Senhor Jesus há tempos concedeste-nos o privilégio de assistir durante a Santa Missa a uma criança de dois anos chegar, de camisa de fora, junto do Sacrário, e quando já muito gente receava que sucedesse uma traquinice típica da idade, esta parou junto do altar e começou a enviar-Te beijos com a mão.
Pedimos-Te hoje pelos Pais destas crianças que vimos noutras ocasiões sobretudo aos domingos guiadas por eles a saudarem-Te com carinho e amor para que continuem a educá-las dirigidas para Ti.
Graças e louvores Te sejam dados por todos e em todos os momentos!
JPR
Obrigado, Perdão Ajuda-me
sábado, 2 de fevereiro de 2013
Um Pai que não se cansa de nós
Hoje não é fácil falar de paternidade; mas falando-nos de Deus, a revelação bíblica indica o que significa verdadeiramente ser pai amoroso, misericordioso e capaz de perdoar. Foi este o sentido da catequese do Papa durante a audiência geral de quarta-feira 30 de Janeiro, realizada na sala Paulo VI.
Prezados irmãos e irmãs
Na catequese da quarta-feira passada detivemo-nos sobre as palavras iniciais do Credo: "Creio em Deus". Mas a profissão de fé esclarece esta afirmação: Deus é o Pai Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra. Portanto, agora gostaria de meditar convosco sobre a primeira e fundamental definição de Deus que o Credo nos apresenta: Ele é Pai.
Hoje, nem sempre é fácil falar de paternidade. Sobretudo no mundo ocidental, as famílias desagregadas, os compromissos de trabalho cada vez mais exigentes, as preocupações e muitas vezes a dificuldade de adaptar os balanços familiares e a invasão distraída dos mass media no interior da vida quotidiana são alguns dos numerosos factores que podem impedir uma relação tranquila e construtiva entre pais e filhos. Às vezes a comunicação torna-se difícil, a confiança diminui e o relacionamento com a figura paterna pode tornar-se problemático; e assim, na ausência de um modelo de referência adequado, é difícil também imaginar Deus como um Pai. Para quantos fizeram a experiência de um pai demasiado autoritário e inflexível, ou indiferente e pouco carinhoso ou até mesmo ausente, não é fácil pensar com serenidade em Deus como Pai e abandonar-se a Ele com confiança.
Mas a revelação bíblica ajuda a superar estas dificuldades, falando-nos de um Deus que nos indica o que significa ser verdadeiramente "pai"; e é sobretudo o Evangelho que nos revela este rosto de Deus como Pai que ama até ao dom do próprio Filho, para a salvação da humanidade. Por conseguinte, a referência à figura paterna ajuda a compreender algo do amor de Deus, que no entanto permanece infinitamente maior, mais fiel, mais total do que o amor de qualquer homem. "Quem de vós - diz Jesus, para mostrar aos discípulos o rosto do Pai - dará uma pedra ao próprio filho, se este lhe pedir pão? E, se lhe pedir um peixe, dar-lhe-á porventura uma serpente? Se vós, pois, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, ainda mais o vosso Pai celeste dará coisas boas a quantos lhe pedirem" (Mt 7, 9-11; cf. Lc 11, 11-13). Deus é nosso Pai, porque nos abençoou e escolheu antes da criação do mundo (cf. Ef 1, 3-6), tornando-nos realmente seus filhos em Jesus (cf. 1 Jo 3, 1). E, como Pai, Deus acompanha com amor a nossa existência, concedendo-nos a sua Palavra, o seu ensinamento, a sua graça e o seu Espírito.
Ele - come revela Jesus - é o Pai que alimenta os pássaros do céu, sem que eles tenham que semear e colher, e reveste de cores maravilhosas as flores dos campos, com vestes mais belas do que as do rei Salomão (cf. Mt 6, 26-32; Lc 12, 24-28); quanto a nós - acrescenta Jesus - valemos muito mais que as flores dos campos e os pássaros do céu! E se Ele é tão bom, a ponto de fazer "nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e... chover sobre os justos e sobre os injustos" (Mt 5, 45), poderemos sempre, sem medo e com confiança total, confiar-nos ao seu perdão de Pai, quando erramos o caminho. Deus é um Pai bom que acolhe e abraça o filho perdido e arrependido (cf. Lc 15, 11 ss.), dá gratuitamente àqueles que pedem (cf. Mt 18, 19; Mc 11, 24; Jo 16, 23) e oferece o pão do céu e a água viva que faz viver eternamente (cf. Jo 6, 32.51.58).
Por isso, o orante do Salmo 27, circundado pelos inimigos, assediado por malvados e caluniadores, enquanto procura a ajuda do Senhor e o invoca, pode oferecer o seu testemunho cheio de fé, afirmando: "O meu pai e a minha mãe abandonaram-me, mas o Senhor socorreu-me" (v. 10). Deus é um Pai que nunca abandona os seus filhos, um Pai amoroso que sustenta, ajuda, acolhe, perdoa e salva, com uma fidelidade que ultrapassa imensamente a dos homens, para se abrir a dimensões de eternidade. "Porque o seu amor é para sempre", como continua a repetir de modo litânico, em cada versículo, o Salmo 136, repercorrendo a história da salvação. O amor de Deus Pai nunca esmorece, nem se cansa de nós; é amor que doa até ao extremo, até ao sacrifício do Filho. A fé doa-nos esta certeza, que se torna uma rocha segura na construção da nossa vida: nós podemos enfrentar todos os momentos de dificuldade e de perigo, a experiência da obscuridade da crise e do tempo da dor, sustentados pela confiança de que Deus não nos deixa sozinhos e está sempre próximo, para nos salvar e nos levar à vida eterna. É no Senhor Jesus que se mostra plenamente o rosto benévolo do Pai que está nos céus. É conhecendo-o que podemos conhecer também o Pai (cf. Jo 8, 19; 14, 7), é vendo-o que podemos ver o Pai, porque Ele está no Pai, e o Pai está nele (cf. Jo 14, 9.11). Ele é "imagem do Deus invisível", como o define o hino da Carta aos Colossenses, "primícias de toda a criação... primogénito daqueles que ressuscitam dos mortos", "por meio do qual nós recebemos a redenção, o perdão dos pecados" e a reconciliação de todas as coisas, "dado que resgatou com o sangue da sua cruz tanto as coisas que estão na terra, como aquelas que estão nos céus" (cf. Cl 1, 13-20).
A fé em Deus Pai requer que acreditemos no Filho, sob a acção do Espírito, reconhecendo na Cruz que salva a revelação definitiva do amor divino. Deus é nosso Pai, oferecendo-nos o Filho; Deus é nosso Pai, perdoando o nosso pecado e levando-nos à alegria da vida ressuscitada; Deus é nosso Pai, doando-nos o Espírito, que nos torna filhos e nos permite chamar-lhe, na verdade, "Abá, Pai!" (cf. Rm 8, 15). Por isso Jesus, ensinando-nos a rezar, convida-nos a dizer: "Pai nosso" (Mt 6, 9-13; cf. Lc 11, 2-4).
Então, a paternidade de Deus é amor infinito, ternura que se debruça sobre nós, filhos frágeis, necessitados de tudo. O Salmo 103, o grande cântico da misericórdia divina, proclama: "Assim como um pai tem piedade dos seus filhos, do mesmo modo o Senhor tem compaixão daqueles que o temem, porque Ele sabe do que somos feitos, e não se esquece de que somos pó" (vv. 13-14). É próprio da nossa pequenez, a nossa frágil natureza humana, a nossa caducidade que se torna apelo à misericórdia do Senhor, para que manifeste a sua grandeza e ternura de Pai ajudando-nos, perdoando-nos e salvando-nos.
E Deus responde ao nosso apelo, enviando o seu Filho, que morre e renasce para nós; entra na nossa fragilidade e realiza aquilo que o homem sozinho nunca poderia levar a cabo: assume sobre si mesmo o pecado do mundo, como Cordeiro inocente, e volta a abrir-nos o caminho rumo à comunhão com Deus, tornando-nos verdadeiros filhos de Deus. É ali, no Mistério pascal, que se revela em toda a sua luminosidade, o rosto definitivo do Pai. E é ali, na Cruz gloriosa, que se verifica a manifestação completa da grandeza de Deus, como "Pai Todo-Poderoso". Mas poderíamos interrogar-nos: como é possível pensar num Deus Todo-Poderoso, contemplando a Cruz de Cristo? Este poder do mal, que chega ao ponto de matar o Filho de Deus? Sem dúvida, gostaríamos de uma omnipotência divina em conformidade com os nossos esquemas mentais e os nossos desejos: um Deus "Todo-Poderoso" que resolva os problemas, que intervenha para nos fazer evitar as dificuldades, que vença os poderes adversos, que mude o curso dos acontecimentos e que anule a dor. Por isso, hoje vários teólogos dizem que Deus não pode ser Todo-Poderoso, caso contrário não haveria tanto sofrimento e tanto mal no mundo. Na realidade, diante do mal e do sofrimento, para muitos, para nós, torna-se problemático, difícil, crer num Deus Pai e acreditar que Ele é Todo-Poderoso; alguns procuram refúgio em ídolos, cedendo à tentação de encontrar resposta numa presumível omnipotência "mágica" e nas suas promessas ilusórias.
Mas a fé em Deus Todo-Poderoso impele-nos a percorrer sendas muito diferentes: aprender a conhecer que o pensamento de Deus é diverso do nosso, que os caminhos de Deus são diferentes dos nossos (cf. Is 55, 8) e também a sua omnipotência é diversa: não se expressa como força automática ou arbitrária, mas caracteriza-se por uma liberdade amorosa e paterna. Na realidade Deus, criando criaturas livres e dando liberdade, renunciou a uma parte do seu poder, deixando o poder da nossa liberdade. Assim Ele ama e respeita a resposta livre de amor à sua chamada. Como Pai, Deus deseja que nós sejamos seus filhos e vivamos como tais no seu Filho, em comunhão, em plena familiaridade com Ele. A sua omnipotência não se manifesta na violência, não se exprime na destruição de todo o poder adverso, como nós desejamos, mas expressa-se no amor, na misericórdia, no perdão, na aceitação da nossa liberdade e no apelo incansável à conversão do coração, numa atitude só aparentemente frágil - Deus parece frágil, se pensamos em Jesus Cristo que reza, que se deixa matar. Uma atitude aparentemente débil, feito de paciência, de mansidão e de amor, demonstra que este é o verdadeiro modo de ser poderoso! Este é o poder de Deus! E este poder vencerá! O sábio o Livro da Sabedoria dirige-se assim a Deus: "Tendes compaixão de todos, porque Vós podeis tudo; e para que se arrependam, fechais os olhos aos pecados dos homens. Porque amais tudo o que existe... poupais todos os seres, porque todos são vossos, ó Senhor, que amais a vida" (11, 23-24a.26).
Somente quem é verdadeiramente poderoso pode suportar o mal e mostrar-se misericordioso; só quem é autenticamente poderoso pode exercer de modo pleno a força do amor. E Deus, a quem pertencem todas as coisas, porque tudo foi feito por Ele, revela a sua força amando tudo e todos, numa expectativa paciente da nossa conversão, de nós homens, que Ele deseja ter como filhos. Deus espera a nossa conversão. O amor todo-poderoso de Deus não conhece limites, a tal ponto que "não poupou o seu próprio Filho, mas entregou-o por todos nós" (Rm 8, 32). A omnipotência do amor não é a do poder do mundo, mas do dom total, e Jesus, Filho de Deus, revela ao mundo a verdadeira omnipotência do Pai, oferecendo a sua vida por nós, pecadores. Eis o verdadeiro, autêntico e perfeito poder divino: responder ao mal não com o mal, mas com o bem, aos insultos com o perdão, ao ódio homicida com o amor que faz viver. Então, o mal é vencido verdadeiramente, porque é purificado pelo amor de Deus; assim, a morte é derrotada definitivamente, porque transformada em dom da vida. Deus Pai ressuscita o Filho: a morte, a grande inimiga (cf. 1 Cor 15, 26), é tragada e privada do seu veneno (cf. 1 Cor 15, 54-55); quanto a nós, livres do pecado, podemos aceder à nossa realidade de filhos de Deus.
Portanto, quando afirmamos "Creio em Deus Pai Todo-Poderoso", nós expressamos a nossa fé no poder do amor de Deus, que no seu Filho morto e ressuscitado derrota o ódio, o mal e o pecado, abrindo-nos à vida eterna, à vida dos filhos que desejam permanecer para sempre na "Casa do Pai". Dizer "Creio em Deus Pai Todo-Poderoso", no seu poder, na sua maneira de ser Pai, constitui sempre um gesto de fé, de conversão, de transformação do nosso pensamento, de todo o nosso afecto e de todo o nosso estilo de vida.
Caros irmãos e irmãs, peçamos ao Senhor que ampare a nossa fé, que nos ajude a encontrar verdadeiramente a fé e que nos dê a força de anunciar Cristo crucificado e ressuscitado, e de o testemunhar no amor a Deus e ao próximo. E Deus nos conceda acolher a dádiva da nossa filiação, para vivermos em plenitude as realidades do Credo, no abandono confiante ao amor do Pai e à sua omnipotência misericordiosa, que é a omnipotência verdadeira e que salva.
No final da audiência geral, o Sumo Pontífice saudou os diversos grupos de fiéis presentes, proferindo em português as seguintes expressões.
Queridos peregrinos de língua portuguesa, sede bem-vindos! Saúdo de modo particular os brasileiros vindos do Rio de Janeiro e de Brasília. Fortalecidos com a certeza de que sois filhos de Deus, anunciai Cristo crucificado e ressuscitado a todas as pessoas com quem tenhais contato, dando testemunho d'Ele através do amor a Deus e ao próximo. E desça a minha bênção sobre vós, vossas famílias e comunidades.
(© L'Osservatore Romano - 2 de Fevereiro de 2013)
Prezados irmãos e irmãs
Na catequese da quarta-feira passada detivemo-nos sobre as palavras iniciais do Credo: "Creio em Deus". Mas a profissão de fé esclarece esta afirmação: Deus é o Pai Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra. Portanto, agora gostaria de meditar convosco sobre a primeira e fundamental definição de Deus que o Credo nos apresenta: Ele é Pai.
Hoje, nem sempre é fácil falar de paternidade. Sobretudo no mundo ocidental, as famílias desagregadas, os compromissos de trabalho cada vez mais exigentes, as preocupações e muitas vezes a dificuldade de adaptar os balanços familiares e a invasão distraída dos mass media no interior da vida quotidiana são alguns dos numerosos factores que podem impedir uma relação tranquila e construtiva entre pais e filhos. Às vezes a comunicação torna-se difícil, a confiança diminui e o relacionamento com a figura paterna pode tornar-se problemático; e assim, na ausência de um modelo de referência adequado, é difícil também imaginar Deus como um Pai. Para quantos fizeram a experiência de um pai demasiado autoritário e inflexível, ou indiferente e pouco carinhoso ou até mesmo ausente, não é fácil pensar com serenidade em Deus como Pai e abandonar-se a Ele com confiança.
Mas a revelação bíblica ajuda a superar estas dificuldades, falando-nos de um Deus que nos indica o que significa ser verdadeiramente "pai"; e é sobretudo o Evangelho que nos revela este rosto de Deus como Pai que ama até ao dom do próprio Filho, para a salvação da humanidade. Por conseguinte, a referência à figura paterna ajuda a compreender algo do amor de Deus, que no entanto permanece infinitamente maior, mais fiel, mais total do que o amor de qualquer homem. "Quem de vós - diz Jesus, para mostrar aos discípulos o rosto do Pai - dará uma pedra ao próprio filho, se este lhe pedir pão? E, se lhe pedir um peixe, dar-lhe-á porventura uma serpente? Se vós, pois, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, ainda mais o vosso Pai celeste dará coisas boas a quantos lhe pedirem" (Mt 7, 9-11; cf. Lc 11, 11-13). Deus é nosso Pai, porque nos abençoou e escolheu antes da criação do mundo (cf. Ef 1, 3-6), tornando-nos realmente seus filhos em Jesus (cf. 1 Jo 3, 1). E, como Pai, Deus acompanha com amor a nossa existência, concedendo-nos a sua Palavra, o seu ensinamento, a sua graça e o seu Espírito.
Ele - come revela Jesus - é o Pai que alimenta os pássaros do céu, sem que eles tenham que semear e colher, e reveste de cores maravilhosas as flores dos campos, com vestes mais belas do que as do rei Salomão (cf. Mt 6, 26-32; Lc 12, 24-28); quanto a nós - acrescenta Jesus - valemos muito mais que as flores dos campos e os pássaros do céu! E se Ele é tão bom, a ponto de fazer "nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e... chover sobre os justos e sobre os injustos" (Mt 5, 45), poderemos sempre, sem medo e com confiança total, confiar-nos ao seu perdão de Pai, quando erramos o caminho. Deus é um Pai bom que acolhe e abraça o filho perdido e arrependido (cf. Lc 15, 11 ss.), dá gratuitamente àqueles que pedem (cf. Mt 18, 19; Mc 11, 24; Jo 16, 23) e oferece o pão do céu e a água viva que faz viver eternamente (cf. Jo 6, 32.51.58).
Por isso, o orante do Salmo 27, circundado pelos inimigos, assediado por malvados e caluniadores, enquanto procura a ajuda do Senhor e o invoca, pode oferecer o seu testemunho cheio de fé, afirmando: "O meu pai e a minha mãe abandonaram-me, mas o Senhor socorreu-me" (v. 10). Deus é um Pai que nunca abandona os seus filhos, um Pai amoroso que sustenta, ajuda, acolhe, perdoa e salva, com uma fidelidade que ultrapassa imensamente a dos homens, para se abrir a dimensões de eternidade. "Porque o seu amor é para sempre", como continua a repetir de modo litânico, em cada versículo, o Salmo 136, repercorrendo a história da salvação. O amor de Deus Pai nunca esmorece, nem se cansa de nós; é amor que doa até ao extremo, até ao sacrifício do Filho. A fé doa-nos esta certeza, que se torna uma rocha segura na construção da nossa vida: nós podemos enfrentar todos os momentos de dificuldade e de perigo, a experiência da obscuridade da crise e do tempo da dor, sustentados pela confiança de que Deus não nos deixa sozinhos e está sempre próximo, para nos salvar e nos levar à vida eterna. É no Senhor Jesus que se mostra plenamente o rosto benévolo do Pai que está nos céus. É conhecendo-o que podemos conhecer também o Pai (cf. Jo 8, 19; 14, 7), é vendo-o que podemos ver o Pai, porque Ele está no Pai, e o Pai está nele (cf. Jo 14, 9.11). Ele é "imagem do Deus invisível", como o define o hino da Carta aos Colossenses, "primícias de toda a criação... primogénito daqueles que ressuscitam dos mortos", "por meio do qual nós recebemos a redenção, o perdão dos pecados" e a reconciliação de todas as coisas, "dado que resgatou com o sangue da sua cruz tanto as coisas que estão na terra, como aquelas que estão nos céus" (cf. Cl 1, 13-20).
A fé em Deus Pai requer que acreditemos no Filho, sob a acção do Espírito, reconhecendo na Cruz que salva a revelação definitiva do amor divino. Deus é nosso Pai, oferecendo-nos o Filho; Deus é nosso Pai, perdoando o nosso pecado e levando-nos à alegria da vida ressuscitada; Deus é nosso Pai, doando-nos o Espírito, que nos torna filhos e nos permite chamar-lhe, na verdade, "Abá, Pai!" (cf. Rm 8, 15). Por isso Jesus, ensinando-nos a rezar, convida-nos a dizer: "Pai nosso" (Mt 6, 9-13; cf. Lc 11, 2-4).
Então, a paternidade de Deus é amor infinito, ternura que se debruça sobre nós, filhos frágeis, necessitados de tudo. O Salmo 103, o grande cântico da misericórdia divina, proclama: "Assim como um pai tem piedade dos seus filhos, do mesmo modo o Senhor tem compaixão daqueles que o temem, porque Ele sabe do que somos feitos, e não se esquece de que somos pó" (vv. 13-14). É próprio da nossa pequenez, a nossa frágil natureza humana, a nossa caducidade que se torna apelo à misericórdia do Senhor, para que manifeste a sua grandeza e ternura de Pai ajudando-nos, perdoando-nos e salvando-nos.
E Deus responde ao nosso apelo, enviando o seu Filho, que morre e renasce para nós; entra na nossa fragilidade e realiza aquilo que o homem sozinho nunca poderia levar a cabo: assume sobre si mesmo o pecado do mundo, como Cordeiro inocente, e volta a abrir-nos o caminho rumo à comunhão com Deus, tornando-nos verdadeiros filhos de Deus. É ali, no Mistério pascal, que se revela em toda a sua luminosidade, o rosto definitivo do Pai. E é ali, na Cruz gloriosa, que se verifica a manifestação completa da grandeza de Deus, como "Pai Todo-Poderoso". Mas poderíamos interrogar-nos: como é possível pensar num Deus Todo-Poderoso, contemplando a Cruz de Cristo? Este poder do mal, que chega ao ponto de matar o Filho de Deus? Sem dúvida, gostaríamos de uma omnipotência divina em conformidade com os nossos esquemas mentais e os nossos desejos: um Deus "Todo-Poderoso" que resolva os problemas, que intervenha para nos fazer evitar as dificuldades, que vença os poderes adversos, que mude o curso dos acontecimentos e que anule a dor. Por isso, hoje vários teólogos dizem que Deus não pode ser Todo-Poderoso, caso contrário não haveria tanto sofrimento e tanto mal no mundo. Na realidade, diante do mal e do sofrimento, para muitos, para nós, torna-se problemático, difícil, crer num Deus Pai e acreditar que Ele é Todo-Poderoso; alguns procuram refúgio em ídolos, cedendo à tentação de encontrar resposta numa presumível omnipotência "mágica" e nas suas promessas ilusórias.
Mas a fé em Deus Todo-Poderoso impele-nos a percorrer sendas muito diferentes: aprender a conhecer que o pensamento de Deus é diverso do nosso, que os caminhos de Deus são diferentes dos nossos (cf. Is 55, 8) e também a sua omnipotência é diversa: não se expressa como força automática ou arbitrária, mas caracteriza-se por uma liberdade amorosa e paterna. Na realidade Deus, criando criaturas livres e dando liberdade, renunciou a uma parte do seu poder, deixando o poder da nossa liberdade. Assim Ele ama e respeita a resposta livre de amor à sua chamada. Como Pai, Deus deseja que nós sejamos seus filhos e vivamos como tais no seu Filho, em comunhão, em plena familiaridade com Ele. A sua omnipotência não se manifesta na violência, não se exprime na destruição de todo o poder adverso, como nós desejamos, mas expressa-se no amor, na misericórdia, no perdão, na aceitação da nossa liberdade e no apelo incansável à conversão do coração, numa atitude só aparentemente frágil - Deus parece frágil, se pensamos em Jesus Cristo que reza, que se deixa matar. Uma atitude aparentemente débil, feito de paciência, de mansidão e de amor, demonstra que este é o verdadeiro modo de ser poderoso! Este é o poder de Deus! E este poder vencerá! O sábio o Livro da Sabedoria dirige-se assim a Deus: "Tendes compaixão de todos, porque Vós podeis tudo; e para que se arrependam, fechais os olhos aos pecados dos homens. Porque amais tudo o que existe... poupais todos os seres, porque todos são vossos, ó Senhor, que amais a vida" (11, 23-24a.26).
Somente quem é verdadeiramente poderoso pode suportar o mal e mostrar-se misericordioso; só quem é autenticamente poderoso pode exercer de modo pleno a força do amor. E Deus, a quem pertencem todas as coisas, porque tudo foi feito por Ele, revela a sua força amando tudo e todos, numa expectativa paciente da nossa conversão, de nós homens, que Ele deseja ter como filhos. Deus espera a nossa conversão. O amor todo-poderoso de Deus não conhece limites, a tal ponto que "não poupou o seu próprio Filho, mas entregou-o por todos nós" (Rm 8, 32). A omnipotência do amor não é a do poder do mundo, mas do dom total, e Jesus, Filho de Deus, revela ao mundo a verdadeira omnipotência do Pai, oferecendo a sua vida por nós, pecadores. Eis o verdadeiro, autêntico e perfeito poder divino: responder ao mal não com o mal, mas com o bem, aos insultos com o perdão, ao ódio homicida com o amor que faz viver. Então, o mal é vencido verdadeiramente, porque é purificado pelo amor de Deus; assim, a morte é derrotada definitivamente, porque transformada em dom da vida. Deus Pai ressuscita o Filho: a morte, a grande inimiga (cf. 1 Cor 15, 26), é tragada e privada do seu veneno (cf. 1 Cor 15, 54-55); quanto a nós, livres do pecado, podemos aceder à nossa realidade de filhos de Deus.
Portanto, quando afirmamos "Creio em Deus Pai Todo-Poderoso", nós expressamos a nossa fé no poder do amor de Deus, que no seu Filho morto e ressuscitado derrota o ódio, o mal e o pecado, abrindo-nos à vida eterna, à vida dos filhos que desejam permanecer para sempre na "Casa do Pai". Dizer "Creio em Deus Pai Todo-Poderoso", no seu poder, na sua maneira de ser Pai, constitui sempre um gesto de fé, de conversão, de transformação do nosso pensamento, de todo o nosso afecto e de todo o nosso estilo de vida.
Caros irmãos e irmãs, peçamos ao Senhor que ampare a nossa fé, que nos ajude a encontrar verdadeiramente a fé e que nos dê a força de anunciar Cristo crucificado e ressuscitado, e de o testemunhar no amor a Deus e ao próximo. E Deus nos conceda acolher a dádiva da nossa filiação, para vivermos em plenitude as realidades do Credo, no abandono confiante ao amor do Pai e à sua omnipotência misericordiosa, que é a omnipotência verdadeira e que salva.
No final da audiência geral, o Sumo Pontífice saudou os diversos grupos de fiéis presentes, proferindo em português as seguintes expressões.
Queridos peregrinos de língua portuguesa, sede bem-vindos! Saúdo de modo particular os brasileiros vindos do Rio de Janeiro e de Brasília. Fortalecidos com a certeza de que sois filhos de Deus, anunciai Cristo crucificado e ressuscitado a todas as pessoas com quem tenhais contato, dando testemunho d'Ele através do amor a Deus e ao próximo. E desça a minha bênção sobre vós, vossas famílias e comunidades.
(© L'Osservatore Romano - 2 de Fevereiro de 2013)
Imitação de Cristo, 3, 50, 1 - Como o homem angustiado se deve entregar nas mãos de Deus
Senhor Deus, Pai santo! Bendito sejais agora e sempre; porque como quisestes assim se fez, e bom é quanto fazeis. Alegre-se em vós o vosso servo, não em si, nem em algum outro, porque só vós sois a verdadeira alegria, vós a minha esperança e coroa; só vós, Senhor, minha delícia e glória. Que tem vosso servo, senão o que de vós recebeu, ainda sem o merecer? Vosso é tudo o que destes e fizestes. Pobre sou e vivo em trabalho desde a juventude (Sl 87,16), e minha alma se entristece algumas vezes até às lágrimas, e outras se perturba pelos sofrimentos que a ameaçam.
Sim, tu e eu, é que precisamos de purificação!
"Cor Mariae perdolentis, miserere nobis!". Invoca o Coração de Santa Maria, com o ânimo e a decisão de te unires à sua dor, em reparação dos teus pecados e dos dos homens de todos os tempos. E pede-Lhe – para cada alma – que essa sua dor aumente em nós a aversão ao pecado, e que saibamos amar, como expiação, as contrariedades físicas ou morais de cada jornada. (Sulco, 258)
Segundo a Lei de Moisés, uma vez decorrido o tempo da purificação da Mãe, é preciso ir com o Menino a Jerusalém, para O apresentar ao Senhor (Lc II, 22).
E desta vez, meu amigo, hás-de ser tu a levar a gaiola das rolas. – Estás a ver? Ela – a Imaculada! – submete-se à Lei como se estivesse imunda.
Aprenderás com este exemplo, menino tonto, a cumprir a Santa Lei de Deus, apesar de todos os sacrifícios pessoais?
Purificação! Sim, tu e eu, é que precisamos de purificação! Expiação e, além da expiação, o Amor. – Um amor que seja cautério: que abrase a imundície da nossa alma, e fogo que incendeie, com chamas divinas, a miséria do nosso coração.
Um homem justo e temente a Deus, que, movido pelo Espírito Santo, veio ao templo – tinha-lhe sido revelado que não havia de morrer, antes de ver Cristo – toma o Messias nos braços e diz-Lhe: Agora, Senhor, agora sim; podes levar deste mundo, em paz, o Teu servo, conforme a tua promessa... porque os meus olhos viram o Salvador (Lc II, 25–30). (Santo Rosário, IV mistério gozoso)
São Josemaría Escrivá
O Evangelho de Domingo dia 3 de fevereiro de 2013
Começou a dizer-lhes: «Hoje cumpriu-se este passo da Escritura que acabais de ouvir». E todos davam testemunho em Seu favor, e admiravam-se das palavras de graça que saíam da Sua boca, e diziam: «Não é este o filho de José?». Então disse-lhes: «Sem dúvida que vós Me aplicareis este provérbio: “Médico, cura-te a ti mesmo”. Todas aquelas grandes coisas que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum, fá-las também aqui na Tua terra». Depois acrescentou: «Em verdade vos digo que nenhum profeta é bem recebido na sua terra. Em verdade vos digo que muitas viúvas havia em Israel no tempo de Elias, quando foi fechado o céu durante três anos e seis meses e houve uma grande fome por toda a terra; e a nenhuma delas foi mandado Elias, senão a uma mulher viúva de Sarepta, do território de Sidónia. Muitos leprosos havia em Israel no tempo do profeta Eliseu; e nenhum deles foi curado, senão o sírio Naaman». Todos os que estavam na sinagoga, ouvindo isto, encheram-se de ira. Levantaram-se, lançaram-n'O fora da cidade, e conduziram-n'O até ao cume do monte sobre o qual estava edificada a cidade, para O precipitarem. Mas, passando no meio deles, retirou-Se.
Lc 4, 21-30
Lc 4, 21-30
Os carismas devem ser prioritários em relação aos projetos – Card. João Braz Aviz (vídeos em espanhol e inglês)
Importantes declarações de D. João Braz de Aviz que merecem a nossa melhor atenção. Obrigado!
Querido “Diário de Notícias” por Gonçalo Portocarrero de Almada
Obrigado por me fazeres sentir a alegria de ser discípulo de Cristo, na sua Igreja e nesta obra de Deus, que tem a glória humana de não ter como Jesus, nenhuma glória humana
Que sina a minha: mal nasci, saí no jornal! Não tive culpa. Só que me aconteceu o insólito facto de ser o primeiro de três gémeos portugueses, dados à luz em Haia, a capital dos Países Baixos.
Menino e moço, recordo que em casa se lia o “Diário de Notícias”, sobretudo a sua necrologia, uma parte indiscutivelmente verídica do órgão oficioso do regime que, por isso, só podia ser objectivo na medida em que a censura o permitisse.
Depois do 25 de Abril, o mesmo diário, para se redimir do seu passado colaboracionista, entregou-se com fervor ao novo poder. Foi por estas alturas o consulado do Nobel literato que, em pleno PREC, alinhou pelas “boas práticas” da ditadura do proletariado.
Em casa, claro, continuava-se a receber o jornal, cujo obituário merecia a melhor atenção dos mais velhos da família, que aí encontravam sempre pessoas das suas relações. Para as outras verdades, as do país e do mundo, era preciso ir ao “Le Monde”, à “Time”, à BBC ou à “Deutsche Welle”.
Lembrei-me de tudo isto agora, que o “Diário de Notícias” se lembrou de devassar uma pacata obra de Deus – logo por azar a instituição eclesial em que sirvo há já alguns anos – atribuindo-lhe estranhas gestas, para além de secretos mundos e muitos fundos. Fá-lo com meias verdades, repetindo velhos tópicos, mas sem nenhuma especial originalidade.
Nada de novo, portanto. Contudo, surpreendi-me: afinal, é tão fácil fabricar um escândalo! Quer-se acusar de opulência a diocese de Lisboa? Basta recordar que as igrejas da Baixa valem muitos milhões e, portanto, o patriarcado é, na realidade, multimilionário. Pretende-se denegrir as carmelitas descalças? Escandalizem-se os leitores com a sua obrigatória reclusão e as suas arrepiantes autoflagelações. Precisa-se de caricaturar as missionárias da caridade? É dizer que as desgraçadas não têm televisão, não leram, nem podem ler, O Memorial do Convento. Interessa difamar a Companhia de Jesus? Reedite-se o que dela disseram os que, em 1910, a expulsaram do país, sob a acusação dos jesuítas envenenarem as águas dos fontanários públicos…
A bem dizer, não há pessoa ou instituição, por mais santa que seja, que resista a uma “grande investigação sobre o seu lado secreto”. Nem mesmo o próprio Cristo. Bastaria dizer, por exemplo, que, com trinta anos, não tinha residência fixa e vivia apenas com homens, um dos quais, por certo, ladrão. Que se deixava tocar por prostitutas e, enquanto havia quem morresse de fome, aceitava ser perfumado com bálsamos caríssimos. Que pregou o amor, mas chicoteou os seus semelhantes. Que chamava a si as criancinhas e tinha, como seu amigo predilecto, um jovem adolescente, que se reclinou sobre o seu peito… Tudo verdades, a concluir numa sacrílega mentira, a que o incauto leitor seria induzido por um inquérito “rigoroso” e “objectivo”.
É lógico que seja assim. É lógico que o poder laico não possa tolerar uma Igreja livre. É lógico que os discípulos do Mestre crucificado sejam objecto do escárnio e da maledicência dos seguidores do príncipe deste mundo. É lógico que uma entidade indiscutivelmente fiel à Igreja e unida ao Papa e aos bispos, seja maltratada onde recentemente se negou o dogma católico da virgindade de Maria e se criticou o último livro de Bento XVI. É lógico que a viúva do Nobel, erigida – sabe-se lá porquê!? – em alta autoridade para os fenómenos eclesiais, seja fiel à memória anticristã do seu defunto marido que, segundo a própria, “detestava profundamente as religiões”. É lógico. Aliás, como o mundo, também o inferno deve estar cheio de gente com carradas de razão… Mas sem amor.
Querido “Diário de Notícias” da minha vida: obrigado por esta companhia, desde o meu nascimento e, presumivelmente, até à minha morte. Obrigado por me fazeres sentir a alegria de ser discípulo de Cristo, na sua Igreja e nesta obra de Deus, que tem a glória humana de não ter, nem querer ter, como Jesus, nenhuma glória humana.
Não te peço que deixes de ser o que sempre foste e, seguramente, continuarás a ser, por muitos e bons anos. Mas, se noticiares a minha morte na tua infalível necrologia, por favor, diz apenas que morreu alguém profundamente feliz.
Gonçalo Portocarrero de Almada - Sacerdote
(Fonte: ‘i’ online AQUI seleção de foto do blogue)
Que sina a minha: mal nasci, saí no jornal! Não tive culpa. Só que me aconteceu o insólito facto de ser o primeiro de três gémeos portugueses, dados à luz em Haia, a capital dos Países Baixos.
Menino e moço, recordo que em casa se lia o “Diário de Notícias”, sobretudo a sua necrologia, uma parte indiscutivelmente verídica do órgão oficioso do regime que, por isso, só podia ser objectivo na medida em que a censura o permitisse.
Depois do 25 de Abril, o mesmo diário, para se redimir do seu passado colaboracionista, entregou-se com fervor ao novo poder. Foi por estas alturas o consulado do Nobel literato que, em pleno PREC, alinhou pelas “boas práticas” da ditadura do proletariado.
Em casa, claro, continuava-se a receber o jornal, cujo obituário merecia a melhor atenção dos mais velhos da família, que aí encontravam sempre pessoas das suas relações. Para as outras verdades, as do país e do mundo, era preciso ir ao “Le Monde”, à “Time”, à BBC ou à “Deutsche Welle”.
Lembrei-me de tudo isto agora, que o “Diário de Notícias” se lembrou de devassar uma pacata obra de Deus – logo por azar a instituição eclesial em que sirvo há já alguns anos – atribuindo-lhe estranhas gestas, para além de secretos mundos e muitos fundos. Fá-lo com meias verdades, repetindo velhos tópicos, mas sem nenhuma especial originalidade.
Nada de novo, portanto. Contudo, surpreendi-me: afinal, é tão fácil fabricar um escândalo! Quer-se acusar de opulência a diocese de Lisboa? Basta recordar que as igrejas da Baixa valem muitos milhões e, portanto, o patriarcado é, na realidade, multimilionário. Pretende-se denegrir as carmelitas descalças? Escandalizem-se os leitores com a sua obrigatória reclusão e as suas arrepiantes autoflagelações. Precisa-se de caricaturar as missionárias da caridade? É dizer que as desgraçadas não têm televisão, não leram, nem podem ler, O Memorial do Convento. Interessa difamar a Companhia de Jesus? Reedite-se o que dela disseram os que, em 1910, a expulsaram do país, sob a acusação dos jesuítas envenenarem as águas dos fontanários públicos…
A bem dizer, não há pessoa ou instituição, por mais santa que seja, que resista a uma “grande investigação sobre o seu lado secreto”. Nem mesmo o próprio Cristo. Bastaria dizer, por exemplo, que, com trinta anos, não tinha residência fixa e vivia apenas com homens, um dos quais, por certo, ladrão. Que se deixava tocar por prostitutas e, enquanto havia quem morresse de fome, aceitava ser perfumado com bálsamos caríssimos. Que pregou o amor, mas chicoteou os seus semelhantes. Que chamava a si as criancinhas e tinha, como seu amigo predilecto, um jovem adolescente, que se reclinou sobre o seu peito… Tudo verdades, a concluir numa sacrílega mentira, a que o incauto leitor seria induzido por um inquérito “rigoroso” e “objectivo”.
É lógico que seja assim. É lógico que o poder laico não possa tolerar uma Igreja livre. É lógico que os discípulos do Mestre crucificado sejam objecto do escárnio e da maledicência dos seguidores do príncipe deste mundo. É lógico que uma entidade indiscutivelmente fiel à Igreja e unida ao Papa e aos bispos, seja maltratada onde recentemente se negou o dogma católico da virgindade de Maria e se criticou o último livro de Bento XVI. É lógico que a viúva do Nobel, erigida – sabe-se lá porquê!? – em alta autoridade para os fenómenos eclesiais, seja fiel à memória anticristã do seu defunto marido que, segundo a própria, “detestava profundamente as religiões”. É lógico. Aliás, como o mundo, também o inferno deve estar cheio de gente com carradas de razão… Mas sem amor.
Querido “Diário de Notícias” da minha vida: obrigado por esta companhia, desde o meu nascimento e, presumivelmente, até à minha morte. Obrigado por me fazeres sentir a alegria de ser discípulo de Cristo, na sua Igreja e nesta obra de Deus, que tem a glória humana de não ter, nem querer ter, como Jesus, nenhuma glória humana.
Não te peço que deixes de ser o que sempre foste e, seguramente, continuarás a ser, por muitos e bons anos. Mas, se noticiares a minha morte na tua infalível necrologia, por favor, diz apenas que morreu alguém profundamente feliz.
Gonçalo Portocarrero de Almada - Sacerdote
(Fonte: ‘i’ online AQUI seleção de foto do blogue)
S. Josemaría Escrivá nesta data em 1939
Acaba de escrever - à máquina – o livro Caminho. São duas da manhã. É quinta-feira. Celebra-se a festa da Purificação da Virgem Maria. “Lê devagar estes conselhos. Medita pausadamente nestas considerações. São coisas que te digo ao ouvido, em confidência de amigo, de irmão, de pai...”, diz no Prólogo.
(Fonte: site de S. Josemaría Escrivá http://www.pt.josemariaescriva.info/)
Arcebispo de Los Angeles dispensa Cardeal Mahony de todas as funções e pede orações pelas vítimas de abuso
O arcebispo de Los Angeles, nos EUA, D. José H. Gomez dispensou o arcebispo emérito da mesma diocese, o Cardeal Roger Mahony de seus direitos remanescentes e funções públicas após a revelação de arquivos que revelavam que o cardeal e outras autoridades da diocese encobriram casos de sacerdotes acusados de abuso sexuais décadas atrás.
"Precisamos reconhecer hoje o terrível fracasso. Precisamos orar por todos aqueles que foram feridos por membros da Igreja ", disse o arcebispo em uma declaração emitida a 31 de janeiro.
"E nós precisamos continuar a apoiar o longo e doloroso processo de cura das suas feridas e restaurar a confiança que foi quebrada."
Arcebispo Gomez observou que "com efeitos imediatos, informei o Cardeal Mahony" - que serviu a arquidiocese de 1985-2011 - "que não terá mais nenhuma função administrativa ou pública".
A declaração também anunciou que o bispo Thomas Curry de Santa Barbara a renuncia ao cargo.
"O Bispo Auxiliar Thomas Curry também se desculpou publicamente pelas suas decisões, no tempo em que serviu (a arquidiocese de L.A.) como Vigário para o Clero. Eu aceitei o seu pedido para ser exonerado de sua responsabilidade, como Bispo Regional de Santa Barbara".
"A cada vítima de abuso sexual infantil por um membro de nossa Igreja: eu quero ajudá-lo na sua cura. Estou profundamente triste por esses pecados contra vós", disse o arcebispo.
"Vamos continuar, como viemos fazendo há muitos anos, comunicando imediatamente todas as alegações credíveis de abusos às autoridades policiais para remover acusados do ministério."
No dia 21 de janeiro, o Los Angeles Times publicou uma reportagem dizendo que 25 anos atrás, no final de 1980, as autoridades da arquidiocese tentaram esconder casos de abuso sexual da polícia. A história do jornal está baseada na publicação de arquivos pessoais que datam de 1986 e 1987, que foram apresentados como prova em ações judiciais pendentes envolvendo dois ex-sacerdotes da Arquidiocese.
Muito do que a reportagem do LA Times tratou foram correspondências entre o cardeal Mahony e o então Monsenhor Curry, vigário do clero naquela época. Mons. Curry foi eleito bispo em 1994, e desde então serviu como um dos bispos auxiliares da arquidiocese de Los Angeles.
Na sua declaração desta quinta-feira, o arcebispo Gomez confirmou o acesso a arquivos de padres que abusaram sexualmente de crianças, enquanto eles serviam a arquidiocese de Los Angeles.
A maioria dos documentos já foram divulgados como parte do "Relatório para o Povo de Deus" criado pela arquidiocese em 2004. Os documentos incluem registros psiquiátricos, relatórios de investigação, cartas de queixa, e correspondência privada, muitas das quais datam de há 20 anos atrás.
"Estes arquivos são documentos a respeito de abusos que aconteceram décadas atrás. Mas isso não os torna menos graves", disse o arcebispo Gomez.
"O comportamento descrito nesses arquivos é terrivelmente triste e malvado", acrescentou, "não há desculpa, nem explicações justificando o que aconteceu com estas crianças. Os padres envolvidos tinham o dever de ser seus pais espirituais e falharam".
"A leitura desses arquivos, refletindo sobre as feridas que foram causadas, tem sido a mais triste experiência que eu tive desde que me tornei seu arcebispo em 2011", escreveu D. Gomez.
O Arcebispo também anunciou que nas próximas semanas "vou abordar todos estes assuntos em maior detalhe. Hoje é um tempo de oração e reflexão e profunda compaixão pelas vítimas de abuso sexual infantil. "
A publicação dos arquivos pessoais dos clérigos acusados de abuso, “conclui um capítulo triste e vergonhoso na história da nossa Igreja local", explicou o arcebispo Gomez.
A arquidiocese publicou os arquivos no seu site e reafirmou o compromisso de mais de uma década de esforços modernos para a proteção de crianças que estão entre os mais eficazes no país para a prevenção de abusos e formas de lidar com as acusações deste crime.
Além disso, a Arquidiocese continua a expressar sua proximidade prestando auxílio às vítimas de abuso e suas famílias através do Serviço do Ministério de Assistência às Vítimas.
Na sua página no Facebook, o arcebispo Gomez escreveu na noite desta quinta-feira: "Amigos, hoje é um momento de oração e reflexão e profunda compaixão pelas vítimas de abuso sexual infantil. Confio todos nós e as nossas crianças e famílias ao carinho e à proteção de Maria nossa Mãe Santíssima, Nossa Senhora de Guadalupe e Nossa Senhora dos Anjos".
(Fonte: ‘ACI Digital’ com adaptação de JPR)
Vídeos em espanhol e inglês
"Precisamos reconhecer hoje o terrível fracasso. Precisamos orar por todos aqueles que foram feridos por membros da Igreja ", disse o arcebispo em uma declaração emitida a 31 de janeiro.
"E nós precisamos continuar a apoiar o longo e doloroso processo de cura das suas feridas e restaurar a confiança que foi quebrada."
Arcebispo Gomez observou que "com efeitos imediatos, informei o Cardeal Mahony" - que serviu a arquidiocese de 1985-2011 - "que não terá mais nenhuma função administrativa ou pública".
A declaração também anunciou que o bispo Thomas Curry de Santa Barbara a renuncia ao cargo.
"O Bispo Auxiliar Thomas Curry também se desculpou publicamente pelas suas decisões, no tempo em que serviu (a arquidiocese de L.A.) como Vigário para o Clero. Eu aceitei o seu pedido para ser exonerado de sua responsabilidade, como Bispo Regional de Santa Barbara".
"A cada vítima de abuso sexual infantil por um membro de nossa Igreja: eu quero ajudá-lo na sua cura. Estou profundamente triste por esses pecados contra vós", disse o arcebispo.
"Vamos continuar, como viemos fazendo há muitos anos, comunicando imediatamente todas as alegações credíveis de abusos às autoridades policiais para remover acusados do ministério."
No dia 21 de janeiro, o Los Angeles Times publicou uma reportagem dizendo que 25 anos atrás, no final de 1980, as autoridades da arquidiocese tentaram esconder casos de abuso sexual da polícia. A história do jornal está baseada na publicação de arquivos pessoais que datam de 1986 e 1987, que foram apresentados como prova em ações judiciais pendentes envolvendo dois ex-sacerdotes da Arquidiocese.
Muito do que a reportagem do LA Times tratou foram correspondências entre o cardeal Mahony e o então Monsenhor Curry, vigário do clero naquela época. Mons. Curry foi eleito bispo em 1994, e desde então serviu como um dos bispos auxiliares da arquidiocese de Los Angeles.
Na sua declaração desta quinta-feira, o arcebispo Gomez confirmou o acesso a arquivos de padres que abusaram sexualmente de crianças, enquanto eles serviam a arquidiocese de Los Angeles.
A maioria dos documentos já foram divulgados como parte do "Relatório para o Povo de Deus" criado pela arquidiocese em 2004. Os documentos incluem registros psiquiátricos, relatórios de investigação, cartas de queixa, e correspondência privada, muitas das quais datam de há 20 anos atrás.
"Estes arquivos são documentos a respeito de abusos que aconteceram décadas atrás. Mas isso não os torna menos graves", disse o arcebispo Gomez.
"O comportamento descrito nesses arquivos é terrivelmente triste e malvado", acrescentou, "não há desculpa, nem explicações justificando o que aconteceu com estas crianças. Os padres envolvidos tinham o dever de ser seus pais espirituais e falharam".
"A leitura desses arquivos, refletindo sobre as feridas que foram causadas, tem sido a mais triste experiência que eu tive desde que me tornei seu arcebispo em 2011", escreveu D. Gomez.
O Arcebispo também anunciou que nas próximas semanas "vou abordar todos estes assuntos em maior detalhe. Hoje é um tempo de oração e reflexão e profunda compaixão pelas vítimas de abuso sexual infantil. "
A publicação dos arquivos pessoais dos clérigos acusados de abuso, “conclui um capítulo triste e vergonhoso na história da nossa Igreja local", explicou o arcebispo Gomez.
A arquidiocese publicou os arquivos no seu site e reafirmou o compromisso de mais de uma década de esforços modernos para a proteção de crianças que estão entre os mais eficazes no país para a prevenção de abusos e formas de lidar com as acusações deste crime.
Além disso, a Arquidiocese continua a expressar sua proximidade prestando auxílio às vítimas de abuso e suas famílias através do Serviço do Ministério de Assistência às Vítimas.
Na sua página no Facebook, o arcebispo Gomez escreveu na noite desta quinta-feira: "Amigos, hoje é um momento de oração e reflexão e profunda compaixão pelas vítimas de abuso sexual infantil. Confio todos nós e as nossas crianças e famílias ao carinho e à proteção de Maria nossa Mãe Santíssima, Nossa Senhora de Guadalupe e Nossa Senhora dos Anjos".
(Fonte: ‘ACI Digital’ com adaptação de JPR)
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Hoje o Antigo de dias faz-se menino - A festa do Senhor na tradição bizantina
Nas Igrejas orientais a festa de 2 de Fevereiro é uma das doze grandes do ano litúrgico. Já testemunhada na segunda metade do século IV, realça o encontro entre a humanidade, representada pelos anciãos Simeão e Ana, e a divindade, o próprio Cristo Senhor.
A iconografia tem poucas variantes, desde os mosaicos romanos de Santa Maria em Trastevere até aos Balcãs, com Cristo, Maria e Simeão como figuras centrais, José e Ana em segundo plano. Nalguns ícones Maria tem o menino no colo, noutros é Simeão que o carrega, recordando o Grande ingresso na Divina liturgia bizantina, quando o bispo recebe os dons do pão e do vinho, preparados para os depor sobre o altar.
Simeão, acolhendo Cristo, torna-se aquele que professa a fé da Igreja.
A profissão de fé dos quatro primeiros concílios ecuménicos é posta nos lábios de Simeão; inclusive no momento da apresentação do candidato à ordenação episcopal, que pronuncia três profissões de fé ligadas aos quatro concílios. Num texto, o próprio Simeão torna-se figura de Cristo na sua descida à mansão dos mortos: "Agora, deixa que eu vá embora, ó Soberano, para anunciar a Adão que vi o Deus existente desde antes dos séculos, sem mudança, feito menino".
O encontro entre a humanidade envelhecida, simbolizada por Simeão e Ana, e a nova humanidade em Cristo, faz-nos retomar um versículo do profeta Daniel (7, 9) em chave cristológica: "O Antigo de dias, que se tornou menino na carne, foi levado ao santuário pela Virgem Mãe. Para mim é menino o Antigo de dias; o Deus puríssimo submete-se às purificações, para confirmar que realmente é a minha carne que assumiu da Virgem. Simeão, iniciado nos mistérios, reconhece o próprio Deus, surgido na carne". Quem tem a visão do profeta constata como um ancião "antigo de dias" agora aparece "menino novo", como é cantado na liturgia do Natal.
Maria, Mãe de Deus, é apresentada nos textos litúrgicos como aquela que carrega Jesus. Um deles entrou na celebração romana: "Adorna o teu tálamo, ó Sião, e recebe o rei Cristo; abraça Maria, a porta celeste, porque ela se tornou trono de querubins, ela carrega o rei da glória; a Virgem é nuvem de luz porque traz em si, na carne, o Filho que existe já antes da estrela da manhã".
Num longo tropário de André de Creta, os braços que carregam Cristo não são de Maria mas do ancião Simeão, ambos figuras da Igreja que levam Cristo aos homens, introduzindo de modo discreto a figura de José, em segundo plano também na iconografia: "Aquele que é levado pelos querubins e celebrado pelos serafins, apresentado hoje no templo sagrado segundo a Lei, tem por trono os braços de um ancião; pela mão de José recebe dons dignos de Deus: sob forma de um casal de rolas, eis a Igreja incontaminada e o novo povo eleito das nações, juntamente com as duas pequenas pombas para significar que ele é príncipe do antigo e do novo pacto. Simeão, acolhendo o cumprimento do oráculo que tinha recebido, bendiz a Virgem Mãe de Deus Maria, simbolicamente, anunciando-lhe a paixão daquele que nasceu dela, e a ele pede para ser libertado da vida, bradando: Agora, deixa que eu vá embora, ó soberano, como me tinha anunciado, porque te vi, luz sempiterna e Senhor salvador do povo que de Cristo toma o nome".
MANUEL NIN
(© L'Osservatore Romano - 4 de Fevereiro de 2012)
A iconografia tem poucas variantes, desde os mosaicos romanos de Santa Maria em Trastevere até aos Balcãs, com Cristo, Maria e Simeão como figuras centrais, José e Ana em segundo plano. Nalguns ícones Maria tem o menino no colo, noutros é Simeão que o carrega, recordando o Grande ingresso na Divina liturgia bizantina, quando o bispo recebe os dons do pão e do vinho, preparados para os depor sobre o altar.
Simeão, acolhendo Cristo, torna-se aquele que professa a fé da Igreja.
A profissão de fé dos quatro primeiros concílios ecuménicos é posta nos lábios de Simeão; inclusive no momento da apresentação do candidato à ordenação episcopal, que pronuncia três profissões de fé ligadas aos quatro concílios. Num texto, o próprio Simeão torna-se figura de Cristo na sua descida à mansão dos mortos: "Agora, deixa que eu vá embora, ó Soberano, para anunciar a Adão que vi o Deus existente desde antes dos séculos, sem mudança, feito menino".
O encontro entre a humanidade envelhecida, simbolizada por Simeão e Ana, e a nova humanidade em Cristo, faz-nos retomar um versículo do profeta Daniel (7, 9) em chave cristológica: "O Antigo de dias, que se tornou menino na carne, foi levado ao santuário pela Virgem Mãe. Para mim é menino o Antigo de dias; o Deus puríssimo submete-se às purificações, para confirmar que realmente é a minha carne que assumiu da Virgem. Simeão, iniciado nos mistérios, reconhece o próprio Deus, surgido na carne". Quem tem a visão do profeta constata como um ancião "antigo de dias" agora aparece "menino novo", como é cantado na liturgia do Natal.
Maria, Mãe de Deus, é apresentada nos textos litúrgicos como aquela que carrega Jesus. Um deles entrou na celebração romana: "Adorna o teu tálamo, ó Sião, e recebe o rei Cristo; abraça Maria, a porta celeste, porque ela se tornou trono de querubins, ela carrega o rei da glória; a Virgem é nuvem de luz porque traz em si, na carne, o Filho que existe já antes da estrela da manhã".
Num longo tropário de André de Creta, os braços que carregam Cristo não são de Maria mas do ancião Simeão, ambos figuras da Igreja que levam Cristo aos homens, introduzindo de modo discreto a figura de José, em segundo plano também na iconografia: "Aquele que é levado pelos querubins e celebrado pelos serafins, apresentado hoje no templo sagrado segundo a Lei, tem por trono os braços de um ancião; pela mão de José recebe dons dignos de Deus: sob forma de um casal de rolas, eis a Igreja incontaminada e o novo povo eleito das nações, juntamente com as duas pequenas pombas para significar que ele é príncipe do antigo e do novo pacto. Simeão, acolhendo o cumprimento do oráculo que tinha recebido, bendiz a Virgem Mãe de Deus Maria, simbolicamente, anunciando-lhe a paixão daquele que nasceu dela, e a ele pede para ser libertado da vida, bradando: Agora, deixa que eu vá embora, ó soberano, como me tinha anunciado, porque te vi, luz sempiterna e Senhor salvador do povo que de Cristo toma o nome".
MANUEL NIN
(© L'Osservatore Romano - 4 de Fevereiro de 2012)
A fé cristã perante o desafio do relativismo
As presentes reflexões tomam como ponto de partida alguns ensinamentos de Bento XVI, embora não pretendam fazer uma exposição completa de seu pensamento [1]. Em diversas ocasiões e com diversas palavras, Bento XVI tem manifestado a sua convicção de que o relativismo tem se convertido no problema central que a fé cristã tem que enfrentar nos nossos dias [2]. Alguns meios de comunicação têm interpretado essas palavras como referidas quase exclusivamente ao campo da moral, como se respondessem à vontade de qualificar do modo mais duro possível todos os que não aceitam algum ponto concreto do ensinamento moral da Igreja Católica. Esta interpretação não corresponde ao pensamento nem aos escritos de Bento XVI. Ele alude a um problema muito mais profundo e geral, que se manifesta primariamente no âmbito filosófico e religioso, e que se refere à atitude intencional profunda que a consciência contemporânea – crente ou não crente – assume facilmente com relação à verdade.
A referência à atitude profunda da consciência perante a verdade distingue o relativismo do erro. O erro é compatível com uma adequada atitude da consciência pessoal com relação à verdade. Quem afirmasse, por exemplo, que a Igreja não foi fundada por Jesus Cristo, afirmá-lo-ia porque pensa (equivocadamente) que essa é a verdade e que a tese oposta é falsa. Quem faz uma afirmação deste tipo, pensa que é possível atingir a verdade. Aqueles que a atingem – e na medida em que a atingem – têm razão e aqueles que sustentam a afirmação contraditória se equivocam.
A filosofia relativista, porém, diz que é preciso resignar-se com o fato de que as realidades divinas e as que se referem ao sentido da vida humana, pessoal e social, são substancialmente inacessíveis, e que não existe uma via única para aproximar-se delas. Cada época, cada cultura e cada religião têm utilizado diversos conceitos, imagens, símbolos, metáforas, visões etc. para expressá-las. Essas formas culturais podem opor-se entre si, mas, com relação aos objetos aos quais se referem, teriam todas elas igual valor. Seriam diversos modos – cultural e historicamente limitados – de aludir de modo muito imperfeito a realidades que não se podem conhecer. Em definitiva, nenhum dos sistemas conceituais ou religiosos teria, sob qualquer aspecto, um valor absoluto de verdade. Todos seriam relativos ao momento histórico e ao contexto cultural; daí a sua diversidade e, inclusive, a sua oposição. Mas, dentro dessa relatividade, todos seriam igualmente válidos enquanto vias diversas e complementares para aproximar-se de uma mesma realidade, que, substancialmente, permanece oculta.
Num livro publicado antes de sua eleição como Romano Pontífice, Bento XVI se referia a uma parábola budista [3]. Um rei do norte da Índia reuniu um dia um bom número de cegos que não sabiam o que é um elefante. Fizeram com que alguns dos cegos tocassem a cabeça e lhes disseram: “isto é um elefante”. Disseram o mesmo aos outros, enquanto faziam com que tocassem a tromba, ou as orelhas, ou as patas, ou os pelos da extremidade do rabo do elefante. Depois, o rei perguntou aos cegos o que é um elefante e cada um deu explicações diversas, conforme a parte do elefante que lhe haviam permitido tocar. Os cegos começaram a discutir, e a discussão foi se tornando violenta, até terminar numa briga de socos entre os cegos, que constitui o entretenimento que o rei desejava.
Este conto é particularmente útil para ilustrar a ideia relativista da condição humana. Nós, os homens, seríamos cegos que corremos o perigo de absolutizar um conhecimento parcial e inadequado, inconscientes da nossa intrínseca limitação (motivação teórica do relativismo). Quando caímos nessa tentação, adotamos um comportamento violento e desrespeitoso, incompatível com a dignidade humana (motivação ética do relativismo). O lógico seria que aceitássemos a relatividade das nossas ideias, não só porque isso corresponde à índole do nosso pobre conhecimento, mas também em virtude do imperativo ético da tolerância, do diálogo e do respeito recíproco. A filosofia relativista se apresenta a si mesma como o pressuposto necessário da democracia, do respeito e da convivência. Mas essa filosofia não parece dar-se conta de que o relativismo torna possível a burla e o abuso por parte de quem tem o poder em suas mãos: no conto, o rei que quer se divertir a custa dos pobres cegos; na sociedade atual, aqueles que promovem os seus próprios interesses económicos, ideológicos, de poder político etc. à custa dos demais, mediante o manejo hábil e sem escrúpulos da opinião pública e dos demais recursos do poder.
O que tudo isto tem a ver com a fé cristã? Muito. Porque é essencial ao Cristianismo o apresentar-se a si mesmo como religio vera, como religião verdadeira [4]. A fé cristã se move no plano da verdade, e esse plano é o seu espaço vital mínimo. A religião cristã não é um mito, nem um conjunto de ritos úteis para a vida social e política, nem um princípio inspirador de bons sentimentos privados, nem uma agência ética de cooperação internacional. A fé cristã, antes de mais, nos comunica a verdade acerca de Deus, ainda que não exaustivamente, e a verdade acerca do homem e do sentido de sua vida [5]. A fé cristã é incompatível com a lógica do “como se”. Não se reduz a dizer-nos que temos de nos comportar “como se” Deus nos tivesse criado e, por conseguinte, “como se” todos os homens fôssemos irmãos, mas afirma, com pretensão veritativa, que Deus criou o céu e a terra e que todos somos igualmente filhos de Deus. Diz-nos, além disto, que Cristo é a revelação plena e definitiva de Deus, «resplendor de sua glória e imagem de seu ser» [6], único mediador entre Deus e os homens [7] e, portanto, não pode admitir que Cristo seja somente o rosto com o qual Deus se apresenta aos europeus [8].
Talvez convenha repetir que a convivência e o diálogo sereno com os que não têm fé ou com aqueles que sustentam outras doutrinas não se opõem ao Cristianismo; na verdade, é todo o contrário. O que é incompatível com a fé cristã é a ideia de que o Cristianismo, as demais religiões monoteístas ou não monoteístas, as místicas orientais monistas, o ateísmo etc. são igualmente verdadeiros, porque são diversos modos limitados, cultural e historicamente, de se fazer referência a uma mesma realidade, que, no fundo, nem uns nem outros conhecem. Isto é, a fé cristã se dissolve se se evade, no plano teórico, a perspectiva da verdade, segundo a qual aqueles que afirmam ou negam o mesmo não podem ter igualmente razão nem podem ser considerados como representantes de visões complementares de uma mesma realidade.
A referência à atitude profunda da consciência perante a verdade distingue o relativismo do erro. O erro é compatível com uma adequada atitude da consciência pessoal com relação à verdade. Quem afirmasse, por exemplo, que a Igreja não foi fundada por Jesus Cristo, afirmá-lo-ia porque pensa (equivocadamente) que essa é a verdade e que a tese oposta é falsa. Quem faz uma afirmação deste tipo, pensa que é possível atingir a verdade. Aqueles que a atingem – e na medida em que a atingem – têm razão e aqueles que sustentam a afirmação contraditória se equivocam.
A filosofia relativista, porém, diz que é preciso resignar-se com o fato de que as realidades divinas e as que se referem ao sentido da vida humana, pessoal e social, são substancialmente inacessíveis, e que não existe uma via única para aproximar-se delas. Cada época, cada cultura e cada religião têm utilizado diversos conceitos, imagens, símbolos, metáforas, visões etc. para expressá-las. Essas formas culturais podem opor-se entre si, mas, com relação aos objetos aos quais se referem, teriam todas elas igual valor. Seriam diversos modos – cultural e historicamente limitados – de aludir de modo muito imperfeito a realidades que não se podem conhecer. Em definitiva, nenhum dos sistemas conceituais ou religiosos teria, sob qualquer aspecto, um valor absoluto de verdade. Todos seriam relativos ao momento histórico e ao contexto cultural; daí a sua diversidade e, inclusive, a sua oposição. Mas, dentro dessa relatividade, todos seriam igualmente válidos enquanto vias diversas e complementares para aproximar-se de uma mesma realidade, que, substancialmente, permanece oculta.
Num livro publicado antes de sua eleição como Romano Pontífice, Bento XVI se referia a uma parábola budista [3]. Um rei do norte da Índia reuniu um dia um bom número de cegos que não sabiam o que é um elefante. Fizeram com que alguns dos cegos tocassem a cabeça e lhes disseram: “isto é um elefante”. Disseram o mesmo aos outros, enquanto faziam com que tocassem a tromba, ou as orelhas, ou as patas, ou os pelos da extremidade do rabo do elefante. Depois, o rei perguntou aos cegos o que é um elefante e cada um deu explicações diversas, conforme a parte do elefante que lhe haviam permitido tocar. Os cegos começaram a discutir, e a discussão foi se tornando violenta, até terminar numa briga de socos entre os cegos, que constitui o entretenimento que o rei desejava.
Este conto é particularmente útil para ilustrar a ideia relativista da condição humana. Nós, os homens, seríamos cegos que corremos o perigo de absolutizar um conhecimento parcial e inadequado, inconscientes da nossa intrínseca limitação (motivação teórica do relativismo). Quando caímos nessa tentação, adotamos um comportamento violento e desrespeitoso, incompatível com a dignidade humana (motivação ética do relativismo). O lógico seria que aceitássemos a relatividade das nossas ideias, não só porque isso corresponde à índole do nosso pobre conhecimento, mas também em virtude do imperativo ético da tolerância, do diálogo e do respeito recíproco. A filosofia relativista se apresenta a si mesma como o pressuposto necessário da democracia, do respeito e da convivência. Mas essa filosofia não parece dar-se conta de que o relativismo torna possível a burla e o abuso por parte de quem tem o poder em suas mãos: no conto, o rei que quer se divertir a custa dos pobres cegos; na sociedade atual, aqueles que promovem os seus próprios interesses económicos, ideológicos, de poder político etc. à custa dos demais, mediante o manejo hábil e sem escrúpulos da opinião pública e dos demais recursos do poder.
O que tudo isto tem a ver com a fé cristã? Muito. Porque é essencial ao Cristianismo o apresentar-se a si mesmo como religio vera, como religião verdadeira [4]. A fé cristã se move no plano da verdade, e esse plano é o seu espaço vital mínimo. A religião cristã não é um mito, nem um conjunto de ritos úteis para a vida social e política, nem um princípio inspirador de bons sentimentos privados, nem uma agência ética de cooperação internacional. A fé cristã, antes de mais, nos comunica a verdade acerca de Deus, ainda que não exaustivamente, e a verdade acerca do homem e do sentido de sua vida [5]. A fé cristã é incompatível com a lógica do “como se”. Não se reduz a dizer-nos que temos de nos comportar “como se” Deus nos tivesse criado e, por conseguinte, “como se” todos os homens fôssemos irmãos, mas afirma, com pretensão veritativa, que Deus criou o céu e a terra e que todos somos igualmente filhos de Deus. Diz-nos, além disto, que Cristo é a revelação plena e definitiva de Deus, «resplendor de sua glória e imagem de seu ser» [6], único mediador entre Deus e os homens [7] e, portanto, não pode admitir que Cristo seja somente o rosto com o qual Deus se apresenta aos europeus [8].
Talvez convenha repetir que a convivência e o diálogo sereno com os que não têm fé ou com aqueles que sustentam outras doutrinas não se opõem ao Cristianismo; na verdade, é todo o contrário. O que é incompatível com a fé cristã é a ideia de que o Cristianismo, as demais religiões monoteístas ou não monoteístas, as místicas orientais monistas, o ateísmo etc. são igualmente verdadeiros, porque são diversos modos limitados, cultural e historicamente, de se fazer referência a uma mesma realidade, que, no fundo, nem uns nem outros conhecem. Isto é, a fé cristã se dissolve se se evade, no plano teórico, a perspectiva da verdade, segundo a qual aqueles que afirmam ou negam o mesmo não podem ter igualmente razão nem podem ser considerados como representantes de visões complementares de uma mesma realidade.
Ángel Rodríguez Luño, Doutor em Filosofia e Educação, e professor de Teologia Moral da Pontificia Università della Santa Croce (Roma)
[1] Aqui teremos em conta os seguintes textos: Ratzinger, J.Fede, verità, tolleranza.
Il Cristianesimo e le religioni del mondo. Siena : Cantagalli, 2003 (trad. espanhola: Fe, verdad y tolerância. Salamanca : Ed. Sígueme, 2005); a homilia da “Missa pro eligendo Romano Pontifice”, celebrada na basílica vaticana em 18 de abril de 2005 e o importantíssimo Discurso de Bento XVI à Cúria Romana por ocasião do Natal, de 22 de dezembro de 2005.
[2] Cf., por exemplo, Ratzinger, J. Fede, verità, tolleranza. Il Cristianesimo e le religioni del mondo, cit., p. 121. Veja-se também a homilia anteriormente mencionada de 18 de abril de 2005.
[3] Cf. Ratzinger, J. Fede, verità, tolleranza…, cit. pp. 170 ss.
[4] Cf. ibid., pp. 170-192.[5] Dizemos que o conhecimento de Deus que nos dá a fé não é exaustivo porque no Céu conheceremos a Deus muitíssimo melhor. No entanto, o que nos diz a Revelação é verdadeiro, e é tudo o que Deus quis dar-nos a conhecer de Si mesmo. Não há outra fonte para conhecer mais verdades acerca de Deus. Não há outras revelações.
[6] Hb 1, 3.
[7] Cf 1 Tm 2, 5.
[8] Esta é a tese defendida em princípios do século XX por E. Troeltsch. Cf. L’assoluteza del cristianesimo e la storia delle religioni. Napoli : Morano, 1968.
(Fonte: excerto retirado do site do Opus Dei – Brasil AQUI)
Cuidados a ter na aceção e correcção do próximo
«Todo o bom cristão deve estar mais pronto a interpretar favoravelmente a opinião ou afirmação obscura do próximo do que a condená-la. Se de modo nenhum a pode aprovar, interrogue-se sobre como é que ele a compreende: se ele pensa ou compreende menos retamente, corrija-o com benevolência; e se isso não basta, tentem-se todos os meios oportunos para que, compreendendo-a bem, ele regresse do erro são e salvo»
(Exercitia spiritualia, 22 - Santo Inácio de Loyola)
(Exercitia spiritualia, 22 - Santo Inácio de Loyola)
Aceção
«Quem julga as pessoas não tem tempo para amá-las».
(Beata Madre Teresa de Calcutá)
«Um filho de Deus não pode ser classista, porque lhe interessam os problemas de todos os homens... E procura ajudar a resolvê-los com a justiça e a caridade do nosso Redentor.Já o apontou o Apóstolo quando nos escrevia que para o Senhor não há aceção de pessoas, e que não hesitei em traduzir deste modo: não há senão uma raça, a raça dos filhos de Deus!»
(S. Josemaría Escrivá - Sulco 303)
(Beata Madre Teresa de Calcutá)
«Um filho de Deus não pode ser classista, porque lhe interessam os problemas de todos os homens... E procura ajudar a resolvê-los com a justiça e a caridade do nosso Redentor.Já o apontou o Apóstolo quando nos escrevia que para o Senhor não há aceção de pessoas, e que não hesitei em traduzir deste modo: não há senão uma raça, a raça dos filhos de Deus!»
(S. Josemaría Escrivá - Sulco 303)
"A caminho da igualdade, nós as mulheres sofremos um enorme dano colateral"
Sacrificámos a nossa alma feminina, a troco de ser aceites no universo masculino
Na luta pela igualdade dos sexos em direitos e deveres, o feminismo, como assinalou Sigrid Undset, feminista dos inícios do sec. XX, "ocupou-se apenas com os ganhos e não com as perdas da libertação".
E o facto é que, neste árduo processo em direcção à igualdade, nós as mulheres sofremos um enorme dano colateral, ao deixar pelo caminho uma coisa que nos é consubstancial: a essência feminina, a feminidade.
Assumimos de forma espontânea, e sem nenhuma queixa, que os papéis masculinos eram os justos e adequados, que devíamos imitá-los para conseguir a igualdade.
E assim fizemos, escondendo os nossos sentimentos e afectividade, com medo de ser etiquetadas de débeis ou fracas, tentando ser frias e competitivas e adoptando um aspecto varonil.
Traímo-nos a nós mesmas, sacrificámos a nossa alma feminina, a troco de ser aceites no universo masculino e transformámo-nos em "marias-rapaz", imitando os comportamentos e maneiras de vestir dos homens.
Basta lembrar como, em Espanha, a grande jurista Concepción Arenal, a meados do sec. XIX, acedeu às aulas de Direito da Universidade Complutense com roupa de cavalheiro, para realizar o desejo e interesse por essa licenciatura. Ou como Clara Campoamor, em 1931, para lutar pelo direito ao sufrágio feminino, renunciou expressamente à sua condição de mulher:
"Senhores Deputados: eu, antes de ser mulher, sou cidadão".
María Calvo Charro
http://www.almudi.org/Portada.aspx
Na luta pela igualdade dos sexos em direitos e deveres, o feminismo, como assinalou Sigrid Undset, feminista dos inícios do sec. XX, "ocupou-se apenas com os ganhos e não com as perdas da libertação".
E o facto é que, neste árduo processo em direcção à igualdade, nós as mulheres sofremos um enorme dano colateral, ao deixar pelo caminho uma coisa que nos é consubstancial: a essência feminina, a feminidade.
Assumimos de forma espontânea, e sem nenhuma queixa, que os papéis masculinos eram os justos e adequados, que devíamos imitá-los para conseguir a igualdade.
E assim fizemos, escondendo os nossos sentimentos e afectividade, com medo de ser etiquetadas de débeis ou fracas, tentando ser frias e competitivas e adoptando um aspecto varonil.
Traímo-nos a nós mesmas, sacrificámos a nossa alma feminina, a troco de ser aceites no universo masculino e transformámo-nos em "marias-rapaz", imitando os comportamentos e maneiras de vestir dos homens.
Basta lembrar como, em Espanha, a grande jurista Concepción Arenal, a meados do sec. XIX, acedeu às aulas de Direito da Universidade Complutense com roupa de cavalheiro, para realizar o desejo e interesse por essa licenciatura. Ou como Clara Campoamor, em 1931, para lutar pelo direito ao sufrágio feminino, renunciou expressamente à sua condição de mulher:
"Senhores Deputados: eu, antes de ser mulher, sou cidadão".
María Calvo Charro
http://www.almudi.org/Portada.aspx
O desejo da felicidade
«Todos nós, sem dúvida, queremos viver felizes, e não há entre os homens quem não dê o seu assentimento a esta afirmação, mesmo antes de ela ser plenamente enunciada»
(De moribus Ecclesiae catholicae 1. 3,4 - Santo Agostinho)
«Como é então, Senhor, que eu Te procuro? De facto, quando Te procuro, ó meu Deus, é a vida feliz que eu procuro. Faz com que Te procure, para que a minha alma viva! Porque tal como o meu corpo vive da minha alma, assim a minha alma vive de Ti»
(Confissões, 10, 20, 29 - Santo Agostinho)
(De moribus Ecclesiae catholicae 1. 3,4 - Santo Agostinho)
«Como é então, Senhor, que eu Te procuro? De facto, quando Te procuro, ó meu Deus, é a vida feliz que eu procuro. Faz com que Te procure, para que a minha alma viva! Porque tal como o meu corpo vive da minha alma, assim a minha alma vive de Ti»
(Confissões, 10, 20, 29 - Santo Agostinho)
«Simeão tomou-O nos braços e bendisse a Deus»
Bem-aventurado Guerric d'Igny (c. 1080-1157), prior cisterciense
1º Sermão para a Purificação
«Tende na mão as vossas lâmpadas acesas» (Lc 12, 35). Mostremos assim, através deste sinal visível, a alegria que partilhamos com Simeão, que tem nas mãos a luz do mundo. [...] Sejamos ardentes pela nossa devoção e luminosos pelas nossas obras, e, com Simeão, levaremos Cristo em nossas mãos. [...] Hoje a Igreja tem o hábito tão belo de nos fazer levar velas. [...] Por conseguinte, quem é que hoje, tendo a sua vela acesa na mão, não se lembra do bem aventurado ancião? Nesse dia, ele tomou Jesus nos braços, o Verbo presente na carne, semelhante à luz na cera, testemunhando que Ele era «a Luz para se revelar às nações». É verdade que o próprio Simeão era «uma luz ardente e brilhante», que prestava homenagem à luz (Jo 5, 35; 1, 7). Foi por isso que ele veio ao Templo, conduzido pelo Espírito, do qual estava repleto, «para receber, ó Deus, a Tua misericórdia no meio do Teu Templo» (Sl 47, 10) e para proclamar que ela era a misericórdia e a luz do Teu povo.
Ó ancião cintilando de paz, não tinhas apenas a luz em tuas mãos, foste penetrado por ela. Tu estavas tão iluminado por Cristo, que vias antecipadamente como Ele iluminaria as nações [...], como resplandeceria hoje o brilho da nossa fé. Regozija-te agora, santo ancião; vê hoje o que tinhas entrevisto antecipadamente: as trevas do mundo dissiparam-se; «as nações caminham à Sua luz»; «toda a terra está repleta da Sua glória» (Is 60, 3; 6, 3)
1º Sermão para a Purificação
«Tende na mão as vossas lâmpadas acesas» (Lc 12, 35). Mostremos assim, através deste sinal visível, a alegria que partilhamos com Simeão, que tem nas mãos a luz do mundo. [...] Sejamos ardentes pela nossa devoção e luminosos pelas nossas obras, e, com Simeão, levaremos Cristo em nossas mãos. [...] Hoje a Igreja tem o hábito tão belo de nos fazer levar velas. [...] Por conseguinte, quem é que hoje, tendo a sua vela acesa na mão, não se lembra do bem aventurado ancião? Nesse dia, ele tomou Jesus nos braços, o Verbo presente na carne, semelhante à luz na cera, testemunhando que Ele era «a Luz para se revelar às nações». É verdade que o próprio Simeão era «uma luz ardente e brilhante», que prestava homenagem à luz (Jo 5, 35; 1, 7). Foi por isso que ele veio ao Templo, conduzido pelo Espírito, do qual estava repleto, «para receber, ó Deus, a Tua misericórdia no meio do Teu Templo» (Sl 47, 10) e para proclamar que ela era a misericórdia e a luz do Teu povo.
Ó ancião cintilando de paz, não tinhas apenas a luz em tuas mãos, foste penetrado por ela. Tu estavas tão iluminado por Cristo, que vias antecipadamente como Ele iluminaria as nações [...], como resplandeceria hoje o brilho da nossa fé. Regozija-te agora, santo ancião; vê hoje o que tinhas entrevisto antecipadamente: as trevas do mundo dissiparam-se; «as nações caminham à Sua luz»; «toda a terra está repleta da Sua glória» (Is 60, 3; 6, 3)
Apresentação do Senhor no Templo
Quarenta dias após o nascimento de Jesus, em obediência à lei de Moisés (Ex. 13, 11-13), Maria leva o Menino ao templo, a fim de ser oferecido ao Senhor. Toda a oferta implica uma renúncia.
Começa, nesse dia, o mistério de sofrimento, que atingirá o seu ponto culminante no Calvário, quando Jesus, que não foi «poupado» pelo Pai, oferecer o Seu Sangue como sinal da nova e definitiva Aliança. Ao oferecer Jesus, Maria oferece-Se também com Ele. Durante toda a vida de Jesus, estará sempre ao lado do Filho, dando a Sua colaboração para a obra da Redenção.
O gesto de Maria, que «oferece», traduz-se em gesto litúrgico, quando ao celebrarmos a Eucaristia, oferecemos «os frutos da terra e do trabalho do homem», símbolo da nossa vida.
Antes da Missa, está prevista no Missal a procissão das velas, acesas em honra de Cristo que vem como luz das nações, e ao encontro de quem a Igreja caminha guiada já por essa mesma luz.
(Fonte: Secretariado Nacional de Liturgia - foto de parte do vitral central da Capela de Santa Maria Novella em Florença)
Começa, nesse dia, o mistério de sofrimento, que atingirá o seu ponto culminante no Calvário, quando Jesus, que não foi «poupado» pelo Pai, oferecer o Seu Sangue como sinal da nova e definitiva Aliança. Ao oferecer Jesus, Maria oferece-Se também com Ele. Durante toda a vida de Jesus, estará sempre ao lado do Filho, dando a Sua colaboração para a obra da Redenção.
O gesto de Maria, que «oferece», traduz-se em gesto litúrgico, quando ao celebrarmos a Eucaristia, oferecemos «os frutos da terra e do trabalho do homem», símbolo da nossa vida.
Antes da Missa, está prevista no Missal a procissão das velas, acesas em honra de Cristo que vem como luz das nações, e ao encontro de quem a Igreja caminha guiada já por essa mesma luz.
(Fonte: Secretariado Nacional de Liturgia - foto de parte do vitral central da Capela de Santa Maria Novella em Florença)
«Maria e José levaram Jesus a Jerusalém para O apresentarem ao Senhor»
São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense, doutor da Igreja
3º Sermão para a Apresentação, §2
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
3º Sermão para a Apresentação, §2
Oferece o teu Filho, Virgem santa, e apresenta ao Senhor o bendito fruto de teu ventre (Lc 1,42). Oferece a todos, para nossa reconciliação, a vítima santa que agrada a Deus. Deus aceitará sem dúvida esta nova oferenda, esta vítima de grande preço, acerca de Quem disse: «Este é o Meu Filho muito amado, no qual pus todo o Meu agrado» (Mt 3,17).
Tal oferenda, irmãos, parece contudo algo suave: foi simplesmente apresentada ao Senhor, resgatada por pombas e imediatamente levada. Virá o dia em que o Filho já não será oferecido ao Templo, nem tomado nos braços de Simeão – mas sê-lo-á fora da cidade, e nos braços da cruz. Virá o dia em que Ele já não será resgatado pelo sangue de uma vítima, mas em que será Ele a resgatar os outros com o Seu próprio sangue [...]. Será o sacrifício da noite. E este é o sacrifício da manhã: um sacrifício alegre. Mas aquele será total, e não será oferecido na altura do nascimento mas na plenitude da idade. A um e a outro pode aplicar-se o que o profeta havia predito: «[...] ofereceu-Se, porque Ele próprio assim o quis» (Is 53,7 Vulg). Hoje, com efeito, não Se ofereceu porque tivesse necessidade de Se oferecer, ou porque estivesse sujeito à Lei, mas porque Ele próprio o quis. E já na cruz, igualmente, não Se oferecerá porque tenha merecido a morte, ou porque os Seus inimigos tivessem poder sobre Ele, mas porque Ele próprio o quis.
Portanto, «de bom grado eu Te oferecerei sacrifícios», Senhor (Sl 53,8), porque foi voluntariamente que Te ofereceste para a minha salvação [...]. Ofereçamos-Lhe também nós, irmãos, o que de melhor temos, ou seja, nós próprios. Ele ofereceu-Se a Si próprio; quem és tu, para hesitares ofereceres-te inteiro?
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
O Evangelho do dia 2 de fevereiro de 2013
Depois que se completaram os dias da purificação de Maria, segundo a Lei de Moisés, levaram-n'O a Jerusalém para O apresentar ao Senhor segundo o que está escrito na Lei do Senhor: “Todo o varão primogénito será consagrado ao Senhor”, e para oferecerem em sacrifício, conforme o que também está escrito na Lei do Senhor: “Um par de rolas ou dois pombinhos”. Havia então em Jerusalém um homem chamado Simeão. Este homem era justo e piedoso; esperava a consolação de Israel, e o Espírito Santo estava nele. Tinha-lhe sido revelado pelo Espírito Santo que não veria a morte sem ver primeiro o Cristo do Senhor. Foi ao templo conduzido pelo Espírito. E, levando os pais o Menino Jesus, para cumprirem as prescrições usuais da Lei a Seu respeito, ele tomou-O nos braços e louvou a Deus, dizendo: «Agora, Senhor, podes deixar o teu servo partir em paz segundo a Tua palavra; porque os meus olhos viram a Tua salvação, que preparaste em favor de todos os povos; luz para iluminar as nações, e glória de Israel, Teu povo». O Seu pai e a Sua mãe estavam admirados das coisas que d'Ele se diziam. Simeão abençoou-os e disse a Maria, Sua mãe: «Eis que este Menino está posto para ruína e ressurreição de muitos em Israel e para ser sinal de contradição. E uma espada trespassará a tua alma. Assim se descobrirão os pensamentos escondidos nos corações de muitos». Havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada. Tinha vivido sete anos com o seu marido, após o seu tempo de donzela, e tinha permanecido viúva até aos oitenta e quatro anos, e não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia com jejuns e orações. Ela também, vindo nesta mesma ocasião, louvava a Deus e falava de Jesus a todos os de Jerusalém que esperavam a redenção. Depois que cumpriram tudo, segundo o que mandava a Lei do Senhor, voltaram para a Galileia, para a sua cidade de Nazaré. O Menino crescia e fortificava-Se, cheio de sabedoria, e a graça de Deus estava com Ele.
Lc 2, 22-40
Lc 2, 22-40
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