Fui testemunha de como D. Álvaro, nas suas conversas com grupos de pessoas mais ou menos numerosos, animava a procurar vencer, com a ajuda de Deus, nas batalhas diárias. Mesmo que normalmente o esforço se fique por coisas pequenas – pormenores de caridade com o próximo, de aproveitamento do tempo, de acabar bem cada tarefa… – temos de nos empenhar mais nestes combates, como num treino para ganharmos a última batalha, a que nos abrirá as portas da felicidade eterna.
D. Álvaro tinha muito presente um ensinamento que S. Josemaria transmitiu sempre, com especial insistência nos seus últimos anos. Na guerra, dizia o nosso Fundador, pode perder-se uma batalha, duas, três… No fundo, isso não importa desde que se ganhe a última, que é a que decide a sorte. Na vida interior, que é também guerra e batalha, como acabámos de ver, o melhor é não perder nenhuma, porque não sabemos quando vamos morrer. Vão-se desta vida rapazes novos, adolescentes, pessoas cheias de força. E muitas vezes os velhos vão puxando por si durante anos e anos… Mas ninguém sabe quando há de prestar contas a Deus da sua vida.
Por isso, porque quem perde a última batalha perde a guerra, quando estivermos no meio dessas lutas que só Deus Nosso Senhor e cada um de nós conhece (…), quando estivermos numa dessas lutas, havemos de pensar: pode ser a última, e não quero ser tão tolo que, por perder uma batalha, torne inútil toda a minha vida.
Vamos lutar, meus filhos, vamos lutar! Ensinai-o aos outros, porque assim serão felizes: este é o caminho [11].
D. Álvaro não se cansava de repetir que o Senhor pode tudo, e a nós pede-nos que trabalhemos sem medo de falhar. Si Deus pro nobis, quis contra nos? [12] Se Deus está connosco, quem contra nós? perguntava-se muitas vezes, com as palavras de S. Paulo. E também com frequência se referia à luta entre David e Golias, que a Sagrada Escritura narra [13]. Pensava na desproporção existente entre as armas dos dois combatentes: Golias ia armado com lança, escudo e couraça, enquanto David só contava com a sua funda de pastor e umas pedras apanhadas no rio. Contudo, plenamente confiado no poder de Deus, e não nas suas próprias forças, David saiu vencedor naquela prova.
[11]. S. Josemaria, Notas de uma reunião familiar, 8-IV-1972.
[12]. Rm 8, 31.
[13]. Cfr. 1 Sm 17, 39-51.
(D. Javier Echevarría, Prelado do Opus Dei na carta do mês de agosto de 2014)
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