Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

terça-feira, 19 de maio de 2020

Ela abre-nos o caminho até ao Reino

Torna o teu amor a Nossa Senhora mais vivo, mais sobrenatural. Não vás ter com Santa Maria só para pedir. Vai também para dar!: dar-lhe afecto; dar-lhe amor para o seu divino Filho; manifestar-lhe esse carinho com obras ao serviço dos outros, que são também seus filhos. (Forja, 137)

Voltemos mais uma vez à experiência de cada dia, ao modo de tratar com as nossas mães na terra. Acima de tudo, que desejam dos seus filhos, que são carne da sua carne e sangue do seu sangue? O seu maior desejo é tê-los perto. Quando os filhos crescem e não é possível continuarem a seu lado, aguardam com impaciência as suas notícias, emocionam-se com tudo o que lhes acontece, desde uma ligeira doença até aos acontecimentos mais importantes.

Olhai: para a nossa Mãe, Santa Maria, jamais deixamos de ser pequenos, porque Ela nos abre o caminho até ao Reino dos Céus, que será dado aos que se tornam meninos. De Nossa Senhora nunca nos devemos afastar. Como a honraremos? Tendo intimidade com Ela, falando com Ela, manifestando-lhe o nosso carinho, ponderando no nosso coração os episódios da sua vida na terra, contando-lhes as nossas lutas, os nossos êxitos e os nossos fracassos. (Amigos de Deus, 289–290)

São Josemaría Escrivá

MISTÉRIOS DO EVANGELHO Quarto Mistério

Instituição do Sacramento do perdão

Podemos julgar - e talvez inconscientemente o façamos - que sabemos muito bem o que é o perdão. Talvez o que nos convenha ter claro seja: o que é PERDOAR!
Sim... digo bem - o que é PERDOAR! Parece muito claro que PERDOAR consiste em relevar uma ofensa - intencionalmente cometida contra a nossa pessoa. Parece que sim, é uma conclusão aceitável, mas há algumas "condições" que se impõem: Realmente o que ficou "ferido": a minha personalidade ou a minha soberba?
Ouvimos falar de soberba e, talvez, pensemos numa atitude despótica e avassaladora, com grande barulho de vozes que aclamam o triunfador que passa, como um imperador romano, debaixo dos altos arcos, inclinando a cabeça, pois teme que a sua fronte gloriosa toque o alvo mármore... Sejamos realistas. Este tipo de soberba só tem lugar numa fantasia louca. Temos de lutar contra outras formas mais subtis, mais frequentes: o orgulho de preferir a própria excelência à do próximo; a vaidade nas conversas, nos pensamentos e nos gestos; uma susceptibilidade quase doentia, que se sente ofendida com palavras ou acções que não são de forma alguma um agravo... Tudo isto, sim, pode ser, é uma tentação corrente. O homem considera-se a si mesmo como o sol e o centro dos que estão ao seu redor. Tudo deve girar em torno dele. Por isso, não raramente acontece que ele recorre, com o seu afã mórbido, à própria simulação da dor, da tristeza e da doença: para que os outros se preocupem com ele e o mimem. A maior parte dos conflitos que se apresentam na vida interior de muitas pessoas, fabrica-os a imaginação: é que disseram isto ou aquilo, são capazes de pensar aqueloutro, não me consideram... E essa pobre alma sofre, graças à sua triste fatuidade, com suspeitas que não são reais. Nessa aventura desgraçada, a sua amargura é contínua e procura desassossegar os outros, porque não sabe ser humilde, porque não aprendeu a esquecer-se de si mesmo para se entregar, generosamente, ao serviço dos outros por amor de Deus». (Cfr. São Josemaria, Amigos de Deus 101)
A "ofensa" foi real, concreta, feita directamente, ou por "me ter constado"? Trata-se de uma falsidade a meu respeito, ou de uma crítica a alguma faceta do meu carácter ou comportamento? Qual foi a minha primeira reacção?
A estas duas perguntas só é possível responder fazendo um exame sério e “desapaixonado” e justo. A nossa susceptibilidade é muitas vezes exagerada considerando agravos e ofensas o que, talvez, não passe de uma manifestação de “correcção fraterna”, ou seja, de amizade. Alguns – eu incluído – mantêm actualizada uma lista de “agravos” que consideram ter sido vítimas. É verdade que muitas destas supostas - ou reais – ofensas já as perdoamos mas, não obstante, mantemos viva a sua lembrança.
Diz-se: Eu perdoo mas não esqueço! Isto é um contra-senso, um disparate. Não esqueço porquê? Pensar na simples hipótese que se Deus Nosso Senhor procedesse assim connosco - perdoasse mas não esquecesse – deve causar-nos um imediato “calafrio”, medo e angústia.
No julgamento a que - todos – seremos sujeitos logo após a nossa morte terrena, quão extenso seria o volume do nosso “processo”? Esta maneira de ser apresenta, ainda, um outro perigo a ter muito em conta: A lembrança dos pecados do nosso passado - recente ou não – por vezes com detalhes que podem levar-nos a uma tentação terrível: A tentação da memória.
Sei - experimentei-o muitas vezes - que mesmo sem o desejar se pode repetir o pecado mesmo pecado. Não há, pois, outro caminho: - Perdoar e esquecer!

(AMA, 2019)

Alegria e confiança

Uma observação que sempre faço é que a alegria genuína se tornou mais rara. A alegria está hoje, por assim dizer, cada vez mais sobrecarregada de hipotecas morais e ideológicas. Quando uma pessoa se alegra, até tem medo de faltar à solidariedade com os muitos que sofrem. Pensa-se: Na realidade, nem posso alegrar-me num mundo em que existe tanta miséria, tanta injustiça.

Posso compreender isso. Estamos perante uma atitude também moral. Contudo, essa atitude é um erro. Porque o mundo não se torna melhor graças à perda da alegria: e, pelo contrário, o "não se alegrar" por causa do sofrimento também não ajuda os que sofrem.

Mas, por outro lado, o mundo precisa de pessoas que descubram o bem, que se alegrem por causa dele e que, desse modo, encontrem a energia e a coragem para o bem. A alegria, portanto, não exclui a solidariedade. Quando é correcta, quando não é egoísta, quando vem da percepção do bem, então também quer comunicar-se e se perpetua. O que volta sempre a chamar-me a atenção é que se encontram, nos bairros pobres, por exemplo, na América do Sul, muito mais pessoas rindo, alegres, do que entre nós.

Manifestamente, apesar de destituídas de tudo, ainda têm a percepção do bem, que as orienta como força inspiradora.

Nessa medida, precisamos outra vez dessa confiança originária, que, em última análise, só a fé pode dar: [a confiança de saber] que, no fundo, o mundo é bom, que Deus está presente e é bom, que é bom viver e ser humano. Daí vem também a coragem para a alegria, que, por sua vez, leva a que outros se alegrem e possam receber a Boa Nova.

(Cardeal Joseph Ratzinger em O sal da terra’ págs. 30-31)