Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

domingo, 2 de agosto de 2020

O descanso não é não fazer nada

Todos os pecados – disseste-me – parece que estão à espera do primeiro momento de ócio. O próprio ócio já deve ser um pecado! – Quem se entrega a trabalhar por Cristo não há-de ter um momento livre, porque o descanso não é não fazer nada; é distrair-se em actividades que exigem menos esforço. (Caminho, 357)

Hás-de ser um carvão ardente que pegue fogo por toda a parte. E, onde o ambiente for incapaz de arder, hás-de aumentar a sua temperatura espiritual.

Se não, estás a perder o tempo miseravelmente e a fazê-lo perder aos que te rodeiam. (Sulco, 194)

Tudo o que se acaba e não contenta Deus, é nada e menos que nada. Compreendem porque é que uma alma deixa de saborear a paz e a serenidade quando se afasta do seu fim, quando se esquece de que Deus a criou para a santidade? Esforcem-se por nunca perder este ponto de mira sobrenatural, nem sequer nos momentos de diversão ou de descanso, tão necessários como o trabalho na vida de cada um. (Amigos de Deus, 10)

São Josemaría Escrivá

Bom Domingo do Senhor!

Imitemos o Senhor como nos fala o Evangelho de hoje (Mt 14, 13-21) que após a triste notícia da morte de João e de se haver retirado, quando viu uma enorme multidão a atendeu, não nos deixando abater pelas situações gravosas que enfrentamos e estando sempre disponíveis para o próximo.

Louvado seja Jesus Cristo Nosso Senhor fonte permanente de inspiração.

«Um lugar deserto, afastado»

Santo Atanásio (295-373), bispo de Alexandria, doutor da Igreja 
24ª Carta para a festa da Páscoa


Todos os santos tiveram de fugir da porta larga e do caminho espaçoso (Mt 7,13), vivendo a virtude em lugar deserto: Elias, Eliseu […], Jacob. […] O deserto é o abandono da agitação da vida, que proporciona ao homem a amizade com Deus. Abraão, quando saiu da terra dos caldeus, foi chamado «amigo de Deus» (Tg 2,23). Também o grande Moisés, quando saiu da terra do Egipto, […] falou com Deus face a face, foi salvo das mãos dos seus inimigos e atravessou o deserto. Todos eles são a imagem da saída das trevas para a luz admirável, e da subida para a cidade que está no céu (Heb 11,16), a prefiguração da verdadeira felicidade e da festa eterna.

Quanto a nós, temos connosco a realidade que foi anunciada por sombras e símbolos, isto é, a imagem do Pai, nosso Senhor Jesus Cristo (Col 2,17; 1,15). Se O recebermos como alimento em todos os momentos, e se marcarmos com o seu sangue as portas da nossa alma, seremos libertos dos trabalhos do Faraó e dos seus inspectores (Ex 12,7; 5,6ss). […] Agora, encontrámos o caminho para passar da terra ao céu. […] No passado, por intermédio de Moisés, o Senhor precedia os filhos de Israel numa coluna de fogo e numa espessa nuvem; agora, Ele próprio nos chama dizendo: «Se alguém tem sede, venha a Mim e beba; daquele que crê em Mim sairão rios de água viva, que jorra para a vida eterna» (Jo 7,37ss).

Portanto, que cada um se prepare com um desejo ardente de ir a esta festa; que escute o chamamento do Salvador, porque é Ele que nos consola a todos e a cada um em particular. Que aquele que tem fome venha a Ele: Ele é o verdadeiro pão (Jo 6,32). Que aquele que tem sede, venha a Ele: Ele é a fonte de água viva (Jo 4,10). Que o doente venha a Ele: Ele é o Verbo, a Palavra de Deus, que cura os doentes. Se alguém está sobrecarregado pelo peso do pecado e se arrepende, que se refugie a seus pés: Ele é o repouso e o porto de salvação. Que o pecador tenha confiança, porque Ele disse: «Vinde a Mim, vós todos que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei» (Mt 11,28).

A verdade sobre nós próprios

Qualquer criança intui que está neste mundo por algum motivo. Diante da clássica pergunta: «Que queres ser quando fores grande?», não lhe passa pela cabeça responder: «Nada». Se o fizer, como diz H. Azevedo, é conveniente pôr-lhe o termômetro. O mais natural é que a criança pressinta que está chamada a representar o seu papel no teatro desta vida.

Um cristão sabe que não há nenhum papel mais maravilhoso para “representar” do que aquele que Deus tem previsto para ele. A este “papel” chamamos vocação.

A vocação não é outra coisa que o encontro com a verdade sobre nós próprios. É uma verdade que dá sentido à nossa vida. É uma verdade que responde à pergunta mais radical: porque é que eu existo?

A vocação, além disso, é uma verdade que interpela directamente o sentido que possui a liberdade. Sou livre para quê? Tanto faz escolher uma coisa como outra? Será que sou livre apenas para escolher a pasta de dentes num supermercado?

Se a liberdade é vista somente como uma capacidade de escolha, então, logicamente, qualquer vocação é considerada como um atentado contra essa mesma liberdade. Atentado porque diminui as capacidades de escolha no futuro.

Como conjugar, então, a liberdade com o assumir compromissos para sempre? Não será que seguir a própria vocação é ser menos livre?

Assim como a renúncia ao mal não implica nunca uma perda de liberdade — porque o mal não liberta, mas escraviza — o compromisso com o que Deus quer para cada um de nós também não. Como Deus se identifica com o Amor, as “obrigações” que exige esse Amor não só não diminuem a liberdade, como elevam e libertam a conduta de realidades sem importância, apreensões ridículas e ambições mesquinhas. O compromisso vocacional livremente assumido e mantido anima a voar alto, sem temor, com os olhos postos na meta.

Pe. Rodrigo Lynce de Faria

Coração sapiente

"Na Bíblia o homem insensato é aquele que não dá conta, a partir da experiência das coisas visíveis, que nada dura para sempre, mas tudo passa: tanto a juventude, como a força física, as comodidades como as funções de poder. Fazer depender a própria vida de realidades assim tão passageiras é, portanto, insensatez. O homem que, pelo contrário, que confia no Senhor, não teme as adversidades da vida, nem sequer a inelutável realidade da morte: é o homem que conseguiu um coração sapiente, como os Santos."

(Bento XVI ao Angelus de 01.08.2010)

O título de Mestra de todas as virtudes corresponde plenamente a Nossa Senhora

Que boa ocasião nos dá este mês tão mariano, dentro do Ano jubilar da misericórdia, para lhe pedir que nos obtenha do seu Filho um aumento grande desta virtude na nossa conduta pessoal! Recorramos a Santa Maria, Trono da Graça e da Glória, ut misericordiam consequamur [6], para alcançar misericórdia nos nossos afazeres.
O Evangelho da Missa da Assunção relata uma cena encantadora da vida da Virgem: a visita à sua prima santa Isabel. «Estas duas mulheres encontram-se –dizia o Santo Padre– e fazem-no com alegria: esse momento é de grande festa! Se aprendêssemos este serviço de ir ao encontro dos outros, como mudaria o mundo! O encontro é outro sinal cristão. Uma pessoa que se diz cristã e não é capaz de ir ao encontro dos outros não é totalmente cristã. Tanto o serviço como o encontro exigem sair de si próprio: sair para servir e sair para encontrar, para abraçar outra pessoa» [7].
Ao passar em revista as obras de misericórdia, detenhamo-nos agora numa que o Catecismo da Igreja Católica enuncia assim: suportar com paciência as contrariedades [8], tanto as que provêm dos nossos próprios limites, como as que procedem de fora. Mantenhamos uma confiança plena na misericórdia do Senhor que, de todos os acontecimentos, sabe tirar o bem. A paciência também cresce como um dos frutos mais saborosos da caridade para com o próximo. S. Paulo refere-o, no seu magnífico hino a esta virtude: O amor é paciente, o amor é prestável; não é invejoso, não é arrogante nem orgulhoso, nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, nem guarda ressentimento, não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta [9].
A misericórdia há de conduzir-nos a viver diante dos outros com paciência, também quando se mostram inoportunos. Todos temos defeitos, arestas no caráter e, ainda que o não procuremos voluntariamente, muitas vezes causamos atritos que ferem os outros: os membros da nossa família, os colegas de trabalho, os amigos, nos momentos de crispação que podem surgir, por exemplo, nas filas de trânsito na cidade… Todas estas ocasiões nos dão oportunidade para tornar grata a vida aos outros, sem nos guiarmos por um caráter desordenado.
A paciência leva-nos a focar sem dramatismos as imperfeições dos outros, sem cair na tentação de lhas atirar à cara, nem procurar desabafar comentando-o com terceiros. De pouco serviria, por exemplo, calar-se perante certos defeitos de alguém se depois os puséssemos em evidência com um comentário irónico; ou se o nosso desgosto nos levasse a tratar a pessoa com frieza; ou se caíssemos em formas subtis de murmuração, que fazem mal a quem murmura, àquele que é objeto da murmuração, e a quem a ouve. Sofrer com paciência os defeitos dos outros convida-nos a procurar que essas carências não nos condicionem na altura de lhes querer bem: não se trata de os estimar apesar dessas limitações, mas sim de os amar com essas limitações. Esta é uma graça que podemos pedir ao Senhor: não nos determos nem justificar as nossas más reações perante as maneiras de ser diferentes dos outros que nos desgostam, porque cada uma, cada um, possui sempre muito maior riqueza, mais bondade do que os seus defeitos. Por isso, quando notarmos que o coração não responde, metamo-lo no coração do Senhor: Cor Iesu sacratissimum et misericors, dona nobis pacem! Ele transformará o nosso coração de pedra num coração de carne [10].
[6] Hb 4,16.
[7]. Papa Francisco, Homilia em Santa Marta, 31-V-2016.
[8]. Cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 2447.
[9]. 1 Cor 13, 4-7; cfr. Papa Francisco, Ex. apost. Amoris laetitia, capítulo IV.
[10]. Cfr. Ez 11, 19.

(D. Javier Echevarría excerto da carta do mês de agosto de 2016)
© Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei

O Senhor protege os Seus filhos

«Quando a terna mãe ensina o seu filhinho a andar, ajuda-o e sustenta-o quando é necessário, deixando-o dar alguns passos pelos sítios menos perigosos e mais planos, tomando-lhe a mão e segurando-o, ou tomando-o nos seus braços e levando-o neles. Da mesma maneira Nosso Senhor tem cuidado contínuo dos passos dos Seus filhos»

(São Francisco de Sales - Tratado do amor de Deus, liv. 3, cap. 4)