A primeira é por não conseguirem atingir o fim que se tinham proposto. Tentaram, esforçaram-se, esmifraram-se, mas não chegaram lá. Isto causa decepção e desilusão – sinónimos de frustração.
A segunda é por conseguirem atingir o fim que se tinham proposto. Tentaram, lutaram, perderam, venceram, mas, no final, chegaram lá. Alcançaram o objectivo cheios de alegria e esperança.
Então, porque surge a frustração?
Porque, ao atingirem esse fim, compreendem que ele não vale tanto quanto esperavam. Ou, pelo menos, não possui aquele valor absoluto com o qual tinham sonhado. É uma decepção diferente – mas não deixa de o ser!
Exemplos deste segundo tipo de desilusão: no dia em que acabar o meu curso, aí sim, serei plenamente feliz. No dia em que me casar. No dia em que tiver um aumento de salário. No dia em que receber um prémio especial.
Porque é que nunca seremos plenamente felizes aqui na Terra?
Porque não fomos criados para isto.
“Criaste-nos, Senhor, para Ti e o nosso coração está inquieto (frustrado) enquanto não repousar em Ti” – já o disse Santo Agostinho há muitos anos atrás. A verdadeira felicidade só a podemos encontrar em Deus – que é o Absoluto que criou o nosso coração.
Acreditar em Deus – no Deus revelado por Jesus Cristo – não é um “recurso” para superar a ignorância. Não é um salto no vazio. Nem é, muito menos, uma mera luz subjectiva.
É a resposta de cada um de nós – pessoal, livre e libertadora – a Deus que Se revela. Resposta que, ao mesmo tempo, nos traz uma luz extraordinária para entender o sentido último da fugaz passagem por este mundo.
A fé é um dom de Deus que muda a nossa vida porque a enche de luz.
E, então, sim, compreendemos perfeitamente o porquê das frustrações: não fomos criados para isto; estamos aqui só de passagem.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria