São João Crisóstomo (c.345-407), presbítero em Antioquia, depois bispo de Constantinopla, doutor da Igreja
3.ª Homilia sobre os Atos dos Apóstolos (trad. do breviário)
«Naqueles dias, levantando-se Pedro no meio dos discípulos» (At 1,15ss.), Pedro, a quem Cristo tinha confiado o rebanho, movido pelo fervor do seu zelo e dado que era o primeiro dentro do grupo, foi o primeiro a tomar a palavra [e] «disse: Irmãos, é necessário escolher de entre [...] os homens que andaram connosco». Reparai como se empenha em que tenham sido testemunhas oculares; embora o Espírito Santo houvesse de vir depois sobre eles, dá a isso grande importância. «De entre os homens que andaram connosco, todo o tempo que o Senhor Jesus passou no meio de nós». Refere-se àqueles que viveram com Jesus e não aos que eram apenas discípulos. De facto, eram muitos os que O seguiam desde o princípio [...] «até ao dia em que nos foi levado para o alto; é necessário, pois, que um deles se torne connosco testemunha da Sua Ressurreição».
Não disse: testemunha de tudo o mais; mas só: «testemunha da Ressurreição». Na verdade, seria mais digno de fé quem pudesse testemunhar: Aquele que vimos comer e beber e que foi crucificado, foi Esse que ressuscitou. Não interessava ser testemunha do tempo anterior nem do seguinte, nem dos milagres, mas simplesmente da Ressurreição. Porque todos os outros factos eram manifestos e públicos; só a Ressurreição se tinha realizado secretamente e só eles a conheciam.