Não me cabe, nem tenho competência para tal, discutir as razões da desagregação do estado belga, mas são públicas e notórias as divergências entre valões e flamengos, pelo que não é surpreendente a má-fé e ignorância dos seus políticos eleitos para a sua Câmara dos Representantes.
A resolução aprovada no passado dia 2 de Abril, mais não é que uma hipócrita mistificação de protagonismo de um estado, que apenas o será no papel, além de sinónimo de uma colossal ignorância e desonestidade intelectual dos seus representantes políticos.
Permito-me imaginar a profunda dor e tristeza, que irá na alma do Rei Alberto II, católico convicto ainda que reservado, ao ver aquilo que deveria ser uma respeitável Câmara, símbolo do poder legislativo, atacar o Santo Padre de modo tão vil.
O texto aprovado (http://www.lachambre.be/FLWB/pdf/52/1907/52K1907005.pdf ) não é mais que a enunciação falaciosa e truncada de considerações hipócritas, as quais além de ofensivas de Bento XVI, serão o espelho de um estado, que em desespero de causa procura protagonismo para se “fingir” existente.
Aos “políticos” belgas direi para terminar, “shame on you”!
(JPR)
Obrigado, Perdão Ajuda-me
sábado, 4 de abril de 2009
Também o Papa precisa de conselhos - Saudação às crianças e aos leigos comprometidos
No final da Santa Missa o Papa encontrou-se com as crianças que se preparam para a primeira comunhão e com o Conselho pastoral, dirigindo a cada um dos grupos as seguintes palavras improvisadas:
Queridas crianças, antes de tudo bom domingo!
Sinto-me feliz por estar hoje convosco, mesmo se com o mau tempo e mesmo se nos levantamos uma hora mais cedo porque mudou o horário, contudo estamos todos reunidos e sei que vos estais a preparar para a primeira comunhão, para o encontro com Jesus. Hoje sentimos no Evangelho que pessoas da Grécia disseram: queremos ver Jesus. Todos nós queremos ver e conhecer Jesus, que está presente entre nós. Agora percorrei este caminho de preparação e depois no momento da primeira comunhão Ele estará muito próximo de vós, e vós podereis sentir como Ele será convosco. Na Páscoa, com a beleza da festa, poderíamos sentir melhor que festa traz ao coração a presença de Jesus ressuscitado. E então desejo-vos um bom domingo, uma boa preparação para a Páscoa e para a comunhão e muita alegria nas férias e depois, naturalmente, boas festas para a primeira comunhão: o centro não é o almoço, mas será o próprio Jesus, depois também o almoço pode ser bom. A todos vós digo: bem haja. Rezai por mim, eu rezo por vós.
Queridos amigos, neste momento posso dizer apenas obrigado por tudo o que fazeis pela construção da Igreja viva neste bairro de Roma. Parece-me que estes Conselhos pastorais são um dos dons do Concílio Vaticano ii, onde leigos representantes de toda a comunidade enfrentam, juntamente com o pároco e com os sacerdotes, os problemas da Igreja viva de um bairro, ajudando a construir a Igreja, a tornar presente a Palavra de Deus e a sensibilizar o povo sobre a presença de Jesus Cristo nos sacramentos. Neste tempo em que o secularismo é forte, e todas as impressões que se recolhem em volta são um pouco contra a presença de Deus, contra a capacidade de sentir esta presença, é muito mais importante que o sacerdote não seja deixado sozinho, mas circundado por crentes que com ele levem esta semente da Palavra e ajudem para que seja vivo e crescente também no nosso tempo. Por isso, obrigado por estas vossas iniciativas. É importante consolar, ajudar, assistir o povo no sofrimento, fazer experimentar a proximidade dos crentes que se sentem particularmente próximos de todos os que sofrem.
Vi isto na África: existe em Yaoundé, nos Camarões, um grande centro que criou o Cardeal Léger, canadense, grande Padre do Concílio, onde o conheci. Ele, depois do Concílio em 1968 sentia a necessidade não só de pregar e de governar, mas de ser um simples sacerdote para assistir quem sofre. Foi aos Camarões onde criou este Centro, que hoje pertence ao Estado, mas nele trabalham sobretudo eclesiásticos, e nele vê-se todos os tipos de sofrimentos: sida, lepra, tudo. Mas vê-se também a força da fé e do amor que a fé suscita, colocando-se totalmente à disposição; assim o sofrimento é transformado e as pessoas que ajudam são transformadas, tornam-se mais humanas, mais cristãs; sente-se um pouco do amor de Deus. Por isso, nas nossas dimensões, também nós queremos ser sempre sensíveis ao sofrimento, aos sofredores, aos pobres, às pessoas necessitadas em diversas formas de pobreza, também espiritual, que nos esperam, nas quais nos espera o Senhor. Obrigado por tudo o que fazeis.
Segundo a tradição o conselho é um dom do Espírito Santo e um pároco, e muito mais um Papa, precisa de conselho, de ser ajudado a tomar as decisões. Por isso, estes conselhos pastorais realizam também uma obra do Espírito Santo e testemunham a sua presença na Igreja.
Obrigado por tudo o que fazeis; o Senhor vos assista sempre e vos dê a alegria pascal para todo o ano. Obrigado.
Obrigado por tudo o que fazeis; o Senhor vos assista sempre e vos dê a alegria pascal para todo o ano. Obrigado.
Ao despedir-se da paróquia, o Santo Padre disse aos presentes:
Queridos amigos, gostaria de vos agradecer o vosso entusiasmo. Ele faz-me pensar em África, onde vi também tanta gente com a alegria de ser católica, de ser parte da grande família de Deus. Obrigado porque vejo esta alegria também entre vós. Desejo-vos bom domingo e boa Páscoa e a alegria do Senhor em todas as complicações da vida: que esteja sempre presente também a sua luz. Obrigado e bons votos a todos vós.
Comentário ao Evangelho de Domingo feito por:
Santo André de Creta (660-740), monge e bispo
«Hossana! Bendito Aquele que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel!»
Coragem, filha de Sião, não temas: «Eis que o teu Rei vem a ti: Ele é justo e vitorioso, humilde, montado num jumento, sobre um jumentinho, filho de uma jumenta» (Zac 9, 9). Ele vem, Aquele que está em toda a parte e que enche o universo, Ele avança para realizar em ti a salvação de todos. Ele vem, Aquele que não veio chamar os justos, mas os pecadores (Lc 5, 32), para fazer sair do pecado os que nele se extraviaram. Não temas, pois: «Deus está no meio de ti, tu és inabalável» (Sl 45, 6). Acolhe, de mãos erguidas, Aquele cujas mãos desenharam as tuas muralhas. Acolhe Aquele que aceitou em Si mesmo tudo aquilo que é nosso, à excepção do pecado, para nos assumir Nele. [...] Rejubila, filha de Jerusalém, canta e dança de alegria. [...] «Levanta-te e resplandece, chegou a tua luz; a glória do Senhor levanta-se sobre ti!» (Is 60, 1)
Que luz é esta? É a luz que ilumina todo o homem que vem a este mundo (Jo 1, 9): é a luz eterna [...] que apareceu no tempo; luz que Se manifestou na carne e que Se encontra oculta por esta natureza humana; a luz que envolveu os pastores e conduziu os magos; a luz que estava no mundo desde o princípio, pela qual o mundo foi feito, mas que o mundo não conheceu; a luz que veio aos Seus, mas que os Seus não receberam (Jo 1, 10-11).
E o que é a glória do Senhor? É sem dúvida nenhuma a cruz sobre a qual Cristo foi glorificado, Ele, o esplendor da glória do Pai. Ele mesmo o dissera, ao aproximar-se a Sua Paixão: «Agora foi glorificado o Filho do Homem e Deus foi glorificado Nele; [...] e glorificá-Lo-á sem demora» (Jo 13, 31-32). A glória de que aqui se fala é a Sua subida à cruz. Sim, a cruz é a glória de Cristo e a Sua exaltação, como Ele próprio disse: «E Eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a Mim» (Jo 12, 32).
(Fonte: “Evangelho Quotidiano”)
«Hossana! Bendito Aquele que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel!»
Coragem, filha de Sião, não temas: «Eis que o teu Rei vem a ti: Ele é justo e vitorioso, humilde, montado num jumento, sobre um jumentinho, filho de uma jumenta» (Zac 9, 9). Ele vem, Aquele que está em toda a parte e que enche o universo, Ele avança para realizar em ti a salvação de todos. Ele vem, Aquele que não veio chamar os justos, mas os pecadores (Lc 5, 32), para fazer sair do pecado os que nele se extraviaram. Não temas, pois: «Deus está no meio de ti, tu és inabalável» (Sl 45, 6). Acolhe, de mãos erguidas, Aquele cujas mãos desenharam as tuas muralhas. Acolhe Aquele que aceitou em Si mesmo tudo aquilo que é nosso, à excepção do pecado, para nos assumir Nele. [...] Rejubila, filha de Jerusalém, canta e dança de alegria. [...] «Levanta-te e resplandece, chegou a tua luz; a glória do Senhor levanta-se sobre ti!» (Is 60, 1)
Que luz é esta? É a luz que ilumina todo o homem que vem a este mundo (Jo 1, 9): é a luz eterna [...] que apareceu no tempo; luz que Se manifestou na carne e que Se encontra oculta por esta natureza humana; a luz que envolveu os pastores e conduziu os magos; a luz que estava no mundo desde o princípio, pela qual o mundo foi feito, mas que o mundo não conheceu; a luz que veio aos Seus, mas que os Seus não receberam (Jo 1, 10-11).
E o que é a glória do Senhor? É sem dúvida nenhuma a cruz sobre a qual Cristo foi glorificado, Ele, o esplendor da glória do Pai. Ele mesmo o dissera, ao aproximar-se a Sua Paixão: «Agora foi glorificado o Filho do Homem e Deus foi glorificado Nele; [...] e glorificá-Lo-á sem demora» (Jo 13, 31-32). A glória de que aqui se fala é a Sua subida à cruz. Sim, a cruz é a glória de Cristo e a Sua exaltação, como Ele próprio disse: «E Eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a Mim» (Jo 12, 32).
(Fonte: “Evangelho Quotidiano”)
O Evangelho de Domingo dia 5 de Abril de 2009 - Domingo de Ramos na Paixão do Senhor
São Marcos 11, 1-10 (versão curta)
Naquele tempo,
ao aproximarem-se de Jerusalém,
cerca de Betfagé e de Betânia, junto do monte das Oliveiras,
Jesus enviou dois dos seus discípulos e disse-lhes:
«Ide à povoação que está em frente
e, logo à entrada, vereis um jumentinho preso,
que ninguém montou ainda.
Soltai-o e trazei-o.
E se alguém perguntar porque fazeis isso,
respondei: ‘O Senhor precisa dele,
mas não tardará em mandá-lo de volta’».
Eles partiram e encontraram um jumentinho,
preso a uma porta, cá fora na rua, e soltaram-no.
Alguns dos que ali estavam perguntaram-lhes:
«Porque estais a desprender o jumentinho?»
Responderam-lhes como Jesus tinha dito
e eles deixaram-nos ir.
Levaram o jumentinho a Jesus,
lançaram-lhe por cima as capas
e Jesus montou nele.
Muitos estenderam as suas capas no caminho
e outros, ramos de verdura, que tinham cortado nos campos.
E tanto os que iam à frente como os que vinham atrás clamavam:
«Hossana! Bendito O que vem em nome do Senhor!
Bendito o reino que vem, o reino do nosso pai David!
Hossana nas alturas!»
Intenção Geral do Papa para o mês de Abril - Fome em tempo de abundância
Que o Criador abençoe o trabalho dos agricultores com colheitas abundantes e torne sensíveis os povos mais ricos ao drama da fome no mundo
1. Respeitar os agricultores
Ao longo dos séculos, um dos trabalhos mais menosprezados tem sido aquele do qual depende tudo o resto: a agricultura. Aos agricultores coube quase sempre a pior das sortes entre as diversas classes sociais: explorados pelos grandes senhores das terras ou pelos grandes grupos económicos que comercializam os alimentos; trabalhando todo o ano, de sol a sol, sem horários, férias ou salário fixo; dependentes do clima favorável ou inclemente; considerados incultos, ignorantes e olhados com ares de superioridade, sobretudo pelos citadinos; abandonados à sua sorte nas aldeias, sempre os últimos a dispor dos bens da civilização e do progresso... O seu trabalho é ignorado pela maior parte e desprezado por muitos; no entanto, são eles quem coloca na mesa de todos os alimentos indispensáveis à vida. Nos países economicamente mais desenvolvidos, esta atitude foi-se alterando, sobretudo porque o número de agricultores foi diminuindo. Continua, porém, a ser comum a sua discriminação: porque os outros trabalhadores têm direitos de que eles nunca gozam; porque os bens por eles produzidos são constantemente desvalorizados e pagos a preços irrisórios; porque muitos os vêm como “parasitas”, sempre à busca de subsídios governamentais. E, no entanto, repito, todos nos alimentamos com o fruto do seu trabalho!
2. O cuidado da terra
Muito antes de a ecologia se tornar moda, já os agricultores cuidavam da terra com carinho e velavam para que ela produzisse os seus frutos. A industrialização da agricultura foi meio caminho andado para se perder esta sabedoria ancestral de quem vivia ao ritmo das estações e tratava a terra, as plantas e os animais com respeito amigo e reconhecido. A crise alimentar vivida no ano passado, embora mais especulativa do que real, foi um alerta para a urgência de voltar a uma relação de proximidade com a terra, não deixando campos produtivos ao abandono e promovendo a ocupação humana dos espaços rurais. Esta ocupação é uma “reserva estratégica” que nenhum país deveria descuidar e só ela permite uma verdadeira ecologia, protagonizada por quem cuida daquilo que conhece – sem idolatrias nem agressões próprias de gente que da terra e dos seus ritmos conhece, quando muito, o que lê nos livros.
3. Alimentos para todos
Noutros séculos, as grandes fomes eram motivadas, ou pelas guerras ou por colheitas escassas. Na segunda metade do século XX, depois das grandes fomes causadas pelas duas guerras mundiais, surgiu um fenómeno novo: populações inteiras, sobretudo em África e também em certas regiões da Ásia, foram deixadas à fome, por incúria dos respectivos governos e desinteresse dos países economicamente mais desenvolvidos. E, ao contrário do que muitos proclamavam e continuam a proclamar, estas situações não resultam da falta de alimentos – antes coincidem com produções excedentárias e enormes desperdícios. Basta atender aos números: mais de mil e 400 milhões de pessoas vivem com menos de um dólar por dia; metade dos alimentos produzidos actualmente é desperdiçada – se assim não fosse, chegariam para alimentar toda a população actual e aquela que se prevê venha a existir em 2050; um terço do leite produzido nunca é utilizado; um quarto da produção americana de frutos e vegetais apodrece na distribuição; metade do lixo dos aterros australianos é constituída por restos alimentares; um terço dos alimentos comprados na Grã-Bretanha nunca é consumido...
4. Urgência planetária
São números arrasadores, os números da nossa vergonha. E a aumentar esta vergonha, pulula entre nós, os da sociedade da abundância e do desperdício, gente sem-vergonha, empenhada em alarmismos ecológicos, falando do esgotamento dos recursos naturais, da sobrepopulação do planeta, da incapacidade da Terra para alimentar a todos, da necessidade de reduzir a natalidade, da urgência em promover o aborto nos países mais pobres... A urgência é outra: um comércio mundial mais justo; maior respeito pelas nações menos desenvolvidas economicamente; verdadeira solidariedade entre as nações; e, sobretudo, um empenho claro em promover formas de governação rigorosas, respeitadoras dos povos e promotoras de verdadeiro desenvolvimento ao serviço de todos e não apenas dos poderosos.
O Criador abençoou-nos com colheitas abundantes, mercê da inteligência que nos concedeu e tantos colocam o serviço do bem comum. Falta-nos usar esta bênção com sabedoria e gratidão, não permitindo a uns poucos apropriarem-se dos bens da terra, enquanto multidões nem sequer podem mitigar a fome com as migalhas desta abundância. Enquanto assim for, bem podemos esperar ouvir: “Já colhestes a vossa recompensa”.
Elias Couto
Internacional Elias Couto 31/03/2009 10:20 4832 Caracteres 271 Bento XVI
(Fonte: site Agência Ecclesia)
1. Respeitar os agricultores
Ao longo dos séculos, um dos trabalhos mais menosprezados tem sido aquele do qual depende tudo o resto: a agricultura. Aos agricultores coube quase sempre a pior das sortes entre as diversas classes sociais: explorados pelos grandes senhores das terras ou pelos grandes grupos económicos que comercializam os alimentos; trabalhando todo o ano, de sol a sol, sem horários, férias ou salário fixo; dependentes do clima favorável ou inclemente; considerados incultos, ignorantes e olhados com ares de superioridade, sobretudo pelos citadinos; abandonados à sua sorte nas aldeias, sempre os últimos a dispor dos bens da civilização e do progresso... O seu trabalho é ignorado pela maior parte e desprezado por muitos; no entanto, são eles quem coloca na mesa de todos os alimentos indispensáveis à vida. Nos países economicamente mais desenvolvidos, esta atitude foi-se alterando, sobretudo porque o número de agricultores foi diminuindo. Continua, porém, a ser comum a sua discriminação: porque os outros trabalhadores têm direitos de que eles nunca gozam; porque os bens por eles produzidos são constantemente desvalorizados e pagos a preços irrisórios; porque muitos os vêm como “parasitas”, sempre à busca de subsídios governamentais. E, no entanto, repito, todos nos alimentamos com o fruto do seu trabalho!
2. O cuidado da terra
Muito antes de a ecologia se tornar moda, já os agricultores cuidavam da terra com carinho e velavam para que ela produzisse os seus frutos. A industrialização da agricultura foi meio caminho andado para se perder esta sabedoria ancestral de quem vivia ao ritmo das estações e tratava a terra, as plantas e os animais com respeito amigo e reconhecido. A crise alimentar vivida no ano passado, embora mais especulativa do que real, foi um alerta para a urgência de voltar a uma relação de proximidade com a terra, não deixando campos produtivos ao abandono e promovendo a ocupação humana dos espaços rurais. Esta ocupação é uma “reserva estratégica” que nenhum país deveria descuidar e só ela permite uma verdadeira ecologia, protagonizada por quem cuida daquilo que conhece – sem idolatrias nem agressões próprias de gente que da terra e dos seus ritmos conhece, quando muito, o que lê nos livros.
3. Alimentos para todos
Noutros séculos, as grandes fomes eram motivadas, ou pelas guerras ou por colheitas escassas. Na segunda metade do século XX, depois das grandes fomes causadas pelas duas guerras mundiais, surgiu um fenómeno novo: populações inteiras, sobretudo em África e também em certas regiões da Ásia, foram deixadas à fome, por incúria dos respectivos governos e desinteresse dos países economicamente mais desenvolvidos. E, ao contrário do que muitos proclamavam e continuam a proclamar, estas situações não resultam da falta de alimentos – antes coincidem com produções excedentárias e enormes desperdícios. Basta atender aos números: mais de mil e 400 milhões de pessoas vivem com menos de um dólar por dia; metade dos alimentos produzidos actualmente é desperdiçada – se assim não fosse, chegariam para alimentar toda a população actual e aquela que se prevê venha a existir em 2050; um terço do leite produzido nunca é utilizado; um quarto da produção americana de frutos e vegetais apodrece na distribuição; metade do lixo dos aterros australianos é constituída por restos alimentares; um terço dos alimentos comprados na Grã-Bretanha nunca é consumido...
4. Urgência planetária
São números arrasadores, os números da nossa vergonha. E a aumentar esta vergonha, pulula entre nós, os da sociedade da abundância e do desperdício, gente sem-vergonha, empenhada em alarmismos ecológicos, falando do esgotamento dos recursos naturais, da sobrepopulação do planeta, da incapacidade da Terra para alimentar a todos, da necessidade de reduzir a natalidade, da urgência em promover o aborto nos países mais pobres... A urgência é outra: um comércio mundial mais justo; maior respeito pelas nações menos desenvolvidas economicamente; verdadeira solidariedade entre as nações; e, sobretudo, um empenho claro em promover formas de governação rigorosas, respeitadoras dos povos e promotoras de verdadeiro desenvolvimento ao serviço de todos e não apenas dos poderosos.
O Criador abençoou-nos com colheitas abundantes, mercê da inteligência que nos concedeu e tantos colocam o serviço do bem comum. Falta-nos usar esta bênção com sabedoria e gratidão, não permitindo a uns poucos apropriarem-se dos bens da terra, enquanto multidões nem sequer podem mitigar a fome com as migalhas desta abundância. Enquanto assim for, bem podemos esperar ouvir: “Já colhestes a vossa recompensa”.
Elias Couto
Internacional Elias Couto 31/03/2009 10:20 4832 Caracteres 271 Bento XVI
(Fonte: site Agência Ecclesia)
Semana Santa
«Esta semana, que o povo cristão tradicionalmente chama Santa, oferece-nos uma vez mais a possibilidade de considerar - de reviver - os momentos em que se consuma a vida de Jesus.
Tudo o que as diversas manifestações de piedade nos trazem à memória nestes dias se encaminha decerto para a Ressurreição, que é o fundamento da nossa fé, como escreve S. Paulo. Mas não percorramos este caminho demasiado depressa; não deixemos cair no esquecimento alguma coisa muito simples, que por vezes parece escapar-nos: não poderemos participar da Ressurreição do Senhor se não nos unirmos à sua Paixão e à sua Morte. Para acompanhar a Cristo na sua glória no final da Semana Santa, é necessário que penetremos antes no seu holocausto e que nos sintamos uma só coisa com Ele, morto no Calvário.»
(Cristo que Passa, 95 – S. Josemaría Escrivá – citação feita na Carta do mês de Abril do Prelado do Opus Dei – D. Javier Echevarría)
Tudo o que as diversas manifestações de piedade nos trazem à memória nestes dias se encaminha decerto para a Ressurreição, que é o fundamento da nossa fé, como escreve S. Paulo. Mas não percorramos este caminho demasiado depressa; não deixemos cair no esquecimento alguma coisa muito simples, que por vezes parece escapar-nos: não poderemos participar da Ressurreição do Senhor se não nos unirmos à sua Paixão e à sua Morte. Para acompanhar a Cristo na sua glória no final da Semana Santa, é necessário que penetremos antes no seu holocausto e que nos sintamos uma só coisa com Ele, morto no Calvário.»
(Cristo que Passa, 95 – S. Josemaría Escrivá – citação feita na Carta do mês de Abril do Prelado do Opus Dei – D. Javier Echevarría)
1. Justiça: as experiências da sociedade
56. A dimensão sociopolítica da justiça. Para reclamar a justiça, certas “minorias étnicas” ou regiões lesadas tomam as armas e desencadeiam a guerra. As sublevações e expulsões de povos, estrangeiros no seu próprio país, são actos de grave injustiça que passam muitas vezes impunemente. Pois, com frequência, as instituições judiciárias e todas as que lutam contra a corrupção são infiltradas pelas forças políticas. Aqueles que detêm o poder utilizam as forças de segurança para reprimir os cidadãos que exprimem opiniões contrárias às suas. Outras formas de injustiça são mencionadas: a pena de morte, os tratamentos desumanos infligidos aos prisioneiros, em prisões tantas vezes sobrelotadas; os prazos excessivamente longos dos processos; a tortura dos prisioneiros; a expulsão dos refugiados em desprezo da sua dignidade.
57. A dimensão socioeconómica da justiça. O Mecanismo Africano de Avaliação pelos Pares (MAEP) procura identificar as formas e as causas da corrupção que grassa sobre o continente e que fica impune. Os recursos naturais são confiscados e delapidados por grupos de interesse. A má gestão, os desvios de fundos públicos, o êxodo de capitais para bancos estrangeiros contra o qual a Igreja em África tinha já elevado a voz no último Sínodo, são formas de injustiça que ficam impunes e contra as quais a Igreja deve emprestar a sua voz aos sem voz.
58. Os trabalhadores agrícolas sobre os quais repousa uma grande parte da economia africana são vítimas de injustiça na comercialização dos seus produtos, frequentemente pagos a preços muito baixos, fixados em certas regiões paradoxalmente pelos próprios clientes. A população de si já desfavorecida empobrece ainda mais. A campanha de sementes dos Organismos Geneticamente Modificados (OGM), que pretendem assegurar a segurança alimentar, não deve fazer esquecer os verdadeiros problemas dos agricultores: a falta de terra arável, de água, de energia, de acesso ao crédito, de formação agrícola, de mercados locais, de infra-estruturas rodoviárias, etc. Esta técnica pode arruinar os pequenos proprietários, de suprimir a sua sementeira tradicional tornando-os dependentes das sociedades produtoras dos OGM. A isto acresce o problema das mudanças climatéricas, cujos efeitos se fazem sentir nas zonas áridas, comprometendo os ganhos modestos das economias africanas. Podem os Padres sinodais ficar insensíveis a estas questões que pesam sobre os ombros dos camponeses?
59. A dimensão sociocultural da justiça. A cultura é igualmente um lugar de injustiças que devem ser analisadas e erradicadas, especialmente o nepotismo e o tribalismo que são um simulacro do dever de ajuda a seu “irmão”. A mulher continua a ser subjugada em todas as regiões sob diversas formas: as violências domésticas, expressão do domínio dos homens sobre as mulheres; a poligamia que desfigura o rosto sacro do matrimónio e da família, também pela competição entre as mulheres e crianças por elas geradas; a falta de respeito pela dignidade e os direitos das viúvas; a prostituição; a mutilação dos órgãos genitais das mulheres. Na relação entre as nações, a globalização é um fenómeno que importa considerar na sua dimensão legal, administrativa e prática. Pois, a África tornou-se vulnerável face à invasão dos modelos das potências militares e económicas.
60. O sistema educativo continua a ser inadequado: turmas de estudantes do ensino secundário e universitário sobrelotadas e relações professores/estudantes anómalas. Os programas educativos são orientados para a formação de procuradores de emprego e não de criadores de empregos. As taxas de desemprego, por isso mesmo, disparam porque nem todos conseguem emprego. Tendo em conta o envolvimento da Igreja no sistema educativo, as Igrejas particulares desejam que os apelos dos Padres sinodais orientem e estimulem a procura dos que são incumbidos dessa tarefa.
INSTRUMENTUM LABORIS Cap. II, II, 1.56-60
(Fonte: site da Santa Sé)
57. A dimensão socioeconómica da justiça. O Mecanismo Africano de Avaliação pelos Pares (MAEP) procura identificar as formas e as causas da corrupção que grassa sobre o continente e que fica impune. Os recursos naturais são confiscados e delapidados por grupos de interesse. A má gestão, os desvios de fundos públicos, o êxodo de capitais para bancos estrangeiros contra o qual a Igreja em África tinha já elevado a voz no último Sínodo, são formas de injustiça que ficam impunes e contra as quais a Igreja deve emprestar a sua voz aos sem voz.
58. Os trabalhadores agrícolas sobre os quais repousa uma grande parte da economia africana são vítimas de injustiça na comercialização dos seus produtos, frequentemente pagos a preços muito baixos, fixados em certas regiões paradoxalmente pelos próprios clientes. A população de si já desfavorecida empobrece ainda mais. A campanha de sementes dos Organismos Geneticamente Modificados (OGM), que pretendem assegurar a segurança alimentar, não deve fazer esquecer os verdadeiros problemas dos agricultores: a falta de terra arável, de água, de energia, de acesso ao crédito, de formação agrícola, de mercados locais, de infra-estruturas rodoviárias, etc. Esta técnica pode arruinar os pequenos proprietários, de suprimir a sua sementeira tradicional tornando-os dependentes das sociedades produtoras dos OGM. A isto acresce o problema das mudanças climatéricas, cujos efeitos se fazem sentir nas zonas áridas, comprometendo os ganhos modestos das economias africanas. Podem os Padres sinodais ficar insensíveis a estas questões que pesam sobre os ombros dos camponeses?
59. A dimensão sociocultural da justiça. A cultura é igualmente um lugar de injustiças que devem ser analisadas e erradicadas, especialmente o nepotismo e o tribalismo que são um simulacro do dever de ajuda a seu “irmão”. A mulher continua a ser subjugada em todas as regiões sob diversas formas: as violências domésticas, expressão do domínio dos homens sobre as mulheres; a poligamia que desfigura o rosto sacro do matrimónio e da família, também pela competição entre as mulheres e crianças por elas geradas; a falta de respeito pela dignidade e os direitos das viúvas; a prostituição; a mutilação dos órgãos genitais das mulheres. Na relação entre as nações, a globalização é um fenómeno que importa considerar na sua dimensão legal, administrativa e prática. Pois, a África tornou-se vulnerável face à invasão dos modelos das potências militares e económicas.
60. O sistema educativo continua a ser inadequado: turmas de estudantes do ensino secundário e universitário sobrelotadas e relações professores/estudantes anómalas. Os programas educativos são orientados para a formação de procuradores de emprego e não de criadores de empregos. As taxas de desemprego, por isso mesmo, disparam porque nem todos conseguem emprego. Tendo em conta o envolvimento da Igreja no sistema educativo, as Igrejas particulares desejam que os apelos dos Padres sinodais orientem e estimulem a procura dos que são incumbidos dessa tarefa.
INSTRUMENTUM LABORIS Cap. II, II, 1.56-60
(Fonte: site da Santa Sé)
Comentário ao Evangelho do dia feito por:
Rupert de Deutz (c. 1075-1130), monge beneditino
«Para congregar na unidade os filhos de Deus que estavam dispersos»
«Caifás, que era Sumo Sacerdote naquele ano, disse-lhes: "Vós não entendeis nada, nem vos dais conta de que vos convém que morra um só homem pelo povo, e não pereça a nação inteira." Ora ele não disse isto por si mesmo.»Que significam estas últimas palavras - «ele não disse isto por si mesmo»» -, senão que Caifás não tirou estas palavras do fundo de si mesmo? Na verdade, já antes de Caifás existir, tinham sido proferidas estas palavras: «Jesus tinha de morrer pelo povo.» Sim, estas palavras tinham sido reveladas aos santos profetas, tinham até sido proferidas antes de os profetas virem a este mundo, antes de Abraão ter vindo à existência, antes de Adão ter sido formado. Estas palavras estavam já na mente do Pai quando declarou: «Façamos o homem à Nossa imagem» (Gn 1, 6). Foi nessa altura que ficou dito que Jesus tinha de morrer pelo povo.Portanto, Caifás não o disse por si mesmo, mas porque era o «Sumo Sacerdote naquele ano». E o que disse ele? [...] Que era necessário que um só homem, um homem único, o Santos dos santos, o Sol da justiça, Jesus Cristo, morresse pelo povo; e não apenas pelo povo saído de Abraão, mas ainda por todos aqueles que Deus tinha destinado, desde a criação do mundo, a serem Seus filhos (Ef 1, 5). Esses que tinham sido expulsos do paraíso original e dispersos pelos quatro cantos do mundo; era necessário reuni-los de toda a massa humana, até ao último eleito.
«Para congregar na unidade os filhos de Deus que estavam dispersos»
«Caifás, que era Sumo Sacerdote naquele ano, disse-lhes: "Vós não entendeis nada, nem vos dais conta de que vos convém que morra um só homem pelo povo, e não pereça a nação inteira." Ora ele não disse isto por si mesmo.»Que significam estas últimas palavras - «ele não disse isto por si mesmo»» -, senão que Caifás não tirou estas palavras do fundo de si mesmo? Na verdade, já antes de Caifás existir, tinham sido proferidas estas palavras: «Jesus tinha de morrer pelo povo.» Sim, estas palavras tinham sido reveladas aos santos profetas, tinham até sido proferidas antes de os profetas virem a este mundo, antes de Abraão ter vindo à existência, antes de Adão ter sido formado. Estas palavras estavam já na mente do Pai quando declarou: «Façamos o homem à Nossa imagem» (Gn 1, 6). Foi nessa altura que ficou dito que Jesus tinha de morrer pelo povo.Portanto, Caifás não o disse por si mesmo, mas porque era o «Sumo Sacerdote naquele ano». E o que disse ele? [...] Que era necessário que um só homem, um homem único, o Santos dos santos, o Sol da justiça, Jesus Cristo, morresse pelo povo; e não apenas pelo povo saído de Abraão, mas ainda por todos aqueles que Deus tinha destinado, desde a criação do mundo, a serem Seus filhos (Ef 1, 5). Esses que tinham sido expulsos do paraíso original e dispersos pelos quatro cantos do mundo; era necessário reuni-los de toda a massa humana, até ao último eleito.
O Evangelho do dia 4 de Abril de 2009
São João 11, 45-56
Naquele tempo,
muitos judeus que tinham vindo visitar Maria,
para lhe apresentarem condolências
pela morte de Lázaro,
ao verem o que Jesus fizera, ressuscitando-o dos mortos,
acreditaram n’Ele.
Alguns deles, porém, foram ter com os fariseus
e contaram-lhes o que Jesus tinha feito.
Então os príncipes dos sacerdotes e os fariseus
reuniram conselho e disseram:
«Que havemos de fazer,
uma vez que este homem realiza tantos milagres?
Se O deixamos continuar assim,
todos acreditarão n’Ele;
e virão os romanos destruir-nos o nosso Lugar santo
e toda a nação».
Então Caifás, que era sumo sacerdote naquele ano, disse-lhes:
«Vós não sabeis nada.
Não compreendeis que é melhor para nós
morrer um só homem pelo povo
do que perecer a nação inteira?»
Não disse isto por si próprio;
mas, porque era sumo sacerdote nesse ano,
profetizou que Jesus havia de morrer pela nação;
e não só pela nação,
mas também para congregar na unidade
todos os filhos de Deus que andavam dispersos.
A partir desse dia, decidiram matar Jesus.
Por isso Jesus já não andava abertamente entre os judeus,
mas retirou-Se para uma região próxima do deserto,
para uma cidade chamada Efraim,
e aí permaneceu com os discípulos.
Entretanto, estava próxima a Páscoa dos judeus
e muitos subiram da província a Jerusalém
para se purificarem, antes da Páscoa.
Procuravam então Jesus
e perguntavam uns aos outros no templo:
«Que vos parece? Ele não virá à festa?»
Naquele tempo,
muitos judeus que tinham vindo visitar Maria,
para lhe apresentarem condolências
pela morte de Lázaro,
ao verem o que Jesus fizera, ressuscitando-o dos mortos,
acreditaram n’Ele.
Alguns deles, porém, foram ter com os fariseus
e contaram-lhes o que Jesus tinha feito.
Então os príncipes dos sacerdotes e os fariseus
reuniram conselho e disseram:
«Que havemos de fazer,
uma vez que este homem realiza tantos milagres?
Se O deixamos continuar assim,
todos acreditarão n’Ele;
e virão os romanos destruir-nos o nosso Lugar santo
e toda a nação».
Então Caifás, que era sumo sacerdote naquele ano, disse-lhes:
«Vós não sabeis nada.
Não compreendeis que é melhor para nós
morrer um só homem pelo povo
do que perecer a nação inteira?»
Não disse isto por si próprio;
mas, porque era sumo sacerdote nesse ano,
profetizou que Jesus havia de morrer pela nação;
e não só pela nação,
mas também para congregar na unidade
todos os filhos de Deus que andavam dispersos.
A partir desse dia, decidiram matar Jesus.
Por isso Jesus já não andava abertamente entre os judeus,
mas retirou-Se para uma região próxima do deserto,
para uma cidade chamada Efraim,
e aí permaneceu com os discípulos.
Entretanto, estava próxima a Páscoa dos judeus
e muitos subiram da província a Jerusalém
para se purificarem, antes da Páscoa.
Procuravam então Jesus
e perguntavam uns aos outros no templo:
«Que vos parece? Ele não virá à festa?»
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