Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

quinta-feira, 23 de abril de 2020

Sendo crianças, não tereis penas

Sendo crianças, não tereis penas: os miúdos esquecem depressa os desgostos para voltar aos seus divertimentos habituais. – Por isso, com o "abandono", não tereis de vos preocupar, pois descansareis no Pai.  (Caminho, 864)

Por volta dos primeiros anos da década de 40, eu ia muito a Valência. Não tinha então nenhum meio humano e, com os que – como vocês agora – se reuniam com este pobre sacerdote, fazia oração onde podíamos, algumas tardes numa praia solitária. (...)

Pois um dia, ao fim da tarde, durante um daqueles pores do Sol maravilhosos vimos que uma barca se aproximava da beira-mar e que saltaram para terra uns homens morenos, fortes como rochas, molhados, de tronco nu, tão queimados pela brisa que pareciam de bronze. Começaram a tirar da água a rede que traziam arrastada pela barca, repleta de peixes brilhantes como a prata. Puxavam com muito brio, os pés metidos na areia, com uma energia prodigiosa. De repente veio uma criança, muito queimada também, aproximou-se da corda, agarrou-a com as mãozinhas e começou a puxar com evidente falta de habilidade. Aqueles pescadores rudes, nada refinados, devem ter sentido o coração estremecer e permitiram que aquele pequeno colaborasse; não o afastaram, apesar de ele estorvar em vez de ajudar.

Pensei em vocês e em mim; em vocês, que ainda não conhecia e em mim; nesse puxar pela corda todos os dias, em tantas coisas. Se nos apresentarmos diante de Deus Nosso Senhor como esse pequeno, convencidos da nossa debilidade mas dispostos a cumprir os seus desígnios, alcançaremos a meta mais facilmente: arrastaremos a rede até à beira-mar, repleta de frutos abundantes, porque onde as nossas forças falham, chega o poder de Deus. (Amigos de Deus, 14)

São Josemaría Escrivá

ESTADO DE EMERGÊNCIA CRISTÃ

Uma proposta diária de oração pessoal e familiar.

36º Dia. Quinta-feira da segunda semana da Páscoa, 23 de Abril de 2020.

Meditação da Palavra de Deus (Jo 3, 31-36)

A ira de Deus

Quem acredita no Filho tem a vida eterna. Quem se recusa a acreditar no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele”.

É curioso que Nosso Senhor, nesta sua longa conversa com Nicodemos, não lhe diga que quem tem fé terá – no futuro – a vida eterna, mas que já a tem. Quer isto dizer que a salvação não é algo que só acontecerá no fim da nossa existência terrena, mas que acontece já nesta vida, pela aceitação de Cristo. A vida da graça não é, na realidade, algo distinto da glória, muito embora só no Céu a felicidade prometida aos bem-aventurados seja plena e definitiva, pela visão de Deus e pela fruição do seu amor.

Mas, se Deus é amor e enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para o salvar, como é possível que se diga também que “quem se recusa a acreditar no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele”?! Então, Deus é amor ou ira?! Deus salva, ou condena?!

A Sagrada Escritura é explícita em relação ao amor de Deus pela humanidade e também por cada ser humano em concreto. Mas que Deus a todos ame e, portanto, a todos queira salvar, não quer dizer que todos necessariamente se salvam. Como dizia Santo Agostinho, Deus que te criou sem ti, não te salvará sem ti. Ou seja, embora não tenhamos sido tidos nem achados para a nossa criação, sim somos necessários para que a vontade salvífica universal de Deus seja, no nosso caso, eficaz. Os que não se salvam não é porque não se puderam salvar, em cujo caso poderiam ser inocentes, mas os que não se quiseram salvar, porque Deus dá a todas as almas todos os meios necessários para a sua salvação.

O contrário do amor não é a ira, mas a indiferença. Se uma criança ou jovem faz algum disparate, tira uma má nota ou é malcriado, quem mais sofre são os seus pais, porque são, precisamente, os que mais o amam. Assim se compreende que a ira de Deus mais não é, no fundo, do que a sua profunda dor de amor pela condenação de uma alma que Ele tanto queria salvar. Quando a vontade divina se frustra em relação a alguma criatura, pelo seu mau uso da liberdade, é como se Deus fosse vencido e a dor de Deus, por assim dizer, é até maior do que a do próprio, porque Deus ama-nos mais e está mais empenhado na nossa salvação do que nós mesmos.

Uma graça a pedir todos os dias a Deus? Sim, a perseverança final: morrer na graça de Deus! Ninguém a pode merecer por si próprio, nem pelas suas acções, mas Deus está disposto a conceder-nos esse dom, porque Ele próprio está empenhado na nossa salvação, que já começou em nós por obra da nossa fé em Cristo e do nosso Baptismo.   
  
Intenções para os mistérios luminosos do Santo Rosário de Nossa Senhora:

1º - O Baptismo de Jesus no Jordão. Ao ser baptizado no rio Jordão, manifestou-se não só a divindade do Filho, como também Deus Pai e o Espírito Santo. Na nossa alma em graça, adoremos, louvemos e exaltemos sempre a Santíssima Trindade.

2º - A auto-revelação de Jesus nas bodas de Caná. Não é por falta de milagres que os homens não se convertem, mas por soberba, porque a fé é a humildade da inteligência. Que o Senhor nos dê a perspicácia necessária para reconhecer os sinais de Deus.

3º - O anúncio do Reino de Deus como convite de Jesus à conversão. Jesus não prega apenas nem principalmente com a palavra, mas sobretudo com o seu exemplo. Que o Senhor dê a graça da coerência cristã a todos os pregadores do Evangelho.

4º - A Transfiguração de Jesus. Esta antecipada manifestação da glória de Jesus foi necessária para que, quando O vissem crucificado, não desfalecesse a sua fé. Que o Senhor conceda um pouco da sua glória aos nossos irmãos na fé que mais sofrem. 

5º- A instituição da Eucaristia, expressão sacramental do mistério pascal. Antes de Jesus admitir os apóstolos ao Santíssimo Sacramento do seu Corpo e Sangue, lavou os seus pés e pediu a Judas Iscariotes que os deixasse. Não comunguemos nunca em pecado grave, ou sem contrição pelas nossas faltas leves.     

Para ler, meditar e partilhar! Obrigado e até amanhã, se Deus quiser!

Com amizade,
P. Gonçalo Portocarrero de Almada

REFLEXÕES SOBRE A PESTE DE 2020 (IV) Luís Filipe Thomaz

Desta conclusão tiro pretexto para uma quarta reflexão. Se nos não é lícito dizer que tal ou tal acontecimento sobreveio como castigo de Deus para tal ou tal pessoa, é-nos possível, mesmo desejável, ver nas tribulações que de quando em quando nos afetam apelos do Senhor, que através delas nos educa. Recordemos o ensinamento do próprio Cristo, reportado por S. Lucas (13, 1-5):

Nessa ocasião apareceram alguns a dar-Lhe a notícia dos galileus cujo sangue Pilatos havia misturado com o dos sacrifícios deles. Disse-lhes Ele em resposta: "Julgais que esses galileus por terem sofrido tal pena eram mais pecadores que todos os outros galileus? Não, digo-vos Eu; mas se não vos arrependerdes, perecereis todos igualmente. E aqueles dezoito sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou: julgais que eram mais culpados que todos os outros habitantes de Jerusalém? Não, digo-vos Eu; mas se vos não arrependerdes, perecereis todos da mesma maneira!"

              De facto, a pedagogia divina tem por vezes de recorrer a modalidades mais fortes, já que, por falta de sensibilidade e atenção, nem todos conseguem apreender as mais fracas. Isso recorda-me o comentário de S. Agostinho ao milagre da multiplicação dos pães, no seu 24º Tratado sobre o Evangelho de João:

Os milagres que fez nosso Senhor Jesus Cristo são deveras obras divinas e movem a mente humana a compreender Deus a partir de cousas visíveis. Já que sua substância não é tal que se possa ver com os olhos, e os milagres pelos quais rege todo o mundo e administra toda a criatura, devido à sua assiduidade, perderam preço, a ponto de quase ninguém se dignar atender às admiráveis e estupendas obras de Deus em qualquer grão de semente, segundo a sua própria misericórdia reservou para si algumas, para as fazer em tempo oportuno, contra a ordem e curso habitual da natureza: para que as admirassem não por serem maiores, mas mais raras que as quotidianas, que perderam o valor. Maior milagre é, com efeito, o governo de todo o mundo que a satisfação de cinco mil pessoas com cinco pães. E no entanto, com aquele ninguém se admira, não porque esta seja maior, mas porque é mais rara. Quem é que agora alimenta o mundo inteiro, senão Aquele que de poucos grãos cria as searas?

(continua, são no total VII reflexões)

Tradição

«A tradição consiste na atribuição do direito de voto à mais obscura de todas as classes, a classe dos nossos antepassados. A tradição é a democracia dos mortos.

A tradição recusa submeter-se à pequena e arrogante oligarquia daqueles que, por acaso, ainda circulam pelas ruas. Os democratas opõem-se à exclusão das pessoas devido aos acasos do nascimento; pois a tradição opõe-se à sua exclusão devido aos acasos da morte.

A democracia sugere-nos que não ignoremos a opinião de um homem bom, mesmo que seja o criado lá de casa; pois a tradição sugere-nos que não ignoremos a opinião de um homem bom, mesmo que seja nosso pai. (...)

Os mortos devem ter assento nos nossos conselhos. Na Grécia Antiga, votava-se por meio de pedrinhas; os nossos mortos votam por meio de pedras tumulares. É um processo perfeitamente razoável e oficial, dado que a maioria das pedras tumulares, tal como a maioria dos boletins de voto, é assinalada com uma cruz.»

G. K. Chesterton, Ortodoxia, Alétheia Ed., p. 65

Deus «quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade» (1 Tim 2, 4), quer dizer, de Cristo Jesus. Por isso, é preciso que Cristo seja anunciado a todos os povos e a todos os homens, e que assim a Revelação chegue aos confins do mundo. [...] «Cristo Senhor, em quem toda a revelação do Deus altíssimo se consuma, tendo cumprido e promulgado pessoalmente o Evangelho antes prometido pelos profetas, mandou aos Apóstolos que o pregassem a todos, como fonte de toda a verdade salutar e de toda a disciplina de costumes, comunicando-lhes assim os dons divinos» (Dei Verbum, 7).

A transmissão do Evangelho, segundo a ordem do Senhor, fez-se de duas maneiras: oralmente, «pelos Apóstolos, que, na sua pregação oral, nos exemplos e nas instituições, transmitiram aquilo que tinham recebido dos lábios, do trato e das obras de Cristo, e o que tinham aprendido por inspiração do Espírito Santo» (ibidem); por escrito, «por aqueles apóstolos e varões apostólicos que, sob a inspiração do mesmo Espírito Santo, escreveram a mensagem da salvação» (ibidem).

«Para que o Evangelho fosse perenemente conservado íntegro e vivo na Igreja, os Apóstolos deixaram os bispos como seus sucessores, "entregando-lhes o seu próprio ofício de magistério"» (ibidem). Com efeito, «a pregação apostólica, que se exprime de modo especial nos livros inspirados, devia conservar-se, por uma sucessão ininterrupta, até à consumação dos tempos» (Dei Verbum, 8).

Esta transmissão viva, realizada no Espírito Santo, denomina-se Tradição, enquanto distinta da Sagrada Escritura, embora estreitamente a ela ligada. Pela Tradição, «a Igreja, na sua doutrina, na sua vida e no seu culto, perpetua e transmite a todas as gerações tudo aquilo que ela é e tudo aquilo em que acredita» (ibidem). «Afirmações dos santos Padres testemunham a presença vivificadora desta Tradição, cujas riquezas entram na prática e na vida da Igreja crente e orante» (ibidem). Assim, a comunicação que o Pai fez de Si próprio, pelo seu Verbo, no Espírito Santo, continua presente e activa na Igreja.

Catecismo da Igreja Católica §§ 74-79

São Jorge, mártir, †303

Devem ter sido espetaculares as circunstâncias da sua morte para que os orientais lhe tenham sempre chamado "o grande mártir" e para que a sua pessoa se tenha tornado bem depressa, lendária. Não há culto mais antigo nem mais espalhado. Já no séc. IV Constantino lhe levantava uma igreja. Em Inglaterra, principalmente, o seu culto tornou-se, ainda e é, mais popular. Em 1222 o concílio nacional de Oxónia ou Oxford estabeleceu uma festa de preceito em sua honra. Nos primeiros anos do séc. XV o arcebispo de Cantuária ordenou que tal festa fosse celebrada com tanta solenidade como o Natal. Antes disso o rei Eduardo III tinha fundado, em 1330, a célebre Ordem dos Cavaleiros de São Jorge, conhecidos também pelo nome de Cavaleiros da Jarreteira. Vários artistas: Rafael, Donatello e Carpaccio representaram São Jorge. No lugar onde esteve içada a bandeira de Portugal por ocasião da batalha de Aljubarrota foi construída, em 1388, uma ermida dedicada a São Jorge. Em 1387 começou a incorporar-se na procissão do Corpo de Deus, por ordem de D. João I, a imagem deste Santo, a cavalo.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)