Maria, Mestra de oração
Cristo que passa, 174 O Senhor ter-vos-á feito descobrir muitos outros aspectos da correspondência fiel da Santíssima Virgem, que por si mesmos já são um convite para que os tome- mos como modelo: a sua pureza, a sua humildade, a sua fortaleza, a sua generosidade, a sua fidelidade... Eu gostaria de falar sobre um aspecto que engloba to- dos os outros, porque é o clima do progresso espiritual, isto é, a vida de oração. Para aproveitar a graça que nos concede a Nossa Mãe no dia de hoje e para secundar também, em qualquer momento, as inspirações do Espírito Santo, pastor das nossas almas, devemos estar seriamente comprometidos numa actividade que nos leve a ter intimidade com Deus. Não podemos esconder-nos no anonimato, porque a vida interior, se não for um encontro pessoal com Deus, não existe. A superficialidade não é cristã. Admitir a rotina, na nossa luta ascética, equivale a assinar a certidão de óbito da alma contemplativa. Deus procura- nos um a um, e precisamos de Lhe responder um a um: eis-me aqui, pois Tu me chamaste. Oração, sabêmo-lo todos, é falar com Deus. É possível, porém, que alguém pergunte: falar, de quê? Do que há-de ser, senão das coisas de Deus e das que enchem o nosso dia? Do nascimento de Jesus, do seu caminhar por este mundo, da sua vida oculta e da sua pregação, dos seus milagres, da sua Paixão Redentora, da sua Cruz e da sua Ressurreição... E na presença de Deus, Uno e Trino, tendo por Medianeira Santa Maria e por advogado S. José, Nosso Pai e Senhor – a quem tanto amo e venero – falaremos também do nosso trabalho de todos os dias, da família, das relações de amizade, dos grandes projectos e das pequenas coisas sem importância.
Cristo que passa, 174 Recordai na oração estes temas, aproveitai-os precisamente para dizer a Jesus que o adorais, e assim, estareis a ser contemplativos no meio do mundo, no meio do ruído da rua, em toda a parte. Essa é a primeira lição, na escola da intimidade com Jesus Cristo. Dessa escola, Maria é a melhor professora, porque a Virgem manteve sempre essa atitude de fé, de visão sobrenatural, perante tudo o que sucedia à sua volta: conservava todas estas coisas ponderando-as no seu coração.
Amigos de Deus, 241 A nossa Mãe meditou longamente as palavras das mulheres e dos homens santos do Antigo Testamento, que esperavam o Salvador, e os acontecimentos de que foram protagonistas. Admirou o cúmulo de prodígios e o excesso da misericórdia de Deus com o seu povo, tantas vezes ingrato. Ao considerar esta ternura do Céu, incessantemente renovada, brota o afecto do seu Coração imaculado: a minha alma glorifica o Senhor; e o meu espírito exulta em Deus, meu Salvador. Porque lançou os olhos para a baixeza da sua escrava. Os filhos desta boa Mãe, os primeiros cristãos, aprenderam com Ela, e nós também podemos e devemos aprender.
Oração
Supliquemos hoje a Santa Maria que nos torne contemplativos, que nos ajude a compreender os contínuos apelos que o Senhor nos dirige, batendo à porta do nosso coração. Peçamos-lhe: Mãe, tu trouxeste ao mundo Jesus, que nos revela o amor do nosso Pai, Deus; ajuda-nos a reconhecê-lo, no meio das preocupações de cada dia; remove a nossa inteligência e a nossa vontade, para que saibamos escutar a voz de Deus, o impulso da graça.
Cristo que passa, 174