O Papa Francisco, na primeira catequese sobre este tema, comenta que a encarnação do Filho de Deus abre um novo início na História universal do homem e da mulher. E este novo início tem lugar no seio de uma família, em Nazaré. Jesus nasceu numa família. Podia ter vindo de forma espetacular, como um guerreiro ou um imperador... Mas não: veio como filho, numa família. Por isso é importante olhar, no presépio, para esta cena tão bonita! [11]
Como refere a Escritura, o nascimento de Jesus significa o início da plenitude dos tempos, o momento escolhido por Deus para manifestar plenamente o Seu amor aos homens, entregando-nos o Seu próprio Filho. Essa vontade divina realiza-se no meio das circunstâncias mais normais e correntes: uma mulher que dá à luz, uma família, uma casa. A omnipotência divina, o esplendor de Deus passam através das coisas humanas, unem-se às coisas humanas. Desde esse momento, nós, os cristãos, sabemos que, com a graça do Senhor, podemos e devemos santificar todas as realidades honestas da nossa vida. Não há situação terrena, por mais pequena e vulgar que pareça, que não possa ser ocasião de um encontro com Cristo e uma etapa da nossa caminhada para o Reino dos Céus [12].
A união conjugal foi estabelecida por Deus desde o momento da criação do homem e da mulher, mas infelizmente descuida-se agora em tantos lugares. A família está tão maltratada! Pretende-se apresentar como normais situações que são um duríssimo ataque ao desígnio criador e salvador de Deus. Em muitos sítios e ambientes – não apenas por parte do povo, mas das próprias autoridades públicas, através de leis e decisões de governo –, debilita-se a instituição familiar ou tenta-se mesmo transformá-la numa coisa muito diferente. Não se apercebem – o demónio é muito hábil para tornar cegas as inteligências – que, esvaziando o conceito de família, se causa um enorme prejuízo à sociedade civil.
No domingo passado celebrámos a festa da Sagrada Família. Nesse dia, como fazemos todos os anos, renovámos a consagração dos nossos pais, irmãs e irmãos à Sagrada Família de Nazaré, tal como o nosso Fundador estabeleceu para essa data. E convidámos os nossos familiares e amigos, e todos os que participam na tarefa apostólica da Prelatura, a unir-se a nós nesse ato. Como sempre, pedimos por todos os lares cristãos da Terra, para que sejam e vivam de acordo com o divino modelo que se nos mostrou em Belém e em Nazaré.
[11]. Papa Francisco, Discurso na Audiência geral, 17-XII-2014.
[12] . S. Josemaria, Cristo que passa, n. 22.
(D. Javier Echevarría na carta do mês de janeiro de 2015)
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