Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Resposta enérgica do Vaticano ao relatório ideológico da ONU sobre direitos da criança

O Arcebispo Silvano Tomasi, Observador Permanente da Santa Sé ante as Nações Unidas em Genebra, respondeu energicamente ao relatório do Comité da ONU para os direitos da Criança no qual se pede à Santa Sé mudar os seus ensinamentos sobre o aborto e a homossexualidade para erradicar o problema dos abusos sexuais. O Núncio expressou sua surpresa e afirmou que o relatório parecia já estar escrito inclusive antes das conversações com os representantes do Vaticano.

Em entrevista com Rádio Vaticano, D. Tomasi assinala que “a primeira impressão: temos que esperar, ler atentamente e analisar de modo detalhado o que escreveram os membros desta Comissão. Mas a primeira reação é de surpresa, porque o aspecto negativo do documento que eles produziram é que parece que já havia sido preparado antes da reunião da Comissão com a Delegação da Santa Sé, que deu detalhadamente respostas precisas sobre vários pontos , que não foram, relatadas neste documento conclusivo, ou pelo menos não parece ter sido levado em séria consideração.”

“Na verdade, o documento parece não estar atualizado, tendo em conta o que nos últimos anos tem sido feito em nível da Santa Sé, com as medidas tomadas diretamente pelo Estado da Cidade do Vaticano e, em seguida, em vários países pelas Conferências Episcopais”.

Portanto, precisa o Núncio, “falta a prospectiva correta e atualizada, que possui realmente uma série de mudanças para a proteção das crianças, que me parece difícil de encontrar, no mesmo nível de compromisso, em outras instituições ou até mesmo de outros Estados. Isto é simplesmente uma questão de factos, de evidência, que não podem ser distorcidos!”.

Em relação à resposta da Santa Sé ao documento, o Arcebispo assinala que responderá “porque é um membro, um Estado parte da Convenção: a ratificou e tem a intenção de observar o espírito e a letra da Convenção, sem acréscimos ideológicas ou imposições que estejam fora da própria Convenção”.

“Por exemplo, a Convenção sobre a proteção das crianças no seu preâmbulo, fala da defesa da vida e da proteção das crianças, antes e após o nascimento, enquanto a recomendação que é feita para a Santa Sé, é mudar sua posição sobre a questão do aborto! É claro que, quando uma criança é morta não tem mais direitos! Então, essa me parece uma contradição real com os objetivos fundamentais da Convenção, que é o de proteger as crianças”.

“Esta Comissão não prestou um bom serviço às Nações Unidas, tentando introduzir e pedir à Santa Sé para mudar o seu ensinamento que não é negociável! Portanto, é um pouco triste ver que o Comité não compreendeu completamente a natureza e as funções da Santa Sé, que, embora tenha expressado claramente ao Comité a sua decisão de levar adiante os requisitos da Convenção sobre os Direitos da Criança, mas definindo com precisão e protegendo em primeiro lugar aqueles valores fundamentais que fazem a proteção real e eficaz da criança”.

O Observador da Santa Sé, comenta também o facto de que a ONU haver dito desde o princípio que o Vaticano tinha respondido melhor que outros países na proteção das crianças e, respeito à mudança de opinião que reflete o documento publicado ontem diz: “Na introdução do relatório conclusivo é reconhecida a clareza das respostas enviadas; não foi evitada nenhuma pergunta feita pela Comissão”.

“Com base na evidência disponível, e quando não havia uma informação imediata, foi prometido fornecê-la no futuro, de acordo com as diretrizes da Santa Sé, e como fazem todos os governos. Na altura, parecia um diálogo construtivo, e eu penso que deva permanecer assim”.

“Portanto, dada a impressão obtida com o diálogo direto da Delegação da Santa Sé com a Comissão e o texto das conclusões e recomendações, vem a tentação em dizer que provavelmente o texto já havia sido escrito e que não reflete os pontos e a clareza, mas sim acrescentos precipitados, sobre o que já havia acontecido”.

“Portanto, devemos, com serenidade e com base em evidências – porque não temos nada a esconder! - levar adiante as explicações e posições da Santa Sé, responder às perguntas que ainda permanecem, de modo que o objetivo fundamental que se quer alcançar – a proteção das crianças – possa ser alcançado”.

“Fala-se de 40 milhões de casos de abuso de crianças no mundo, mas, infelizmente, alguns desses casos – embora muitos pequenos em comparação com o todo que está acontecendo no mundo – dizem respeito a pessoas da Igreja. E a Igreja respondeu, reagiu e continua a fazê-lo! Devemos insistir nesta política de transparência, de não tolerância dos abusos, porque um só caso de abuso de uma criança, é algo muito sério!”.

(Fonte: 'ACI Digital' com adaptação de pormenor)

O Papa Francisco nomeará João Paulo II como patrono das Jornadas Mundiais da Juventude

Os Santos são quem mais nos pode ajudar a compreender o significado profundo das Bem-aventuranças. Neste sentido, a canonização de João Paulo II , no segundo domingo de Páscoa, é um acontecimento que enche o nosso coração de alegria. Ele será o grande patrono das Jornadas Mundiais da Juventude, de que foi o iniciador e impulsionador. E, na comunhão dos Santos, continuará a ser, para todos vós, um pai e um amigo.

(Excerto da Mensagem do Santo Padre Francisco para a XXIX Jornada Mundial da Juventude)

Mensagem do Santo Padre Francisco para a XXIX Jornada Mundial da Juventude


(Domingo de Ramos, 13 de Abril de 2014)
«Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu» (Mt 5, 3)

Queridos jovens,

Permanece gravado na minha memória o encontro extraordinário que vivemos no Rio de Janeiro, na XXVIII Jornada Mundial da Juventude: uma grande festa da fé e da fraternidade. A boa gente brasileira acolheu-nos de braços escancarados, como a estátua de Cristo Redentor que domina, do alto do Corcovado, o magnífico cenário da praia de Copacabana. Nas margens do mar, Jesus fez ouvir de novo a sua chamada para que cada um de nós se torne seu discípulo missionário, O descubra como o tesouro mais precioso da própria vida e partilhe esta riqueza com os outros, próximos e distantes, até às extremas periferias geográficas e existenciais do nosso tempo.

A próxima etapa da peregrinação intercontinental dos jovens será em Cracóvia, em 2016. Para cadenciar o nosso caminho, gostaria nos próximos três anos de reflectir, juntamente convosco, sobre as Bem-aventuranças que lemos no Evangelho de São Mateus (5, 1-12). Começaremos este ano meditando sobre a primeira: «Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu» (Mt 5, 3); para 2015, proponho: «Felizes os puros de coração, porque verão a Deus» (Mt 5, 8); e finalmente, em 2016, o tema será: «Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia» (Mt 5, 7).

1. A força revolucionária das Bem-aventuranças

É-nos sempre muito útil ler e meditar as Bem-aventuranças! Jesus proclamou-as no seu primeiro grande sermão, feito na margem do lago da Galileia. Havia uma multidão imensa e Ele, para ensinar os seus discípulos, subiu a um monte; por isso é chamado o «sermão da montanha». Na Bíblia, o monte é visto como lugar onde Deus Se revela; pregando sobre o monte, Jesus apresenta-Se como mestre divino, como novo Moisés. E que prega Ele? Jesus prega o caminho da vida; aquele caminho que Ele mesmo percorre, ou melhor, que é Ele mesmo, e propõe-no como caminho da verdadeira felicidade. Em toda a sua vida, desde o nascimento na gruta de Belém até à morte na cruz e à ressurreição, Jesus encarnou as Bem-aventuranças. Todas as promessas do Reino de Deus se cumpriram n’Ele.

Ao proclamar as Bem-aventuranças, Jesus convida-nos a segui-Lo, a percorrer com Ele o caminho do amor, o único que conduz à vida eterna. Não é uma estrada fácil, mas o Senhor assegura-nos a sua graça e nunca nos deixa sozinhos. Na nossa vida, há pobreza, aflições, humilhações, luta pela justiça, esforço da conversão quotidiana, combates para viver a vocação à santidade, perseguições e muitos outros desafios. Mas, se abrirmos a porta a Jesus, se deixarmos que Ele esteja dentro da nossa história, se partilharmos com Ele as alegrias e os sofrimentos, experimentaremos uma paz e uma alegria que só Deus, amor infinito, pode dar.

As Bem-aventuranças de Jesus são portadoras duma novidade revolucionária, dum modelo de felicidade oposto àquele que habitualmente é transmitido pelos mass media, pelo pensamento dominante. Para a mentalidade do mundo, é um escândalo que Deus tenha vindo para Se fazer um de nós, que tenha morrido numa cruz. Na lógica deste mundo, aqueles que Jesus proclama felizes são considerados «perdedores», fracos. Ao invés, exalta-se o sucesso a todo o custo, o bem-estar, a arrogância do poder, a afirmação própria em detrimento dos outros.

Queridos jovens, Jesus interpela-nos para que respondamos à sua proposta de vida, para que decidamos qual estrada queremos seguir a fim de chegar à verdadeira alegria. Trata-se dum grande desafio de fé. Jesus não teve medo de perguntar aos seus discípulos se verdadeiramente queriam segui-Lo ou preferiam ir por outros caminhos (cf.Jo 6, 67). E Simão, denominado Pedro, teve a coragem de responder: «A quem iremos nós, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna» (Jo 6, 68). Se souberdes, vós também, dizer «sim» a Jesus, a vossa vida jovem encher-se-á de significado, e assim será fecunda.

2. A coragem da felicidade

O termo grego usado no Evangelho é makarioi, «bem-aventurados». E «bem-aventurados» quer dizer felizes. Mas dizei-me: vós aspirais deveras à felicidade? Num tempo em que se é atraído por tantas aparências de felicidade, corre-se o risco de contentar-se com pouco, com uma ideia «pequena» da vida. Vós, pelo contrário, aspirai a coisas grandes! Ampliai os vossos corações! Como dizia o Beato Pierjorge Frassati, «viver sem uma fé, sem um património a defender, sem sustentar numa luta contínua a verdade, não é viver, mas ir vivendo. Não devemos jamais ir vivendo, mas viver» (Carta a I. Bonini, 27 de Fevereiro de 1925). Em 20 de Maio de 1990, no dia da sua beatificação, João Paulo II chamou-lhe «homem das Bem-aventuranças» (Homilia na Santa Missa: AAS 82 [1990], 1518).

Se verdadeiramente fizerdes emergir as aspirações mais profundas do vosso coração, dar-vos-eis conta de que, em vós, há um desejo inextinguível de felicidade, e isto permitir-vos-á desmascarar e rejeitar as numerosas ofertas «a baixo preço» que encontrais ao vosso redor. Quando procuramos o sucesso, o prazer, a riqueza de modo egoísta e idolatrando-os, podemos experimentar também momentos de inebriamento, uma falsa sensação de satisfação; mas, no fim de contas, tornamo-nos escravos, nunca estamos satisfeitos, sentimo-nos impelidos a buscar sempre mais. É muito triste ver uma juventude «saciada», mas fraca.

Escrevendo aos jovens, São João dizia: «Vós sois fortes, a palavra de Deus permanece em vós e vós vencestes o Maligno» (1 Jo 2, 14). Os jovens que escolhem Cristo são fortes, nutrem-se da sua Palavra e não se «empanturram» com outras coisas. Tende a coragem de ir contra a corrente. Tende a coragem da verdadeira felicidade! Dizei não à cultura do provisório, da superficialidade e do descartável, que não vos considera capazes de assumir responsabilidades e enfrentar os grandes desafios da vida.

3. Felizes os pobres em espírito…

A primeira Bem-aventurança, tema da próxima Jornada Mundial da Juventude, declara felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu. Num tempo em que muitas pessoas penam por causa da crise económica, pode parecer inoportuno acostar pobreza e felicidade. Em que sentido podemos conceber a pobreza como uma bênção?

Em primeiro lugar, procuremos compreender o que significa «pobres em espírito». Quando o Filho de Deus Se fez homem, escolheu um caminho de pobreza, de despojamento. Como diz São Paulo, na Carta aos Filipenses: «Tende entre vós os mesmos sentimentos que estão em Cristo Jesus: Ele, que é de condição divina, não considerou como uma usurpação ser igual a Deus; no entanto, esvaziou-Se a Si mesmo, tomando a condição de servo e tornando-Se semelhante aos homens» (2, 5-7). Jesus é Deus que Se despoja da sua glória. Vemos aqui a escolha da pobreza feita por Deus: sendo rico, fez-Se pobre para nos enriquecer com a sua pobreza (cf. 2 Cor 8, 9). É o mistério que contemplamos no presépio, vendo o Filho de Deus numa manjedoura; e mais tarde na cruz, onde o despojamento chega ao seu ápice.
O adjectivo grego ptochós (pobre) não tem um significado apenas material, mas quer dizer «mendigo». Há que o ligar com o conceito hebraico de anawim (os «pobres de Iahweh»), que evoca humildade, consciência dos próprios limites, da própria condição existencial de pobreza. Os anawim confiam no Senhor, sabem que dependem d’Ele.

Como justamente soube ver Santa Teresa do Menino Jesus, Cristo na sua Encarnação apresenta-Se como um mendigo, um necessitado em busca de amor. O Catecismo da Igreja Católica fala do homem como dum «mendigo de Deus» (n. 2559) e diz-nos que a oração é o encontro da sede de Deus com a nossa (n. 2560).

São Francisco de Assis compreendeu muito bem o segredo da Bem-aventurança dos pobres em espírito. De facto, quando Jesus lhe falou na pessoa do leproso e no Crucifixo, ele reconheceu a grandeza de Deus e a própria condição de humildade. Na sua oração, o Poverello passava horas e horas a perguntar ao Senhor: «Quem és Tu? Quem sou eu?» Despojou-se duma vida abastada e leviana, para desposar a «Senhora Pobreza», a fim de imitar Jesus e seguir o Evangelho à letra. Francisco viveu a imitação de Cristo pobre e o amor pelos pobres de modo indivisível, como as duas faces duma mesma moeda.

Posto isto, poder-me-íeis perguntar: Mas, em concreto, como é possível fazer com que esta pobreza em espírito se transforme em estilo de vida, incida concretamente na nossa existência? Respondo-vos em três pontos.

Antes de mais nada, procurai ser livres em relação às coisas. O Senhor chama-nos a um estilo de vida evangélico caracterizado pela sobriedade, chama-nos a não ceder à cultura do consumo. Trata-se de buscar a essencialidade, aprender a despojarmo-nos de tantas coisas supérfluas e inúteis que nos sufocam. Desprendamo-nos da ambição de possuir, do dinheiro idolatrado e depois esbanjado. No primeiro lugar, coloquemos Jesus. Ele pode libertar-nos das idolatrias que nos tornam escravos. Confiai em Deus, queridos jovens! Ele conhece-nos, ama-nos e nunca se esquece de nós. Como provê aos lírios do campo (cf. Mt 6, 28), também não deixará que nos falte nada! Mesmo para superar a crise económica, é preciso estar prontos a mudar o estilo de vida, a evitar tantos desperdícios. Como é necessária a coragem da felicidade, também é precisa a coragem da sobriedade.

Em segundo lugar, para viver esta Bem-aventurança todos necessitamos de conversão em relação aos pobres. Devemos cuidar deles, ser sensíveis às suas carências espirituais e materiais. A vós, jovens, confio de modo particular a tarefa de colocar a solidariedade no centro da cultura humana. Perante antigas e novas formas de pobreza – o desemprego, a emigração, muitas dependências dos mais variados tipos –, temos o dever de permanecer vigilantes e conscientes, vencendo a tentação da indiferença. Pensemos também naqueles que não se sentem amados, não olham com esperança o futuro, renunciam a comprometer-se na vida porque se sentem desanimados, desiludidos, temerosos. Devemos aprender a estar com os pobres. Não nos limitemos a pronunciar belas palavras sobre os pobres! Mas encontremo-los, fixemo-los olhos nos olhos, ouçamo-los. Para nós, os pobres são uma oportunidade concreta de encontrar o próprio Cristo, de tocar a sua carne sofredora.

Mas – e chegamos ao terceiro ponto – os pobres não são pessoas a quem podemos apenas dar qualquer coisa. Elestêm tanto para nos oferecer, para nos ensinar. Muito temos nós a aprender da sabedoria dos pobres! Pensai que um Santo do século XVIII, Bento José Labre – dormia pelas ruas de Roma e vivia das esmolas da gente –, tornara-se conselheiro espiritual de muitas pessoas, incluindo nobres e prelados. De certo modo, os pobres são uma espécie de mestres para nós. Ensinam-nos que uma pessoa não vale por aquilo que possui, pelo montante que tem na conta bancária. Um pobre, uma pessoa sem bens materiais, conserva sempre a sua dignidade. Os pobres podem ensinar-nos muito também sobre a humildade e a confiança em Deus. Na parábola do fariseu e do publicano (cf. Lc 18, 9-14), Jesus propõe este último como modelo, porque é humilde e se reconhece pecador. E a própria viúva, que lança duas moedinhas no tesouro do templo, é exemplo da generosidade de quem, mesmo tendo pouco ou nada, dá tudo (Lc 21, 1-4).

4. … porque deles é o Reino do Céu

Tema central no Evangelho de Jesus é o Reino de Deus. Jesus é o Reino de Deus em pessoa, é o Emanuel, Deus connosco. E é no coração do homem que se estabelece e cresce o Reino, o domínio de Deus. O Reino é, simultaneamente, dom e promessa. Já nos foi dado em Jesus, mas deve ainda realizar-se em plenitude. Por isso rezamos ao Pai cada dia: «Venha a nós o vosso Reino».

Há uma ligação profunda entre pobreza e evangelização, entre o tema da última Jornada Mundial da Juventude – «Ide e fazei discípulos entre todas as nações» (Mt 28, 19) – e o tema deste ano: «Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu» (Mt 5, 3). O Senhor quer uma Igreja pobre, que evangelize os pobres. Jesus, quando enviou os Doze em missão, disse-lhes: «Não possuais ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos; nem alforge para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem cajado; pois o trabalhador merece o seu sustento» (Mt 10, 9-10). A pobreza evangélica é condição fundamental para que o Reino de Deus se estenda. As alegrias mais belas e espontâneas que vi ao longo da minha vida eram de pessoas pobres que tinham pouco a que se agarrar. A evangelização, no nosso tempo, só será possível por contágio de alegria.

Como vimos, a Bem-aventurança dos pobres em espírito orienta a nossa relação com Deus, com os bens materiais e com os pobres. À vista do exemplo e das palavras de Jesus, damo-nos conta da grande necessidade que temos de conversão, de fazer com que a lógica do ser mais prevaleça sobre a lógica do ter mais. Os Santos são quem mais nos pode ajudar a compreender o significado profundo das Bem-aventuranças. Neste sentido, a canonização de João Paulo II , no segundo domingo de Páscoa, é um acontecimento que enche o nosso coração de alegria. Ele será o grande patrono das Jornadas Mundiais da Juventude, de que foi o iniciador e impulsionador. E, na comunhão dos Santos, continuará a ser, para todos vós, um pai e um amigo.

No próximo mês de Abril, tem lugar também o trigésimo aniversário da entrega aos jovens da Cruz do Jubileu da Redenção. Foi precisamente a partir daquele acto simbólico de João Paulo II que principiou a grande peregrinação juvenil que, desde então, continua a atravessar os cinco continentes. Muitos recordam as palavras com que, no domingo de Páscoa do ano 1984, o Papa acompanhou o seu gesto: «Caríssimos jovens, no termo do Ano Santo, confio-vos o próprio sinal deste Ano Jubilar: a Cruz de Cristo! Levai-a ao mundo como sinal do amor do Senhor Jesus pela humanidade, e anunciai a todos que só em Cristo morto e ressuscitado há salvação e redenção».

Queridos jovens, o Magnificat, o cântico de Maria, pobre em espírito, é também o canto de quem vive as Bem-aventuranças. A alegria do Evangelho brota dum coração pobre, que sabe exultar e maravilhar-se com as obras de Deus, como o coração da Virgem, que todas as gerações chamam «bem-aventurada» (cf. Lc 1, 48). Que Ela, a mãe dos pobres e a estrela da nova evangelização, nos ajude a viver o Evangelho, a encarnar as Bem-aventuranças na nossa vida, a ter a coragem da felicidade.

Vaticano, 21 de Janeiro – Memória de Santa Inês, virgem e mártir - de 2014.

FRANCISCO

A alegria do anúncio da beatificação de D. Álvaro del Portillo

Com o anúncio da data da beatificação do queridíssimo D. Álvaro, a 27 de setembro, começámos a contagem decrescente para esse acontecimento. É um dom de Deus que vai enriquecer espiritualmente a Igreja, a Obra e cada um de nós. Por isso, ao mesmo tempo que elevamos ao Céu a nossa gratidão, procuremos esmerar-nos, cada uma e cada um, em seguir com maior fidelidade diária o chamamento à santidade que Jesus Cristo anunciou, o caminho de santificação na vida quotidiana que S. Josemaria abriu com a sua correspondência heroica à graça de Deus, e que D. Álvaro e outros muitos fiéis da Prelatura já percorreram, em plena sintonia com esses ensinamentos.

A Igreja, ao declarar que D. Álvaro praticou em grau heroico as virtudes cristãs, afirma que ele «incarnou de forma plena, exemplar e íntegra (…) o espírito do Opus Dei, que chama os cristãos a procurar a plenitude do amor a Deus e ao próximo através dos deveres habituais que entretecem os nossos dias» [1]. Assim, por ocasião do centenário do seu nascimento, no próximo dia 11 de março, sugiro que detenhais o vosso olhar na figura deste servo bom e fiel [2], a quem o Senhor confiou o governo da Prelatura do Opus Dei depois da partida de S. Josemaria para o Céu. Atuemos com o desejo de conhecer melhor a sua correspondência à vocação cristã e procuremos reproduzi-la no nosso dia a dia: meditemos nos seus escritos, aprendamos com as suas respostas à graça, pedindo a sua intercessão para viver sem cedências o espírito da Obra.

Para os fiéis do Opus Dei, para os Cooperadores e para todos os que se querem santificar segundo este espírito, a constante atuação de D. Álvaro mostra-nos uma forma bem concreta de seguir Jesus Cristo, o único Mestre e Modelo de toda a perfeição. E nós devemos segui-Lo pelo canal regulamentar, como dizia às vezes com o seu caraterístico bom humor, ou seja, assumindo o melhor possível o mesmo espírito de caminhar com Cristo que S. Josemaria nos transmitiu por querer divino.


[1] Congregação para as Causas dos Santos, Decreto sobre as virtudes do Servo de Deus Álvaro del Portillo, Roma, 28‑VI‑2012.
[2] Mt 25, 21.


(D. Javier Echevarría, Prelado do Opus Dei na carta do mês de fevereiro de 2014)
© Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei

Relatório da ONU sobre o Vaticano “não corresponde à verdade”

Sede da ONU em Genebra 
O especialista em direito canónico, padre José Patrício, considera que existe uma tensão ideológica entre a ONU e a Santa Sé, e diz que ninguém tem feito mais para enfrentar este problema que a Igreja.

O relatório que a ONU publicou esta quarta-feira, em que critica a actuação da Santa Sé na forma como lidou com a crise dos abusos sexuais praticados por membros da Igreja, é ideológico e não corresponde à realidade.

Quem o diz é o especialista em direito canónico, padre José Patrício, que realça que o relatório não menciona sequer os dados fornecidos pela Santa Sé no passado mês de Janeiro: “No passado dia 16 de Janeiro, o Monsenhor Silvano Tomasi, representante da Santa Sé na ONU, teve uma intervenção junto desta comissão em que forneceu um conjunto de informações, dos quais o relatório não faz sequer menção, o que é estranho. Parece que o relatório estava feito antes de ser ouvida a Santa Sé em relação a um tema tão importante como este.”

“Pelas notícias dá-se a entender que a Santa Sé é a única organização que não tem uma legislação adequada à protecção das crianças, mas pelo contrário, a Santa Sé é das instituições que mais se tem esforçado para que isso aconteça e este relatório não corresponde à verdade dos factos.”

“Tem de ficar claro, e para a Igreja isto é claríssimo, que um só abuso sexual de menor por parte de um clérigo ou membro da igreja é algo que não devia acontecer nunca”, salienta o sacerdote da diocese de Lamego. “A Igreja, neste domínio, está a fazer todos os esforços do ponto de vista jurídico, pastoral, de cuidados a ter, para evitar que ocorram abusos cometidos por membros da Igreja. Esse esforço, não conheço nenhum estado nem nenhuma organização que em tão poucos anos tenha promulgado tanta legislação e tenha percorrido um caminho tão longo, em tão pouco tempo, para a protecção das crianças.”

O gabinete de imprensa da Santa Sé já criticou o facto de este relatório procurar interferir nos ensinamentos da Igreja sobre questões como o aborto, a homossexualidade e a contracepção.

Para o padre José Patrício isto são provas de que existe uma tensão ideológica entre a ONU e a Igreja, mas que é importante a Santa Sé continuar presente naquela instituição. “Há de facto uma visão ideológica muito diferente entre a Igreja e este relatório das Nações Unidas e essa ideologia é um confronto do qual a Igreja não se pode dispensar. É preciso estar lá, debater as nossas ideias e continuar a explicar a posição da Santa Sé, mesmo que não sejamos ouvidos, que não concordem connosco, e mesmo que nos venham dizer que temos de mudar coisas que à partida sabemos que não vamos mudar, porque são coisas que não depende de nós, dependem daquilo que Jesus nos deixou.”

A Santa Sé, que tem estatuto de observador na ONU, foi dos primeiros estados a ratificar a convenção para a protecção dos direitos das crianças, ao abrigo da qual foi criada esta comissão.

Mas logo na altura Roma deixou claro que não poria em causa os seus ensinamentos: “Quando a Santa Sé, em 1990, ratifica a convenção, que dá origem a esta comissão, deixou muito claro que, e passo a citar: ‘Ao aceder a esta convenção deseja renovar a sua expressão de uma constante preocupação pelo bem-estar das crianças e das suas famílias. Mas considerando a sua singular natureza e a sua posição, ao comprometer-se com esta convenção, não prescinde de qualquer modo da sua missão específica na qual a sua dimensão religiosa e moral têm um aspecto primordial’”, recorda o especialista em direito canónico, padre José Patrício.

Filipe d'Avillez in RR AQUI

Pecador sim , traidor não!

Na missa desta quinta-feira na Capela da Casa de Santa Marta o Papa Francisco na sua homilia comentou a Primeira leitura do dia que nos relata a morte de David depois de uma vida ao serviço do seu povo. Uma reflexão do Santo Padre sobre o mistério da morte da qual se pode extrair três ideias: permanecer até ao fim com o Povo de Deus no seio da Igreja; morrer conscientes da esperança e deixar um testemunho cristão como herança. Desde logo, as duas primeiras:
“Pecador sim , traidor não! É esta é uma graça: permanecer até ao fim no Povo de Deus. Ter a graça de morrer no seio da Igreja. E este é o primeiro ponto que eu gostaria de sublinhar. Também para nós pedir a graça de morrer em casa. Morrer em casa, na Igreja. E esta é uma graça! Isto não se compra! É um presente de Deus e devemos pedi-lo: ‘Senhor, dá-me a prenda de morrer em casa, na Igreja!’. Pecadores sim, todos somos! Mas traidores não! E a Igreja é tão mãe que nos quer assim, tantas vezes sujos, mas a Igreja limpa-nos: é mãe!”

“Santa Teresinha do Menino Jesus dizia que , nos seus últimos tempos, na sua alma havia uma luta e quando ela pensava no futuro, àquilo que a esperava depois da morte, no céu, ouvia como que uma voz que dizia: “Mas não sejas tonta, espera-te a escuridão. Espera-te apenas a escuridão no nada!’ É a voz do diabo, do demónio, que não queria que ela confiasse em Deus! E pedir esta graça. Mas confiar em Deus começa agora, nas pequenas coisas da vida, mesmo nos grandes problemas: confiar sempre no Senhor e assim ficamos com este hábito de confiar sempre no Senhor e cresce a esperança. Morrer em casa, morrer na esperança.”

A terceira ideia da reflexão do Papa Francisco é sobre a herança que deixa David. Recordando que tantos são os problemas e escândalos que existem em muitas famílias sobre as heranças, o Santo Padre afirmou que a melhor herança que podemos deixar aos outros é o testemunho cristão:
“Esta é a herança: o nosso testemunho de cristãos deixado aos outros. E alguns de nós deixam uma grande herança: pensemos nos santos que viveram o Evangelho com tanta força, que nos deixam um caminho de vida e modo de viver como herança. Eis as três coisas que me vêm ao coração na leitura desta passagem sobre a morte de David: pedir a graça de morrer em Igreja; morrer na esperança, com esperança; e pedir a graça de deixar uma bela herança, uma herança humana, uma herança feita com o testemunho da nossa vida cristã. Que São David nos conceda a todos nós estas três graças!” (RS)

(Fonte: ´news.va')

A videira do Senhor

“Deus plantou uma vinha neste mundo, cultivou a sua vinha com a intenção de encontrar frutos,. E criou o seu povo para encontrar a resposta do amor: procura o amor da sua criatura, deseja entrar numa relação de amor com o mundo através do povo que elegeu. Mas a historia concreta é de infidelidade: em vez de uva chegam pequenas coisas que não se podem comer. O homem retira-se, quer ter o fruto para si, a vinha é devastada. Mas Deus não se dá por vencido, encontra outro caminho, incarna-se, torna-se ele próprio a videira indestrutível ; não pode ser destruída, Chama-nos a transplantarmo-nos nesta videira. Chama-nos a ser nele a nova videira . O sangue de Cristo torna-se nosso sangue. O próprio Deus – repetiu o Papa incarnou-se e pede-nos que entremos na alegria para produzir fruto: o dinamismo que vive no amor de Cristo".

(Bento XVI na visita ao Seminário Maior de Roma em 2009)

«Deu-lhes poder sobre os espíritos malignos»

Papa Francisco
Mensagem para o Dia mundial das missões 2013 (trad. © coyright Libreria Editrice Vaticana, rev.)

Vivemos um momento de crise que toca vários sectores da existência humana, não só o da economia, das finanças, da segurança alimentar, do ambiente, mas também o do sentido profundo da vida e dos valores fundamentais que a animam. Também as relações humanas são marcadas pelas tensões e conflitos que provocam insegurança e dificuldade para encontrar o caminho para uma paz estável. Nesta complexa situação, onde o horizonte do presente e do futuro parecem envolvidos por nuvens ameaçadoras, torna-se ainda mais urgente levar com coragem a cada realidade o Evangelho de Cristo, que é anúncio de esperança, de reconciliação, de comunhão, anúncio da proximidade de Deus, da sua misericórdia, da sua salvação, anúncio da força do amor de Deus, que é capaz de vencer as trevas do mal e de nos conduzir para o caminho da bem. O homem do nosso tempo tem necessidade de uma luz segura que ilumine o seu caminho, e que só o encontro com Cristo pode dar. Levemos a este mundo, com o nosso testemunho, com amor, a esperança dada pela fé!

O carácter missionário da Igreja não é proselitismo, mas testemunho de vida que ilumina o caminho, que traz esperança e amor. A Igreja – repito uma vez mais – não é uma organização assistencial, uma empresa, uma Organização Não Governamental (ONG); é uma comunidade de pessoas que, animadas pela acção do Espírito Santo, viveram e vivem o espanto do encontro com Jesus Cristo, desejando partilhar esta experiência de profunda alegria, partilhar a Mensagem da salvação que o Senhor nos trouxe. É o próprio Espírito Santo que guia a Igreja neste caminho. Queria a todos encorajar a tornarem-se anunciadores da Boa Notícia de Cristo.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 6 de fevereiro de 2014

Chamou os doze e começou a enviá-los dois a dois, dando-lhes poder sobre os espíritos imundos. Ordenou-lhes que não levassem nada para o caminho, a não ser um bastão; nem alforge, nem pão, nem dinheiro na cintura; mas que fossem calçados de sandálias, e não levassem duas túnicas. E dizia-lhes: «Em qualquer casa onde entrardes, ficai nela até sairdes desse lugar. Onde vos não receberem nem ouvirem, retirando-vos de lá, sacudi o pó dos vossos pés em testemunho contra eles». Tendo partido, pregavam que fizessem penitência. Expulsavam muitos demónios, ungiam com óleo muitos enfermos e curavam-nos.

Mc 6, 7-13