O desejo de gozar plenamente de Deus elevando a existência quotidiana à ordem sobrenatural é uma caraterística das almas que levam a sério a vocação à santidade. Sou testemunha de como o queridíssimo D. Álvaro se queria manter bem unido ao Senhor, aqui em baixo, como numa antecipação da contemplação e do amor eterno de Deus no Céu. Tal como S. Josemaria nos seus últimos anos, ele repetia com frequência as palavras do Salmo: vultum tuum, Dómine, requíram[2], procurarei sempre o Teu rosto, Senhor! Usava¬-as para atuar na presença de Deus no meio do trabalho e das tarefas habituais.
A esperança ajuda vigorosamente o pensamento a voar para Deus em todas as ocupações. Os olhares de D. Álvaro ao Sacrário ou às imagens de Nossa Senhora estavam repletos de afeto, de piedade. Agradecia verdadeiramente a presença real de Jesus Cristo na Eucaristia, e a Nossa Senhora os seus cuidados maternais. Com a fé, saboreava a alegria de contemplar e gozar de Deus no Céu, não como aqui na Terra, onde só O podemos contemplar como num espelho e com imagens toscas, mas cara a cara [3]. Por isso, mesmo sofrendo de uma lesão na coluna vertebral que às vezes lhe provocava uma forte dor que se estendia às pernas, não deixava de fazer uma genuflexão pausada quando passava diante do Sacrário: sabia que os incómodos, oferecidos a Deus, eram outra forma de O honrar e de n’Ele esperar.
[2]. Sl 26 (27), 8 (Vulgata).
[3]. Cfr. 1 Cor 13, 12.
(D. Javier Echevarría, Prelado do Opus Dei na carta do mês de junho de 2014)
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