Homilia do século V sobre a oração
Erradamente atribuída a São João Crisóstomo; PG 64, 461 (a partir da trad. Breviário)
O bem supremo é a oração, o encontro familiar com Deus. [...] A oração é a luz da alma, o verdadeiro conhecimento de Deus, a mediadora entre Deus e os homens. Por ela, a alma eleva-se ao céu e cinge-se a Deus num abraço inexprimível. Como uma criança chorando ao encontro da sua mãe, ela exprime a profundidade do seu desejo. Ela exprime a sua vontade profunda e recebe dádivas que ultrapassam toda a natureza visível. Porque a oração apresenta-se como uma embaixadora poderosa, ela alegra, ela apazigua a alma.
Quando falo da oração, não imagines que se trata de palavras. Ela é um impulso para Deus, um amor indizível que não vem dos homens e do qual o apóstolo Paulo fala assim: «Não sabemos o que devemos pedir em nossas orações, mas é o próprio Espírito que intercede por nós com gemidos inefáveis» (Rom 8, 26). Uma oração assim, se Deus a concede a alguém, é para esse uma riqueza imutável, um alimento celeste que satisfaz a alma. Quem a provou é tomado por um desejo constante do Senhor, como um fogo devorador que lhe envolve o coração.