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domingo, 19 de janeiro de 2014
O cordeiro não é um dominador, mas é dócil
Seguir Jesus torna-nos mais livres e alegres." Assim se expressou o Papa ao meio-dia deste domingo no Angelus, na Praça São Pedro, lotada de fiéis e peregrinos oriundos de várias comunidades étnicas, neste Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, cuja jornada tem como tema "Migrantes e refugiados: por um mundo melhor".
O Santo Padre dedicou uma oração especial àqueles que vivem situações de dificuldades, recordando que o amor é o único modo para vencer o mal e o pecado.
"Eis o cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo": assim João Batista reconhece "Jesus que aparece na multidão às margens do rio Jordão. O encontro narrado no Evangelho dominical nos faz entender – observou o Papa – que "Jesus veio ao mundo com uma missão precisa: libertá-lo da escravidão do pecado, assumindo sobre Si as culpas da humanidade.
"De que modo? Amando. Não há outro modo para vencer o mal e o pecado a não ser com o amor que impele à doação da própria vida em favor dos outros."
De facto, Jesus "assumiu sobre Si os nossos sofrimentos, as nossas dores, a ponto de morrer na cruz."
"Ele é o verdadeiro cordeiro pascal, que se imerge no rio do nosso pecado, para purificar-nos."
"Um homem que se coloca na fila dos pecadores para fazer-se batizar, embora não precisasse. Um homem que Deus mandou ao mundo como cordeiro imolado."
"Esta imagem do cordeiro poderia surpreender; de facto, um animal que não se caracteriza, certamente, pela força e robustez assume sobre si um peso tão oprimente."
"A massa enorme do mal" "tolhida e carregada por uma criatura fraca e frágil", "que chega ao limite do sacrifício de si".
"O cordeiro não é um dominador, mas é dócil; não é agressivo, mas pacífico; não mostra as presas ou os dentes diante de qualquer ataque, mas suporta e é remissivo. Jesus é assim! Jesus é assim, como um cordeiro."
Portanto, o que significa, "hoje, ser discípulo de Jesus, Cordeiro de Deus?"
"Significa colocar a inocência no lugar da malícia, o amor no lugar da força, a humildade no lugar da soberba, o serviço no lugar do prestígio."
Significa "não viver como uma 'cidadela cercada' – explicou Francisco –, mas como uma cidade situada no monte, aberta, acolhedora, solidária."
"Significa não assumir atitudes de fechamento, mas propor o Evangelho a todos, testemunhando com a nossa vida que seguir Jesus nos torna mais livres e mais alegres."
(...)
O Santo Padre concedeu a todos a sua Bênção Apostólica. (RL)
(Fonte: 'news.va' com edição e adaptação)
Vídeo da ocasião em italiano
Papa condena os “mercadores de carne humana”
Contra os “mercadores de carne humana” que querem “escravizar os imigrantes”. O Papa Francisco não deixou passar em claro a Jornada Mundial do Migrante e do Refugiado, recordando de forma especial todos os que trabalham com quem se encontra nesta situação.
“Agradeço aos que trabalham com os imigrantes, que os acolhem e acompanham nos momentos de dificuldade, para os defender daqueles que o beato João Baptista Scalabrini apelidava os mercadores de carne humana, que querem escravizar os imigrantes”, afirmou Francisco, antes de pedir aos presentes para rezar uma Avé Maria por esta intenção.
As palavras do Papa surgiram no final da oração do Angelus, esta manhã, em Roma.
Durante a reflexão habitual o Papa falou das implicações inerentes ao facto de se seguir Jesus: “O que significa para a Igreja, para nós, hoje, sermos discípulos de Jesus, o Cordeiro de Deus? Significa colocar a malícia à frente da inocência, o amor à frente da força, a humildade à frente da soberba, o serviço à frente do prestígio. É um bom trabalho, nós cristãos devemos fazer isto”, disse.
Rádio Renascença
"Evangelii Gaudium" (54)
O todo é superior à parte
234. Entre a globalização e a localização também se gera uma tensão. É preciso prestar atenção à dimensão global para não cair numa mesquinha quotidianidade. Ao mesmo tempo convém não perder de vista o que é local, que nos faz caminhar com os pés por terra. As duas coisas unidas impedem de cair em algum destes dois extremos: o primeiro, que os cidadãos vivam num universalismo abstracto e globalizante, miméticos passageiros do carro de apoio, admirando os fogos de artifício do mundo, que é de outros, com a boca aberta e aplausos programados; o outro extremo é que se transformem num museu folclórico de eremitas localistas, condenados a repetir sempre as mesmas coisas, incapazes de se deixar interpelar pelo que é diverso e de apreciar a beleza que Deus espalha fora das suas fronteiras.
235. O todo é mais do que a parte, sendo também mais do que a simples soma delas. Portanto, não se deve viver demasiado obcecados por questões limitadas e particulares. É preciso alargar sempre o olhar para reconhecer um bem maior que trará benefícios a todos nós. Mas há que o fazer sem se evadir nem se desenraizar. É necessário mergulhar as raízes na terra fértil e na história do próprio lugar, que é um dom de Deus. Trabalha-se no pequeno, no que está próximo, mas com uma perspectiva mais ampla. Da mesma forma, uma pessoa que conserva a sua peculiaridade pessoal e não esconde a sua identidade, quando se integra cordialmente numa comunidade não se aniquila, mas recebe sempre novos estímulos para o seu próprio desenvolvimento. Não é a esfera global que aniquila, nem a parte isolada que esteriliza.
236. Aqui o modelo não é a esfera, pois não é superior às partes e, nela, cada ponto é equidistante do centro, não havendo diferenças entre um ponto e o outro. O modelo é o poliedro, que reflecte a confluência de todas as partes que nele mantêm a sua originalidade. Tanto a acção pastoral como a acção política procuram reunir nesse poliedro o melhor de cada um. Ali entram os pobres com a sua cultura, os seus projectos e as suas próprias potencialidades. Até mesmo as pessoas que possam ser criticadas pelos seus erros, têm algo a oferecer que não se deve perder. É a união dos povos, que, na ordem universal, conservam a sua própria peculiaridade; é a totalidade das pessoas numa sociedade que procura um bem comum que verdadeiramente incorpore a todos.
237. A nós, cristãos, este princípio fala-nos também da totalidade ou integridade do Evangelho que a Igreja nos transmite e envia a pregar. A sua riqueza plena incorpora académicos e operários, empresários e artistas, incorpora todos. A «mística popular» acolhe, a seu modo, o Evangelho inteiro e encarna-o em expressões de oração, de fraternidade, de justiça, de luta e de festa. A Boa Nova é a alegria dum Pai que não quer que se perca nenhum dos seus pequeninos. Assim nasce a alegria no Bom Pastor que encontra a ovelha perdida e a reintegra no seu rebanho. O Evangelho é fermento que leveda toda a massa e cidade que brilha no cimo do monte, iluminando todos os povos. O Evangelho possui um critério de totalidade que lhe é intrínseco: não cessa de ser Boa Nova enquanto não for anunciado a todos, enquanto não fecundar e curar todas as dimensões do homem, enquanto não unir todos os homens à volta da mesa do Reino. O todo é superior à parte.
«Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo»
«Cantai, ó céus, a obra do Senhor! Exultai de alegria, ó profundezas da terra! Saltai de júbilo, vós, montanhas, e tu, bosque, com todas as tuas árvores, porque o Senhor resgatou Jacob, manifestou a Sua glória em Israel» (Is 44, 23). Pode-se facilmente concluir desta passagem de Isaías que a remissão dos pecados, a conversão e redenção dos homens, anunciada pelos profetas, se cumpre em Cristo nos últimos dias. Com efeito, quando Deus, o Senhor, nos apareceu, quando Se fez homem, vivendo com os habitantes da terra, Ele, o verdadeiro Cordeiro que tira o pecado do mundo, Ele, a vítima totalmente pura, que grande motivo de júbilo para as forças do alto e os espíritos celestiais, para todas as ordens dos santos anjos! Eles cantavam, eles cantavam o Seu nascimento segundo a carne: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens do Seu agrado» (Lc 2, 14).
Se é verdade, conforme a palavra do Senhor – e é absolutamente verdade –, que «haverá mais alegria no Céu por um só pecador que se converte» (Lc 15, 7), como duvidar de que haja alegria e júbilo nos espíritos do alto, quando Cristo traz à terra inteira o conhecimento da verdade, chama à conversão, justifica pela fé, torna brilhante de luz pela santificação? «Os céus rejubilam porque Deus teve misericórdia», não apenas para com Israel segundo a carne, mas para com Israel compreendido segundo o espírito. «Os fundamentos da terra», ou seja, os ministros sagrados da pregação do Evangelho, «tocaram a trombeta». A sua voz retumbante chegou a toda a parte; como as trombetas sagradas, ela ressoou em todas as partes. Eles anunciaram a glória do Salvador por todos os lugares, chamaram ao conhecimento de Cristo tanto os judeus como os pagãos.
São Cirilo de Alexandria (380-444), bispo e Doutor da Igreja
Sobre Isaías, IV, 2
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