Depois de conversar com Ricardo Fernández Vallespin, estudante de Arquitectura, oferece-lhe um livro sobre a Paixão do Senhor. Como dedicatória escreve: “Que procures a Cristo, que encontres a Cristo, que ames a Cristo”.
Obrigado, Perdão Ajuda-me
segunda-feira, 29 de maio de 2017
COMUNHÃO ESPIRITUAL
À tua mente assoma um breve sentimento de revolta. Por causa da tua situação familiar não podes receber a comunhão eucarística.
E isso dói-te, profundamente, porque o teu desejo, a tua vontade de receber o Senhor, é maior do que o que tu podes conter.
Ouves as palavras e reza-las também:
«Senhor eu não sou digno que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e eu serei salvo.»
Vem à tua memória a passagem bíblica, (Lc 7, 1-10), onde está inscrita esta oração.
Aquele centurião romano acreditava que, mesmo não sendo digno, (não podendo), de receber o Senhor em sua casa, mesmo assim o Senhor não deixaria de o ouvir e de atender o seu pedido segundo a sua vontade.
Com efeito, a consciência de que não era digno, (digno ninguém é de O receber), ou melhor, não podendo receber o Senhor em sua casa, leva-o a conformar-se com esse impedimento, e assim está em comunhão com a vontade do Senhor.
Assim o seu pedido, «dizei uma palavra e o meu servo será curado», já é também uma conformidade com a vontade de Deus, e, por isso mesmo, um pedido atendido, porque é da vontade d’Aquele que o concede, porque só Ele o pode conceder.
Percebes então, que o Senhor não precisou de se deslocar àquela casa, não precisou de tocar fisicamente aquele que estava enfermo, para que, por sua vontade ele fosse curado, ele fosse salvo.
Dentro de ti desponta então esta certeza que vai tomando conta de ti: Embora eu não O possa receber fisicamente, embora eu não O possa receber na comunhão eucarística, Ele não deixará de dizer uma palavra para minha salvação, assim eu o peça com fé, e segundo a sua vontade.
Disposto a isso, deixas-te envolver no momento, e caminhas na tua imaginação com aqueles que vão receber o Corpo e Sangue do Senhor, porque dentro de ti, começas a acreditar, ou melhor, já acreditas, que também tu, pela infinita misericórdia de Deus, O vais receber espiritualmente, e assim Ele vai actuar em ti e conduzir-te no Caminho, na Verdade e na Vida que Ele é, ajudando-te a perceber como viver a tua situação particular de vida.
Desejas recebê-Lo, e fazes disso mesmo a tua inteira vontade, porque ao recebê-Lo sabes bem que Ele te vai iluminar, conduzir e fortalecer, para melhor viveres a vida que te foi dada, nas circunstâncias que agora vives.
E se esse desejo é tão grande em ti, então é porque a tua fé é grande também, e é grande porque acreditas que naquela hóstia, ou melhor, pela consagração na Eucaristia, o Senhor Jesus Cristo se faz real e verdadeiramente presente.
E ao acreditares nessa verdade da fé, não te conformas já tu com a vontade de Deus, não te abres já tu à comunhão com Deus, ao permanecer em Deus, para além da tua situação particular?
E não é também esta comunhão espiritual um formidável acto de caridade/amor?
Amor ao Senhor, amor a Deus!
Amor à Igreja, com a qual te queres conformar aceitando a tua particular situação!
Amor aos teus irmãos, ao teu próximo, sobretudo aos mais novos, não os confundindo, pois se te aproximasses da comunhão eucarística, que eles te sabem vedada pela tua própria situação, poderiam ficar descrentes do que lhes foi/é ensinado.
Começas a compreender que essa tua imensa vontade, (esse teu quase incontrolável desejo de receber o Senhor), alicerçado na fé de acreditares que Ele ali se faz presente, vivido no amor a Deus e ao próximo, te faz comungar espiritualmente o Senhor, e que, perante a tua abertura de coração, Ele diz a tal palavra que te conduzirá no caminho da salvação.
E admiras-te, porque no teu coração dás graças a Deus pela tua situação particular, que afinal te leva a ter tão grande consciência da presença real de Jesus Cristo na Eucaristia.
Desponta mesmo em ti uma pergunta sincera: Será que se não vivesses esta tua situação familiar particular, terias tão grande consciência do acontecimento extraordinário que é Deus dar-se como alimento ao homem e este poder-se alimentar do próprio Deus?
Olhas para aqueles que comungam e já não os invejas, antes pelo contrário, pedes por eles e por ti, para que o Senhor desperte nos corações de cada um, um amor cada vez mais forte e verdadeiro.
E sentes-te comunhão com eles!
Afinal, tu és Igreja também!
Assim o ensina a própria Igreja. Está-te vedada a comunhão eucarística, mas Deus está contigo, verdadeiramente, e tu és pedra viva da Igreja do Senhor.
E descobres em ti esse sentimento de te fazeres conforme a vontade Deus, conforme o ensinamento da Igreja, e encontras em ti uma humildade que não conhecias, fruto da obediência de amor a que te entregaste.
E dentro do teu coração, explode a oração:
Glória ao Senhor, agora e para sempre!
Creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo, e creio na Igreja que é comunhão e me faz comunhão.
Amen.
Marinha Grande, 6 de Maio de 2013
O Evangelho do dia 29 de maio de 2017
Os Seus discípulos disseram-Lhe: «Eis que agora falas claramente e não usas nenhuma parábola. Agora conhecemos que sabes tudo e que não é necessário que alguém Te interrogue. Por isso cremos que saíste de Deus». Jesus respondeu-lhes: «Credes agora?». «Eis que vem a hora, e já chegou, em que sereis espalhados cada um para seu lado e em que Me deixareis só; mas Eu não estou só, porque o Pai está comigo. Disse-vos estas coisas para que tenhais paz em Mim. Haveis de ter aflições no mundo; mas tende confiança, Eu venci o mundo».
Jo 16, 29-33
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