Obrigado, Perdão Ajuda-me
terça-feira, 8 de abril de 2014
OS "RE-CASADOS" SÃO IGREJA
Esperamos, com alguma ansiedade, o Sínodo sobre a Família que o Papa Francisco convocou para este ano e o próximo.
Há uma enorme expectativa sobre tudo o que o Sínodo poderá dizer sobre a Doutrina da Igreja acerca da Família, e muito particularmente sobre o Sacramento do Matrimónio e as situações chamadas “canonicamente irregulares”.
Desde João Paulo II, mais especificamente com a Exortação Apostólica Familiaris Consortio, que essas situações entraram na ordem do dia-a-dia da Igreja, não só reafirmando a Doutrina da Igreja sobre o Sacramento do Matrimónio, mas chamando a atenção para o cuidado, a dedicação, que a Igreja, pelos seus sacerdotes e leigos, devem prestar aos leigos que vivem essas situações.
Bento XVI é ainda mais veemente nessa chamada de atenção, particularmente na Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis, afirmando:
«29. Se a Eucaristia exprime a irreversibilidade do amor de Deus em Cristo pela sua Igreja, compreende-se por que motivo a mesma implique, relativamente ao sacramento do Matrimónio, aquela indissolubilidade a que todo o amor verdadeiro não pode deixar de anelar. Por isso, é mais que justificada a atenção pastoral que o Sínodo reservou às dolorosas situações em que se encontram não poucos fiéis que, depois de ter celebrado o sacramento do Matrimónio, se divorciaram e contraíram novas núpcias. Trata-se dum problema pastoral espinhoso e complexo, uma verdadeira praga do ambiente social contemporâneo que vai progressivamente corroendo os próprios ambientes católicos. Os pastores, por amor da verdade, são obrigados a discernir bem as diferentes situações, para ajudar espiritualmente e de modo adequado os fiéis implicados. O Sínodo dos Bispos confirmou a prática da Igreja, fundada na Sagrada Escritura (Mc 10, 2-12), de não admitir aos sacramentos os divorciados re-casados, porque o seu estado e condição de vida contradizem objectivamente aquela união de amor entre Cristo e a Igreja, que é significada e realizada na Eucaristia. Todavia os divorciados re-casados, não obstante a sua situação, continuam a pertencer à Igreja, que os acompanha com especial solicitude na esperança de que cultivem, quanto possível, um estilo cristão de vida, através da participação na Santa Missa ainda que sem receber a comunhão, da escuta da palavra de Deus, da adoração eucarística, da oração, da cooperação na vida comunitária, do diálogo franco com um sacerdote ou um mestre de vida espiritual, da dedicação ao serviço da caridade, das obras de penitência, do empenho na educação dos filhos.»
Estas pessoas sofrem, sofrem realmente, mais ainda quando nos debruçamos sobre aqueles que querendo viver a Fé em Igreja, se sentem de algum modo colocados de lado, ou, no mínimo, (talvez porque não devidamente esclarecidos), afastados de viver essa fé na sua totalidade.
É difícil a essas pessoas muitas vezes entenderem essa situação, essa posição doutrinal da Igreja.
E é difícil porque são pessoas que vivem normalmente já uma situação de dor interior, uma situação até de indignação porque alguns foram vitimas do divórcio, e como tal, a revolta dentro delas “impede-as” de alguma forma, de terem a paz necessária e suficiente para compreender o que a Igreja lhes diz sobre a sua situação.
O divórcio é algo que marca profundamente aqueles que o sofrem.
É em primeiro lugar uma falha num projecto de vida a dois, (a maior parte das vezes acompanhados de um ou mais filhos), e os projectos que falham na vida de cada um, sobretudo projectos que envolvem sentimento, emoção, a própria vida, marcam indelevelmente essas vidas.
E ao marcar essas vidas, o divórcio torna-se presença constante no dia-a-dia daqueles que o vivem, mesmo até, naqueles que reconstituem uma família, ou seja, aqueles a quem se convencionou chamar re-casados.
Numa nova relação, (sobretudo se houver filhos da relação anterior), o divórcio anterior está sempre presente, porque há a necessidade de manter a relação anterior numa certa concórdia, especialmente por causa dos filhos existentes.
Ora essa necessidade de concórdia, essa “presença” da relação anterior, é real e muito assídua, e de alguma forma faz aqueles que a vivem, reviverem algo que não lhes é de modo algum agradável, mas antes pelo contrário, magoa e fere, porque constantemente lembra o que falhou.
Lembremo-nos ainda, que a parte da nova relação que não teve um divórcio, tem sempre, (somos humanos e a vida entre um homem e uma mulher tem sempre esta parte), sentimentos episódicos em que tende a comparar a vida da relação de agora, com a relação que o outro viveu, com tudo o que isso arrasta de possíveis incómodos, inseguranças, e até ciúmes, o que também se torna real para a parte que viveu o divórcio.
Todas estas situações envolvem uma enorme carga emocional, sentimental, em que os encontros e desencontros estão muito presentes, e em que há uma necessidade absoluta do amor, verdadeiramente amor vindo de Deus, pois só nesse amor de Deus o homem consegue alcançar a capacidade de perdoar, pedir perdão e ser perdoado.
(continua)
Joaquim Mexia Alves
Nota:
Por convite do “meu” Bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, orientei ontem, 7 de Abril, uma recoleção a sacerdotes, no Santuário de Fátima.
As coisas que Deus faz na minha vida!
Os textos são, obviamente, algo extensos, pelo que os publicarei aqui em diversas partes.
O cristianismo não é uma doutrina filosófica
A Cruz não é um ornamento, é o mistério do Amor de Deus – esta a principal mensagem do Papa Francisco na Missa desta terça-feira na Capela da Casa de Santa Marta. Em caminho no deserto, o povo murmurava contra Deus e contra Moisés. Mas quando o Senhor lhes mandou serpentes o povo admitiu o seu pecado e pediu um sinal de salvação. O Papa Francisco tomou a Primeira Leitura tirada do Livro dos Números, para refletir sobre a morte no pecado. E sublinhou que Jesus no Evangelho do dia alerta os fariseus dizendo-lhes: ‘Morrereis no vosso pecado’:
“Não há possibilidade de sair sozinhos do nosso pecado. Não há possibilidade. Estes doutores da lei, estas pessoas que ensinavam a lei não tinham uma ideia clara sobre isto. Acreditavam, sim, no perdão de Deus, mas sentiam-se fortes, auto-suficientes, sabiam tudo.”
Segundo o Papa Francisco não se percebe o cristianismo se não se perceber a humilhação profunda do Filho de Deus. Porque o cristianismo não é uma doutrina filosófica...“O cristianismo não é uma doutrina filosófica, não é um programa de vida para sobreviver, para ser educados, para fazer a paz. Estas são consequências. O cristianismo é uma pessoa, uma pessoa erguida, na Cruz, uma pessoa que se aniquilou a si própria para nos salvar; fez-se pecado. E assim como no deserto foi erguido o pecado, aqui foi erguido Deus, feito homem e feito pecado por nós. E todos os nossos pecados estavam ali. Não se percebe o cristianismo sem se perceber esta humilhação profunda do Filho de Deus, que humilhou-se a si próprio fazendo-se servo até à morte de Cruz, para servir.”
O Santo Padre concluiu a sua homilia explicando que a Cruz de Cristo não é um ornamento mas o mistério do Amor de Deus:“Não é um ornamento, que nós devemos meter sempre nas igrejas sobre o altar. Não é um símbolo que se distingue dos outros. A Cruz é o mistério, o mistério do amor de Deus, que se humilha a si próprio, faz-se um nada, faz-se pecado.”
“... o perdão que nos dá Deus são as chagas do seu Filho na Cruz, erguido na Cruz. Que Ele nos atraia para Si e que nós nos deixemos curar.” (RS)
(Fonte: 'news.va')
Vídeo da ocasião em italiano
Recorrer ao perdão de Deus
S. Paulo animava os cristãos a revestir-se de Nosso Senhor Jesus Cristo [4]. E é precisamente no Sacramento da Penitência que tu e eu nos revestimos de Jesus Cristo e dos Seus merecimentos [5], escreveu S. Josemaria. Conduzido pelo seu exemplo e pelas suas palavras, D. Álvaro insistia também na necessidade de nos prepararmos com esmero para receber este Sacramento. Estava bem convencido de que as pessoas hão-de ouvir as propostas do Senhor, que a todos chama à santidade, se procuram caminhar, com determinação e com paz, pelas sendas da graça, guiados por Deus. «Por isso – acrescentava – o apostolado da confissão ganha uma particular relevância. Só quando existe uma amizade habitual com o Senhor, amizade que se fundamenta no dom da graça santificante, é que as almas estão em condições de perceber o convite que Jesus Cristo nos faz: se alguém Me quer seguir…(Mt 16,24)» [6].
Agora, perto já da Semana Santa, podemos examinar-nos sobre o modo como aproveitámos pessoalmente este meio de santificação, como o estamos a difundir entre os nossos conhecidos, como cuidamos dele ao longo do ano. A próxima canonização de João Paulo II faz-me lembrar a frequência com que este santo Pontífice comentava que os fiéis da Prelatura do Opus Dei receberam o carisma da Confissão: uma graça especial de Deus para aproximar muitas almas deste tribunal de misericórdia e de perdão, e assim recuperarem a alegria cristã. Não afrouxemos nesta tarefa de recorrer ao perdão de Deus, de nos mantermos na Sua amizade.
[4]. Cfr. Rm 13, 14.
[5]. S. Josemaria, Caminho, n. 310.
[6]. D. Álvaro del Portillo, Carta, 1-XII-1993.
(D. Javier Echevarría, Prelado do Opus Dei na carta do mês de abril de 2014)
© Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei
Sem Maria não chegaremos espiritualmente a Deus
«Porque o “sim” de Maria á tão imaculado e perfeito, a sua imitação e veneração não constitui qualquer espécie de espiritualidade separada. É o contrário que há que dizer: nenhuma espiritualidade aprovada na Igreja pode permitir-se pretender chegar a Deus passando ao lado deste modelo de perfeição cristã e não sendo também mariana.»
(Hans Urs von Balthasar in ‘Maria primeira Igreja’ – Joseph Ratzinger e Hans Urs von Balthasar, título da responsabilidade do autor do blogue)
«Quando tiverdes erguido ao alto o Filho do Homem, então ficareis a saber que Eu sou» por São João Crisóstomo
São João Crisóstomo (c. 345-407), Bispo de Antioquia e, mais tarde, de Constantinopla, Doutor da Igreja.
Catequeses baptismais, n° 3, 16ss.
Queres saber que força se esconde no sangue de Cristo? Vê de onde foi que ele começou a correr e qual é a sua origem: vem da cruz, do lado do Senhor. Estando Jesus já morto, diz o evangelho, mas ainda suspenso da cruz, veio um soldado «e abriu-Lhe o lado com um golpe de lança, e dele saiu sangue e água» (Jo 19, 33-34). Esta água era o símbolo do baptismo, e o sangue o símbolo dos mistérios eucarísticos. [...] Foi, pois, um soldado que Lhe abriu o lado, perfurando a muralha do templo santo; e eu encontrei este tesouro, e fiz dele a minha fortuna. [...]
«E dele saiu sangue e água». Não passes com indiferença por este mistério. [...] Já te disse que esta água e este sangue são símbolo do baptismo e dos mistérios eucarísticos. Ora, a Igreja nasceu destes dois sacramentos: deste banho do renascimento e da renovação no Espírito, ou seja, do baptismo, e dos mistérios. Mas os sinais do baptismo e dos mistérios saíram do lado de Cristo; consequentemente, Cristo constituiu a Igreja a partir do Seu lado, tal como formara Eva a partir do lado de Adão (Gn 2, 22).
É por isso que Paulo afirma: Somos da Sua carne e dos Seus ossos (cf Act 17, 29; Gn 2, 23), designando desse modo o lado do Senhor. Com efeito, assim como o Senhor tomou carne do lado de Adão para formar a mulher, assim também Cristo nos deu o sangue e a água do Seu lado para formar a Igreja. E, assim como retirou a carne do lado de Adão enquanto este dormia, assim também nos deu o sangue e a água depois da Sua morte [...], porque desde agora a morte é um simples sono. Vistes como foi que Cristo Se uniu à Sua esposa? Vistes que alimento nos dá a todos? Foi deste alimento que nascemos, é com ele que nos alimentamos. Assim como a mulher gera os filhos do seu próprio sangue e os alimenta com o seu leite, assim também Cristo alimenta constantemente com o Seu sangue aqueles que gerou.
O Evangelho do dia 8 de abril de 2014
Jesus disse-lhes mais: «Eu retiro-Me: vós Me buscareis, e morrereis no vosso pecado. Para onde Eu vou, vós não podeis ir». Diziam, pois, os judeus: «Será que Ele Se mate a Si mesmo, pois diz: Para onde Eu vou, vós não podeis ir?». Ele disse-lhes: «Vós sois cá de baixo, Eu sou lá de cima. Vós sois deste mundo, Eu não sou deste mundo. Por isso Eu vos disse que morreríeis nos vossos pecados; sim, se não crerdes que “Eu sou”, morrereis nos vossos pecados». Disseram-Lhe então eles: «Quem és Tu?». Jesus respondeu-lhes: «É exactamente isso que Eu vos estou a dizer. Muitas coisas tenho a dizer e a julgar a vosso respeito, mas O que Me enviou é verdadeiro e o que ouvi d'Ele é o que digo ao mundo». Eles não compreenderam que Jesus lhes falava do Pai. Jesus disse-lhes mais: «Quando tiverdes levantado o Filho do Homem, então conhecereis que “Eu sou” e que nada faço por Mim mesmo, mas que, como o Pai Me ensinou, assim falo. O que Me enviou está comigo, não Me deixou só, porque Eu faço sempre aquilo que é do Seu agrado». Dizendo estas coisas, muitos acreditaram n'Ele.
Jo 8, 21-30
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