Durante
os meses passados, refletimos sobre o mistério da Igreja una, santa, católica e
apostólica. Mas, além disso, é nossa Mãe, a Santa Mãe Igreja, já que foi
no seu seio que o Espírito Santo nos gerou para a nova existência dos filhos de
Deus. A própria Igreja, como Mãe amorosa e boa, cuida constantemente dos seus
filhos, até que cheguemos todos à unidade da fé e do conhecimento do Filho
de Deus, ao homem perfeito, à medida da plenitude de Cristo [3].
Contudo, e é uma dor que nos pesa, alguns – também entre os católicos – falam
da Igreja com distanciamento, e chegam a atribuir-lhe as culpas e defeitos que
nós, os seus filhos, manifestamos na nossa atuação, pois – apesar da dignidade
recebida – continuamos a ser pobres homens e pobres mulheres, inclinados ao
pecado. Muito diferente era a abordagem dos Santos Padres, ou dos milhões de
almas santas que a Igreja conduziu ao Céu. S. Agostinho, por exemplo,
exortava: «Amemos o Senhor, nosso Deus, amemos a Sua Igreja. A Ele, como Pai, a
Ela como Mãe» [4]. E S. Cipriano, dois séculos antes, proclamava
categoricamente: «não pode ter a Deus por Pai quem não tem a Igreja por mãe»
[5].
O Papa Francisco expôs de novo, recentemente, esta verdade da nossa fé. A fé
é uma dádiva, um dom de Deus que nos é concedido na Igreja e através da Igreja.
E a Igreja doa-nos a vida de fé no Batismo: esse é o momento no qual nos faz
nascer como filhos de Deus [6]. A data em que fomos regenerados nas águas
batismais, em nome e pela virtude da Santíssima Trindade, é uma data muito
importante na nossa existência terrena. Perguntemo‑nos com o Santo Padre: como
considero eu a Igreja? Se estou grato aos meus pais, porque me deram a vida,
estou grato à Igreja, porque me gerou na fé mediante o Batismo? [7] No Opus
Dei, graças a Deus e aos cuidados de S. Josemaria, mantemos uma consciência
viva desta realidade, que nos cumula de gratidão. Porque a Obra – assim o
sublinhou Paulo VI, numa carta manuscrita, dirigida ao nosso Padre, num dia
como o de hoje – nasceu neste nosso tempo «como vigorosa expressão da perene juventude
da Igreja» [8]. Em união com o nosso santo Fundador e com tantos fiéis da Obra
que já chegaram à Pátria celeste, clamamos: Que alegria poder dizer com
todas as forças da minha alma: amo a minha Mãe, a Santa Igreja! [9]
[3]. Ef 4, 13.
[4]. S. Agostinho, Narrações sobre os Salmos 88, 2, 14 (PL 37, 1140).
[5]. S. Cipriano, Sobre a unidade da Igreja Católica, 6 (PL 4, 519).
[6]. Papa Francisco, Discurso na Audiência geral, 11-IX-2013.
[7]. Papa Francisco, Discurso na Audiência geral, 11-IX-2013.
[8]. Paulo VI, Quirógrafo a S. Josemaria, 1-X-1964.
[9]. S. Josemaria, Caminho, n. 518.
(D. Javier
Echevarría, Prelado do Opus Dei na carta do mês de outubro de 2013)
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Sanctæ Crucis et Operis Dei