Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

terça-feira, 8 de março de 2022

São João de Deus, †1550 (Patrono dos hospitais)

"É pelo fruto que se conhece a árvore." Mt 12,33b 

O Santo de hoje é muito conhecido, sobretudo no mundo português. É São João de Deus, português, nascido em Montemor-o-Novo (1495) e falecido em Granada (Espanha, a 8 de Março de 1550). De seu nome João Cidade conta-se que, tendo transportado aos ombros um menino andrajoso que com dificuldade se deslocava, este lhe mostrou uma granada ou romã, com uma representação da Santa Cruz e, referindo-se à cidade espanhola com esse nome, lhe disse: "Granada será a tua Cruz". A seguir desapareceu. 

A primeira parte da vida deste santo foi marcada por aventuras, algumas até curiosas. Abandonou a casa paterna aos oito anos. Fez-se soldado. Trabalhou em hospitais, como simples servente. Foi criado e comerciante. Manteve um pequeno negócio de livros. Ouvindo um sermão de São João d' Ávila sentiu-se tocado. Desfez-se de todos os seus bens. Reuniu esmolas e foi cuidar de doentes, especialmente dos loucos e dos incuráveis. Entre eles, como ele próprio conta, havia paralíticos, leprosos e até mudos. "Nas horas difíceis - dizia João de Deus - é Jesus Cristo quem provê tudo e dá de comer aos meus queridos doentes". 

Mantinha ele mais de oitenta hospitais, que fundara só em Espanha. Por isso, tornou-se também o Fundador dos Irmãos dos Enfermos. E foi declarado patrono dos hospitais por Leão XIII.

"Minha filha, o Senhor conta com a tua ajuda"

- Minha filha, que formaste um lar, agrada-me recordar-te que vós, as mulheres, - bem o sabes! - tendes muita fortaleza, que sabeis envolver numa doçura especial, para que não se note. E, com essa fortaleza, podeis fazer do marido e dos filhos instrumentos de Deus ou diabos. Tu fá-los-ás sempre instrumentos de Deus: Nosso Senhor conta com a tua ajuda. (Forja, 690)

A mulher é chamada a levar à família, à sociedade civil, à Igreja, alguma coisa de característico, que lhe é próprio e que só ela pode dar: a sua delicada ternura, a sua generosidade incansável, o seu amor ao concreto, a sua agudeza de engenho, a sua capacidade de intuição, a sua piedade profunda e simples, a sua tenacidade... A feminilidade não é autêntica se não reconhece a formosura dessa contribuição insubstituível e não a incorpora na própria vida.

Para cumprir essa missão, a mulher tem de desenvolver a sua própria personalidade, sem se deixar levar por um ingénuo espírito de imitação, que - em geral - a colocaria facilmente num plano de inferioridade e deixaria irrealizadas as suas possibilidades mais originais. Se se formar bem, com autonomia pessoal, com autenticidade, realizará eficazmente o seu trabalho, a missão para que se sente chamada, seja ela qual for. A sua vida e o seu trabalho serão realmente construtivos e fecundos, cheios de sentido, tanto se passa o dia dedicada ao marido e aos filhos, como se, tendo renunciado ao matrimónio por alguma razão nobre, se entregou plenamente a outras tarefas. Cada uma no seu próprio caminho, sendo fiel à sua vocação humana e divina, pode realizar e realiza de facto a plenitude da personalidade feminina. Não esqueçamos que Santa Maria, Mãe de Deus e Mãe dos homens, é não só modelo, mas também prova do valor transcendente que pode alcançar uma vida aparentemente sem relevo. (Temas Actuais do Cristianismo, 87)

Uma mulher com preparação adequada deve ter a possibilidade de encontrar aberto o caminho da vida pública, em todos os níveis. Neste sentido, não se podem apontar tarefas específicas da mulher. Como disse antes, o específico neste terreno não é dado tanto pela tarefa ou pelo posto, como pelo modo de realizar esta função, pelos matizes que a sua condição de mulher encontrará para a solução dos problemas com que se enfrente, e inclusivamente pela descoberta e pela formulação destes problemas. (Temas Actuais do Cristianismo, 90)

São Josemaria Escrivá

As mulheres ao serviço do Evangelho

Amados irmãos e irmãs

Hoje chegámos ao fim do nosso percurso entre as testemunhas do cristianismo nascente, que os escritos neotestamentários mencionam. E usamos a última etapa deste primeiro percurso para dedicar a nossa atenção às diversas figuras femininas que tiveram um papel efectivo e precioso na difusão do Evangelho. O seu testemunho não pode ser esquecido, de acordo com o que o próprio Jesus pôde dizer da mulher que lhe ungiu a cabeça pouco antes da Paixão: "Em verdade vos digo: em qualquer parte do mundo onde este Evangelho for anunciado, há-de também narrar-se, em sua memória, o que ela acaba de fazer" (Mt 26, 13; Mc 14, 9). O Senhor quer que estas testemunhas do Evangelho, estas figuras que deram uma contribuição a fim de que aumentasse a fé nele, sejam conhecidas e a sua memória seja viva na Igreja. Podemos historicamente distinguir o papel das mulheres no Cristianismo primitivo, durante a vida terrena de Jesus e durante as vicissitudes da primeira geração cristã.

Jesus certamente, sabemo-lo, escolheu entre os seus discípulos doze homens como Pais do novo Israel, escolheu-os para "estarem com Ele e para os enviar a pregar" (Mc 3, 14). Este facto é evidente mas, além dos Doze, colunas da Igreja, pais do novo Povo de Deus, são escolhidas no número dos discípulos também muitas mulheres. Apenas brevemente posso mencionar aquelas que se encontram no caminho do próprio Jesus, a começar pela profetisa Ana (cf. Lc 2, 36-38), até à Samaritana (cf. Jo 4, 1-39), à mulher sírio-fenícia (cf. Mc 7, 24-30), à hemorroíssa (cf. Mt 9, 20-22) e à pecadora perdoada (cf. Lc 7, 36-50). Não me refiro sequer às protagonistas de algumas parábolas eficazes, por exemplo a uma dona de casa que amassa o pão (cf. Mt 13, 33), à mulher que perde a dracma (cf. Lc 15, 8-10), à viúva que importuna o juiz (cf. Lc 18, 1-8). Mais significativas para o nosso assunto são aquelas mulheres que desenvolveram um papel activo no contexto da missão de Jesus. Em primeiro lugar, o pensamento dirige-se naturalmente à Virgem Maria que, com a sua fé e a sua obra materna, colaborou de modo único para a nossa Redenção, tanto que Isabel pôde proclamá-la "bendita és tu entre as mulheres" (Lc 1, 42), acrescentando: "Feliz de ti que acreditaste" (Lc 1, 45). Tornando-se discípula do Filho, Maria manifestou em Caná a confiança total nele (cf. Jo 2, 5) e seguiu-o até aos pés da Cruz, onde recebeu dele uma missão materna para todos os seus discípulos de todos os tempos, representados por João (cf. Jo 19, 25-27).

Há depois várias mulheres, que a diversos títulos gravitam em volta da figura de Jesus, com funções de responsabilidade. São exemplo eloquente disto as mulheres que seguiam Jesus para o assistir com os seus bens e das quais Lucas nos transmite alguns nomes: Maria de Magdala, Joana, Susana e "muitas outras" (cf. Lc 8, 2-3). Depois, os Evangelhos informam-nos que as mulheres, diversamente dos Doze, não abandonaram Jesus na hora da Paixão (cf. Mt 27, 56.61; Mc 15, 40). Entre elas, sobressai em particular Madalena, que não só presenciou a Paixão, mas foi também a primeira testemunha e anunciadora do Ressuscitado (cf. Jo 20, 1.11-18). Precisamente a Maria de Magdala S. Tomás de Aquino reserva a singular qualificação de "apóstola dos apóstolos" (apostolorum apostola), dedicando-lhe este bonito comentário: "Como uma mulher tinha anunciado ao primeiro homem palavras de morte, assim uma mulher foi a primeira a anunciar aos apóstolos palavras de vida" (Super Ioannem, ed. Cai 2519).

Também no âmbito da Igreja primitiva a presença feminina não é de modo algum secundária. Não insistamos sobre as quatro filhas não nomeadas do "diácono" Filipe, residentes em Cesareia Marítima e todas elas dotadas, como nos diz São Lucas, do "dom da profecia", ou seja, da faculdade de intervir publicamente sob a ação do Espírito Santo (cf. At 21, 9). A brevidade da notícia não permite deduções mais precisas. Aliás, devemos a São Paulo uma mais ampla documentação sobre a dignidade e sobre o papel eclesial da mulher. Ele parte do princípio fundamental, segundo o qual para os batizados não só "não há judeu nem grego, não há escravo nem livre", mas também "não há homem nem mulher". O motivo é que "todos somos um só em Cristo Jesus" (Gl 3, 28), ou seja, todos irmanados pela mesma dignidade de fundo, embora cada um tenha funções específicas (cf. 1 Cor 12, 27-30). O Apóstolo admite como algo normal que na comunidade cristã a mulher possa "profetizar" (1 Cor 11, 5), isto é, pronunciar-se abertamente sob o influxo do Espírito, contanto que isto seja para a edificação da comunidade e feito de modo digno. Portanto, a sucessiva, bem conhecida, exortação para que "as mulheres estejam caladas nas assembleias" (1 Cor 14, 34) deve ser antes relativizada. Deixemos aos exegetas o consequente problema, muito discutido, da relação entre a primeira palavra as mulheres podem profetizar na assembleia e a outra não podem falar da relação entre estas duas indicações aparentemente contraditórias. Não se pode discuti-lo aqui. Na quarta-feira passada já encontrámos a figura de Prisca ou Priscila, esposa de Áquila, que em dois casos é surpreendentemente mencionada antes do marido (cf. Act 18, 18; Rm 16, 3): de qualquer maneira, ambos são explicitamente qualificados por Paulo como seus sun-ergoús, "colaboradores" (Rm 16, 3).

Outros relevos não podem ser descuidados. É necessário reconhecer, por exemplo, que a breve Carta a Filémon é na realidade endereçada por Paulo também a uma mulher chamada "Ápfia" (cf.Fm 2). Tradições latinas e sírias do texto grego acrescentam a este nome "Ápfia" o apelativo de "irmã caríssima" (Ibidem) e deve-se dizer que na comunidade de Colossos ela devia ocupar um lugar de relevo; de qualquer forma, é a única mulher mencionada por Paulo entre os destinatários de uma sua carta. Noutro lugar, o Apóstolo menciona uma certa "Febe", qualificada comodiákonos da Igreja de Cêncreas, a pequena cidade portuária a leste de Corinto (cf. Rm 16, 1-2).

Embora o título naquele tempo não tenha um específico valor ministerial de tipo hierárquico, ele expressa um verdadeiro e próprio exercício de responsabilidade desta mulher em favor daquela comunidade cristã. Paulo recomenda que seja recebida cordialmente e assistida "nas atividades em que precisar de vós"; depois, acrescenta: "Pois também ela tem sido uma protetora para muitos e para mim pessoalmente". No mesmo contexto epistolar, o Apóstolo recorda com traços de delicadeza outros nomes de mulheres: uma certa Maria, depois Trifena, Trifosa e a "querida" Pérside, além de Júlia, das quais escreve abertamente que "se afadigaram por vós" ou "que se afadigaram pelo Senhor" (Rm 16, 6.12a.12b.15), ressaltando assim o seu forte compromisso eclesial. Depois, na Igreja de Filipos deviam distinguir-se duas mulheres chamadas "Evódia e Síntique" (Fl 4, 2): a exortação que Paulo faz à concórdia recíproca deixa entender que as duas mulheres tinham uma função importante no interior daquela comunidade.

Em síntese, a história do cristianismo teria tido um desenvolvimento muito diferente, se não houvesse a generosa contribuição de muitas mulheres. Por isso, como pôde escrever o meu venerado e querido Predecessor João Paulo II na Carta Apostólica Mulieris dignitatis, "a Igreja rende graças por todas e cada uma das mulheres... A Igreja agradece todas as manifestações do "génio" feminino, surgidas no curso da história, no meio de todos os povos e nações; agradece todos os carismas que o Espírito Santo concede às mulheres na história do Povo de Deus, todas as vitórias que deve à fé, à esperança e à caridade das mesmas: agradece todos os frutos de santidade feminina" (n. 31). Como se vê, o elogio diz respeito às mulheres ao longo da história da Igreja, e é expresso em nome de toda a comunidade eclesial. Também nós nos unimos a este apreço, dando graças ao Senhor porque Ele conduz a sua Igreja, de geração em geração, valendo-se indistintamente de homens e mulheres, que sabem frutificar a sua fé e o seu batismo, para o bem de todo o Corpo eclesiástico, para maior glória de Deus.

(Bento XVI – Audiência-Geral 14.02.2007)

S. João de Ávila, confessor, doutor da Igreja, †1569

Santo espanhol nascido em Almodóvar del Campo, próximo de Toledo, de espírito reformista e um do maior pregadores do seu tempo, conselheiro de bispos e nobres, diretor de almas, coluna da Igreja e um dos paladinos da Contra-Reforma católica no século XVI, considerado o pai espiritual de um grande número de santos na Espanha de sua época. Descendente de uma família de judeus convertidos e de boas posses, era filho único de Alonso de Ávila e Catarina Xixón, aos 14 anos entrou para a famosa Universidade de Salamanca para estudar Direito. Porém seu apego à fé em Jesus Cristo pesou mais fortemente e abandonou os estudos para voltar para casa. Depois de três anos de profunda dedicação à religiosidade, dirigiu-se à famosa Universidade de Alcalá, com o objetivo de seguir o sacerdócio e estudou filosofia e teologia. Foi discípulo do renomado Domingos de Soto e recebeu a ordenação sacerdotal. Com a morte dos pais vendeu sua grande fortuna, distribuiu pelos necessitados e passou a viver de esmolas. Dirigiu-se a Sevilha com o intuito de embarcar para as Índias, mas foi persuadido a permanecer na Espanha, onde deu início à sua brilhante carreira apostólica, que o tornaria conhecido como o grande Apóstolo da Andaluzia. Autor e diretor espiritual cuja liderança religiosa animou a Espanha durante o século XVI, morreu em Montilla, de problemas renais.

Foi proclamado Doutor da Igreja em 2011 por Bento XVI.