Scott Routley, que há 12 anos esteve envolvido num acidente de automóvel, disse aos médicos que não sente dores. A atividade cerebral dos seus pensamentos foi detetada durante uma ressonância magnética funcional.
Os médicos disseram à BBC, que transmite esta noite no Reino Unido um documentário sobre o caso de Routley, que este irá reescrever os livros de medicina. Os doentes em estado vegetativo saem do coma para uma condição em que estão alguns períodos acordados, com olhos abertos, mas não têm qualquer percepção deles ou do mundo.
"Scott foi capaz de mostrar que tem uma mente consciente e que pensa. Fizemos várias ressonâncias e a sua atividade cerebral mostra que ele está claramente a escolher responder às nossas perguntas. Acreditamos que ele sabe quem é e onde está", disse o professor Adrian Owen, responsável pela equipa do Instituto do Cérebro e da Mente, na Universidade de Ontário Ocidental.
"Perguntar aos doentes algo importante para eles tem sido o nosso objetivo ao longo de vários anos. No futuro, gostaríamos de perguntar o que podemos fazer para melhorar a sua qualidade de vida. Pode ser algo simples como o entretenimento que providenciamos ou quantas vezes por dia são alimentados e limpos", acrescentou, citado pela BBC.
A ressonância magnética funcional permite medir a atividade cerebral em tempo real. No caso deste teste, foi pedido aos voluntários que imaginassem que estavam a jogar ténis ou a andar pela casa, já que isso implica padrões distintos de atividade cerebral, facilmente medidos pela ressonância. Isso permitiu aos investigadores fazer uma série de perguntas - de resposta 'sim' ou 'não' - aos doentes em estado vegetativo. Uma minoria foi capaz de responder. A investigação do professor Owen, publicada em 2010, mostrou que quase um em cada cinco destes doentes consegue comunicar desta forma.
O programa Panorama, da BBC, seguiu vários doentes em estado vegetativo, tanto no Canadá como no Reino Unido. Outro paciente canadiano, Steven Graham, conseguiu provar que foi capaz de criar novas memórias depois do seu acidente, há cinco anos. Respondeu sim quando lhe perguntaram se a irmã tinha uma filha.