Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sexta-feira, 6 de março de 2020

«Una e santa»

Pelo menos na Eucaristia de Domingo, no Credo, os católicos confessam que confiam na Igreja una e santa mas, perante a quantidade de protestos que se ouvem, perguntamo-nos o que significa essa unidade.

O comentário do Papa é que «o primeiro conforto vem-nos da constatação de que Jesus rezou muito pela unidade dos discípulos. Trata-se da prece da última Ceia, na qual Jesus pediu insistentemente: “Pai, que eles sejam um só”».

Jesus rezou tão insistentemente pela unidade que a Igreja não pode deixar de estar unida. Então, o que se passa? A história apresenta-nos exemplos maravilhosos de harmonia, assim como o sofrimento da desunião. Continua o Papa:
– «Os Actos dos Apóstolos recordam-nos que os primeiros cristãos se distinguiam por terem “um só coração e uma só alma” (Act 4, 32); além disso, o apóstolo Paulo exortava as suas comunidades a não se esquecerem de que constituem “um só corpo” (1 Cor 12, 13). No entanto, a experiência revela-nos que se cometem muitos pecados contra a unidade».

Há um mistério nesta mistura de trigo e de joio. Porque é que Jesus conta nessa parábola que o diabo semeou joio no campo de trigo da Igreja e, contudo, não devemos cortar o joio? Porque é que o joio há-de ficar na Igreja a manchar a pureza do bom trigo?

Não faltam aqueles que exigem que o Papa e os bispos expulsem o joio. Porque é que Jesus não parece concordar com um saneamento geral? O Papa Francisco propõe um exame de consciência:
– «Diante de tudo isto, devemos fazer um sério exame de consciência. Numa comunidade cristã, a divisão é um dos pecados mais graves, porque a torna sinal não da obra de Deus, mas do Diabo, o qual é por definição aquele que separa, que arruína os relacionamentos, que insinua preconceitos».

Este conselho do Papa faz pensar no perigo de o inimigo ter semeado joio no NOSSO coração. Se tivesse semeado joio lá fora, podíamos tomar medidas drásticas para conter a infestação, o problema é que talvez a semente da divisão esteja no interior da alma. Julgo que é por isso que o Papa diz que «devemos fazer um sério exame de consciência».

O joio que nos envenena a alma esconde-se, quando o procuramos descobrir: a crítica justifica-se porque os outros se portaram mal; criticamos os outros para que se corrijam; até nos deviam agradecer; talvez devêssemos ser ainda mais amargos na crítica que lhes fazemos. Viva a nossa crítica, tão santa! Vibra em nós a indignação dos apóstolos quando encontraram uma aldeia que não os queria receber: «Mestre, queres que mandemos vir fogo do céu e os consuma?». Jesus desatou a rir e chamou àqueles discípulos, com simpatia e bom humor, «filhos do trovão». Quando se faz um exame de consciência sério, Jesus faz-nos ver que não nos compete castigar o mundo, mas amá-lo. Podemos ajudar quem erra, se o amarmos. Com o mesmo sorriso divertido, Jesus arrancará suavemente o joio do nosso coração?

Continua o Papa Francisco:
– «Deus quer que cresçamos na capacidade de nos aceitarmos, de nos perdoarmos e de nos amarmos uns aos outros, para nos assemelharmos cada vez mais Àquele que é comunhão e caridade. Eis no que consiste a santidade da Igreja: em reconhecer-se à imagem de Deus, repleta da sua misericórdia e graça».

É curioso como a unidade está tão relacionada com a santidade, a tal ponto que S. Josemaria Escrivá dizia que são a mesma coisa (homilias «Amar a Igreja»).
Felizmente, o exame de consciência que o Papa sugere não é tão doloroso. É uma bênção de paz, para nós e para a Igreja:
– «Caros amigos, deixemos ressoar no nosso coração estas palavras de Jesus: “Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!” (Mt 5, 9). Peçamos sinceramente perdão por todas as vezes que constituímos ocasião de divisão ou de incompreensão (...), conscientes de que não chegaremos à comunhão, a não ser através de uma conversão contínua».

Neste tempo de Quaresma, de conversão contínua, de exame de consciência, vieram-me à memória estas considerações do Papa Francisco durante aquelas audiências com os peregrinos na Praça de S. Pedro dedicadas a meditar o mistério da Igreja, no ano de 2014. Os textos citados são da audiência de 27 de Agosto de 2014.
José Maria C.S. André

Quer que sejamos muito humano e muito divinos

Há muitos anos já que vi com clareza meridiana um critério que será sempre válido: o ambiente da sociedade, com o seu afastamento da fé e da moral cristãs, necessita de uma nova forma de viver e de propagar a verdade eterna do Evangelho. No próprio cerne da sociedade, do mundo, os filhos de Deus hão-de brilhar pelas suas virtudes como lanternas na escuridão, "quasi lucernae lucentes in caliginoso loco". (Sulco, 318)

Se aceitarmos a nossa responsabilidade de filhos de Deus, saberemos que Ele quer que sejamos muito humanos. A cabeça pode tocar o céu, mas os pés assentam na terra, com segurança. O preço de se viver cristãmente não é nem deixar de ser homem nem abdicar do esforço por adquirir essas virtudes que alguns têm, mesmo sem conhecerem Cristo. O preço de todo o cristão é o Sangue redentor de Nosso Senhor, que nos quer – insisto – muito humanos e muito divinos, com o empenho diário de O imitar, pois é perfectus Deus, perfectus homo.

Talvez não seja capaz de dizer qual é a principal virtude humana. Depende muito do ponto de vista de que se parta. Além disso, a questão torna-se ociosa, porque não se trata de praticar uma ou várias virtudes. É preciso lutar por adquiri-las e praticá-las todas. Cada uma de per si entrelaça-se com as outras e, assim, o esforço por sermos sinceros, por exemplo, torna-nos justos, alegres, prudentes, serenos.

Precisamos, ao mesmo tempo, de considerar que a decisão e a responsabilidade residem na liberdade pessoal de cada um e, por isso, as virtudes são também radicalmente pessoais, da pessoa. No entanto, nessa batalha de amor ninguém luta sozinho – ninguém é um verso solto, costumo repetir –: de certo modo, ou nos ajudamos ou nos prejudicamos. Todos somos elos de uma mesma cadeia. Pede agora comigo a Deus Nosso Senhor, que essa cadeia, nos prenda ao seu Coração, até chegar o dia de O contemplar face a face, no Céu, para sempre. (Amigos de Deus, 75–76)

São Josemaría Escrivá

Conversão

«A conversão a que somos chamados não deve ser entendida como um simples ajustamento na nossa vida, mas como uma autêntica inversão de marcha. Converter-se significa precisamente ir em contra-corrente. Converter-se significa mudar direcção no caminho da vida : não um pequeno ajustamento, mas uma autêntica inversão de marcha.

Converter-se significa caminhar em contra-corrente, entendendo por corrente um estilo de vida superficial e incoerente que muitas vezes nos arrasta, nos domina e nos torna prisioneiros do mal e da mediocridade».

(Bento XVI na Audiência geral de quarta feira de Cinzas de 2010)

QUARESMA - UM CAMINHO AO ENCONTRO DO AMOR!

A Quaresma é um caminho ao encontro do Amor!

Quando amamos, desejamos sempre agradar ao amado, pretendemos sempre conhecer o que o amado deseja que façamos, ansiamos sempre por fazer a vontade do amado.
Ora não há amor maior que o amor de Deus, e por isso, não há melhor Amante e Amado que o próprio Deus!
Porque Ele nos ama com amor total, de tal modo que se entregou inteiramente por nós, dando a Sua própria Vida!
E o Seu amor é de tal forma perfeito, que podendo tudo, não nos concede tudo o que desejamos, porque sabe que nem tudo o que desejamos é bom para nós, protegendo-nos assim da nossa, por vezes, errada vontade.

E a Quaresma é um caminho ao encontro desse Amor de Deus!

Porque é um caminho ao encontro da vontade de Deus, que vai muito para além do reconhecimento do nosso pecado e do nosso arrependimento, porque nos chama à conversão, e a conversão é um “transformar-se” em Cristo, é um “moldar-se” em Cristo, deixando-nos por Ele ser moldados, para procurarmos ser a Sua imitação no bem e no amor.

A conversão deve levar-nos não só a sermos de Cristo, mas a sermos também o próprio Cristo, (sobretudo para os outros), no sentido em que Ele está em nós, quando nos deixamos transformar pelo Espírito Santo, querendo tornar verdadeira em nós a frase de São Paulo: «Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim.» Gl 2, 20

Seremos então amor, porque nos deixámos moldar pelo Amor!

E o amor não é triste, nem é uma gargalhada espalhafatosa, mas é uma paz e uma alegria serena, confiante e esperançosa.
Por isso se compreende ainda melhor a Palavra de Jesus Cristo:
«E, quando jejuardes, não mostreis um ar sombrio, como os hipócritas, que desfiguram o rosto para que os outros vejam que eles jejuam…
Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, para que o teu jejum não seja conhecido dos homens, mas apenas do teu Pai que está presente no oculto; e o teu Pai, que vê no oculto, há-de recompensar-te.» Mt 6, 5-6

Com efeito, se amamos a Deus e por Ele nos sabemos amados, se confiamos que o Seu amor é sempre maior do que o nosso pecado e que o Seu perdão é constante perante o nosso arrependimento, porquê apresentarmos faces tristes, como se o pecado nos pesasse mesmo depois de o reconhecermos perante Deus?
Seria quase duvidar do amor, do perdão de Deus, da Sua infinita misericórdia!

Então, que nesta Quaresma procurando fazer a vontade de Deus, entregando-nos à verdadeira conversão, apresentemos um rosto de paz, de alegria serena e intima, o rosto que só podem apresentar aqueles que acreditam na Fé, que o amor de Deus por nós é desde sempre e para sempre.

Então a Quaresma será verdadeiramente um caminho ao encontro do Amor!

Marinha Grande, 14 de Fevereiro de 2013

Joaquim Mexia Alves AQUI

Nota:
Texto publicado no último número do "Grãos de Areia", Boletim Mensal da Paróquia da Marinha Grande.

Deus fonte da razão e liberdade

«O mais profundo do pensamento e do sentimento humanos sabe, de algum modo, que Ele deve existir. Que na origem de todas as coisas deve estar não a irracionalidade, mas a Razão criativa; não o ocaso cego, mas a liberdade.»

(Bento XVI - Encontro com o mundo da cultura no Collège des Bernardins em Paris a 12.09.2008)