Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

DIÁLOGOS COM O SENHOR DEUS (1)


Pois é, Senhor, sinto-me tão cansado por vezes!

Cansado de quê, meu filho?

Não sei, Senhor. Parece que nada corre com eu quero! Parece que quando anseio por descanso, é quando tudo se abate sobre mim.

Mas, meu filho, o querias tu? Sou Eu por acaso que coloco tudo sobre os teus ombros? Fui Eu quem escolheu a vida que tu vives? Não é a tua vida uma escolha que tu fazes todos os dias?

É verdade, Senhor. Mas podias ajudar-me a escolher melhor, a escolher o que fosse melhor para mim, segundo a tua vontade.

Mas, meu filho, não te dou eu a conhecer pela minha Palavra, pela Igreja, qual é a minha vontade? Se Eu te dirigisse não estaria a atentar contra a liberdade que te dei?

Pois, Senhor. Sabes, nós queremos tudo! Queremos que interfiras à posteriori para corrigir os erros que vamos fazendo por não Te ouvirmos. Mas se antes nos alertas para os erros que vamos cometer, não Te queremos ouvir e seguir.

É verdade, meu filho! Mas o meu amor por ti, por vós, consubstancia-se nesta total liberdade que vos dei e dou, de aceitarem e viverem ou não a minha vontade, tendo vós sempre como garantido que Eu estou sempre convosco, mesmo quando vos afastais de mim.

Olha, Senhor, sinto-me melhor, sinto-me mais descansado, sinto-me mais livre, sabes porquê?

Sei, meu filho, mas diz-me tu com palavras tuas.

É que ter-te comigo no coração, procurar a tua vontade, é a maior liberdade que posso viver com a vida que me deste, porque na tua vontade está a minha felicidade. Obrigado, Senhor!

Marinha Grande, 4 de Setembro de 2014

Joaquim Mexia Alves

A força da Palavra de Deus está...

“Ele próprio (São Paulo) diz: ‘Eu apenas me vanglorio dos meus pecados’. Escandaliza, isto. E depois numa outra passagem diz: ‘Eu apenas me vanglorio em Cristo e neste Crucifixo.’ A força da Palavra de Deus está no encontro entre os meus pecados e o sangue de Cristo, que me salva. E quando não existe aquele encontro, não há força no coração. Quando se esquece aquele encontro, não há força no coração. Quando se esquece aquele encontro que tivemos na vida, tornamo-nos mundanos, queremos falar das coisas de Deus com linguagem humana, e não serve: não dá vida.”
(...)
“O lugar privilegiado para o encontro com Jesus Cristo são os próprios pecados. Se um cristão não é capaz de se sentir pecador e salvo pelo sangue de Cristo e por este Crucifixo é um cristão a meio caminho, é um cristão tépido. E quando nós encontramos Igrejas decadentes, quando nós encontramos paróquias decadentes, instituições decadentes, seguramente que os cristãos que estão ali nunca encontraram Jesus Cristo. A força da vida cristã e a força da Palavra de Deus está precisamente naquele momento onde eu, pecador, encontro Jesus Cristo e aquele encontro vira a vida, muda a vida... E dá-te a força de anunciar a salvação aos outros.”

Papa Francisco - excertos homilia Casa de Santa Marta 04.09.2014

Os novos cátaros

Um pregador católico inglês, do século passado, escandalizou os seus fiéis ao dizer que era mais provável que a alguém lhe roubassem a carteira numa igreja católica do que num templo anglicano. Inquirido sobre a sua falta de fé na honestidade dos irmãos da sua própria Igreja, esclareceu que, enquanto a Igreja anglicana é só para pessoas respeitáveis, a romana, precisamente porque é católica, ou seja universal, é para todo o tipo de pessoas, ladrões incluídos.

Alguns fiéis aceitam mal esta abertura, que consideram permissiva em demasia. E, por isso, em tempos de crise generalizada da fé e dos bons costumes, optam por se isolarem em pequenos grupos, evitando o pecaminoso contágio e afastando-se dos outros fiéis, não tão exemplares na ortodoxia ou na virtude. Em nome de uma Igreja dos puros, estes novos cátaros fazem da sua intransigência doutrinal o imperativo principal da sua fé, excluindo os pecadores do seu seio e excluindo-se da unidade eclesial. Esquecem, assim, o amor universal de Cristo, que não só conviveu com pecadores públicos, incorrendo no escândalo dos fariseus do seu tempo, como disse também que as mulheres de má-vida os iriam preceder no reino dos Céus (Mt 21, 31). E não relevam que Jesus, como a propósito de Judas Iscariotes fez notar Santo Agostinho, «aguentou um ‘demónio’ entre os seus discípulos até à sua Paixão (Jo 6,70)» (A fé e as obras, 3-5).

Não são só certos crentes que desejam uma Igreja de eleitos, constituída única e exclusivamente por fiéis exemplares. Também os incrédulos se escandalizam quando vislumbram, dentro dos muros dos templos cristãos, homens e mulheres pecadores, como o carteirista do sermão. Quereriam, eles também, uma Igreja sem mancha nem pecado, feita de anjos e não por homens, uma Jerusalém celestial que nada tivesse que ver com as fraquezas deste mundo.

Tanto uns como outros erram, porque se a Igreja é santa na sua origem e finalidade, é e será sempre pecadora nos seus membros terrenos. Assim o disse Cristo quando ensinou que o trigo e o joio devem permanecer juntos até à ceifa final (cf. Mt 13, 29), ou quando comparou o reino dos Céus a uma grande rede de arrasto, que traz consigo todo o tipo de peixes, bons e maus (Mt 13, 47-52). A Igreja de Cristo não está chamada a ser um luxuoso condomínio fechado, para exclusivo uso de umas quantas almas selectas, mas um pobre hospital de campanha, sempre de portas escancaradas para os seus filhos pecadores e para todos os homens de boa vontade. Os odores de santidade são para o outro mundo porque neste, mais do que as boas obras dos virtuosos, é a pestilência das doenças físicas e morais dos arrependidos o incenso com que Deus quer ser glorificado nos seus templos. Ele não veio ao mundo para os sãos, mas para os enfermos (Mc 2, 17) e é maior a sua alegria por um pecador que se converta, do que por noventa e nove justos que perseverem no bem (Lc 15, 1-7).

Vale mais a unidade da Igreja e a sua solidariedade com os pecadores do que esse rigorismo doutrinal, contrário à caridade apostólica. A tentação dos falsos purismos exclusivistas e sectários não é só de agora, porque também Santo Agostinho denunciou, no seu tempo, as «pessoas que só tomam em consideração os preceitos rigorosos, que mandam reprimir os que causam perturbação, que ordenam (…) que se ‘tratem como aos publicanos’ aqueles que desprezam a Igreja, que se repudiem do seu corpo os membros escandalosos (Mt 7,6; 18,17; 5,30)» (id.). Era também este santo doutor quem assim vituperava, energicamente, contra esses falsos pastores: «o seu zelo intempestivo causa muita tribulação à Igreja, porque desejariam arrancar o joio antes do tempo e a sua cegueira faz deles próprios inimigos da unidade de Jesus Cristo» (id.).

O bem da comunhão deve prevalecer sobre qualquer outro bem, porque a caridade é o mandamento novo de Cristo (Jo 13, 34-35), a principal das virtudes cristãs (1Cor 13, 13) e a razão da esperança na salvação de todos os homens, sem excepção. «Tomemos cuidado em não deixarmos entrar no nosso coração pensamentos presunçosos – adverte o santo bispo de Hipona – em não procurarmos destacar-nos dos pecadores, para não nos sujarmos com o seu contacto, em não tentarmos formar como que um rebanho de discípulos puros e santos. Sob o pretexto de não frequentarmos os maus, conseguiríamos apenas romper a unidade» (id.).

Há quem se escandalize por encontrar, na Igreja católica, pessoas cristãs que têm dúvidas de fé, ou que atentaram contra a vida dos seus filhos por nascer, ou que esmoreceram na esperança, ou que vivem em uniões não abençoadas pela Igreja, ou que não conseguem ainda amar e perdoar o próximo, ou que seguem tendências contrárias ao uso natural do corpo, ou que são alcoólicas, ou drogadas. Confesso que rejubilo com essas benditas presenças, em que abunda o pecado e sobreabunda a esperança, não só porque são almas predilectas de Deus – as ovelhas pelas quais vale a pena deixar todo o rebanho – mas, sobretudo, porque me sinto confirmado na unidade e catolicidade da minha fé eclesial.

Groucho Marx disse que jamais aceitaria fazer parte de um clube que admitisse pessoas como ele. Eu, pelo contrário, nunca poderia pertencer a uma Igreja que não recebesse pecadores como eu.

P. Gonçalo Portocarrero de Almada
in 'Observador'

A Igreja é Una

Que sejam um, assim como nós , clama Cristo a seu Pai; para que sejam todos um, como Tu, Pai, o és em Mim e eu em Ti, para que também eles sejam um em Nós. Brota constantemente dos lábios de Jesus Cristo esta exortação à unidade, porque todo o reino, dividido em facções contrárias, será desolado; e toda a cidade ou família, dividida em bandos, não subsistirá . Exortação que se converte em desejo veemente: Tenho também outras ovelhas que não são deste aprisco; e importa que eu as traga, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor.
[…]
Defender a unidade da Igreja traduz-se em viver muito unidos a Jesus Cristo, que é a nossa vide. Como? Aumentando a nossa fidelidade ao Magistério perene da Igreja: na verdade, não foi prometido o Espírito Santo aos sucessores de Pedro para que por sua revelação manifestassem uma nova doutrina, mas para que, com a sua assistência, santamente custodiassem e fielmente exprimissem a revelação transmitida pelos Apóstolos ou depósitos da fé . Assim conservaremos a unidade, venerando esta Nossa Mãe sem mancha e amando o Romano Pontífice.

(São Josemaría Escrivá – Amar a Igreja, 3)

Amar a Igreja

«Para que este amor sólido e íntegro more nas nossas almas e aumente dia a dia, é necessário que nos acostumemos a ver na Igreja o próprio Cristo. Porque Cristo é quem vive na Sua Igreja, quem por meio dela ensina, governa e confere a Santidade; Cristo é também quem de vários modos Se manifesta nos Seus membro sociais»

(Pio XII - Mystici Corporis, nº 43)

«Deposto todo o juízo, devemos ter ânimo aparelhado e pronto para obedecer em tudo à verdadeira esposa de Cristo nosso Senhor, que é a nossa mãe Igreja»

(Santo Inácio de Loyola - Exercícios Espirituais, nº 353)

Dizer-se católico e não amar a Igreja e os seus membros é impossível, porque ela é o próprio Corpo de Cristo sendo Ele a sua Cabeça. Aos que assim não entendem, rogo-lhes que não se intitulem como católicos, cristãos talvez; mas acima de tudo peço-lhes com humildade e amor fraterno, que leiam e releiam as Sagradas Escrituras e lá encontrarão resposta para todas as vossas dúvidas, sempre no pressuposto da presença do elemento essencial que é a Fé, sem ela…

JPR

«Não tenhas receio; de futuro, serás pescador de homens.»

Santo António de Lisboa (c. 1195-1231), franciscano, Doutor da Igreja
Sermões para o Domingo e as festas dos santos 

«Porque Tu o dizes, lançarei as redes». É por indicação da graça celeste, por inspiração sobrenatural, que se deve lançar a rede da pregação. Senão é em vão que o pregador lança as linhas das suas palavras. A fé dos povos obtém-se, não através de discursos sabiamente compostos, mas pela graça da vocação divina. [...] Ó frutuosa humildade! Quando aqueles que até aí não tinham pescado nada confiam na palavra de Cristo, apanham uma multidão de peixes. [...]

«Porque Tu o dizes, lançarei as redes». Cada vez que por mim próprio as lancei, quis guardar o que me pertencia. Fui eu que pesquei e não Tu, foram as minhas palavras e não as Tuas. Por isso não pesquei nada. Ou, se pesquei qualquer coisa, não foi peixe, mas rãs, prontas a espalhar lisonjas sobre mim. [...]

«Porque Tu o dizes, lançarei as redes». Lançar a linha por ordem de Jesus é atribuir-Lhe tudo e não guardar nada para si mesmo: é viver em conformidade com o que se pesca. Nessa altura, apanhamos uma grande quantidade de peixes.

O Evangelho do dia 4 de setembro de 2014

Um dia, comprimindo-se as multidões em volta d'Ele para ouvir a palavra de Deus, Jesus estava junto do lago de Genesaré. Viu duas barcas acostadas à margem do lago; os pescadores tinham saído e lavavam as redes. Entrando numa destas barcas, que era a de Simão, pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra. Depois, estando sentado, ensinava o povo desde a barca. Quando acabou de falar, disse a Simão: «Faz-te ao largo, e lançai as redes para pescar». Respondeu-Lhe Simão: «Mestre, tendo trabalhado toda a noite, não apanhámos nada; porém, sobre a Tua palavra, lançarei as redes». Tendo feito isto, apanharam tão grande quantidade de peixes, que as redes se rompiam. Então fizeram sinal aos companheiros, que estavam na outra barca, para que os viessem ajudar. Vieram e encheram tanto ambas as barcas, que quase se afundavam. Simão Pedro, vendo isto, lançou-se aos pés de Jesus, dizendo: «Afasta-Te de mim, Senhor, pois eu sou um homem pecador». Porque, tanto ele como todos os que se encontravam com ele, ficaram possuídos de espanto, por causa da pesca que tinham feito. O mesmo tinha acontecido a Tiago e a João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. Jesus disse a Simão: «Não tenhas medo; desta hora em diante serás pescador de homens». Trazidas as barcas para terra, deixando tudo, seguiram-n'O.

Lc 5, 1-11