“A vida do homem não é um bem disponível, mas sim um precioso tesouro a defender e cuidar com a maior atenção possível”: sublinhou Bento XVI, esta tarde no final da celebração eucarística da Basílica de São Pedro, com os doentes ali reunidos nesta Jornada Mundial. O Papa começou por referir como é “sempre emocionante reviver nesta circunstância… aquele típico clima de oração e de espiritualidade mariana que caracteriza o Santuário de Lourdes”.
“Esta Jornada convida-nos a fazer sentir aos doentes, com mais intensidade, a proximidade espiritual da Igreja” – observou. “Este dia oferece-nos também a oportunidade de reflectir sobre a experiência da doença, da dor e, mais em geral, sobre o sentido da vida, a realizar plenamente mesmo quando se sofre”.
Evocando o tema deste ano da Jornada do Doente, Bento XVI lembrou as crianças, “as mais indefesas e débeis das criaturas”.
“É verdade! Se já ficamos sem palavras perante um adulto que sofre, que dizer quando o mal atinge um pequenino inocente? Como advertir mesmo nessas situações tão difíceis o amor misericordioso de Deus, que nunca abandona os seus filhos na provação?”
O Papa reconheceu que, no plano humano, estas interrogações “inquietadoras” não encontram respostas apropriadas, pois “o sofrimento, a doença e a morte permanecem, no seu significado, insondáveis para a nossa mente”. É aqui que “vem em nossa ajuda a luz da fé”.
“A Palavra de Deus revela-nos que também estes males são misteriosamente abraçados pelo desígnio divino da salvação; a fé ajuda-nos a considerar a vida bela e digna de ser vivida em plenitude, mesmo quando é atingida pelo mal”.
Deus não nos abandona a nós próprios, a braços com a doença e a morte – consequências da entrada do mal no mundo:
“Deus, o Pai da vida, é o médico por excelência do homem, e não cessa de debruçar-se amorosamente sobre a humanidade sofredora. O Evangelho mostra Jesus que expulsa os espíritos e cura os que estão doentes, indicando o caminho da conversão e da fé como condições para obter a cura do corpo e do espírito.”
Com sua paixão e morte, Jesus assumiu e transformou profundamente a nossa debilidade. Como escreveu João Paulo II, “sofrer significa tornar-nos particularmente… abertos à acção das forças salvíficas de Deus, oferecidas à humanidade”.
“Damos cada vez mais conta de que a vida do homem não é um bem disponível, mas um precioso tesouro a defender e a cuidar com toda a atenção possível, do momento do seu início até ao seu último e natural completamento.
A vida é um mistério que de si mesmo requer responsabilidade, amor, paciência, caridade, da parte de todos e de cada um. Mais ainda, é preciso rodear de desvelo e respeito quem se encontra doente e no sofrimento”.
O que nem sempre é fácil – admitiu o Papa, mas nós sabemos onde ir buscar coragem e paciência para enfrentar as vicissitudes da existência, em particular as doenças e todo o tipo de sofrimento.
“Para nós, cristãos, é em Cristo que se encontra a resposta ao enigma do sofrimento e da morte. A participação na Santa Missa… imerge-nos no mistério da sua morte e ressurreição… É na escola do Cristo eucarístico que nos é dado aprender e amar sempre a vida e aceitar a nossa aparente impotência perante a doença e a morte”.
E Bento XVI concluiu com uma referência à escolha, da parte de João Paulo II, desta data de 11 de Fevereiro, memória de Nossa Senhora de Lourdes, para a celebração da Jornada Mundial do Doente. Em Lourdes – recordou o Papa – Maria “veio recordar-nos que nesta terra estamos só de passagem e que a verdadeira e definitiva morada do homem é o Céu”.
“Que a luz que vem do Alto nos ajude a compreender e a dar valor e sentido também à experiência de sofrer e de morrer. Peçamos a Nossa Senhora que lance o seu olhar materno sobre cada doente e sua família, para os ajudar a levar com Cristo o peso da cruz. A Maria, Mãe da humanidade, confiemos os pobres, os que sofrem, os doentes do mundo inteiro, com um pensamento especial às crianças que sofrem”.
(Fonte: site Radio Vaticana)