Obrigado, Perdão Ajuda-me

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As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sábado, 11 de novembro de 2017

Lutero: reformador ou revolucionário?

Se à mulher de César não lhe basta ser honesta, pois deve também parecê-lo, com mais razão a Igreja, esposa de Cristo, deve rejeitar os revisionismos históricos.

A propósito dos quinhentos anos da ‘reforma’ protestante, protagonizada por Martinho Lutero, em 1517, muitas têm sido as iniciativas, também na Igreja católica. Depois do grande cisma do oriente, que no final do primeiro milénio dividiu os cristãos em orientais e latinos, a ‘reforma’ luterana afastou da Igreja católica milhões de fiéis, sobretudo na Alemanha e nos países escandinavos. Lutero não só se separou da Igreja romana, como também deu origem a inúmeras confissões cristãs, ditas reformadas ou protestantes.

Martinho Lutero, que tradicionalmente foi tido, pela Igreja católica, como o heresiarca responsável pela separação dos cristãos que, seguindo-o, abandonaram Roma, é agora considerado por alguns católicos como alguém providencial, como se tivesse sido o instrumento do Espírito Santo para a reforma da Igreja católica. Assim deu a entender o secretário-geral da Conferência Episcopal Italiana, Nunzio Galantino, quando, em Outubro passado, na romana Universidade Lateranense, afirmou que “a reforma iniciada, há quinhentos anos, por Martinho Lutero, foi um acontecimento do Espírito Santo”.

É verdade que todos os acontecimentos, também os negativos, são de algum modo consentidos pelo Espírito Santo, como expressamente afirma São Paulo, quando diz que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que Deus ama (cf. Rm 8, 28). O Criador escreve direito por linhas tortas, mas não se podem imputar à providência divina os pecados e misérias humanas. Graças à paixão e morte de Jesus Cristo, deu-se a redenção da humanidade, mas é óbvio que um tal efeito sobrenatural não absolve os verdugos do redentor: Judas Iscariotes, o Sinédrio, Pôncio Pilatos, etc. O mesmo se diga, mutatis mutantis, da ‘reforma’ luterana: embora tenha sido a ocasião propícia para um posterior esclarecimento, pelo Concílio de Trento, de alguns aspectos da doutrina católica, não se podem ignorar os efeitos catastróficos do cisma provocado por Lutero.

O cardeal Gerhard Müller opôs-se a este revisionismo histórico, num artigo agora publicado na ‘La Nuova Bussola Quotidiana’. Para este prelado, a ‘reforma’ luterana “teve um efeito contrário à vontade de Deus”: do ponto de vista da doutrina católica, a dita ‘reforma’ luterana não foi tal, “mas uma autêntica revolução da doutrina da Igreja”.

É verdade que muitos historiadores tendem a justificar Martinho Lutero, porque lutou contra o abuso das indulgências e denunciou os maus costumes que então se viviam na corte pontifícia. Mas, como esclarece o cardeal Müller, “abusos e comportamentos indignos sempre houve na Igreja e também hoje os há. Somos uma Igreja que é santa pela graça de Deus e pelos sacramentos, mas todos os homens da Igreja são pecadores e, por isso, todos precisam do perdão, da contrição e da penitência”. Se Lutero se tivesse limitado a pregar a reforma moral, ou a censurar os vícios de alguns dos cristãos do seu tempo, teria sido, com efeito, um venerável reformador, como o nosso beato Frei Bartolomeu dos Mártires, arcebispo de Braga e figura grada do Concílio de Trento. Infelizmente, Lutero quis empreender uma mudança radical da doutrina cristã, alterando substancialmente o modo como, há mais de mil e quinhentos anos, se acreditava e vivia a fé cristã, dando assim origem a uma experiência religiosa inédita, divergente da tradição eclesial.

A propósito do ‘De captivitate Babylonica ecclesiae’, que Martinho Lutero escreveu em 1520, Gerhard Müller disse: “é absolutamente claro que Lutero abandonou todos os princípios da fé católica em relação à Sagrada Escritura, à Tradição apostólica, ao magistério do Papa, aos Concílios e ao episcopado. Opôs-se […] à noção católica de sacramento, como sinal eficaz da graça nele contida, substituindo a eficácia objectiva dos sacramentos por uma fé subjectiva”.

“Por tudo isto – escreveu ainda o cardeal Müller – não podemos aceitar que a reforma de Lutero possa ser tida como uma reforma da Igreja, em sentido católico. Uma reforma católica é uma renovação da fé vivida na graça, uma renovação moral e ética, uma renovação espiritual e moral dos cristãos; mas não a fundação de uma nova Igreja. Portanto, é inaceitável afirmar que a reforma de Lutero ‘foi um acontecimento do Espírito Santo’. Pelo contrário, foi contra o Espírito Santo, porque o Espírito Santo é que garante a continuidade da Igreja por meio do seu magistério, sobretudo o petrino: Jesus fundou a sua Igreja unicamente sobre Pedro (Mt 16,18), ‘a Igreja do Deus vivo, coluna e fundamento da verdade’ (1Tim 3, 15)”.

Não se pense, contudo, que esta intervenção do cardeal Müller se opõe ao movimento ecuménico, tão fortemente incentivado pelo Concílio Vaticano II e por todos os Papas do pós-concílio, nomeadamente o Papa Francisco. “Certamente – reconhece-se neste artigo – passaram quinhentos anos e não é hora de fomentar polémicas mas de procurar a reconciliação, embora não à custa da verdade. […] Se, por um lado, se deve reconhecer a acção do Espírito Santo nos cristãos não católicos que pessoalmente não cometeram o pecado da separação da Igreja, por outro não se pode mudar a história sobre o que aconteceu há 500 anos. Uma coisa é ter o desejo de manter boas relações com os actuais cristãos não católicos […], mas outra muito diferente é a incompreensão ou a falsificação do que aconteceu há 500 anos e do seu efeito desastroso, contrário à vontade de Deus”, a qual é, obviamente, a unidade eclesial (cf. Jo 17, 21).

Por sua vez, D. Manuel Clemente, Cardeal Patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, considerou Lutero como “uma grande fonte de inspiração”, porque “procurava voltar às fontes bíblicas directamente”. Embora não pretendesse provocar uma ruptura na Igreja, a verdade é que foi responsável pelo cisma que, desde então, divide os cristãos latinos e que, infelizmente, ainda não foi superado.

Cristo quer a unidade de todos os que nele creem, mas na verdade. Escamotear a história, mesmo que seja com um louvável propósito ecuménico, não é aceitável. São Paulo encarecia aos primeiros cristãos a prática da caridade na verdade (cf. Ef 4, 15). Se à mulher de César não lhe basta ser honesta, pois deve também parecê-lo, com mais razão a Igreja, esposa de Cristo, deve rejeitar os revisionismos históricos, não só por serem contrários à verdade, mas também porque contrariam a tão desejada unidade de todos os cristãos.

Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada in Observador

(seleção de imagem 'Spe Deus')

O Evangelho de Domingo dia 12 de novembro de 2017

«Então, o Reino dos Céus será semelhante a dez virgens, que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo. Cinco delas eram néscias, e cinco prudentes. As cinco néscias, tomando as lâmpadas, não levaram azeite consigo; as prudentes, porém, levaram azeite nas vasilhas juntamente com as lâmpadas. Tardando o esposo, começaram todas a cabecear e adormeceram. À meia-noite, ouviu-se um grito: “Eis que vem o esposo! Saí ao seu encontro”. Então levantaram-se todas aquelas virgens, e prepararam as suas lâmpadas. As néscias disseram às prudentes: “Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas apagam-se”. As prudentes responderam: “Para que não suceda que nos falte a nós e a vós, ide antes aos vendedores, e comprai para vós”. Mas, enquanto elas foram comprá-lo, chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele a celebrar as bodas, e foi fechada a porta. Mais tarde, chegaram também as outras virgens, dizendo: “Senhor, Senhor, abre-nos”. Ele, porém, respondeu: “Em verdade vos digo que não vos conheço”. Vigiai, pois, porque não sabeis nem o dia nem a hora.

Mt 25, 1-13

São Josemaría Escrivá nesta data em 1924

Escreve uma carta ao bispo de Saragoça a solicitar o diaconado, como passo prévio para o sacerdócio. Anos mais tarde, relembra: “E eu meio cego, sempre à espera do porquê. Porque vou ser sacerdote? O Senhor quer alguma coisa; o quê? E, com um latim de baixa latinidade, usando as palavras do cego de Jericó, repetia : Domine, ut videam! Ut sit! Ut sit!Que seja, isso que queres de mim e que eu ignoro. Domina, ut sit

“A vida de padre nem sempre é um mar de rosas”

Eu já tinha tido algum contacto com o Opus Dei em minha época de colégio, mas não tinha ideia da existência da Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz, nem de seu grande apoio e estímulo aos padres.

Ao longo do seminário tive a alegria de conhecer vários membros dessa Associação de clérigos e receber deles formação espiritual, encorajamento ao estudo, incentivo para crescer em santidade e virtudes. Alguns colegas e eu passamos a fazer uns encontros quinzenais com um ou mais padres da Sociedade. Nestes encontros podíamos usufruir de muitos bons conselhos, um agradável e piedoso convívio e, aqueles que quisessem, podiam receber direção espiritual.

Assim que me ordenei diácono, encaminhei meu pedido de admissão e desde então tenho muito a agradecer ao Bom Deus pela oportunidade de gozar do convívio com tão bons amigos e ajuda de tão dedicados diretores espirituais. Isto me levou a querer mais todos os padres da minha diocese e a promover a unidade de todos.

A vida de padre nem sempre é um mar de rosas. O sacerdote diocesano está na linha de frente da batalha pelo Reino dos Céus e, por estar tão exposto, é muitas vezes alvejado por desanimo, incompreensões, injustiças e cansaço. Se um padre está sozinho, muitas vezes pode sucumbir à tentação de rezar cada dia menos, simplificar o culto litúrgico no limite do tolerável e abraçar as vaidades e recompensas mundanas como um modo de compensar o desgaste próprio do sacerdócio em uma metrópole tão agressiva como São Paulo.

Muitas vezes é necessário ser lembrado de coisas simples e sabidas, como a importância de não ser levado pelo ativismo, a unidade e obediência aos nossos hierarcas, a fraternidade sacerdotal vivida com todo o presbitério da diocese, a amizade com Deus etc. A formação que recebemos não nos pede nada de extraordinário, somente nos dá força e amparo para fazer com carinho e esmero aquilo que Deus e Seu povo espera de nós, padres.

Para mim, a Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz faz um grande bem. Espero com alegria os nossos encontros semanais às segundas feiras; muitas vezes encontro o ombro amigo nas dificuldades e sempre volto fortalecido dos retiros espirituais. Ao escrever este breve testemunho, quero deixar claro que não se trata de um grupo seleto de santos, justamente somos um grupo de padres normais e sabemos que juntos podemos crescer mais.

(Fonte: Opus Dei - Brasil  AQUI)

«Maria conservava todas estas coisas ponderando-as no seu coração» (Lc 2, 19)

Bem-aventurada Isabel da Santíssima Trindade (1880-1906), carmelita
Último retiro, 15º dia (OC, Cerf 1991, p. 184)


«A Virgem guardava estas coisas no seu coração.» Toda a sua história pode resumir-se nestas palavras! Foi no seu coração que viveu, e em tal profundidade, que o olhar humano não consegue acompanhá-la. Quando leio no Evangelho: «Por aqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha, a uma cidade da Judeia» (Lc 1, 39) para ir cumprir o seu serviço de caridade junto de sua prima Isabel, vejo-a passar tão bonita, tão calma, tão majestosa, tão recolhida interiormente com o Verbo de Deus. Como se a sua oração fosse continuamente: «Eis aqui». Quem? «A serva do Senhor» (Lc 1, 38), a última das Suas criaturas: Ela, a sua Mãe! Foi tão verdadeira na sua humildade porque permaneceu esquecida, alheada, liberta de si própria. Por isso pôde cantar: «O Todo-poderoso fez em mim maravilhas; de hoje em diante, me chamarão bem-aventurada todas as gerações» (Lc 1, 49.48).

Esta Rainha das Virgens é também Rainha dos mártires. Mas será ainda no seu coração que a espada a trespassará (Lc 2, 35), porque com Ela tudo se passa interiormente. [...] Oh! Como é bela de contemplar durante o seu longo martírio, tão serena, envolvida numa espécie de majestade que respira ao mesmo tempo força e doçura! É como se tivesse aprendido com o próprio Verbo como devem sofrer os que o Pai escolheu como vítimas, aqueles que Ele decidiu unir à grande obra da redenção, aqueles que «conheceu e predestinou para serem uma imagem idêntica à do Seu Filho» (Rom 8, 29), crucificado por amor. Ela está junto à cruz, de pé, com força e coragem.

RENDO-ME, SENHOR!

Rendo-me, Senhor! Rendo-me!

Dentro de mim lutam as minhas vontades, as minhas certezas, os meus orgulhos, as minhas vaidades, e eu vejo-me a lutar contra elas!

Tenho que vencer, Senhor, ajuda-me, porque me quero render incondicionalmente a Ti!

Quero vencer, Senhor, não pela vitória, mas para me fundir em Ti, ou melhor, para que “já não seja eu a viver, mas Tu a viver em mim”!

É uma força, uma vontade, um poder muito maior do que eu que assim me faz lutar! És Tu, Senhor!

Não quero saber das lágrimas que afloram aos meus olhos, (são lágrimas de alegria por Te ter, de tristeza por Te ofender), não quero saber da voz que me diz que eu não sou digno, que eu não sou nada, que Tu estás longe de mim!

Não, Senhor, porque Te sinto aqui, junto de mim, com esse imenso sorriso de amor, essa imensa paz com que me envolves, com a alegria do pastor que coloca aos seus ombros a ovelha perdida.

Ah, Senhor, rendo-me! Rendo-me!

Eu sei que ainda há em mim muita coisa para atirar fora, muita coisa para mudar, para converter, para purificar, para libertar, mas que interessa isso se a minha vontade é render-me, incondicionalmente, a Ti, Senhor!

Salta-me o coração do peito, sinto-Te aqui, neste momento em que escrevo, e já não sou que escrevo, és Tu que escreves em mim.

Oh, Senhor, obrigado! Precisava tanto, tanto deste momento!

Acalma-se-me o coração, secam-se-me as lágrimas, uma paz imensa invade-me, olho-Te nos olhos e digo-Te: Rendo-me, Senhor! Rendo-me!

Monte Real, 11 de Novembro de 2016

Joaquim Mexia Alves

O Evangelho do dia 11 de novembro de 2017

«Portanto, Eu vos digo: Fazei amigos com as riquezas da iniquidade, para que, quando vierdes a precisar, vos recebam nos tabernáculos eternos. Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco também é injusto no muito. Se, pois, não fostes fiéis nas riquezas iníquas, quem vos confiará as verdadeiras? E se não fostes fiéis no alheio, quem vos dará o que é vosso? Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque, ou odiará um e amará o outro, ou se afeiçoará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro». Ora os fariseus, que eram amigos do dinheiro, ouviam todas estas coisas e troçavam d'Ele. Jesus disse-lhes: «Vós sois aqueles que pretendeis passar por justos diante dos homens, mas Deus conhece os vossos corações; o que é excelente segundo os homens é abominação diante de Deus.

Lc 16, 9-15