Para muitas pessoas a religião não tem nada a ver com a liberdade. Até lhes parece que são conceitos opostos: “se quero ser livre tenho que me libertar do jugo da religião”.
Mesmo entre aqueles que veem a religião como algo positivo, encontram-se pessoas que olham para ela somente como um conjunto de obrigações a cumprir: ir à Missa, viver de acordo com os Mandamentos, renunciar àquilo que me apetece.
Por isso, convém recordar que Deus não é inimigo da nossa liberdade. Muito pelo contrário. Foi Ele que nos deu a liberdade e respeita, como ninguém, as nossas decisões livres.
E que a liberdade fora ou à margem da verdade é ilusória: cedo ou tarde revela-se como escravidão.
“Conhecereis a verdade e a verdade vos fará livres” (Jo 8, 32). Que verdade é essa?
O Amor de Deus por cada um de nós. A realidade de que não somos apenas criaturas: somos filhos!
Se Deus é Pai, nós não somos autores de nós mesmos, mas sim colaboradores. Mas como alguém dizia, um dos fenómenos mais chamativos do homem moderno é que “não quer ser filho”. Considera a filiação como uma dívida insuportável que põe em causa a sua autonomia.
Mas é precisamente isso que nós somos: filhos. Podemos não ser pais, mas não há ninguém que não seja filho.
Não nos demos a vida. Recebemo-la de um modo gratuito. E reconhecer essa dependência dos nossos pais, dos nossos antepassados e, em última instância, de Deus, não equivale a negar a nossa liberdade.
Fugir do que somos não nos liberta. Abraçar a nossa condição de filhos muito amados é o que dá sentido à nossa liberdade e nos faz entender que actuar mal não é nunca uma libertação, mas sim uma escravidão.
Porque Deus, que é nosso Pai, quer sempre o melhor para nós. Esquecer isto reduz a liberdade a uma “paixão inútil”, como dizia um famoso filósofo.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria