Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

domingo, 19 de janeiro de 2020

O mandamento novo do amor

Jesus Nosso Senhor amou tanto os homens, que encarnou, tomou a nossa natureza e viveu em contacto diário com pobres e ricos, com justos e pecadores, com novos e velhos, com gentios e judeus. Dialogou constantemente com todos: com os que gostavam dele e com os que só procuravam a maneira de retorcer as suas palavras, para o condenar. – Procura comportar-te como Nosso Senhor. (Forja, 558)

Compreende-se muito bem a impaciência, a angústia, os inquietos anseios daqueles que, com uma alma naturalmente cristã, não se resignam perante a injustiça individual e social que o coração humano é capaz de criar. Tantos séculos de convivência dos homens entre si, e ainda tanto ódio, tanta destruição, tanto fanatismo acumulado em olhos que não querem ver e em corações que não querem amar!

Os bens da Terra, repartidos entre muito poucos; os bens da cultura, encerrados em cenáculos... E, lá fora, fome de pão e de sabedoria; vidas humanas – que são santas, porque vêm de Deus – tratadas como simples coisas, como números de uma estatística! Compreendo e compartilho dessa impaciência, levantando os olhos para Cristo, que continua a convidar-nos a pormos em prática o mandamento novo do amor.

É preciso reconhecer Cristo que nos sai ao encontro nos nossos irmãos, os homens. Nenhuma vida humana é uma vida isolada; entrelaça-se com as demais. Nenhuma pessoa é um verso solto; todos fazemos parte de um mesmo poema divino, que Deus escreve com o concurso da nossa liberdade. (Cristo que passa, 111)

São Josemaría Escrivá

Bom Domingo do Senhor!

Imitemos João Batista na fé e na confiança no Espírito Santo como nos fala o Evangelho de hoje (Jo 1, 29-34) reconhecendo a Jesus como o primogénito e único Filho de Deus Pai.

Louvado seja para todo o sempre o Verbo que se fez homem e habitou entre nós!

A liberdade religiosa

Foto corresponde à celebração da Santa Missa
no dia 01.01.2012
“O mundo tem necessidade de Deus. Tem necessidade de valores éticos e espirituais, universais e partilhados, e a religião pode oferecer um precioso contributo na sua busca, para a construção de uma ordem social e internacional justa e pacífica. A liberdade religiosa é, portanto, elemento imprescindível num Estado de direito; não pode ser negada sem que se afecte ao mesmo tempo todos os direitos e liberdades fundamentais, dos quais é síntese e cume”.

(Bento XVI na homilia do Dia Mundial da Paz em 01.01.2011)

Non prævalebunt

Desde 1861, o «L’Osservatore Romano», jornal oficioso da Santa Sé, publica todos os dias esta frase no cimo da primeira página. Poucos jornais se mantêm ao cabo de quase dois séculos e talvez nenhum conserve o cabeçalho do primeiro ano, mas esta frase ainda é mais recordista de fundo, porque já tem dois mil anos. Um dia, Jesus disse-a a um pescador da Galileia: «Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela» (Mateus 16, 18). Em latim, «...et portæ inferi non prævalebunt».

No século XIX, quando a Igreja era atacada por todos os lados e parecia condenada por forças mais poderosas, o «non prævalebunt» (não hão-de vencer) soava como um grito de confiança em que Deus acabaria por defender a sua Igreja. A barca de Pedro, sacudida pelas vagas, quase a afundar-se, rezava a Deus, que tinha reservado para Si a última palavra.
Passados quase dois séculos de edições do «L’Osservatore Romano», o Papa Francisco retoma estas palavras de Cristo num sentido surpreendente. Não é só que o Inferno seja impotente para afundar a barca de Pedro: a Igreja é que se lança ao ataque das portas do inferno e elas não vão resistir. Um cristão «nunca se fecha, nunca se refugia nas próprias seguranças, nunca opta pela rigidez auto-defensiva»: ao ataque!

Francisco começou o pontificado dando ordem de avançar rumo àqueles territórios que pareciam fora do alcance da Igreja, essas periferias consideradas como propriedade inexpugnável do «Inimigo». Embora fale com muita frequência da acção destruidora do demónio, a ameaça não o detém. A palavra de ordem é atacar, com todos os efectivos: «Todos somos convidados a aceitar este chamamento: sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho».

Em tempo de guerra, as debilidades pessoais relativizam-se, em nome da missão confiada: «Não fujamos da ressurreição de Jesus; nunca nos demos por mortos, suceda o que suceder. Que nada possa mais do que a vida de Jesus, que nos impele para diante!».

A batalha de que se trata tem facetas peculiares. Sobretudo, não rejeita, não impõe. Num texto célebre, justamente intitulado «A Alegria do Evangelho», o Papa Francisco classificou esta missão como o anúncio da alegria. O contraste com a estratégia do Inimigo não podia ser mais flagrante.

«O grande risco do mundo actual, com sua múltipla e avassaladora oferta de consumo, é uma tristeza individualista que brota do coração comodista e mesquinho, da busca desordenada de prazeres superficiais, da consciência isolada. Quando a vida interior se fecha (...), deixa de haver espaço para os outros, já não entram os pobres, já não se ouve a voz de Deus, já não se goza da doce alegria do seu amor, nem fervilha o entusiasmo de fazer o bem. (...). Muitos caem neste risco, transformando-se em pessoas ressentidas, queixosas, sem vida. Esta não é a escolha duma vida digna e plena».

A proposta da Igreja avança na direcção contrária: «Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria. Quero dirigir-me aos fiéis cristãos a fim de os convidar para uma nova etapa evangelizadora marcada por esta alegria e indicar caminhos para o percurso da Igreja nos próximos anos».

Esta convocatória universal não se dirige aos «pregadores», porque «nos compete a todos como tarefa diária: cada um levar o Evangelho às pessoas com quem se encontra, tanto aos mais íntimos como aos desconhecidos. (...) Ser discípulo significa ter a disposição permanente de levar aos outros o amor de Jesus; e isto sucede espontaneamente em qualquer lugar: na rua, na praça, no trabalho, num caminho».

Vistos cá de baixo, os infernos deste mundo parecem inexpugnáveis, mas o panorama que Deus tem diante é diferente. Há dois mil anos, Jesus Cristo constituiu a Igreja sobre a rocha – sobre Pedro – anunciando-lhe a vitória: as portas do inferno não têm hipóteses.

«Porque esperamos nós?» – pergunta Pedro, que hoje também se chama Francisco (Evangelii gaudium, 120).
José Maria C.S. André
14-I-2018
Spe Deus

«Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo»

São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja 
Homilias sobre o evangelho de João, nº 18


«Eis o Cordeiro de Deus», diz João Baptista. Jesus não fala: é João, o Percursor, quem diz tudo. Também entre nós aquele que se casa tem por costume agir assim: não diz nada à noiva, mas apresenta-se e mantém-se em silêncio. Há outros que o anunciam e o apresentam à esposa; quando ela aparece, não é o esposo que a toma, mas recebe-a das mãos de outro. Mas, depois de a ter recebido de outro, liga-se-lhe de tal modo, que ela já não se lembra daqueles que deixou para o seguir. Foi o que se passou com Jesus Cristo: Ele veio desposar a natureza humana, mas nada disse de Si mesmo: apresentou-Se apenas. Foi João, o amigo do Esposo (cf Jo 3,29), que colocou na Sua mão a mão da Esposa — por outras palavras, o coração dos homens, a quem persuadiu através da pregação. Então, Jesus Cristo recebeu-os e cumulou-os de tantos bens, que nunca mais voltaram para aquele que os tinha enviado. […]

João é o único a apresentá-Lo ao povo; uma vez que só ele estava presente nas núpcias com a Igreja, recebeu o título de «amigo do Esposo». Foi ele, na verdade, quem tudo fez; olhando para o Messias que passava, disse: «Eis o Cordeiro de Deus.» Mostrou assim que não era apenas com a voz, mas também com os olhos, que dava testemunho dele. João admirava o Filho de Deus e, ao contemplá-Lo, o seu coração vibrava de alegria. A princípio, não abriu a boca para pregar a respeito dele; limitou-se a admirá-Lo, espantado. Assim deu a conhecer o dom que Jesus trouxe ao mundo, de acordo com o sentido da palavra «cordeiro». João não disse: «tirará» ou «tirou» mas «É Aquele que tira o pecado do mundo»: não o faz apenas no momento da sua Paixão, mas sempre. Ofereceu-Se uma vez em sacrifício pelos pecados do mundo mas, através dessa oblação, purifica para sempre a consciência dos homens pecadores.