Obrigado, Perdão Ajuda-me

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As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sexta-feira, 6 de março de 2009

Nota Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa por ocasião da canonização de Nuno Álvares Pereira

«Exemplo heróico em tempo de crise»

1. Nuno Álvares Pereira proclamado santo

A 21 de Fevereiro de 2009, o Papa Bento XVI anunciou a canonização de D. Nuno Álvares Pereira – o já beato Nuno de Santa Maria – para o dia 26 de Abril, junto com outras quatro figuras ilustres da Igreja.

Este facto é para Portugal e os portugueses motivo de júbilo e de esperança. Deve também constituir ocasião de reflexão sobre as qualidades e virtudes heróicas desta relevante personagem histórica, digna de ser conhecida e imitada nos dias de hoje. Nuno Álvares Pereira viveu em tempos difíceis de crise dinástica, com fortes divisões no tecido social e político português, que punham em perigo a própria identidade e independência da Nação.

Os Bispos de Portugal, em nome de todos os católicos do nosso país, desejam exprimir a sua alegria e gratidão pelo reconhecimento oficial da santidade heróica de mais um filho da nossa terra. Ultrapassando a mera saudade do passado e assumindo, com realismo e esperança, o tempo que nos é dado viver, querem ressaltar algumas virtudes heróicas de Nuno Álvares Pereira, cuja imitação ajudará a responder aos desafios do tempo presente.

2. Breves dados biográficos

Nascido em 1360, Nuno Álvares Pereira foi educado nos ideais nobres da Cavalaria medieval, no ambiente das ordens militares e depois na corte real. Tal ambiente marcou a sua juventude. As suas qualidades e virtudes impressionaram particularmente o Mestre de Aviz, futuro rei D. João I, que encontrou em D. Nuno o exímio chefe militar, estratega das batalhas dos Atoleiros, de Aljubarrota e Valverde, vencidas mais por mérito das suas virtudes pessoais e da sua táctica militar do que pelo poder bélico dos meios humanos e dos recursos materiais.

Casou com D. Leonor Alvim de quem teve três filhos, sobrevivendo apenas a sua filha Beatriz, que viria a casar com D. Afonso, dando origem à Casa de Bragança. Tendo ficado viúvo muito cedo e estando consolidada a paz, decidiu aprofundar os ideais da Cavalaria e dedicar se mais intensamente aos valores do Evangelho, sobretudo à prática da oração e ao auxílio dos pobres. Assim, pediu para ser admitido como membro da Ordem do Carmo, que conhecera em Moura e apreciara pela sua vida de intensa oração, tomando o profeta Elias e Nossa Senhora como modelos no seguimento de Cristo.

De Moura, no Alentejo, vieram alguns membros da comunidade carmelita, para o novo convento que ele mesmo mandara construir em Lisboa. Em 1422, entra nesta comunidade e, a 15 de Agosto de 1423, professa como simples irmão, encarregado de atender a portaria e ajudar os pobres. Passou então a ser Frei Nuno de Santa Maria. Depois de uma intensa vida de oração e de bem fazer, numa conduta de grande humildade, simplicidade e amor à Virgem Maria e aos pobres, faleceu no convento do Carmo, onde foi sepultado.

Logo após a sua morte começou a ser venerado como santo pela piedade popular. As suas virtudes heróicas foram oficialmente reconhecidas pelo Papa Bento XV, que o proclamou beato, em 1918, passando a ter celebração litúrgica a 6 de Novembro.

3. Virtudes e valores afirmados na vida de Nuno Álvares Pereira

D. Nuno Álvares Pereira não é apenas o herói nacional, homem corajoso, austero, coerente, amigo da Pátria e dos pobres, que os cronistas e historiadores nos apresentam. Ele é também um homem santo. A sua coragem heróica em defender a identidade nacional, o seu desprendimento dos bens e amor aos mais necessitados brotavam, como água da fonte, do amor a Cristo e à Igreja. A sua beatificação, nos começos do século XX, apresentou o ao povo de Deus como modelo de santidade e intercessor junto de Deus, a quem se pode recorrer nas tribulações e alegrias da vida.

Conscientes de que todos os santos são filhos do seu tempo e devem ser vistos e interpretados com os critérios próprios da sua época, desejamos propor alguns valores evangélicos que pautaram a sua vida e nos parecem de maior relevância e actualidade.

Os ideais da Cavalaria, nos quais se formou D. Nuno, podem agrupar se em três arcos de acção: no plano militar, sobressaem a coragem, a lealdade e a generosidade; no campo religioso, evidenciam se a fidelidade à Igreja, a obediência e a castidade; a nível social, propõem se a cortesia, a humildade e a beneficência. Foram estes valores que impregnaram a personalidade de Nuno Álvares Pereira, em todas as vicissitudes da sua vida, como documentam os seus feitos militares, familiares, sociais e conventuais.

Fazia também parte dos ideais da Cavalaria a protecção das viúvas e dos órfãos, assim como o auxílio aos pobres. Em D. Nuno, estes ideais tornaram se virtudes intensamente vividas, tanto no tempo das lides guerreiras como principalmente quando se desprendeu de tudo e professou na Ordem do Carmo. Como porteiro e esmoler da comunidade, acolhia os pobres de Lisboa, que batiam às portas do convento e atendia os com grande humildade e generosidade. Diz-se que teve aqui origem a «sopa dos pobres».

Levado pela sua invulgar humildade, iluminada pela fé, desprendeu se de todos os seus bens – que eram muitos, pois o Rei o tinha recompensado com numerosas comendas – e repartiu os por instituições religiosas e sociais em benefício dos necessitados. Desejoso de seguir radicalmente a Jesus Cristo, optou por uma vida simples e pobre no Convento do Carmo e disponibilizou-se totalmente para acolher e servir os mais desfavorecidos. Esta foi a última batalha da sua vida. Para ela se preparou com as armas espirituais de que falam a carta aos Efésios (cf. Ef 6, 10 20) e a Regra do Carmo: a couraça da justiça, a espada do Espírito (isto é, a Palavra de Deus), o escudo da fé, a oração, o espírito de serviço para anunciar o Evangelho da paz, a perseverança na prática do bem.

Precisamos de figuras como Nuno Álvares Pereira: íntegras, coerentes, santas, ou seja, amigas de Deus e das suas criaturas, sobretudo das mais débeis. São pessoas como estas que despertam a confiança e o dinamismo da sociedade, que fazem superar e vencer as crises.

4. Apelo à Igreja em Portugal e a todos os homens e mulheres de boa vontade

Ao aproximar-se a data da canonização do beato Nuno Álvares Pereira, pelo Papa Bento XVI, em Roma, alegramo-nos por ver mais um filho da nossa terra elevado às honras dos altares. Algumas peregrinações estão a ser organizadas para marcar a nossa presença na Praça de S. Pedro, na festa da sua canonização, no dia 26 de Abril. Confiamos que outras iniciativas pastorais sejam promovidas para dar a conhecer e propor como modelo o exemplo de virtude heróica que nos deixou este nosso irmão na fé.

A pessoa e acção de Nuno Álvares Pereira são bem conhecidas do povo português. A nível civil, é lembrado em monumentos, praças e instituições; a nível religioso, é celebrado em igrejas, imagens e associações. Figura incontornável da nossa história, importa revitalizar a sua memória e dar a conhecer o seu testemunho de vida. Para além de ser um modelo de santidade, no seguimento radical de Cristo, que «não veio para ser servido mas para servir» (Mt 20, 28), apraz nos pôr em relevo alguns aspectos de particular actualidade, para todos os homens e mulheres de boa vontade:

– Nuno Álvares Pereira foi um homem de Estado, que soube colocar os superiores interesses da Nação acima das suas conveniências, pretensões ou carreira. Fez da sua vida uma missão, correndo todos os riscos para bem servir a Pátria e o povo.

– Em tempo de grave crise nacional, optou corajosamente por ser parte da solução e, numa entrega sem limites, enfrentou com esperança os enormes desafios sociais e políticos da Nação.

– Coroado de glória com as vitórias alcançadas, senhor de imensas terras, despojou se dos seus bens e optou pela radicalidade do seguimento de Cristo, como simples irmão da Ordem dos Carmelitas.

– Não se valeu dos seus títulos de nobreza, prestígio e riqueza, para viver num clima de luxos e grandezas, mas optou por servir preferencialmente os pobres e necessitados do seu tempo.

Vivemos em tempo de crise global, que tem origem num vazio de valores morais. O esbanjamento, a corrupção, a busca imparável do bem estar material, o relativismo que facilita o uso de todos os meios para alcançar os próprios benefícios, geraram um quadro de desemprego, de angústia e de pobreza que ameaçam as bases sobre as quais se organiza a sociedade. Neste contexto, o testemunho de vida de D. Nuno constituirá uma força de mudança em favor da justiça e da fraternidade, da promoção de estilos de vida mais sóbrios e solidários e de iniciativas de partilha de bens. Será também um apelo a uma cidadania exemplarmente vivida e um forte convite à dignificação da vida política como expressão do melhor humanismo ao serviço do bem comum.

Os Bispos de Portugal propõem, portanto, aos homens e mulheres de hoje o exemplo da vida de Nuno Álvares Pereira, pautada pelos valores evangélicos, orientada pelo maior bem de todos, disponível para lutar pelos superiores interesses da Pátria, solícita por servir os mais desprotegidos e pobres. Assim seremos parte activa na construção de uma sociedade mais justa e fraterna que todos desejamos.

Fátima, 6 de Março de 2009

Desafio

A denúncia dos erros é importante, mas não é suficiente para corrigir. Porque a correcção implica sempre a pessoa e o seu coração e não é um conjunto de regras que muda o coração.

A propósito da crise financeira mundial e das injustiças que provoca, Bento XVI disse, recentemente, num encontro com párocos de Roma, que é preciso denunciar com valentia os graves erros que resultam da avareza – a idolatria do dinheiro. Mas é preciso fazê-lo de modo concreto e sem moralismos. Porque os grandes moralismos (“tem que se fazer isto, não se pode fazer aquilo”…) ou seja, o debitar um mero conjunto de regras éticas desgarradas da realidade, de nada serve.

Explica o Papa que a denúncia dos erros é importante, mas não é suficiente para corrigir. Porque a correcção implica sempre a pessoa e o seu coração e não é um conjunto de regras que muda o coração. Sejamos pois realistas.

Afinal, a macro-economia acaba por atingir o mais simples cidadão (que sofre agora as consequências de tantos erros cometidos na alta finança).

E o mesmo acontece com a justiça: ela não se consolida apenas com bons modelos económicos, ainda que necessários. Para haver justiça, é preciso haver pessoas justas. Por muito perfeitas que sejam as leis, não haverá justiça sem justos. E os justos são os que aceitam – dia após dia - converter o seu coração.

O desafio está, pois, ao alcance de todos.

Aura Miguel


(Fonte: site RR)

Mensagem para o Dia Nacional da Cáritas, que se celebra no próximo dia 15 de Março, Domingo



“Se não tiver caridade nada sou” (1 Cor 13, 2)

Sem caridade não existimos como cristãos, afirma são Paulo com a força apostólica do seu testemunho. De facto, ainda que possuidores do dom da profecia, detentores de ciência, com fé capaz de transportar montanhas ou generosidade motivadora da oferta dos bens aos pobres, sem caridade nada somos. Comecemos por olhar a presente realidade, com esta identidade que nos marca, em ordem a lançar sobre as situações à luz do Evangelho e a encontrar vias operativas que hoje sirvam a verdadeira caridade.

1. O agudizar de problemas sociais decorrentes da crise financeira e económica e resultantes de opções políticas erradas, algumas persistentes há décadas, exige uma leitura atenta, cuidadosa e profunda da realidade. Agravam-se as situações de pobreza e de precariedade do emprego, desaparecem oportunidades de emprego e cresce o desemprego com despedimentos massivos, seja por falta de viabilidade económica das empresas, seja por oportunismo lesivo dos trabalhadores. Aumentam as desigualdades, gera-se exclusão social, paira o risco de uma implosão social, com perda da paz e levanta-se um acicate para movimentos de restrição do regime democrático...

O conhecimento dessa realidade é débil nos meros dados estatísticos, mas ganha cor e forma graças aos contactos personalizados e solidários vividos por cada cristão e por cada paróquia, dificilmente recolhidos a nível diocesano e a nível nacional.

A Cáritas vem desenvolvendo em todo o território nacional, não obstante variar o peso da presença de diocese para diocese, um serviço de sensibilização para os reais problemas sociais, quer através de campanhas motivadas por situações urgentes, quer através de manutenção de equipamentos sociais, ou ainda através de ofertas de formação para agentes de pastoral social.

As circunstâncias evidenciam as vantagens de uma implantação paroquial, inserida ou animando grupos de acção social paroquiais. O trabalho de animação local apela para as responsabilidades sociais dos cristãos e das comunidades cristãs, conduz à elaboração de propostas que possam chegar aos centros de decisão política e permitir a solução concreta dos problemas, sem muitas mediações perturbadoras da agilidade das respostas.

2. O vigor criativo da caridade assume, neste contexto, uma dimensão social como marca distintiva dos cristãos, capaz de afastar qualquer conceito desvirtuado de redução assistencial ou de comiseração sentimental. Ao escolher, em pleno Ano Paulino, o lema “Se não tiver caridade nada sou” evidencia-se a dimensão integral e existencial da virtude. Nós somos o amor que nos rodeia e nos faz ser o que somos. E somos o amor que exercemos na relação com os outros. Sem caridade não somos nada como pessoas.

O que dá valor, o que é caro à vida humana são os laços dos que nos são caros e para quem nós somos caros. Quando universalizamos os gestos de caridade e nos desprendemos da reciprocidade atrevemo-nos a ser em Deus, sumo bem, máxima bondade que a todos quer salvar, já, na dignidade de filhos. Ter caridade: é atender à amplitude dos problemas com suas incidências políticas, sindicais, empresariais e associativas, é participar em processos de desenvolvimento que permitam a cada ser humano ser amado.

Torna-se, no tempo actual, mais evidente a urgência de coordenação da acção sócio-caritativa das diversas organizações e instituições. A Cáritas tem aptidão para servir esta fundamental sinergia.

A Cáritas é chamada a ser expressão estrutural da Igreja, forma organizada, operativa e dinâmica do modo cristão de viver, junto dos mais pobres e excluídos da sociedade. Em cada diocese, em comunhão com o Bispo, a Cáritas é órgão integrador e dinamizador da pastoral sócio-caritativa. Através da Caritas, o Bispo pode promover e garantir a atenção da sua Igreja particular aos irmãos mais necessitados.

3. No seguimento desta visão cristã, podem apontar-se como linhas de acção para a Cáritas:

- viver a acção sócio-caritativa como parte essencial da acção evangelizadora e celebrativa da fé, colaborando na consciencialização de todos os membros da comunidade para uma coerência evangélica;

- apoiar e acompanhar grupos paroquiais de acção sócio-caritativa;

- exercer o amor pelos pobres unido ao compromisso com a implantação da justiça e a transformação libertadora dos males da sociedade, promovendo formação competente, discernimento das causas reinantes e interpelação das consciências;

- atender à fraternidade universal, rosto cristão da vida global, conjugada com a prontidão de real partilha de proximidade;

- promover o espírito de gratuidade e voluntariado, facilitando o crescimento espiritual, o trabalho em equipa e a eficaz coordenação dos meios e recursos;

- encontrar soluções inovadoras para os problemas verificados pelo Núcleo de Observação Social (NOS).

A Caritas está disponível para apoiar a criação e funcionamento de grupos de acção sócio-caritativos, representativos das diversas zonas da paróquia, que tenham como objectivos conhecer os problemas sociais a partir das relações de proximidade e intentar as respectivas soluções. Procurem os membros dos grupos recorrer à formação disponível, ser assíduos às ajudas em ordem a uma espiritualidade cristã na qual a dimensão social obrigatoriamente se inclui. Além do conhecimento objectivo da realidade e do tratamento dos dados, prestam as ajudas possíveis e exercem a mediação junto de entidades que possam contribuir para as soluções.

É fundamental, para o exercício de uma caridade evangélica, contribuir para a consciência eclesial dos problemas sociais, a nível diocesano e nacional, promover reflexões sobre os dados recolhidos, chamar a atenção para problemas por solucionar, criar propostas e exercer influência para conseguir as respostas necessárias.

Conclusão

Para que a necessidade imperativa de São Paulo, relativamente à caridade, seja vivida pelas comunidades cristãs muito contamos com a Caritas, nos diversos níveis da sua presença. A responsabilidade social dos cristãos e das comunidades paroquiais requer novo vigor, enérgica agilidade, ternura eficaz, generosa partilha. A Cáritas encontre o modo para, em cada contexto, dar passos firmes no cumprimento da sua missão.

Lisboa, 3 de Março de 2009

Carlos A. Moreira Azevedo, Presidente da Comissão Episcopal de Pastoral Social


Documentos D. Carlos A. Moreira Azevedo 03/03/2009 15:31 6311 Caracteres 153 Cáritas

(Fonte: site Agência Ecclesia)

"A Paxão de Cristo" - trailer do filme Mel Gibson

O Evangelho do dia 6 de Março de 2009

São Mateus 5, 20-26

Naquele tempo,
disse Jesus aos seus discípulos:
«Se a vossa justiça não superar a dos escribas e fariseus,
não entrareis no reino dos Céus.
Ouvistes que foi dito aos antigos:
‘Não matarás; quem matar será submetido a julgamento’.
Eu, porém, digo-vos:
Todo aquele que se irar contra o seu irmão
será submetido a julgamento.
Quem chamar imbecil a seu irmão
será submetido ao Sinédrio,
e quem lhe chamar louco
será submetido à geena de fogo.
Portanto, se fores apresentar a tua oferta sobre o altar
e ali te recordares que o teu irmão tem alguma coisa contra ti,
deixa lá a tua oferta diante do altar,
vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão
e vem depois apresentar a tua oferta.
Reconcilia-te com o teu adversário,
enquanto vais com ele a caminho,
não seja caso que te entregue ao juiz,
o juiz ao guarda, e sejas metido na prisão.
Em verdade te digo:
Não sairás de lá, enquanto não pagares o último centavo».