Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Salve Regina (tono simples) | 450 vozes – coro virtual | Música Católica

Serenidade. – Por que te zangas?

Serenidade. – Por que te zangas, se zangando-te ofendes a Deus, incomodas os outros, passas tu mesmo um mau bocado... e por fim tens de te acalmar? (Caminho, 8)

Isso mesmo que disseste, di-lo noutro tom, sem ira, e ganhará força o teu raciocínio e, sobretudo não ofenderás a Deus. (Caminho, 9)

Não repreendas quando sentes a indignação pela falta cometida. – Espera pelo dia seguinte, ou mais tempo ainda. – E depois, tranquilo e com a intenção purificada, não deixes de repreender. – Conseguirás mais com uma palavra afectuosa, do que ralhando três horas. – Modera o teu génio. (Caminho, 10)

Quando realmente te abandonares no Senhor, aprenderás a contentar-te com o que suceder, e a não perder a serenidade, se as tarefas – apesar de teres posto todo o teu empenho e empregado os meios convenientes – não saem a teu gosto... Porque terão "saído" como convém a Deus que saiam. (Sulco, 860)

Sendo para bem do próximo, não te cales, mas fala de modo amável, sem destemperança nem aborrecimento. (Forja, 960)

São Josemaría Escrivá

– Tcharan! Hebdomada Papæ...

No sábado passado (2019), a Rádio Vaticana começou finalmente a emitir um telejornal em latim. Os documentos oficiais são redigidos em latim desde há muitos séculos; os textos litúrgicos de referência estão escritos em latim; o Papa publica «tweets» em latim; nas grandes celebrações, Francisco e os Papas anteriores continuam a celebrar a Missa em latim. A própria Rádio Vaticana transmite regularmente a Missa em latim e emite programas culturais em latim. Faltava um telejornal em latim com as notícias do dia-a-dia. A Rádio Vaticana tem noticiários em muitas línguas, mas faltava esta. Agora, já não falta. Quem quiser, pode sintonizar o canal:

– «Tcharan!» (Música de abertura). «Hebdomada Papæ, notitiæ vaticanæ latine redditæ, etc.».

Hoje, já não há soldados romanos! – objecta alguém.

– Essa agora?! A conta de «Tweeter» do Papa Francisco tem cerca de 1 milhão de seguidores, enquanto as línguas menos importantes, como o alemão ou o português, têm só metade de seguidores.

Há minutos, Francisco «tweetou» na sua conta em latim, account@Pontifex_ln: «Sancte Spiritus, fac nos opifices concordiae, seminatores boni, apostolos spei!» Espírito Santo, faz-nos operadores de concórdia, semeadores do bem, apóstolos da esperança!

Seguindo este conselho, não vamos discutir se há por aí soldados romanos. Talvez não sejam soldados, nem mártires. Talvez sejam só poucos milhões. Mas o latim não se mede pela popularidade.

A Igreja nasceu católica. Ao contrário da generalidade das religiões, o cristianismo não é uma religião nacional, própria de uma civilização, confinada a uma época. O culto promovido por Zaratrusta desapareceu com o ocaso da civilização persa. As divindades solares Amon, Ra, Ptah, deixaram de brilhar com o eclipse da civilização egípcia. As divindades do Olimpo ficaram reduzidas a estátuas arqueológicas quando o Panteão grego se reduziu a arqueologia. As divindades romanas Apolo, Diana, Mercúrio, Vénus, Marte... são nomes de planetas ou pouco mais. O tempo desvaneceu os cultos locais da Europa, da Ásia, da África e da América e as religiões que subsistem nalgumas zonas ainda não atravessaram as primeiras mudanças de regime político, em particular o teste da democracia. Em contrapartida, o cristianismo não pertenceu ao império romano, nem foi característico do Renascimento, ou do iluminismo..., nem é próprio da Itália, da Europa, ou do mundo ocidental. Desde o princípio, quando os discípulos estavam fechados com Nossa Senhora, na sala do cenáculo, cheios de medo, com as portas fechadas, a Igreja já era universal, porque Jesus Cristo a tinha fundado universal, de uma vez para sempre.

A universalidade da Igreja não reúne apenas os católicos de todos as condições e proveniências. Abrange as multidões que nos precederam através dos séculos e abre os braços a todos os que hão-de receber da nossa geração o testemunho de Cristo.

Hoje, talvez não haja soldados romanos, mas o latim permanece como símbolo desta universalidade sem fronteiras de espaço ou de tempo. O latim é uma espécie de linguagem gestual, um sorriso aberto que transmite a bem-aventurança comum. Mesmo para quem não estudou latim, é ouvir a voz dos primeiros cristãos ressoar, em crescendo, através dos séculos. Em latim e em todas as línguas, a voz da Igreja é a voz de Cristo, a mesma voz de sempre, através dos séculos.

Sintonizo a Rádio Vaticana. Os locutores latinos saúdam os ouvintes com simpatia:

– «Salutem plurimam omnibus vobis auscultantibus... et feliciter vobis audientibus novos nuntios Latina lingua prolatos».

– Felicidades também para vocês! Bom serviço! Cuidado com certas construções gramaticais.

José Maria C.S. André

Pátria

No próximo dia 10 de Junho ocorre mais um Dia de Portugal, de Camões e das comunidades, em tempos idos dito também da raça e do império. Como este já não existe e aquela nunca existiu, porque a nacionalidade portuguesa não se determina por nenhuma singularidade étnica exclusiva - haverá uma noção mais impura do que a de uma raça pura?! - mas antes resulta da miscigenação dos muitos povos que, ao longo do séculos, por aqui passaram. Paradoxal é que, em outros tempos, um judeu não pudesse, por essa razão, ser cidadão de uma nação cristã, nem admitido na Ordem de Cristo, à qual Jesus de Nazaré, pelo mesmo motivo, decerto também não poderia pertencer? Os racismos têm destas incongruências.

Resta assim a comemoração festiva da terra e do povo que somos. E com orgulho o somos. Não aquela soberba nacionalista, que se afirma no desprezo pelas outras nações, que vota a uma ignominiosa exclusão, mas na agradecida devoção a que o quarto mandamento da lei de Deus nos obriga, porque o amor aos pais há-de ser também ao seu país e às suas gentes, ou seja, à pátria. Seria pueril afirmar que os nossos pais, ou o nosso país, são os melhores do mundo, mas são os únicos que são nossos e, por isso, merecem, como mais ninguém, o nosso amor e devoção.

Está de moda falar mal de Portugal, caluniando as autoridades públicas, menosprezando os símbolos nacionais, esquecendo a nossa história e descrendo do seu futuro colectivo. Triste e vã maledicência. Outra é a atitude patriótica e cristã: louvar e agradecer, amar e bendizer, que é isso mesmo, dizer bem. Viva Portugal!

Gonçalo Portocarrero de Almada

Santos «ao pé da porta»

Esta maneira tão expressiva, usada pelo Santo Padre, para falar da santidade «comum», que nos passa quase despercebida, mas não aos olhos de Deus, aplica-se em primeiro lugar a Jesus, Maria e José.

À sua porta passavam vizinhos, parentes, amigos, colegas de ofício, clientes, forasteiros, mendigos, sem se darem conta da Santidade que ali «morava». Por isso, não se há-de entender a «classe média da santidade» - outra sugestiva expressão do Papa - como mediania nas virtudes, ou seja, como uma exigência menor, para os fiéis comuns, da que se espera dos consagrados, visto que todos somos chamados a atingir a plenitude cristã. Assim o confirma o Vaticano II: «Nos vários géneros e ocupações da vida, é sempre a mesma a santidade que é cultivada por aqueles que são conduzidos pelo Espírito de Deus (…) Cada um, segundo os próprios dons e funções, deve progredir sem desfalecimento pelo caminho da fé viva, que estimula a esperança e que actua pela caridade» (LG 41).

É isso que é preciso «redescobrir» em cada geração cristã, sempre inclinados como somos a dividir-nos em categorias ou classes de perfeição, o que nos agrada enganosamente, ou por sentir-nos menos exigidos, ou mais privilegiados por Deus.

Então não poderemos comparar o nível espiritual de um sacerdote, imerso em teologia, em culto litúrgico, em serviço das almas, ou de um monge, de um missionário, etc., totalmente dedicados à oração e ao apostolado e com uma formação superior, ao nível que a Igreja pode esperar de um qualquer leigo, atolado no trabalho e absorvido por obrigações caseiras, ou mesmo de educação rudimentar, ou psicologicamente diminuído?

Não. Para o que diz respeito à santidade, não há diferenças, graus, nem categorias. S. Juan Diego era um «ignorante». Ignorantes, os pastorinhos de Fátima. Santa Isabel de Aragão, uma mulher imersa em questões políticas. S. Nun’Álvares, também. Etc., etc., etc. É verdade que, sem sacerdotes, não haveria Igreja; sem consagrados, teria sido um deserto de espiritualidade; sem missionários, um espaço cerrado por fronteiras… Quem duvida da necessidade de tantas e tão importantes vocações? Mas, quanto à santidade, a igualdade é absoluta. «Tens obrigação de te santificar. – Tu, também. – Quem pensa que é tarefa exclusivas de sacerdotes e religiosos? / A todos, sem excepção, disse o Senhor: “Sede perfeitos, como o meu Pai Celestial é perfeito”». (Caminho, 291).

Outra coisa é a dolorosa verificação de que a imensa maioria dos fiéis padece de ignorância crassa nos domínios da fé e da espiritualidade, justamente por causa dessa mentalidade ancestral que os marginaliza da santidade. Deviam ter desenvolvido a sua fé, doutrinal e prática, pelo menos em igual medida em que se desenvolveram intelectual e profissionalmente, mas, qual o quê! Inclusive entre os «praticantes», que sabe dos Evangelhos a maioria, ou do Credo? Ou sequer do Pai-Nosso? Manifestam virtudes admiráveis, tantos e tantas, mas com que relação a Deus Uno e Trino, a Nosso Senhor Jesus Cristo, à vida eterna, à vida sobrenatural?

Não interessa procurar causas, culpas e culpados; o que é urgente é dar a todos os baptizados a consciência da sua própria responsabilidade doutrinal, sacramental, ascética e apostólica, a que foram chamados pelo Baptismo. «Esta é a principal forma da catequese, porque se dirige a pessoas que têm as maiores responsabilidades e a capacidade para viverem a mensagem cristã na sua forma plenamente desenvolvida» (João Paulo II, CT, 41). Ou, como dizia muitos séculos antes S. Paulo, «até que cheguemos todos à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, ao estado do homem perfeito, segundo a estatura própria da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos crianças flutuantes e levados ao sabor de todo o vento de doutrina» (Ef 4, 13-14).

H.A. («Celebração Litúrgica» 4 / 2018)