Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

terça-feira, 22 de julho de 2014

ELECTRICISTA, COMUM DE OPERÁRIOS

Quem percorrer o índice das celebrações do Missal Romano, na sua edição portuguesa de 1992, depara-se, logo na primeira letra do alfabeto, com vinte festas ou memórias litúrgicas com orações próprias. Destas duas dezenas de celebrações, uma corresponde ao Santo Anjo da Guarda de Portugal; outra, a um apóstolo; nove são de bispos, dos quais seis são também doutores da Igreja; a que acrescem mais três presbíteros, um abade, dois mártires e duas virgens, uma também mártir. Fiéis cristãos casados? Tão só Ana e Joaquim, pais de Nossa Senhora!

O panorama não se altera em relação à letra seguinte: dos treze contemplados, há a registar dois apóstolos; quatro bispos, dois deles doutores da Igreja e os outros dois mártires; três presbíteros; dois abades e duas religiosas. Leigos? Nenhum!

Poder-se-ia prosseguir a contagem, mas os dados apontados são suficientes para concluir que o Missal Romano, quase meio século depois da reforma litúrgica implementada pelo Concílio Vaticano II, continua a privilegiar os clérigos e religiosos, em detrimento das vidas santas de fiéis leigos, em muitos casos não menos meritórias, nem menos exemplares. Se se tiver em conta que, neste ano de graça de 2014, a Igreja universal muito justamente rejubila com a canonização de dois papas – João XXIII e João Paulo II – e vai ainda muito felizmente beatificar Paulo VI, pode-se afirmar que esta tendência se mantêm também na actualidade, não obstante o ensinamento conciliar que lembrou que os fiéis leigos são, a par dos clérigos e consagrados, protagonistas da missão eclesial, proclamando solenemente o chamamento universal à santidade e ao apostolado na Igreja.

A razão desta preferência algo clerical é compreensível: a santidade de vida de um Papa, como os três mencionados, tem uma muito maior notoriedade do que a existência de um leigo, cuja existência tenha sido tão discreta e comum como a da Sagrada Família em Nazaré. Por outro lado, não é fácil promover um processo de beatificação e, por isso, só a Santa Sé, as dioceses e algumas instituições da Igreja podem disponibilizar os recursos necessários para esse louvável fim.

Mas é de lamentar que, meio século depois do Concílio Vaticano II, os leigos continuem praticamente ausentes do Missal Romano. Note-se, a este propósito, que só estão previstas as missas comuns de Nossa Senhora, dos mártires, dos pastores e doutores da Igreja, das virgens e dos santos e santas. Quer isto dizer que um papa, bispo ou sacerdote santo é liturgicamente contemplado com as orações do comum dos pastores. As religiosas, enquanto virgens, têm também direito a um tratamento litúrgico próprio. Mas os fiéis leigos não mereceram nenhuma atenção especial na reforma litúrgica e, ignorada completamente a sua condição familiar e profissional, são incluídos, à falta de melhor, no comum dos santos e santas, que é uma espécie de vala comum dos bem-aventurados.

Santa Joana Beretta Mola
Faz falta uma missa comum das santas esposas e mães que, como Santa Joana Beretta Mola, se santificaram no exercício heróico dos seus deveres familiares e profissionais. A virgindade das religiosas é muito louvável, mas a condição matrimonial e maternal de tantas mulheres cristãs o não é menos. Fazem falta textos próprios para as missas de leigos santos, como os que se destacaram no cumprimento das suas obrigações profissionais e cívicas, como S. Tomás More, pois não são só os pastores e doutores da Igreja que devem ser exaltados pelos seus dotes de governo e de sabedoria. É tal o desfasamento entre a realidade social e o seu reflexo no Missal que, na celebração litúrgica dos pastorinhos de Fátima, não procede o comum de pastores, mas de santos …

À conta deste desabafo pós-conciliar e anticlerical, um voto que é também uma oração: queira Deus que, se se provar um dia a santidade de vida destes egrégios cristãos, se possa celebrar liturgicamente a festa de São Balduíno, Rei dos belgas, comum de governantes; ou a de Santa Irena Sendler, leiga, comum de assistentes sociais; ou, ainda, a de São Lech Walesa, electricista e sindicalista, comum de operários.

P. Gonçalo Portocarrero de Almada in Voz da Verdade, de 20 de Julho de 2014

A fé faz parte do amor

Nesta situação, poderá a fé cristã prestar um serviço ao bem comum relativamente à maneira correcta de entender a verdade? Para termos uma resposta, é necessário reflectir sobre o tipo de conhecimento próprio da fé. Pode ajudar-nos esta frase de Paulo: « Acredita-se com o coração » (Rm 10, 10). Este, na Bíblia, é o centro do homem, onde se entrecruzam todas as suas dimensões: o corpo e o espírito, a interioridade da pessoa e a sua abertura ao mundo e aos outros, a inteligência, a vontade, a afectividade. O coração pode manter unidas estas dimensões, porque é o lugar onde nos abrimos à verdade e ao amor, deixando que nos toquem e transformem profundamente. A fé transforma a pessoa inteira, precisamente na medida em que ela se abre ao amor; é neste entrelaçamento da fé com o amor que se compreende a forma de conhecimento própria da fé, a sua força de convicção, a sua capacidade de iluminar os nossos passos. A fé conhece na medida em que está ligada ao amor, já que o próprio amor traz uma luz. A compreensão da fé é aquela que nasce quando recebemos o grande amor de Deus, que nos transforma interiormente e nos dá olhos novos para ver a realidade.

Lumen Fidei, 26

Disse-lhe Jesus: «Maria!» Ela, aproximando-se, exclamou […]: «Rabbuni!»

São Francisco de Sales (1567-1622), bispo de Genebra, doutor da Igreja 
Tratado do amor de Deus, 5, 7


Quem ama verdadeiramente, quase não tem prazer senão na coisa amada. Assim, todas as coisas pareciam esterco ao glorioso São Paulo, em comparação com o seu Salvador (Fil 3,8). E a esposa [do Cântico dos Cânticos] é toda para o seu bem-amado: «O meu amado é meu e eu sou dele. […] Vistes o amado da minha alma?» (2,16; 3,3) […]

A gloriosa amante Madalena depara com os anjos no sepulcro, e estes ter-lhe-ão falado em tom angélico, isto é, com suavidade, a fim de apaziguarem o tormento em que se encontrava. Mas ela, chorosa, não encontrou consolo nem nas suas palavras doces, nem no esplendor das suas vestes, nem na graça celeste do seu porte, nem na beleza amável do seu rosto. Pelo contrário, lavada em lágrimas, dizia: «Levaram o meu Senhor e não sei onde O puseram.» Voltando-se, viu o Salvador, mas sob o aspecto de jardineiro, com o qual o seu coração não podia contentar-se. Porque, cheia da morte do seu Senhor, não deseja flores, pelo que o jardineiro lhe é indiferente; tem no coração a cruz, os cravos, os espinhos, e procura o seu Crucificado: «Meu caro jardineiro, diz-lhe, se por acaso plantastes o meu bem-amado Senhor trespassado, qual lírio amachucado e seco, entre as vossas flores, dizei-me depressa, que eu irei buscá-Lo.»

Mas, quando Ele a trata pelo nome, derretida de prazer, exclama: «Deus, meu Senhor!» […] E, para melhor glorificar este soberano Bem-Amado, a alma «busca sempre a sua face» (Sl 104,4), ou seja, procura com atenção sempre mais cuidadosa e ardente conhecer todas as particularidades das belezas e perfeições que há nele, progredindo sempre nesta doce busca de motivos que a levem continuamente a deleitar-se sempre mais na incompreensível beleza que ama.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 22 de julho de 2014

No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro, de manhã, sendo ainda escuro, e viu a pedra retirada do sepulcro. Correu então, e foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo a quem Jesus amava, e disse-lhes: «Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde O puseram». Entretanto, Maria estava da parte de fora do sepulcro a chorar. Enquanto chorava, inclinou-se para o sepulcro e viu dois anjos vestidos de branco, sentados no lugar onde fora posto o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. Eles disseram-lhe: «Mulher, porque choras?». Respondeu-lhes: «Porque levaram o meu Senhor e não sei onde O puseram». Ditas estas palavras, voltou-se para trás e viu Jesus de pé, mas não sabia que era Jesus. Jesus disse-lhe: «Mulher, porque choras? A quem procuras?». Ela, julgando que era o hortelão, disse-Lhe: «Senhor, se tu O levaste, diz-me onde O puseste; eu irei buscá-l'O». Jesus disse-lhe: «Maria!». Ela, voltando-se, disse-Lhe em hebreu: «Rabboni!», Jesus disse-lhe: «Não Me retenhas, porque ainda não subi para Meu Pai; mas vai a Meus irmãos e diz-lhes que subo para Meu Pai e vosso Pai, para Meu Deus e vosso Deus». Foi Maria Madalena anunciar aos discípulos: «Vi o Senhor!», e as coisas que Ele lhe disse.

Jo 20, 1-2.11-18