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quinta-feira, 19 de março de 2009
O Papa junto aos enfermos e a todos os que sofrem
Muita emoção foi vivida nesta quinta-feira à tarde no centro nacional de reabilitação dos deficientes de Etug Ebe, um lugar de Yaundé, onde o Papa esteve às 16.30 (hora local), para expressar mais uma vez, a sua solidariedade e oferecer seu consolo a todos os que sofrem.
"Ele veio compartilhar nosso sofrimento, como Cristo", declarou aos jornalistas um dos cristãos diante da visita do Papa. O centro foi criado em 1971 pelo Cardeal Paul Emile Leger, cardeal arcebispo emérito de Montreal, que morreu em 1991, e se especializou em acompanhamento espiritual e reabilitação dos deficientes.
E foi deste lugar, que o Papa desejou dirigir-se a todos os enfermos e aos que sofrem no mundo, para dizer-lhes que "eles não estão sozinhos na dor”, que “Jesus caminha com eles”, que “é solidário e sofre com eles”. “Daqui, desse centro, disse o Papa, eu não me esqueço daqueles que em suas casas ou nos hospitais têm alguma deficiência, daqueles que em seu corpo têm marcas das violências e das guerras...de todos aqueles doentes de SIDA/AIDS, de malária, de tuberculose...".
Depois de se dirigir aos enfermos e àqueles que sofrem o Papa dirigiu a sua palavra aos pesquisadores e médicos. Chamados a “colocar em prática tudo o que é legítimo para aliviar a dor”, lhes digo, “é seu dever antes de tudo, proteger a vida humana, já que vocês são os defensores da vida, desde o momento da concepção até a morte natural".
O Papa destacou que “proteger a vida, é um direito, e ao mesmo tempo um dever, porque toda vida é um dom de Deus”. Um chamado que se escutou para muito mais além das fronteiras dos Camarões.
(Fonte: H2O News)
Documento de trabalho do próximo Sínodo dos Bispos para a África, entregue por Bento XVI
No documento fala-se da perda de valores como o respeito pelos anciãos e pela vida ou a cultura de entreajuda.
Duras críticas às multinacionais que “invadem” África para apropriar-se dos recursos naturais, deixando danos significativos no meio ambiente: esta é uma das questões levantada pelo documento de trabalho do próximo Sínodo de Bispos africanos, que o Papa entregou hoje nos Camarões.
A destruição da “identidade africana” por causa da globalização é outra das preocupações manifestadas, num texto que apresentada as linhas orientadoras da futura assembleia sinodal, subordinada ao tema “A Igreja em África ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz”.
No documento lamenta-se a cumplicidade dos dirigentes africanos diante destas situações e fala-se num “processo organizado de destruição da identidade africana” pelo fenómeno da globalização, “sob o pretexto da modernidade”.
Esta manhã, na homilia da Missa a que presidiu em Yaoundé, o Papa afirmara que “pessoas sem escrúpulos procuram impor o reino do dinheiro, desprezando os mais miseráveis”, obrigando-os muitas vezes a emigrar, e que “a África em geral, e os Camarões em particular, correm perigo”.
O texto que o Papa entregou aos presidentes das Conferências Episcopais nacionais e regionais de África e Madagáscar elenca os efeitos devastadores da globalização sobre a economia, os costumes políticos e a sociedade do continente mais pobre do planeta, o mais atingida pela crise económica e mundial.
As potências militares e económicas são acusadas de “impor a sua lei”, fomentando o tráfico de armas, as guerras e a exploração dos recursos da terra africana.
As próprias instituições financeiras internacionais são colocadas em causa pelos efeitos “funestos” dos programas de desenvolvimento impostos a muitos países.
O documento nasce de uma ampla consulta aos Bispos africanos – que responderam a um questionário com 32 perguntas – e do trabalho do o conselho especial para a África da secretaria-geral do Sínodo dos Bispos, um grupo mais restrito de prelados.
Para o Papa, este «Instrumentum laboris» reflecte o grande dinamismo da Igreja na África, mas também os desafios que a mesma deve enfrentar e que o Sínodo deverá examinar”. Conflitos armados, corrupção, violações dos direitos humanos, tribalismos exacerbados – que atingem a própria Igreja – são algumas das questões assinaladas, num texto que sublinha ainda “evoluções positivas” como a aparição de uma sociedade civil activa ou a preocupação por uma resolução interafricana dos problemas do continente.
O documento tem quatro capítulos, precedidos por um prefácio, que passam pela situação actual da Igreja, os temas da reconciliação, justiça e paz, a missão da Igreja Católica e o testemunho de vida dos seus membros em diversos âmbitos.
(Fonte: site Radio Vaticana)
Oração de Bento XVI á Bem-Aventurada Virgem Maria protectora de África
Santa Maria, Mãe de Deus, Protectora de África,
tu ofereceste ao mundo a verdadeira Luz, Jesus Cristo.
Pela tua obediência ao Pai e pela graça do Espírito Santo
tu nos deste a fonte da nossa reconciliação e da nossa justiça,
Jesus Cristo, nossa paz e nossa alegria.
Mãe de ternura e de sabedoria, mostra-nos Jesus,
teu Filho e Filho de Deus,
Ilumina o nosso caminho de conversão
para que Jesus faça brilhar em nós a sua Glória
em todos os âmbitos da nossa vida pessoal, familiar e social.
Mãe, cheia de Misericórdia e de Justiça,
pela tua docilidade ao Espírito Consolador,
concede-nos a graça de sermos testemunhas do Senhor Ressuscitado,
para que sejamos cada vez mais
sal da terra e luz do mundo.
Mãe do Perpétuo Socorro,
a tua intercessão materna confiamos
a preparação e os frutos do Segundo Sínodo para a África.
Rainha da Paz, rogai por nós!
Nossa Senhora de África, rogai por nós!
Yaoundé, 19 Março de 2009.
(Fonte: site Radio Vaticana)
“…todo o ser humano, mesmo o mais humilde e pobre, deve viver! A morte não deve prevalecer sobre a vida!”
Um festival de cores e sons acolheu Bento XVI no Estádio Amadou Ahidjo, em Yaoundé, para a celebração da Missa em que o Papa entregará aos episcopados de África o documento orientador («Instrumentum laboris») para o II Sínodo africano, que se realizará em Outubro próximo, no Vaticano.
Este é o momento alto da visita aos Camarões e tem sido caracterizado pela diversidade de línguas utilizadas na cerimónia, símbolo de um país em que centenas de etnias vivem em harmonia – uma espécie de “África em miniatura”, como disse antes o Papa, que gostaria de ver o exemplo transposto para todo o Continente.
Na saudação aos milhares de pessoas reunidas no Estádio (estima-se que sejam 60 mil), “vindas de todos os países de África”, o Papa falou num “dia de Pentecostes” em que serão “ouvidas e cantadas as maravilhas do Senhor, cada um na sua língua, mas num só coração”.Na solenidade de São José, foi neste modelo de fé e de esperança que Bento XVI fixou a sua atenção, na homilia da Missa, convidando sobretudo os pais e mães de família presentes a seguirem o seu exemplo e a invocarem a sua protecção.
A graça específica deste dia – observou o Papa – é colocar e manter a Igreja sob a protecção de São José, para que vele sobre ela, como protegeu a sua família e velou sobre o menino Jesus nos seus primeiros anos.
Comentando a primeira leitura da Missa, em que Deus pede a David que confie n’Ele, pois lhe dará um descendente, observou Bento XVI:
“David faz confiança em Deus. Assim também, José confia em Deus, quando escuta o seu mensageiro, o seu anjo, dizer-lhe José, filho de David, não receies tomar contigo Maria, tua esposa: o que nela se gerou é fruto do Espírito Santo. Na história, José é o homem que deu a Deus a maior prova de confiança, precisamente face a um anúncio tão assombroso”.
O Papa pediu, pois, aos pais e mães de família que não hesitem na sua confiança em Deus, para transmitirem aos filhos os valores humanos e espirituais recebidos:
“Neste nosso tempo, em que tantas pessoas sem escrúpulos procuram impor o reino do dinheiro desprezando os mais indigentes, deveis estar muito atentos. A África em geral e os Camarões em particular correm perigo se não reconhecem o Verdadeiro Autor da Vida! Irmãos e irmãs dos Camarões e da África, que recebestes de Deus tantas qualidades humanas, tende cuidado das vossas almas!
Não vos deixeis fascinar por falsas glórias e falsos ideais! Crede, sim, continuai a crer que Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, é o único que vos ama como vós o esperais, a crer que Ele é o único que pode satisfazer-vos, que pode dar estabilidade às vossas vidas. Cristo é o único caminho de Vida.”
Bento XVI advertiu para o “período difícil” que atravessa actualmente a família, por toda a parte. Há-de ser a fidelidade a Deus a ajudar a superar esta crise, de que o Papa forneceu alguns sintomas: “abalados alguns valores da vida tradicional; alteradas as relações entre as gerações, deixando de favorecer a transmissão da sabedoria dos antepassados; afectada a qualidade dos vínculos familiares. “Desenraizados e fragilizados, os membros da jovens gerações, muitas vezes sem um verdadeiro trabalho, procuram remédio para a sua vida infeliz refugiando-se em paraísos efémeros e artificiais importados, que, como se sabe, nunca chegam a assegurar ao homem uma felicidade profunda e duradoura.” Toda uma evolução que afecta profundamente o homem africano:
“Às vezes o homem africano é constrangido a fugir para fora de si mesmo e a abandonar tudo o que constituía a sua riqueza interior. Confrontado com o fenómeno duma urbanização galopante, abandona a sua terra, física e moralmente, não já como Abraão para responder ao chamamento do Senhor, mas para uma espécie de exílio interior que o afasta do seu próprio ser, dos seus irmãos e irmãs de sangue e do próprio Deus. Trata-se de uma fatalidade, de uma evolução inevitável? Certamente não! Mais do que nunca, devemos esperar contra toda a esperança. »
Bento XVI fez questão de prestar « homenagem ao notável trabalho realizado por inúmeras associações que encorajam a vida de fé e a prática da caridade ». E fez votos de que « encontrem na Palavra de Deus um renovado vigor para levar a bom termo todos os seus projectos ao serviço de um desenvolvimento integral da pessoa humana ».
“A primeira prioridade é restabelecer o sentido de acolher a vida como dom de Deus. Segundo a Sagrada Escritura, assim como também na melhor sabedoria do vosso continente, a chegada de uma criança é uma graça, uma bênção de Deus. Hoje a humanidade é convidada a mudar o seu olhar: com efeito, todo o ser humano, mesmo o mais humilde e pobre, é criado «à imagem e semelhança de Deus. Deve viver! A morte não deve prevalecer sobre a vida! A morte não terá jamais a última palavra!”.“Filhos e filhas da África – exortou o Papa - não tenhais medo de crer, esperar e amar, não tenhais medo de dizer que Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida, e que só por Ele podemos ser salvos.”Hão-de seguir assim o exemplo de Abraão, nosso pai na fé, que – como diz o Apóstolo Paulo – “esperou contra toda a esperança”.
“Esperando contra toda a esperança: não é uma magnífica definição do cristão? A África é chamada à esperança através de vós e em vós. Com Cristo Jesus, que calcou o solo africano, a África pode tornar-se o continente da esperança.”
A concluir, Bento XVI, muito aplaudido, dirigiu “palavras de amizade e encorajamento” aos jovens presentes. “Perante as dificuldades da vida – disse – não desanimeis! A vossa existência tem um preço infinito aos olhos de Deus. Deixai-vos agarrar por Cristo, aceitai dar-Lhe o vosso amor e – porque não! – vós mesmos, no sacerdócio ou na vida consagrada. É o serviço mais alto!”
Finalmente, sempre muito aplaudido, o Papa reservou uma palavra de especial afecto e conforto às “crianças que já não têm um pai ou que vivem abandonadas na miséria da estrada, às que foram violentamente separadas dos seus pais, maltratadas e abusadas, e incorporadas à força em grupos militares que imperam em alguns países”.
“Quereria dizer-vos: Deus ama-vos, não vos esquece.... e São José vos protege. Invocai-o com confiança.” Que Deus vos bendiga e vos guarde a todos!
(Fonte: site Radio Vaticana)
A agenda do Papa em Yaoundé neste dia 19 de Março
Na parte da tarde o Papa visitará depois o Centro Nacional de reabilitação dos deficientes, intitulado ao defunto Cardeal canadiano Paul Emile Leger. Ali falará a um grupo de cerca de 200 doentes (SIDA/AIDS, malária etc.) e mutilados de guerra e de conflitos étnicos.Finalmente, no fim do dia, na nunciatura apostólica terá um encontro com os bispos africanos para falar do próximo sínodo dos bispos.
(Fonte: site Radio Vaticana)
Homilia durante a celebração das I Vésperas da Solenidade de São José – Bento XVI
Venerados Irmãos Cardeais e Bispos,
Prezados presbíteros e diáconos, amados irmãos e irmãs consagrados,
Caros amigos membros das outras Confissões cristãs,
Queridos irmãos e irmãs!
Temos a alegria de nos encontrar juntos para dar graças a Deus, nesta Basílica dedicada a Maria Rainha dos Apóstolos de Mvolyé, que foi construída no lugar onde se edificara a primeira igreja levantada pelos missionários espiritanos quando vieram trazer a Boa Nova aos Camarões. À imagem do ardor apostólico destes homens que em seus corações abraçava o vosso país inteiro, este lugar guarda nele simbolicamente cada parcela da vossa terra. É, pois, numa grande solidariedade espiritual com todas as comunidades cristãs onde exerceis o vosso serviço, queridos irmãos e irmãs, que nesta tarde dirigimos o nosso louvor ao Pai da luz.
Na presença dos representantes das outras Confissões cristãs, a quem dirijo a minha saudação respeitosa e fraterna, proponho-vos contemplar os traços característicos de São José através das palavras da Sagrada Escritura que nos oferece esta liturgia vespertina.Falando à multidão e aos seus discípulos, Jesus declara: «Um só é vosso Pai» (Mt 23, 9). Com efeito, não há paternidade fora da de Deus Pai, o único Criador «do mundo visível e invisível». Entretanto foi concedido ao homem, criado à imagem de Deus, participar na única paternidade de Deus (cf. Ef 3, 15). Ilustra-o de maneira surpreendente São José, que é pai sem ter exercido uma paternidade carnal. Não é o pai biológico de Jesus, do Qual só Deus é Pai, e todavia exerce uma paternidade plena e completa. Ser pai é primariamente é ser servidor da vida e do crescimento. Neste sentido, São José deu provas de uma grande dedicação. Por amor de Cristo, conheceu a perseguição, o exílio e a pobreza que daí deriva. Teve de instalar-se em lugar diverso da sua aldeia. A sua única recompensa foi a de estar com Cristo. Esta disponibilidade explica as palavras de São Paulo: «Servi a Cristo, o Senhor» (Col 3, 24).
Trata-se de ser não um servo medíocre mas «fiel e prudente». A união dos dois adjectivos não é casual: sugere que a inteligência sem a fidelidade e a fidelidade sem a sabedoria são qualidades insuficientes. Uma sem a outra não permite assumir plenamente a responsabilidade que Deus nos confia.
Esta paternidade, amados irmãos sacerdotes, deveis vivê-la no vosso ministério diário. Com efeito, como sublinha a Constituição conciliar Lumen gentium, os presbíteros «velem, como pais em Cristo, pelos fiéis que espiritualmente geraram pelo Baptismo e pela doutrinação» (n. 28). Assim, como não voltar continuamente à raiz do nosso sacerdócio, o Senhor Jesus Cristo? A relação com a sua pessoa é constitutiva daquilo que queremos viver, a relação com Ele que nos chama seus amigos, porque tudo o que Ele ouviu do Pai, no-lo deu a conhecer (cf. Jo 15, 15). Vivendo esta amizade profunda com Cristo, encontrareis a verdadeira liberdade e a alegria do vosso coração. O sacerdócio ministerial comporta um vínculo profundo com Cristo que nos é dado na Eucaristia. Que a celebração da Eucaristia seja verdadeiramente o centro da vossa vida sacerdotal; então a mesma será também o centro da vossa missão eclesial. Com efeito, através de toda a nossa vida, Cristo chama-nos a participar na sua missão, a ser suas testemunhas, para que a sua Palavra possa ser anunciada a todos. Celebrando este sacramento em nome e na pessoa do Senhor, não é a pessoa do sacerdote que deve aparecer em primeiro plano: ele é um servidor, um instrumento humilde que reenvia a Cristo, porque o próprio Cristo é que Se oferece em sacrifício pela salvação do mundo. «Aquele que mandar seja como aquele que serve» (Lc 22, 26) - diz Jesus. E Orígenes escrevia: «José compreendia que Jesus lhe era superior apesar de em tudo lhe ser submisso e, conhecendo a superioridade do seu inferior, José mandava-O com temor e medida. Que cada um reflicta nisto: muitas vezes um homem de valor menor é colocado acima de pessoas melhores que ele, e acontece às vezes que o inferior tem mais valor do que aquele que parece mandá-lo. Quando aquele que recebeu uma dignidade compreende isto, não se encherá de orgulho por causa da sua posição mais elevada, mas saberá que o seu inferior pode ser melhor do que ele, tal como Jesus esteve submetido a José» (Homilia sobre S. Lucas XX, 5: SC, p. 287).
Queridos irmãos no sacerdócio, o vosso ministério pastoral requer muitas renúncias, mas é também fonte de alegria. Numa relação amiga com os vossos Bispos, fraternalmente unidos a todo o presbitério, e sustentados pela porção do Povo de Deus que vos está confiado, podereis responder fielmente à vocação que um dia o Senhor vos fez, como chamou José a velar sobre Maria e sobre o Menino Jesus. Permanecei fiéis, queridos sacerdotes, às promessas que fizestes a Deus diante do vosso Bispo e diante da assembleia. O Sucessor de Pedro agradece-vos o vosso generoso compromisso ao serviço da Igreja e encoraja-vos a não vos deixardes turvar pelas dificuldades do caminho. Aos jovens que se preparam a seguir no vosso encalço, bem como àqueles que ainda se interrogam, quero nesta tarde reafirmar a alegria que dá entregar-se totalmente pelo serviço de Deus e da Igreja. Tende a coragem de dar um «sim» generoso a Cristo!
Também a vós, irmãos e irmãs que estais comprometidos na vida consagrada ou nos movimentos eclesiais, convido a voltar o vosso olhar para São José. Quando Maria recebe a visita do anjo na Anunciação, estava já prometida em casamento a José. Assim, dirigindo-se pessoalmente a Maria, o Senhor já associa intimamente José ao mistério da Encarnação. Ele aceitou ligar-se a esta história que Deus tinha começado a escrever no seio da sua esposa. Trouxe então Maria para casa dele. Acolheu o mistério que estava nela e o mistério que era ela própria. Amou-a com aquele respeito grande que é selo do amor autêntico. São José ensina-nos que se pode amar sem possuir. Contemplando-o, todo o homem e toda a mulher pode, com a graça de Deus, chegar à cura das suas feridas afectivas, com a condição de entrar no projecto que Deus já começou a realizar nos seres que estão próximos d’Ele, tal como José entrou na obra da redenção através da figura de Maria e graças àquilo que Deus já tinha feito nela. Possais vós, amados irmãos e irmãs empenhados nos movimentos eclesiais, estar atentos àqueles que vos rodeiam e manifestar o rosto amoroso de Deus pelos mais humildes, sobretudo através do exercício das obras de misericórdia, da educação humana e cristã dos jovens, do serviço da promoção da mulher e de tantas outras maneiras. O contributo espiritual dado pelas pessoas consagradas é também significativo e indispensável à vida da Igreja. Este chamamento para seguir Cristo é um dom para todo o Povo de Deus. Na adesão à vossa vocação, imitando Cristo casto, pobre e obediente, totalmente consagrado à glória de seu Pai e ao amor pelos seus irmãos e irmãs, tendes por missão dar testemunho, diante deste nosso mundo que do mesmo tem tanta necessidade, do primado de Deus e dos bens futuros (cf. Vita consecrata, 85). Pela vossa fidelidade sem reservas aos vossos compromissos, sois na Igreja um gérmen de vida que cresce ao serviço da vinda do Reino de Deus. Em todos os momentos, mas de maneira particular quando a fidelidade é posta à prova, São José recorda-vos o sentido e o valor dos vossos compromissos. A vida consagrada é uma imitação radical de Cristo. Por isso, é preciso que o vosso estilo de vida exprima justamente aquilo que vos faz viver e que a vossa actividade não oculte a vossa identidade profunda. Não tenhais medo de viver plenamente a oferta de vós próprios feita a Deus e de a testemunhar com autenticidade ao vosso redor. Um exemplo vos estimule de maneira particular a buscar esta santidade de vida : o do Padre Simon Mpeke, dito Baba Simon. Sabeis como «o missionário de pés descalços» gastou todas as forças do seu ser numa humildade desinteressada, tendo a peito ajudar as almas, sem evitar as preocupações e as penas do serviço material dos seus irmãos.
Amados irmãos e irmãs, a nossa meditação sobre o itinerário humano e espiritual de São José convida-nos a adoptar a medida de toda a riqueza da sua vocação e do modelo que permanece para quantos quiseram consagrar totalmente a sua vida a Cristo, tanto no sacerdócio como na vida consagrada. José viveu efectivamente à luz do mistério da Encarnação. Não apenas numa proximidade física, mas também com a atenção do coração. José desvenda-nos o segredo duma humanidade que vive na presença do mistério, aberta ao mesmo através dos pormenores mais concretos da vida. Nele, não há separação entre fé e acção. A sua fé orienta decididamente as suas acções. Paradoxalmente, é agindo e, consequentemente, assumindo as suas responsabilidades que ele se apaga para deixar a Deus a liberdade de realizar a sua obra, sem lhe criar obstáculo. José é um «homem justo» (Mt 1, 19), porque a sua vida é «ajustada» à palavra de Deus.
A vida de São José, vivida na obediência à Palavra, é um sinal eloquente para todos os discípulos de Jesus que aspiram à unidade da Igreja. O seu exemplo incita-nos a compreender que é abandonando-se plenamente à vontade de Deus que o homem se torna um obreiro eficaz do desígnio de Deus, que deseja reunir os homens numa única família, numa única assembleia, numa única «ecclesia». Queridos amigos membros das outras Confissões cristãs, esta busca da unidade dos discípulos de Cristo constitui para nós um grande desafio. Leva-nos em primeiro lugar a convertermo-nos à pessoa de Cristo, a deixarmo-nos cada vez mais atrair por Ele. É n’Ele que somos chamados a reconhecer-nos irmãos, filhos de um mesmo Pai. Neste ano consagrado ao Apóstolo Paulo, o grande arauto de Jesus Cristo, o Apóstolo das Nações, voltemo-nos conjuntamente para ele, para escutar e aprender «a fé e a verdade», nas quais estão radicadas as razões da unidade entre os discípulos de Cristo.
Ao terminar, voltemo-nos para a esposa de São José, a Virgem Maria, «Rainha dos Apóstolos», designação esta sob a qual é invocada como padroeira dos Camarões. Confio-Lhe a consagração de cada um e cada uma de vós, o vosso desejo de responder mais fielmente ao chamamento que vos é dirigido e à missão que vos está confiada. Por último invoco a sua intercessão pelo vosso maravilhoso país. Amen.
(Fonte: site Radio Vatica
A ausência do pai na educação dos filhos
E o pequeno foi crescendo. «Pai, algum dia quero ser como tu. Podes ajudar-me nos trabalhos de casa?». «Gostaria muito, meu filho, mas hoje não é possível. Tenho muito que trabalhar. Quando tiveres a minha idade já verás. A vida não é nada fácil. Mas não te preocupes, porque daqui a algum tempo teremos um pouco mais de dinheiro e eu, um pouco mais de tempo. Agora pede à tua mãe. Ela tem mais jeito do que eu para essas coisas».
No dia em que o rapaz fez treze anos agradeceu ao pai: «Obrigado pela bola de futebol. Podemos jogar os dois?». «Infelizmente, hoje não pode ser. Tenho muito que trabalhar. Mas o que não vão faltar são oportunidades». «Que pena, pai. Mas não importa. Um dia quero ser como tu. Quero aprender a trabalhar muito».
Anos mais tarde, o filho regressou da universidade. Já era um homem responsável. «Filho, estou orgulhoso de ti. Vamos dar um passeio e falar com calma». «Hoje não posso, pai. Tenho compromissos inadiáveis». «Não importa. Ocasiões não nos vão faltar. Daqui a pouco entro na reforma e vai-nos sobrar tempo para conversarmos com serenidade».
Um tempo depois, o pai reformou-se e o filho, já casado, vivia numa casa das redondezas. Resolveu telefonar-lhe: «Filho, gostaria imenso de estar contigo». «Seria óptimo, pai, mas neste momento estou com a corda no pescoço. Tenho trabalho até à ponta dos cabelos que, por sinal, já estão a ficar brancos. Quando isto passar, tenho a certeza de que não nos vão faltar oportunidades para pormos a conversa em dia». Ao desligar o aparelho, o pai deu-se conta de que o filho tinha cumprido o seu desejo. Era igual ao seu pai.
Nos dias de hoje, um dos maiores problemas na educação dos filhos é a ausência do pai. A educação, para ser equilibrada, necessita dos dois progenitores. A presença paterna na família é diferente e complementar à materna. A falta de um modelo na educação, masculino ou feminino, implica quase sempre um desequilíbrio naquele que é educado.
À juventude actual, parecem faltar valores que naturalmente compete ao pai transmitir. Como diz I. Iturbe, se a educação dos filhos fosse comparada a um filme, poderíamos dizer que o pai converte-se no principal protagonista ao chegar o delicado momento da adolescência. Os filhos tendem a prestar-lhe mais atenção, especialmente se são rapazes. Sentem nesse momento uma certa confusão e desorientação. Necessitam de um apoio firme e seguro. É isso que procuram no seu pai: um modelo com o qual possam identificar-se. Se o pai está ausente, outros modelos virão ocupar esse vazio, com grande probabilidade de não serem modelos propriamente exemplares.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria
Em comunhão total com a Santa Madre Igreja e o Romano Pontífice
Em 1964, o nosso Padre pregava assim: Para defender a Igreja, para fazer bem às almas, para corredimir com Cristo, para sermos bons filhos do Papa, não tenho outra receita senão esta: santidade. Dir-me-eis que é difícil. Sim, mas também é fácil, é acessível. Todos nós, as almas redimidas por Jesus Cristo, temos, com a receita, o remédio: basta querermos. *
* S. Josemaría Escrivá, Notas de uma meditação, 28-V-1964
(Excerto carta de Março 2009 do Prelado do Opus Dei - D. Javier Echevarría)
Ave, ó São José
homem justo,
esposo virginal de Maria,
e pai davídico do Messias;
bendito és tu entre os homens,
e bendito é o filho de Deus
que a ti foi confiado:
Jesus.
São José,
Padroeiro da Igreja universal,
guarda as nossas famílias
na paz e na graça divina,
e socorre-nos na hora
da nossa morte.
Ámen.
Hino a S. José - «S. José, do céu a glória»
esperança verdadeira
que reluz na nossa vida,
protecção de todo o mundo,
ouve os cantos e louvores
da Igreja agradecida.
A ti, filho de David,
como esposo de Maria
escolheu o Criador.
Quis que fosses pai do Verbo
e da nossa salvação
diligente servidor.
Reclinado no presépio,
o Esperado dos profetas,
Redentor do mundo inteiro,
tu contemplas, venturoso,
e, unido à Virgem Mãe,
o adoras por primeiro.
O Senhor e Deus do mundo,
Rei dos reis, a cujo aceno
se ajoelha o céu fulgente
e os infernos estremecem,
revestindo a nossa carne,
fez-se a ti obediente.
Glória eterna à Divindade,
Unidade na Trindade,
Deus imenso, sumo Bem,
que te deu tão grande graça.
Por ti, dê-nos sua vida
e alegria eterna.
Ámen.
O Evangelho do dia 19 de Março de 2009
Naquele tempo,
Jesus estava a expulsar um demónio que era mudo.
Logo que o demónio saiu, o mudo falou
e a multidão ficou admirada.
Mas alguns dos presentes disseram:
«É por Belzebu, príncipe dos demónios,
que Ele expulsa os demónios».
Outros, para O experimentarem, pediam-Lhe um sinal do céu.
Mas Jesus, que conhecia os seus pensamentos, disse:
«Todo o reino dividido contra si mesmo, acaba em ruínas
e cairá casa sobre casa.
Se Satanás está dividido contra si mesmo,
como subsistirá o seu reino?
Vós dizeis que é por Belzebu que Eu expulso os demónios.
Ora, se Eu expulso os demónios por Belzebu,
por quem os expulsam os vossos discípulos?
Por isso eles mesmos serão os vossos juízes.
Mas se Eu expulso os demónios pelo dedo de Deus,
então quer dizer que o reino de Deus chegou até vós.
Quando um homem forte e bem armado guarda o seu palácio,
os seus bens estão em segurança.
Mas se aparece um mais forte do que ele e o vence,
tira-lhe as armas em que confiava
e distribui os seus despojos.
Quem não está comigo está contra Mim
e quem não junta comigo dispersa».