O Opus Dei prepara-se para a beatificação de D. Álvaro del Portillo. Como consolida a Obra a elevação aos altares do seu 'engenheiro', como alguns chamam a D. Álvaro?
Álvaro del Portillo foi um homem de paz, de serviço, de fidelidade: primeiro no seu trabalho como engenheiro, depois como sacerdote e, mais tarde, como Bispo. Na proximidade do dia 27 de setembro, data da sua beatificação, peço ao queridíssimo D. Álvaro que nos contagie com a sua paz, a sua bondade, a sua alegria, a sua lealdade à Igreja e a sua preocupação pelos mais necessitados.
As pessoas reconheciam nele um homem de Deus e, desde o seu falecimento, foi-se multiplicando o número dos que lhe confiam as suas petições: pense que, até agora, na postulação foram recebidos mais de 13.000 relações assinadas com favores atribuídos à sua intercessão. É um dado surpreendente, sobretudo se se tiver em conta que, entre as pessoas que recebem favores, apenas uns poucos se decidem a pô-los por escrito e a enviá-los para Roma. Muitas dessas relações provêm de países nos quais nem sequer há centros da Prelatura. A próxima beatificação de Álvaro del Portillo, além de constituir um motivo de grande alegria, será uma ocasião para dar glória a Deus e é um dom para toda a Igreja.
Estando o Opus Dei na vanguarda neste campo, o que é que está em jogo no mundo da comunicação face à fé e à evangelização? Compreendemos na Igreja o valor da comunicação social ou ignoramos as suas muitas potencialidades?
S. Josemaria olhava com especial simpatia os ambientes profissionais relacionados com a comunicação. Apercebia-se da importância de que muitos católicos trabalhassem profissionalmente em meios de comunicação, para transmitir ao mundo o calor e a amizade própria de quem deseja seguir a Cristo. Pessoalmente, deu aulas de ética jornalística, impulsionou faculdades de comunicação em vários países e alentou – com a sua iniciativa humana e a sua oração – o arranque de alguns meios de comunicação promovidos por pessoas do Opus Dei e pelos seus amigos: sonhava que numerosos católicos escolhessem como área profissional o mundo do cinema, da literatura, do entretenimento, da rádio e da televisão. Se há algo de certo na amável valoração que o senhor manifestou e que lhe agradeço, deve-se, sem dúvida, a essa semente plantada pelo fundador.
Penso que, graças a Deus, a consideração positiva da comunicação social – que não exclui uma reflexão crítica sobre os limites de um certo tipo de jornalismo sensacionalista – está hoje generalizada. Dá alegria ver a quantidade de atividades de evangelização que, através dos meios de comunicação, vão surgindo por aqui e por ali, devidas ao impulso de católicos de diversas proveniências: agências de notícias, sites de formação cristã, iniciativas de caridade e de serviço na internet, produtoras de cinema e de televisão com valores cristãos. Por vezes não são muito conhecidas mas, se se somassem as suas audiências, superariam as de não poucas cadeias internacionais.
O interesse pela comunicação social é patente na maioria das dioceses e instituições da Igreja. Muitas, por exemplo, enviam estudantes para a Faculdade de Comunicação Institucional da Universidade Pontifícia da Santa Cruz, em Roma. Trata-se, precisamente, de um centro de estudos que tem como fim dotar as pessoas das condições necessárias para transmitir a mensagem cristã e a realidade fantástica da Igreja, através dos meios de comunicação.
D. Javier Echevarría - excerto entrevista concedida na Costa Rica aquando da sua recente visita àquele país