Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Não nos deve sobrar o tempo. Nem um segundo

Consolaste-te com a ideia de que a vida é gastar-se, é queimá-la no serviço de Deus. Assim, gastando-nos integralmente por Ele, virá a libertação da morte, que nos dará a posse da Vida. (Sulco, 883)

Não nos deve sobrar o tempo. Nem um segundo. E não exagero! Trabalho há sempre. O mundo é grande e são milhões as almas que não ouviram ainda falar claramente da doutrina de Cristo. Dirijo-me a cada um de vós. Se te sobra tempo, medita um pouco: é muito possível que vivas no meio da tibieza, ou que, sobrenaturalmente, sejas um paralítico. Não te mexes, estás parado, estéril, sem realizar todo o bem que deverias comunicar aos que se encontram a teu lado, no teu ambiente, no teu trabalho, na tua família.

Pensemos na nossa vida com valentia. Por que é que às vezes não conseguimos os minutos de que precisamos para terminar amorosamente o trabalho que nos diz respeito e que é o meio da nossa santificação? Por que descuidamos as obrigações familiares? Por que é que se nos mete a precipitação no momento de rezar ou de assistir ao Santo Sacrifício da Missa? Por que nos faltará a serenidade e a calma para cumprir os deveres do nosso estado e nos entretemos sem qualquer pressa nos caprichos pessoais? Podeis responder-me: são coisas pequenas. Sim, com efeito, mas essas coisas pequenas são o azeite, o nosso azeite, que mantém viva a chama e acesa a luz. (Amigos de Deus, 41–42)

São Josemaría Escrivá

O pelagianismo dos piedosos

«A outra face do mesmo vício é o pelagianismo dos piedosos. Estes não querem ter perdão algum e, de um modo geral, nenhum verdadeiro dom de Deus. Querem estar em ordem, não querem perdão, mas justa recompensa. Quereriam não esperança, mas segurança. Com um duro rigorismo de exercícios religiosos, com orações e ações, querem ter direito à beatitude. Falta-lhes a humildade essencial para qualquer amor, a humildade de receber dons que ultrapassam a nossa ação e o nosso merecimento. A negação da esperança a favor da segurança, diante da qual nos encontramos agora, baseia-se na incapacidade de viver a tensão do que está para vir e de se abandonar à bondade de Deus. Assim, este pelagianismo é uma apostasia do amor e da esperança e em profundidade também da fé».

(Joseph Ratzinger - “Olhar para Cristo”)

«Entrar na Igreja e honrar as imagens sagradas e as veneradas cruzes, não basta por si só para agradar a Deus, como tão-pouco lavar as mãos é suficiente para estar completamente limpo.

O que verdadeiramente é grato a Deus, é que o homem fuja do pecado e limpe as suas manchas pela confissão e pela penitência. Que quebre as cadeias das suas culpas com humildade do coração.»

(Santo Atanásio Sinaita - Sermo de Sancta Synaxis)

A Madre Teresa e a política

Calcutá é a capital do Bengala Ocidental, um Estado da Índia dominado durante 34 anos pelo Partido Comunista, graças à liderança carismática de , chefe do Governo durante 23 anos. Nestas funções, em que conviveu longamente com a Madre Teresa e as suas freiras, o radicalismo de Jyoti Basu colapsou. Violento e duro com os adversários, rendeu-se sem luta com a Madre Teresa.  «She makes me a bad Marxist since she makes me believe in godliness» (ela faz de mim um mau marxista, porque me faz acreditar na piedade / na divindade). Para quê culpar o grande líder comunista? Quem não tem fraquezas?

Joykrishno Ghosh, secretário de Jyoti Basu desde o início, lembra as instruções que tinha, para nunca fazer a Madre Teresa esperar. Há relatos de que o Conselho de Ministros se interrompeu porque a Madre acabava de chegar.

Ronda Chervin, biógrafo da Madre Teresa, conta que ela também correspondia prontamente aos pedidos de Basu: um dia, em que ele não sabia como lidar com 400 mulheres mantidas na prisão com problemas físicos e mentais, a Madre Teresa tirou-as de lá imediatamente e começou a construir um lar para elas, num terreno cedido pelo Governo. Navin B. Chawla, outro biógrafo da Madre Teresa, refere que ela antepunha sempre as palavras «o meu amigo», antes do nome de Basu. Quando a Madre foi hospitalizada, Basu visitava-a todos os dias; quando Basu esteve doente, ela ia lá todos os dias rezar.

Basu não escondia a sua amizade pelas Irmãs Missionárias da Caridade. Quando a Madre Teresa morreu (1997), sendo ele o Primeiro-ministro do Bengala Ocidental e cabeça do Partido Comunista local, organizou um dos maiores funerais de Estado de que há memória. O realizador Rajeevnath lembra que, quando um jornal noticiou que ele estava a preparar um filme sobre a Madre Teresa, lhe telefonaram directamente do Governo a dizer que todo o Estado de Bengala o apoiava, se fizesse o filme.

Prémio Nobel, Oslo 11 de dezembro de 1979
Temos de reconhecer que não era simples, para um político, conviver com a Madre Teresa. Ainda ecoa por todo o mundo a sua declaração ao receber o prémio Nobel da Paz: «O aborto é hoje a maior ameaça à paz, porque se uma mãe pode matar o próprio filho, ninguém pode impedir de matar». Na homilia da canonização, o Papa Francisco lembrou o empenho incessante da Madre Teresa em defesa da vida. Hillary Clinton descreve esta posição como «absolutamente frontal: a Madre Teresa discordava dos meus pontos de vista... e disse-mo» (Mother Teresa was unerringly direct. She disagreed with my views... and told me so). Num almoço na Casa Branca, Hillary perguntou-se por que é que nenhuma mulher tinha chegado a Presidente dos Estados Unidos; conta-se que a Madre Teresa voltou à carga: «Provavelmente, porque foi abortada». Diz bem da Primeira-Dama que, depois de ouvir uma resposta destas e continuando sem compreender o mal do aborto, tenha viajado à Índia para ver como as Missionárias da Caridade acolhiam as crianças e tenha apoiado iniciativas delas nos Estados Unidos.

O jornalista Andrea Tornielli, do «La Stampa», resume o depoimento do antigo enviado especial da ONU, Staffan de Mistura, num «Meeting di Rimini», organizado pelo movimento Comunhão e Libertação. No ano de 1986, os guerrilheiros cercavam a cidade sudanesa de Juba, de maioria cristã, impedindo a chegada de mantimentos. A população começava a morrer de fome. Os mísseis dos guerrilheiros já tinham abatido dois aviões da ONU, que transportavam comida para Juba. Nisto, aparece na capital do Sudão a Madre Teresa com a Irmã Mirtilla: «Estive ontem com o Papa João Paulo II, que ouviu a BBC e quer salvar a cidade de Juba. Eu ia para o Quénia, mas resolvi passar antes por aqui. Que posso fazer? Explique-me o problema». Tentaram explicar: «Isso é demasiado complicado, ligue-me para o Presidente do Sudão que impede a partida do avião, ou para os guerrilheiros». O Presidente está neste momento nos Estados Unidos. «Não faz mal, falamos com o Ronald. É um bom sujeito». Quem? «O Ronald Reagan e também a mulher dele. Ligue-me já para a Casa Branca».

– Boa tarde, fala do World Food Programme, no Sudão, estou aqui com a Madre Teresa que quer falar...

– Pois pois, também telefonaram para cá o Napoleão e o Júlio César... – responde o telefonista. Foi difícil convencê-lo e depois percorrer um a um os degraus da hierarquia da Casa Branca até conseguir a resposta: «o Presidente vai falar com a Madre Teresa». Reagan mexe-se e no dia seguinte um avião das Nações Unidas, carregado de comida, aterra em Juba sem ser bombardeado. Os guerrilheiros desistiram e levantaram o cerco.

José Maria C.S. André
Spe Deus
25-IX-2016

Evangelho do dia 25 de setembro de 2019

Convocados os doze Apóstolos, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demónios, e para curar as doenças. Enviou-os a pregar o reino de Deus e a curar os doentes. Disse-lhes: «Não leveis nada para o caminho, nem bastão, nem alforge, nem pão, nem dinheiro, nem leveis duas túnicas. Em qualquer casa em que entrardes, ficai lá, e não saiais dela até à vossa partida, e se alguém não vos receber, ao sair dessa cidade, sacudi até o pó dos vossos pés, em testemunho contra eles». Tendo eles partido, andavam de aldeia em aldeia pregando a boa nova, e fazendo curas por toda a parte.

Lc 9, 1-6