em Angola há cerca de 28 anos. Vive nos arrabaldes de Luanda porque “esta cidade não se pode chamar cidade”. Corresponde a cerca de 7 milhões de habitantes, “numa área sem limites e incomensurável ” – frisou. Apesar das suas especificidades, “o catolicismo em Angola tem muito fundamento”. Este sacerdote jesuíta e natural da Ilha da Madeira conhece Angola de Norte a Sul. Desde Cabinda, ao Cunene. “Pessoalmente, já estive em quase todos os lugares”.
A implantação do Apostolado da Oração e a devoção a Cristo na primeira Sexta-Feira do mês é “uma coisa indescritível” – disse o sacerdote jesuíta. E exemplifica: “no Cunene, lá no fim do mundo, estive numa reunião que onde uma senhora me mostrou uma fita do Apostolado de Oração, de 1968”. As fitas vermelhas do Apostolado da Oração são “como um fogo que percorre o país”.
Este jesuíta também é Secretário Nacional do Apostolado da Oração em Angola. As “pessoas percorrem dezenas de quilómetros para p0derem confessar-se e receberem a comunhão reparadora do Coração de Jesus”. O que “segurou este povo durante a guerra” foi o Apostolado da Oração.
Os portugueses “passaram mal” porque “ouvimos tanta coisa” – lamenta o Frei João Domingos. No entanto – realça o dominicano – os missionários da Igreja Católica “não abandonaram as suas missões”. E acrescenta: “os missionários ficaram com o povo”.
Com a sua capacidade, as religiosas salvaram “a vida a muita gente” e, através da angariação de medicamentos, “salvaram a vida a muita gente”. Muitas vezes, a igreja serviu de “intermediária para tentar mostrar que não tinha nada a ver com a guerra e os partidos” – frisou o sacerdote dominicano.
Também é portuguesa, mas exerce o seu múnus pastoral em Kakuaco. “Nesta zona, os jovens, as crianças e o povo em geral procura muito a Palavra de Deus” – disse à Agência ECCLESIA a Irmã Maria Isabel Mira. Perante esta busca, a salesiana realça que se nota uma “grande proliferação de muitas igrejas e muitos movimentos religiosos”. Só na casa de D. Bosco daquela localidade, a Irmã Isabel Mira sublinha que existem mais de oito centenas de crianças e 600 jovens na catequese. “É uma grande procura” – exclamou.
Ao olhar para o panorama religioso deste país, a Irmã Maria Isabel Mira salienta algumas pessoas “trocam de religião”, mas “não andam em duas confissões religiosas”.
Esta religiosa das salesianas é a única portuguesa naquela comunidade, mas “o povo aceita-nos muito bem”. E adianta: “não é o facto de ser portuguesa mas de ser religiosa”. Tudo o que é da Igreja tem “uma respeito muito grande”. Para além da acção social, as cinco irmãs salesianas daquela comunidade apostaram na vertente educativa. “É uma das respostas mais necessárias” – aponta.
Dossier AE
(Fonte: site Agência Ecclesia)
Dever de indignação
E o que Papa diz não se aplica apenas aos cristãos do Continente Africano. É para todos este dever de denúncia da violência, da corrupção, da fome e do abuso do poder.
Vale a pena meditar nestas palavras do Papa porque elas vêem desinstalar a cristandade e contrapor à tendência para nos acomodarmos e suportarmos em silêncio a injustiça, o grave dever da sua denúncia. Porque o silêncio é cúmplice. Porque o silêncio é crime.
Os cristãos não têm apenas o direito à indignação que resulta do simples exercício da cidadania. Para eles, a Indignação contra o pecado social é um imperativo da vivência da sua própria fé. Ou devia ser. Assim não lhes falte a coragem (não nos falte a coragem!).Em África, ou na Europa, aqui e agora. Porque este é um mandato sem tempo nem lugar.
Graça Franco
(Fonte: site RR)
O Evangelho do dia 20 de Março de 2009
Naquele tempo,
aproximou-se de Jesus um escriba e perguntou-Lhe:
«Qual é o primeiro de todos os mandamentos?»
Jesus respondeu:
«O primeiro é este:
‘Escuta, Israel:
O Senhor nosso Deus é o único Senhor.
Amarás o Senhor teu Deus
com todo o teu coração, com toda a tua alma,
com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças’.
O segundo é este:
‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’.
Não há nenhum mandamento maior que estes».
Disse-Lhe o escriba:
«Muito bem, Mestre! Tens razão quando dizes:
Deus é único e não há outro além d’Ele.
Amá-l’O com tom todo o coração,
com toda a inteligência e com todas as forças,
e amar o próximo como a si mesmo,
vale mais do que todos os holocaustos e sacrifícios».
Ao ver que o escriba dera uma resposta inteligente,
Jesus disse-lhe:
«Não estás longe do reino de Deus».
E ninguém mais se atrevia a interrogá-l’O.