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quinta-feira, 21 de julho de 2011
Vivaldi: Nisi Dominus, RV 608 - IV. Cum dederit - Scholl
Cum dederit dilectis suis
somnum;
Ecce haereditas Domini, filii:
Merces, fructus ventris
“Meter Cristo entre os pobres”
Pelo "caminho do justo descontentamento" têm ido e estão a ir-se embora as massas. Dói... Quantos ressentidos temos fabricado entre os que estão espiritual ou materialmente necessitados! É preciso voltar a meter Cristo entre os pobres e entre os humildes: precisamente entre esses é que Ele se sente melhor. (Sulco, 228)
"Os pobres – dizia aquele amigo nosso – são o meu melhor livro espiritual e o motivo principal das minhas orações. Dói-me a sua dor, e dói-me o sofrimento de Cristo neles. E, porque me dói, compreendo que O amo e que os amo". (Sulco, 827)
Jesus Nosso Senhor amou tanto os homens, que encarnou, tomou a nossa natureza e viveu em contacto diário com pobres e ricos, com justos e pecadores, com novos e velhos, com gentios e judeus.
Dialogou constantemente com todos: com os que gostavam dele e com os que só procuravam a maneira de retorcer as suas palavras, para o condenar.
– Procura comportar-te como Nosso Senhor. (Forja, 558)
– Não ficas contente por sentir tão de perto a pobreza de Jesus?... Que bonito carecer até do necessário! Mas como Ele: oculta e silenciosamente. (Forja, 732)
Supostas aparições da Virgem e mensagens apocalípticas são falsas, adverte Diocese de Leiria-Fátima em comunicado
Recomendações do Vigário Geral para que os grupos de oração sejam saudáveis de relação com Deus e de sã devoção à Virgem Maria e as pessoas os possam frequentar com confiança
Na diocese de Leiria-Fátima, além das associações de fiéis, dos movimentos de espiritualidade e apostolado e dos grupos paroquiais, têm surgido recentemente, em vários lugares, grupos de oração inspirados em diversas correntes de espiritualidade e de piedade, por vezes mariana e fatimita. Resultam da iniciativa de fiéis leigos, reúnem-se normalmente em casas particulares, sem se confundirem com os da leitura orante da palavra de Deus impulsionados pelo bispo diocesano. Tais grupos proporcionam a prática da oração e o desenvolvimento da vida espiritual, o que é motivo de louvor a Deus e de alegria para a Igreja.
Entretanto, chegaram ao bispo diocesano notícias de que, em alguns desses grupos, havia pessoas perturbadas por causa de mensagens amedrontadoras ou conselhos pouco sensatos para os comportamentos pessoais. Em alguns deles circulam mensagens de videntes e de pretensas aparições da Virgem Maria, cujas mensagens, por vezes de teor apocalíptico a prever o fim do mundo, não merecem a adesão de cristãos com bom senso e recta formação na fé, pois contribuem mais para gerar medo e angústia nos corações de que para uma sadia prática da devoção religiosa e crescimento da vida espiritual.
Em ordem a que tais grupos de oração sejam realmente espaços saudáveis de relação com Deus e de sã devoção à Virgem Maria e para esclarecimento das pessoas de boa fé, de modo a não se deixarem enganar, faço as seguintes recomendações:
1. É louvável que os fiéis leigos tomem iniciativas para constituir grupos de oração. Muito se recomenda, todavia, que dêem conhecimento deles aos respectivos párocos para que possam, assim, receber o seu acompanhamento espiritual e a sua ajuda fraterna de pastores. Os animadores procurem adquirir uma formação adequada a fim de se tornarem mais competentes para ajudarem os irmãos e fazerem oração com maior proveito. Na adesão a tais grupos, os fiéis católicos procurem informar-se sobre os mesmos e se têm a aprovação por parte dos pastores da Igreja, nomeadamente do pároco local. Os pastores, por seu lado, procurem avaliar as iniciativas dos leigos, reconheçam o que é bom, acolham-no e dêem aos fiéis esclarecimentos e apoios oportunos.
2. Na prática da oração, tenham-se em conta os ensinamentos de Jesus que adverte para não se usarem de vãs repetições e não se pensar que, por muito falar, se é atendido (cf Mt 6, 5-15). O modelo da oração do cristão é o “Pai nosso”, quer no conteúdo quer na atitude, como ensina o Catecismo da Igreja Católica. É verdade que há vários modos de fazer oração, mas nem todas têm o mesmo valor. Prefira-se as que se baseiam na palavra de Deus e as que são aprovadas pela Igreja, em vez das que resultam de visões ou aparições privadas não confirmadas pelos pastores da Igreja.
3. Perante mensagens que anunciam o fim do mundo e castigos para breve, os fiéis católicos não se deixem amedrontar. Jesus exortou os seus discípulos a não terem medo. E, sobre o fim do mundo, disse-lhes que tivessem cuidado para que ninguém os desencaminhasse nem enganasse, porque viriam muitos em seu nome que haveriam de enganar muita gente, “mas aquele que se mantivesse firme até ao fim seria salvo”. E acrescenta: “Quanto àquele dia e àquela hora, ninguém o sabe: nem os anjos do Céu, nem o Filho, só o Pai” (ver Mt 24, 3-36). Portanto quem pretende ter recebido uma visão a indicar o fim do mundo para breve ou indicando uma data está a inventar isso por sua cabeça e a mentir.
4. Também S. Paulo recomendou aos cristãos de Tessalónica que examinassem as profecias e retivessem somente o que fosse bom (1 Tes 5,20-22). É que já no seu tempo, particularmente na comunidade de Tessalónica, havia quem difundisse mensagens amedrontadoras, usando por vezes abusivamente o nome de um apóstolo. Paulo aconselha: “Não vos aterrorizeis com uma revelação profética, uma palavra ou uma carta atribuída a nós, como se o dia do Senhor estivesse eminente” (2 Tes. 2,2). Hoje, há quem use o nome de Nossa Senhora ou o seu Imaculado Coração para divulgar esse tipo de mensagens. É preciso não se deixar enganar. O critério para avaliar se uma mensagem, venha ela de onde vier, pode ser tida por verdadeira é a sua conformidade com o Evangelho de Jesus Cristo e a doutrina cristã.
5. Tenham os fiéis algum cuidado quando se lhe pede dinheiro nos grupos de oração. Não dêem quando as finalidades não são claramente indicadas ou não há uma certeza fundada de que o mesmo será bem utilizado. Há quem se aproveite da generosidade dos outros.
6. Para evitar deixar-se enganar, recomenda-se aos fiéis católicos que cuidem da sua própria formação na fé, quer pela leitura e estudo pessoal quer frequentando as iniciativas paroquiais ou mesmo a Escola diocesana “Razões da Esperança” e o Centro de Formação e Cultura; e quaisquer acções de formação proporcionadas na Igreja.
Leiria, 19 de Julho de 2011
O Vigário Geral
Padre Jorge Manuel Faria Guarda
(Fonte: site da Diocese Leiria-Fátima AQUI)
Os novos bispos dos EUA e a remodelação da Igreja mundial
IHU – Depois de Scola em Milão, Chaput (foto) assume a Filadélfia. Passo a passo, as nomeações de Bento XVI remodelam a liderança dos principais países do catolicismo mundial.
A reportagem é de Sandro Magister, publicada no seu sítio, Chiesa, 19-07-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A nomeação, tornada pública hoje, de Charles J. Chaput como novo arcebispo da Filadélfia é mais um passo à frente no caminho percorrido por Bento XVI para remodelar à sua medida a liderança da Igreja Católica nos Estados Unidos, assim como em outros países.
Chaput, 67 anos, nascido em uma família de agricultores do Kansas, pertencente à tribo indígena dos Prairie Band Potawatomi, franciscano da ordem dos capuchinhos, era desde 1997 o bispo de Denver, Colorado. E antes havia sido bispo de Rapid City, em Dakota do Sul. Sua chegada à cúpula de uma das dioceses mais antigas e tituladas da costa atlântica dos Estados Unidos é uma novidade até ponto de vista geográfico.
O fato de Chaput ser candidato a uma sede episcopal importante estava no ar há muito tempo. Mas, ainda no final de junho do ano passado, o seu destino previsto era outro, para Chicago, como coadjutor com direito de sucessão do arcebispo no cargo, o cardeal Francis E. George, penúltimo presidente da Conferência Episcopal dos Estados Unidos.
Até o dia 30 de junho, na Congregação DA Santa Sé para os Bispos o candidato número um para a Filadélfia – no lugar do cardeal Justin F. Rigali, perto da aposentadoria por ter superado o limite de idade – era o atual bispo de Louisville, Joseph E. Kurtz.
Chaput, no entanto, era o segundo da lista. E depois dele vinham o bispo de Bridgeport, William E. Lori, e o de Atlanta, Wilton D. Gregory.
Com exceção do último, que também foi presidente da Conferência Episcopal e era classificado entre os progressistas mais fervorosos, os outros dois eram, assim como Chaput, “ortodoxos afirmativos”, muito decididos em afirmar a presença da Igreja Católica na sociedade, sem compromissos nem diluições.
Mas, por último, a Congregação para os Bispos optou por Chaput em vez de Kurtz, preferindo promover logo o primeiro à Filadélfia, em vez de esperar que o cardeal George deixasse Chicago livre para ele em alguns anos.
No sábado, 2 de julho, em audiência com Bento XVI, o prefeito da Congregação, o cardeal Marc Ouellet, propôs, assim, a nomeação de Chaput, que o papa aprovou com prazer.
Com Chaput na Filadélfia, sede tradicionalmente honrada até pelo chapéu cardinalício, a cúpula do episcopado dos Estados Unidos é, assim, cada vez mais solidamente ocupada por pessoas muito sintonizadas com o Papa Joseph Ratzinger e por ele conhecidas e estimadas.
Basta citar, dentre estes, o arcebispo de Nova York, Timothy Dolan, e o de Los Angeles, José H. Gómez, este último ligado por uma forte amizade com Chaput.
Desde o outono passado, Dolan é também presidente da Conferência Episcopal. E, para a sua eleição, na votação final, foram determinantes os votos recebidos previamente pelo próprio Chaput.
Depois do anúncio público da nomeação no dia 19 de julho, o novo arcebispo da Filadélfia concedeu a sua primeira entrevista ao sítio Chiesa, que no passado já havia dado eco aos seus discursos.
Em certo ponto, Chaput faz referência às últimas linhas de um romance de Thornton Wilder, A Ponte de San Luis Rey, vencedor do Prêmio Pulitzer em 1928.
São as palavras que a abadessa de um convento de Lima, no Peru, pronuncia puxando os fios de toda a história (o da queda há três séculos de uma ponte suspensa, com a morte de algumas pessoas, e o da posterior investigação de um frei franciscano em busca de uma resposta sobre o porquê se morre):
“Há uma terra dos vivos e uma terra dos mortos, e a ponte é o amor, o único que sobrevive, o único significado”.
Relativismo, verdade e fé
1. A fé cristã perante o desafio do relativismo; 2. O relativismo religioso; 3. O relativismo ético-social; 4. Os problemas antropológicos do relativismo.
Nota: será feita uma quebra de página no final do primeiro ponto, mas não deixe de ler bastando para tal clicar em 'Para ler o texto completo clique aqui s.f.f.'
1. A fé cristã perante o desafio do relativismo
Nota: será feita uma quebra de página no final do primeiro ponto, mas não deixe de ler bastando para tal clicar em 'Para ler o texto completo clique aqui s.f.f.'
1. A fé cristã perante o desafio do relativismo
As presentes reflexões tomam como ponto de partida alguns ensinamentos de Bento XVI, embora não pretendam fazer uma exposição completa de seu pensamento [1]. Em diversas ocasiões e com diversas palavras, Bento XVI tem manifestado a sua convicção de que o relativismo tem se convertido no problema central que a fé cristã tem que enfrentar nos nossos dias [2]. Alguns meios de comunicação têm interpretado essas palavras como referidas quase exclusivamente ao campo da moral, como se respondessem à vontade de qualificar do modo mais duro possível todos os que não aceitam algum ponto concreto do ensinamento moral da Igreja Católica. Esta interpretação não corresponde ao pensamento nem aos escritos de Bento XVI. Ele alude a um problema muito mais profundo e geral, que se manifesta primariamente no âmbito filosófico e religioso, e que se refere à atitude intencional profunda que a consciência contemporânea – crente ou não crente – assume facilmente com relação à verdade.
A referência à atitude profunda da consciência perante a verdade distingue o relativismo do erro. O erro é compatível com uma adequada atitude da consciência pessoal com relação à verdade. Quem afirmasse, por exemplo, que a Igreja não foi fundada por Jesus Cristo, afirmá-lo-ia porque pensa (equivocadamente) que essa é a verdade e que a tese oposta é falsa. Quem faz uma afirmação deste tipo, pensa que é possível atingir a verdade. Aqueles que a atingem – e na medida em que a atingem – têm razão e aqueles que sustentam a afirmação contraditória se equivocam.
A filosofia relativista, porém, diz que é preciso resignar-se com o fato de que as realidades divinas e as que se referem ao sentido da vida humana, pessoal e social, são substancialmente inacessíveis, e que não existe uma via única para aproximar-se delas. Cada época, cada cultura e cada religião têm utilizado diversos conceitos, imagens, símbolos, metáforas, visões etc. para expressá-las. Essas formas culturais podem opor-se entre si, mas, com relação aos objetos aos quais se referem, teriam todas elas igual valor. Seriam diversos modos – cultural e historicamente limitados – de aludir de modo muito imperfeito a realidades que não se podem conhecer. Em definitiva, nenhum dos sistemas conceituais ou religiosos teria, sob qualquer aspecto, um valor absoluto de verdade. Todos seriam relativos ao momento histórico e ao contexto cultural; daí a sua diversidade e, inclusive, a sua oposição. Mas, dentro dessa relatividade, todos seriam igualmente válidos enquanto vias diversas e complementares para aproximar-se de uma mesma realidade, que, substancialmente, permanece oculta.
Num livro publicado antes de sua eleição como Romano Pontífice, Bento XVI se referia a uma parábola budista [3]. Um rei do norte da Índia reuniu um dia um bom número de cegos que não sabiam o que é um elefante. Fizeram com que alguns dos cegos tocassem a cabeça e lhes disseram: “isto é um elefante”. Disseram o mesmo aos outros, enquanto faziam com que tocassem a tromba, ou as orelhas, ou as patas, ou os pelos da extremidade do rabo do elefante. Depois, o rei perguntou aos cegos o que é um elefante e cada um deu explicações diversas, conforme a parte do elefante que lhe haviam permitido tocar. Os cegos começaram a discutir, e a discussão foi se tornando violenta, até terminar numa briga de socos entre os cegos, que constitui o entretenimento que o rei desejava.
Este conto é particularmente útil para ilustrar a ideia relativista da condição humana. Nós, os homens, seríamos cegos que corremos o perigo de absolutizar um conhecimento parcial e inadequado, inconscientes da nossa intrínseca limitação (motivação teórica do relativismo). Quando caímos nessa tentação, adotamos um comportamento violento e desrespeitoso, incompatível com a dignidade humana (motivação ética do relativismo). O lógico seria que aceitássemos a relatividade das nossas idéias, não só porque isso corresponde à índole do nosso pobre conhecimento, mas também em virtude do imperativo ético da tolerância, do diálogo e do respeito recíproco. A filosofia relativista se apresenta a si mesma como o pressuposto necessário da democracia, do respeito e da convivência. Mas essa filosofia não parece dar-se conta de que o relativismo torna possível a burla e o abuso por parte de quem tem o poder em suas mãos: no conto, o rei que quer se divertir a custa dos pobres cegos; na sociedade atual, aqueles que promovem os seus próprios interesses económicos, ideológicos, de poder político etc. à custa dos demais, mediante o manejo hábil e sem escrúpulos da opinião pública e dos demais recursos do poder.
O que tudo isto tem a ver com a fé cristã? Muito. Porque é essencial ao Cristianismo o apresentar-se a si mesmo como religio vera, como religião verdadeira [4]. A fé cristã se move no plano da verdade, e esse plano é o seu espaço vital mínimo. A religião cristã não é um mito, nem um conjunto de ritos úteis para a vida social e política, nem um princípio inspirador de bons sentimentos privados, nem uma agência ética de cooperação internacional. A fé cristã, antes de mais, nos comunica a verdade acerca de Deus, ainda que não exaustivamente, e a verdade acerca do homem e do sentido de sua vida [5]. A fé cristã é incompatível com a lógica do “como se”. Não se reduz a dizer-nos que temos de nos comportar “como se” Deus nos tivesse criado e, por conseguinte, “como se” todos os homens fôssemos irmãos, mas afirma, com pretensão veritativa, que Deus criou o céu e a terra e que todos somos igualmente filhos de Deus. Diz-nos, além disto, que Cristo é a revelação plena e definitiva de Deus, «resplendor de sua glória e imagem de seu ser» [6], único mediador entre Deus e os homens [7] e, portanto, não pode admitir que Cristo seja somente o rosto com o qual Deus se apresenta aos europeus [8].
Talvez convenha repetir que a convivência e o diálogo sereno com os que não têm fé ou com aqueles que sustentam outras doutrinas não se opõem ao Cristianismo; na verdade, é todo o contrário. O que é incompatível com a fé cristã é a ideia de que o Cristianismo, as demais religiões monoteístas ou não monoteístas, as místicas orientais monistas, o ateísmo etc. são igualmente verdadeiros, porque são diversos modos limitados, cultural e historicamente, de se fazer referência a uma mesma realidade, que, no fundo, nem uns nem outros conhecem. Isto é, a fé cristã se dissolve se se evade, no plano teórico, a perspectiva da verdade, segundo a qual aqueles que afirmam ou negam o mesmo não podem ter igualmente razão nem podem ser considerados como representantes de visões complementares de uma mesma realidade.
A referência à atitude profunda da consciência perante a verdade distingue o relativismo do erro. O erro é compatível com uma adequada atitude da consciência pessoal com relação à verdade. Quem afirmasse, por exemplo, que a Igreja não foi fundada por Jesus Cristo, afirmá-lo-ia porque pensa (equivocadamente) que essa é a verdade e que a tese oposta é falsa. Quem faz uma afirmação deste tipo, pensa que é possível atingir a verdade. Aqueles que a atingem – e na medida em que a atingem – têm razão e aqueles que sustentam a afirmação contraditória se equivocam.
A filosofia relativista, porém, diz que é preciso resignar-se com o fato de que as realidades divinas e as que se referem ao sentido da vida humana, pessoal e social, são substancialmente inacessíveis, e que não existe uma via única para aproximar-se delas. Cada época, cada cultura e cada religião têm utilizado diversos conceitos, imagens, símbolos, metáforas, visões etc. para expressá-las. Essas formas culturais podem opor-se entre si, mas, com relação aos objetos aos quais se referem, teriam todas elas igual valor. Seriam diversos modos – cultural e historicamente limitados – de aludir de modo muito imperfeito a realidades que não se podem conhecer. Em definitiva, nenhum dos sistemas conceituais ou religiosos teria, sob qualquer aspecto, um valor absoluto de verdade. Todos seriam relativos ao momento histórico e ao contexto cultural; daí a sua diversidade e, inclusive, a sua oposição. Mas, dentro dessa relatividade, todos seriam igualmente válidos enquanto vias diversas e complementares para aproximar-se de uma mesma realidade, que, substancialmente, permanece oculta.
Num livro publicado antes de sua eleição como Romano Pontífice, Bento XVI se referia a uma parábola budista [3]. Um rei do norte da Índia reuniu um dia um bom número de cegos que não sabiam o que é um elefante. Fizeram com que alguns dos cegos tocassem a cabeça e lhes disseram: “isto é um elefante”. Disseram o mesmo aos outros, enquanto faziam com que tocassem a tromba, ou as orelhas, ou as patas, ou os pelos da extremidade do rabo do elefante. Depois, o rei perguntou aos cegos o que é um elefante e cada um deu explicações diversas, conforme a parte do elefante que lhe haviam permitido tocar. Os cegos começaram a discutir, e a discussão foi se tornando violenta, até terminar numa briga de socos entre os cegos, que constitui o entretenimento que o rei desejava.
Este conto é particularmente útil para ilustrar a ideia relativista da condição humana. Nós, os homens, seríamos cegos que corremos o perigo de absolutizar um conhecimento parcial e inadequado, inconscientes da nossa intrínseca limitação (motivação teórica do relativismo). Quando caímos nessa tentação, adotamos um comportamento violento e desrespeitoso, incompatível com a dignidade humana (motivação ética do relativismo). O lógico seria que aceitássemos a relatividade das nossas idéias, não só porque isso corresponde à índole do nosso pobre conhecimento, mas também em virtude do imperativo ético da tolerância, do diálogo e do respeito recíproco. A filosofia relativista se apresenta a si mesma como o pressuposto necessário da democracia, do respeito e da convivência. Mas essa filosofia não parece dar-se conta de que o relativismo torna possível a burla e o abuso por parte de quem tem o poder em suas mãos: no conto, o rei que quer se divertir a custa dos pobres cegos; na sociedade atual, aqueles que promovem os seus próprios interesses económicos, ideológicos, de poder político etc. à custa dos demais, mediante o manejo hábil e sem escrúpulos da opinião pública e dos demais recursos do poder.
O que tudo isto tem a ver com a fé cristã? Muito. Porque é essencial ao Cristianismo o apresentar-se a si mesmo como religio vera, como religião verdadeira [4]. A fé cristã se move no plano da verdade, e esse plano é o seu espaço vital mínimo. A religião cristã não é um mito, nem um conjunto de ritos úteis para a vida social e política, nem um princípio inspirador de bons sentimentos privados, nem uma agência ética de cooperação internacional. A fé cristã, antes de mais, nos comunica a verdade acerca de Deus, ainda que não exaustivamente, e a verdade acerca do homem e do sentido de sua vida [5]. A fé cristã é incompatível com a lógica do “como se”. Não se reduz a dizer-nos que temos de nos comportar “como se” Deus nos tivesse criado e, por conseguinte, “como se” todos os homens fôssemos irmãos, mas afirma, com pretensão veritativa, que Deus criou o céu e a terra e que todos somos igualmente filhos de Deus. Diz-nos, além disto, que Cristo é a revelação plena e definitiva de Deus, «resplendor de sua glória e imagem de seu ser» [6], único mediador entre Deus e os homens [7] e, portanto, não pode admitir que Cristo seja somente o rosto com o qual Deus se apresenta aos europeus [8].
Talvez convenha repetir que a convivência e o diálogo sereno com os que não têm fé ou com aqueles que sustentam outras doutrinas não se opõem ao Cristianismo; na verdade, é todo o contrário. O que é incompatível com a fé cristã é a ideia de que o Cristianismo, as demais religiões monoteístas ou não monoteístas, as místicas orientais monistas, o ateísmo etc. são igualmente verdadeiros, porque são diversos modos limitados, cultural e historicamente, de se fazer referência a uma mesma realidade, que, no fundo, nem uns nem outros conhecem. Isto é, a fé cristã se dissolve se se evade, no plano teórico, a perspectiva da verdade, segundo a qual aqueles que afirmam ou negam o mesmo não podem ter igualmente razão nem podem ser considerados como representantes de visões complementares de uma mesma realidade.
‘Escuta Israel’ Sarit Hadad (legendado, voz e poema a não perder)
Shemá Israel (em hebraico שמע ישראל; "Escuta Israel") são as duas primeiras palavras da secção da Tora que constitui a profissão de fé central do monoteísmo judaico (Devarim / Deuterónimo 6:4-9) no qual se diz שמע ישראל י-ה-ו-ה אלקינו י-ה-ו-ה אחד (Shemá Yisrael Ad-nai Elokêinu Ad-nai Echad - Escuta ó Israel, Ad-nai nosso D-us é Um)
União Europeia "escandalizada" pela Constituição da Hungria: É pro-vida e pro-família
Steven W. Mosher, presidente do Instituto de Investigação em População (Population Research Institute-PRI), explicou que a Hungria aprovou uma nova Constituição que proíbe o matrimónio entre pessoas do mesmo sexo e protege a vida desde a concepção, um fato sem precedentes e que escandalizou a União Europeia (UE).
Esta aprovação realizada em abril, assinala o presidente desta organização sem fins lucrativos dedicada a desmontar a falácia da superpopulação no mundo, "provocou uma violenta reação de parte dos grupos a favor do aborto e ativistas homossexuais em todo o mundo".
Sobre o fato, Mosher relata que "rezando ante a tumba do grande Cardeal Mindszenty na Catedral de Esztergom, inteirei-me que sua amada Hungria tinha aprovado uma nova constituição a favor da vida. O Cardeal, quem se refugiou na embaixada dos Estados Unidos durante 16 anos depois de que os tanques soviéticos esmagaram a revolução húngara de 1956, teria ficado mais que orgulhoso".
A nova Constituição, recorda a agência argentina AICA, foi aprovada em abril de 2011 e protege o direito à vida desde o momento da concepção. Também defende o matrimónio, proíbe a eutanásia e refere-se abertamente, em seu preâmbulo, ao Cristianismo. A mesma recusa o comunismo ateu e desafia a versão do humanismo secular da Europa Ocidental.
O documento também realizou mudanças em todos os níveis da estrutura política da Hungria, como as reformas financeiras destinadas a dirigir os deficits globais do país. De acordo com os funcionários húngaros, esta Constituição está desenhada para ser o passo final da tomada de distância do estilo de governo comunista e declarar-se ex-país do bloco soviético.
"Participamos de um momento histórico", declarou o porta-voz do parlamento Laszlo Kover à Associated Press (AP). "A nova constituição se apoia em nosso passado e em nossas tradições, mas busca e contém respostas a problemas atuais enquanto olha ao futuro".
(…)
Esta aprovação realizada em abril, assinala o presidente desta organização sem fins lucrativos dedicada a desmontar a falácia da superpopulação no mundo, "provocou uma violenta reação de parte dos grupos a favor do aborto e ativistas homossexuais em todo o mundo".
Sobre o fato, Mosher relata que "rezando ante a tumba do grande Cardeal Mindszenty na Catedral de Esztergom, inteirei-me que sua amada Hungria tinha aprovado uma nova constituição a favor da vida. O Cardeal, quem se refugiou na embaixada dos Estados Unidos durante 16 anos depois de que os tanques soviéticos esmagaram a revolução húngara de 1956, teria ficado mais que orgulhoso".
A nova Constituição, recorda a agência argentina AICA, foi aprovada em abril de 2011 e protege o direito à vida desde o momento da concepção. Também defende o matrimónio, proíbe a eutanásia e refere-se abertamente, em seu preâmbulo, ao Cristianismo. A mesma recusa o comunismo ateu e desafia a versão do humanismo secular da Europa Ocidental.
O documento também realizou mudanças em todos os níveis da estrutura política da Hungria, como as reformas financeiras destinadas a dirigir os deficits globais do país. De acordo com os funcionários húngaros, esta Constituição está desenhada para ser o passo final da tomada de distância do estilo de governo comunista e declarar-se ex-país do bloco soviético.
"Participamos de um momento histórico", declarou o porta-voz do parlamento Laszlo Kover à Associated Press (AP). "A nova constituição se apoia em nosso passado e em nossas tradições, mas busca e contém respostas a problemas atuais enquanto olha ao futuro".
(…)
O PRI tem a esperança de que a nova Constituição proporcione as bases legais para restringir, se não proibir por completo, os abortos que suprimiram gerações inteiras na anciã e moribunda Hungria.
"Pois não há um único indicador demográfico na Hungria que lhes diga que (os húngaros) estão desaparecendo pelas baixas taxas de natalidade?", questionou Mosher.
Carlos Beltramo, correspondente do PRI na Europa, afirmou que embora a nova Constituição possa não ser perfeita, é "a melhor no continente europeu por enquanto".
Quanto a outros assuntos que a constituição refere, Beltramo disse que devido ao fato que a Hungria esteja reconhecendo os direitos básicos como o direito à vida e o direito ao matrimónio, os húngaros "podem dirigir outros temas com o passar do tempo sem pôr em risco os princípios democráticos fundamentais".
Esperamos, acrescentou Beltramo, "que continuem construindo sua Nação soberanamente sob estes princípios e criando uma sociedade onde todos os húngaros sejam bem-vindos ao mundo e cresçam em famílias naturais".
A população da Hungria era de 10 milhões de habitantes em 2000. Segundo o relatório "População Mundial em 2300" da Divisão de População da ONU que projetou as tendências de crescimento ou decréscimo, a população da Hungria diminuirá a 6 200 000 habitantes no ano 2100 e uma grande percentagem deles serão adultos mais velhos ou anciãos.
Da mesma forma que o PRI, outras organizações internacionais declararam seu apoio à soberana vontade do povo húngaro e à nova constituição da Hungria.
Os princípios que regem a nova Constituição, conclui o presidente do PRI, "são precisamente o que a Europa necessita para impedir a crise demográfica, económica e cultural que está enfrentando atualmente, por isso é admirável a vontade dos húngaros de construir uma cultura de vida em meio da atitude europeia dominante de escuridão".
(Fonte: ‘ACI Digital’ com adaptação de JPR)
Cardeal Cañizares pede aos jornalistas que sirvam a verdade para resgatar a sociedade
O Prefeito da Congregação para o Culto Divino, Cardeal Antonio Cañizares, pediu na última quinta-feira aos jornalistas que informem servindo a verdade para resgatar a sociedade da crise moral na qual se encontra, devido à ditadura do relativismo.
"Chegar à verdade é possível e é necessário para o homem. Temos que estar atentos à quebra da nossa sociedade, que sofre uma crise, que não é só económica, mas também daquilo que sustenta a pessoa humana, uma crise moral, uma quebra de humanidade, é o homem que se quebra. Está em jogo, definitivamente, a sorte mesma do homem. Certo é que os meios não são lugares para falar de moral, mas sim de verdade", afirmou.
Durante a clausura da Escola de Verão da Universidade Católica de Ávila, o Cardeal assinalou que os meios de comunicação estão configurando a sociedade e formando um novo tipo de homem. "Podem contribuir a fazer uma sociedade livre ou de escravos por não servir a verdade ou por estar sob o domínio de poderes ideológicos, económicos, políticos", indicou.
O Cardeal reconheceu que não é fácil ser jornalista e que sua tarefa de serviço da verdade se realiza em um contexto cultural "marcado pelo relativismo ou pela ocultação da verdade".
D. Antonio Cañizares disse que atualmente a verdade não é apreciada e se considera "intransigência ou dogmatismo" falar dela, "quando somente com a verdade podemos levar adiante essa comunhão de pessoas".
"Apostem pela família"
Durante seu discurso, a autoridade do Vaticano afirmou que os meios de comunicação compartilham com a sociedade a responsabilidade de educar o homem "para que alcance a verdadeira humanidade, assim como o desafio de defender a vida desde a concepção e a família”.
"É necessário que apostem pela família", assinalou.
O Cardeal Cañizares advertiu que "quando a informação ataca a família, vulneram a verdade. Apenas sobre a base da família se sustenta a verdade do homem e isto me leva a um aspecto muito concreto, como aberrações autênticas no campo da sexualidade, pois se está indo contra o próprio homem".
"Chegar à verdade é possível e é necessário para o homem. Temos que estar atentos à quebra da nossa sociedade, que sofre uma crise, que não é só económica, mas também daquilo que sustenta a pessoa humana, uma crise moral, uma quebra de humanidade, é o homem que se quebra. Está em jogo, definitivamente, a sorte mesma do homem. Certo é que os meios não são lugares para falar de moral, mas sim de verdade", afirmou.
Durante a clausura da Escola de Verão da Universidade Católica de Ávila, o Cardeal assinalou que os meios de comunicação estão configurando a sociedade e formando um novo tipo de homem. "Podem contribuir a fazer uma sociedade livre ou de escravos por não servir a verdade ou por estar sob o domínio de poderes ideológicos, económicos, políticos", indicou.
O Cardeal reconheceu que não é fácil ser jornalista e que sua tarefa de serviço da verdade se realiza em um contexto cultural "marcado pelo relativismo ou pela ocultação da verdade".
D. Antonio Cañizares disse que atualmente a verdade não é apreciada e se considera "intransigência ou dogmatismo" falar dela, "quando somente com a verdade podemos levar adiante essa comunhão de pessoas".
"Apostem pela família"
Durante seu discurso, a autoridade do Vaticano afirmou que os meios de comunicação compartilham com a sociedade a responsabilidade de educar o homem "para que alcance a verdadeira humanidade, assim como o desafio de defender a vida desde a concepção e a família”.
"É necessário que apostem pela família", assinalou.
O Cardeal Cañizares advertiu que "quando a informação ataca a família, vulneram a verdade. Apenas sobre a base da família se sustenta a verdade do homem e isto me leva a um aspecto muito concreto, como aberrações autênticas no campo da sexualidade, pois se está indo contra o próprio homem".
(Fonte: ‘ACI Digital’ com adaptação de JPR)
S. Josemaría nesta data em 1969
O homem chega à lua e São Josemaría vê pela televisão, em diferido. Mons. Álvaro del Portillo comenta como o atraíam todas as realidades humanas: “Lia os jornais, via o telejornal, gostava das canções de amor, rezava pelos astronautas que iam chegar à Lua… Era muito afável, sabia dar confiança e acolher as pessoas”.
(Fonte: site de S. Josemaría Escrivá http://www.pt.josemariaescriva.info/)
«Ditosos os vossos olhos, porque vêem»
Disse Nosso Senhor: «muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes e não o viram» (Lc 10,24). Por profetas entenda-se os grandes espíritos subtis e dados ao raciocínio que se apegam às subtilezas da razão natural e delas têm vaidade. Uns olhos assim não são ditosos. Por reis entenda-se os que são da mesma natureza dos mestres, de energia forte e poderosa, mestres de si próprios, das suas palavras, das suas obras e do seu idioma, e fazem tudo o que querem com jejuns, vigílias e novenas, fazendo disso grande alarde, como se de algo extraordinário se tratasse, mas desprezam os outros. Também não são esses olhos que são ditosos.
Todas estas pessoas quiseram ver e não viram. Quiseram ver, mas apegaram-se à vontade própria [...], uma vontade que encobre os olhos da alma como uma película ou uma membrana encobre os olhos do corpo, impedindo-os de ver [...]. Quanto mais permanecerdes na vontade própria, mais privados sereis de ver com o olhar interior, uma vez que a verdadeira felicidade advém do abandono verdadeiro, que é o afastamento da vontade própria. Tudo isso nasce do fundo da humildade [...]. Quanto mais pequenos e humildes fordes, menos vontade própria tereis [...].
Quando tudo está em paz, a alma vê a sua própria essência e todas as suas faculdades; reconhece-se como imagem racional d'Aquele de Quem saiu, e os olhos [...] que fixam aí o seu olhar podem perfeitamente ser tidos por ditosos por causa do que vêem. E então sim, é a maravilha das maravilhas que se descobre, o que há de mais puro, de mais certo, aquilo que menos poderá ser-vos tirado (Lc 10,42) [...]. Possamos nós seguir neste caminho e ver de tal modo que os nossos olhos sejam ditosos. Assim Deus nos ajude!
Todas estas pessoas quiseram ver e não viram. Quiseram ver, mas apegaram-se à vontade própria [...], uma vontade que encobre os olhos da alma como uma película ou uma membrana encobre os olhos do corpo, impedindo-os de ver [...]. Quanto mais permanecerdes na vontade própria, mais privados sereis de ver com o olhar interior, uma vez que a verdadeira felicidade advém do abandono verdadeiro, que é o afastamento da vontade própria. Tudo isso nasce do fundo da humildade [...]. Quanto mais pequenos e humildes fordes, menos vontade própria tereis [...].
Quando tudo está em paz, a alma vê a sua própria essência e todas as suas faculdades; reconhece-se como imagem racional d'Aquele de Quem saiu, e os olhos [...] que fixam aí o seu olhar podem perfeitamente ser tidos por ditosos por causa do que vêem. E então sim, é a maravilha das maravilhas que se descobre, o que há de mais puro, de mais certo, aquilo que menos poderá ser-vos tirado (Lc 10,42) [...]. Possamos nós seguir neste caminho e ver de tal modo que os nossos olhos sejam ditosos. Assim Deus nos ajude!
Jean Tauler (c. 1300-1361), dominicano de Estrasburgo
Sermão 53, § 4-5, 8
Sermão 53, § 4-5, 8
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
Do Evangelho de hoje
Ditosos, porém, os vossos olhos, porque vêem e os vossos ouvidos, porque ouvem. (Mt 13, 16)
Leitura completa - Mt 13, 10-17)
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