A viagem que Bento XVI fará à Alemanha a partir de amanhã è certamente uma das mais densas de significados de seu papado. Será a terceira a seu país de origem, depois de ter vindo a Colónia em 2005 para a JMJ (apenas 4 meses após sua eleição) e à Baviera em 2006, mas é a primeira como convidado do Presidente da República para uma ‘visita de Estado’.
Pode-se afirmar que esta viagem estava nas intenções do Pontífice há muito tempo e vinha adiada por vários motivos. Este, há 5 anos da última, segundo o Papa, é o momento certo. Aqui, ele vai encontrar uma sociedade sempre mais secularizada, onde também o catolicismo sofre com a perda de fiéis, e uma Igreja local em estado de agitação e ainda ferida pelos casos de abusos sexuais envolvendo clérigos. A tensão também é política e económica. Como os outros países deste continente, a Alemanha não atravessa uma boa fase económica e política. A popularidade do governo é baixa e os números demonstram que o país cresce pouco.
A missão que se impôs fica clara já no tema da viagem: “Onde estiver Deus, há futuro”, extraído de uma homilia proferida em 2007 no santuário austríaco de Mariazell, e sublinha que sem os valores da fé e sem a esperança que dela deriva, não existe resposta para nossas angustias: o futuro, o meio ambiente, os conflitos e até a economia mundial. É o que Bento XVI vai destacar aqui, no país ‘locomotiva’ do Velho Continente, mas aonde a fé cristã parece ter-se estagnado. Recorda-se que apenas um terço da população alemã é católica.
A expectativa, no entanto, aumenta, e os meios de comunicação têm intensificado a programação dedicada à visita papal. O jornal de Frankfurt publica uma reportagem sobre o catolicismo em Berlim, ressaltando que a Igreja local sempre foi composta por imigrantes, ou seja, não berlinenses, e ainda hoje é assim. Para o quotidiano de centro-direita, o Papa vai encher os 70 mil lugares do estádio olímpico de Berlim, onde celebrará missa amanhã à tarde.
Já o Süddeutsche Zeitung (centro-esquerda) traz cartas de leitores com opiniões favoráveis e contrárias à visita do Papa ao Parlamento (o evento mais debatido desta viagem). O Bild, diário mais lido na Alemanha, colocou na fachada de sua sede um poster de 78 metros de altura: uma reprodução da primeira página do jornal no dia da eleição de Papa Ratzinger, com a famosa manchete “Wir sind Papst – Nós somos Papa”. Hoje, uma página inteira è dedicada à visita, com o título “Berlim inteira olha ao Papa”.
Assim, Berlim aguarda a chegada do Pontífice hoje. O discurso mais esperado será às 16h15, no Bundestag, o Parlamento alemão. Dois grupos parlamentares, a Linke e os Verdes, já anunciaram que não presenciarão o encontro.
Depois da capital federal, o Papa terá etapas em Erfurt, com o encontro ecuménico no ex-Convento dos Agostinianos, e após a visita ao santuário mariano de Etzelsbach, na ex-Alemanha Oriental - lugar das perseguições comunistas aos cristãos – irá a Friburgo, no sul do país, região tradicionalmente católica.
Cristiane Murray, da Alemanha, para a RV
Rádio Vaticano
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