Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sábado, 2 de dezembro de 2017

O Evangelho de Domingo dia 3 de dezembro de 2017

Estai de sobreaviso, vigiai, porque não sabeis quando será o momento. Será como um homem que, empreendendo uma viagem, deixou a sua casa, delegou a autoridade aos seus servos, indicando a cada um a sua tarefa, e ordenou ao porteiro que estivesse vigilante. Vigiai, pois, visto que não sabeis quando virá o senhor da casa, se de tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã; para que, vindo de repente, não vos encontre a dormir. O que vos digo a vós, digo-o a todos: Vigiai!»

Mc 13, 33-37

‘Portugal católico’

Foto: Agência Ecclesia
F“Os católicos continuam a desempenhar um importante papel. Na escola, na saúde, na solidariedade social, na cultura, na ciência, na tecnologia”. E na política?

O título desta crónica é o da obra que foi apresentada, no passado dia 21, pelo Presidente da República e pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, na reitoria da Universidade de Lisboa. Oitocentas páginas, várias centenas de magníficas fotografias e quase duzentos textos de outros tantos autores, dos mais diversos quadrantes do catolicismo português – não em vão se subintitula ‘A beleza da diversidade’ – compõem esta monumental edição do Círculo de Leitores, que os professores José Carlos Seabra Pereira e José Eduardo Franco excelentemente organizaram, com o generoso patrocínio de Alexandre Soares dos Santos e de várias instituições culturais.

‘Portugal católico’ é, diga-se de passagem, um título provocatório: sugere que o Estado português é confessional. Uma tal profissão de fé parece também insultuosa para quantos portugueses se afirmam agnósticos, ateus, crentes de outras religiões, ou fiéis de outras confissões cristãs. Respirem fundo os não-católicos: não é esse o propósito dos promotores desta louvável iniciativa, que não pretende ser hostil nem polémica, mas informativa do que é, na actualidade, o catolicismo português.

Mas, Portugal é católico?! Como no prefácio escreveu Marcelo Rebelo de Sousa, “não há Portugal sem cristianismo. Assim foi desde os primórdios da nacionalidade”. Com efeito, o nosso país nasceu católico, não apenas porque o era o fundador da nacionalidade e quantos com ele se empenharam em tornar soberano este condado do reino de Leão, mas também porque surge no âmbito da cruzada contra o Islão, que invadira e ocupara a península, impondo pelas armas uma religião que era estranha à população, já então cristã de longa data.

Alguns períodos de intolerância e repressão na história nacional – como a perseguição aos judeus, a inquisição, a expulsão dos jesuítas, a extinção dos conventos e a primeira república – foram uma dolorosa excepção à regra do que é Portugal, segundo a generosa definição do Presidente da República: “terra que somos de emigrantes e de imigrantes e refugiados, aberta a todos, com generosidade e gratidão”.

Diga-se o que se disser, não se pode ignorar que a matriz cristã caracteriza a história e a cultura portuguesa: “os cristãos – e, dentro deles, os católicos – estiveram presentes em todos os lances da nossa história – da afirmação da independência à expansão pelos oceanos e à chegada a outros continentes, da construção do Império à descolonização, da monarquia à república, das ditaduras à democracia”, prefaciou o Presidente da República. Uma marca que se distingue, como também disse Marcelo Rebelo de Sousa, por “uma visão personalista, humanista e ecuménica, que perdurou até hoje e é um denominador comum inquestionável”.

Graças a esta fé, os nossos descobridores, mais do que conquistadores que se impusessem pela força bélica, foram sobretudo colonizadores e feitores. Embora também tenha havido excessos deploráveis – pense-se, por exemplo, no ignóbil comércio de escravos – a presença portuguesa em terras de além-mar foi decerto mais humanista e tolerante do que a de outras potências coloniais do velho continente. Por isso, a presença portuguesa é ainda hoje recordada com saudade nas antigas colónias, em que até os principais clubes do futebol nacional têm fervorosos adeptos.

Mesmo a desastrada descolonização, que nada teve de exemplar, por mais que o regime pretenda branquear a sua responsabilidade histórica, não foi tão traumática como, por exemplo, a protagonizada pela saída dos franceses das suas possessões no norte de África. Não obstante as imensas dificuldades por que tiveram que passar os ‘retornados’, a verdade é que a pátria-mãe os acolheu, pior ou melhor, reintegrando-os depois do seu dramático regresso ao continente. Muitos deixaram, nessas ‘províncias ultramarinas’, as lembranças e os haveres de uma vida que, se em algum caso foi de exploração das populações locais, em geral foi de fraterna colaboração com os seus naturais que, em geral, reconhecem e agradecem.

Poucos meses depois da declaração da independência angolana, um diplomata português foi mandado parar, em Luanda, por um polícia local. Perguntou-lhe o agente se era angolano, ao que respondeu, obviamente, que era estrangeiro. Inquiriu então o guarda qual a sua nacionalidade e, ao saber que era português, afirmou: ‘- Então não é estrangeiro, é português!’ Releve-se a ignorância do polícia à conta da gentileza desta sua afirmação que, se é errada em termos formais, é significativa do sentimento de proximidade que, não obstante a recente independência da sua pátria, aquele agente da autoridade sentia em relação a Portugal.

“O Presidente da República Portuguesa, que se orgulha de ser católico, mas representa todos os portugueses, sem discriminações ou marginalizações” também reconhece que a Igreja católica não só foi uma importante referência histórica nacional, como também agora o é, porque “os católicos continuam a desempenhar um importante papel. Na escola, na saúde, na solidariedade social, na cultura, na ciência, na tecnologia”. Na política, o último referendo sobre o aborto, bem como a promulgação da lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo, obrigam a concluir que, por falta de formação ou respeitos humanos, alguns católicos nem sempre primaram pela coerência.

No último censo geral da população, 80% dos cidadãos nacionais declararam-se católicos. Como explicar então que a representação política da nação não corresponda a esta realidade social?! De facto, não só os partidos que apoiam, no parlamento, o actual governo, têm uma ideologia não cristã, senão mesmo anticatólica, como também o principal partido da oposição recentemente viabilizou, pelo voto do seu presidente e de muitos dos seus deputados, as chamadas ‘barrigas de aluguer’! Mesmo o partido que se diz de inspiração cristã, nem sempre honra esses princípios, nomeadamente em relação a algumas das (mal)ditas questões fracturantes. Este desfasamento, entre a realidade religiosa portuguesa e a sua representação política, explica porventura o elevado nível de desinteresse e abstenção de inúmeros cidadãos, nomeadamente cristãos.

Se Portugal é católico, politicamente não é praticante…

Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada in Observador
(seleção de imagens 'Spe Deus')

São Josemaría Escrivá nesta data em 1937

Depois de uma penosa marcha a pé para atravessar os Pirenéus, durante a guerra civil espanhola, chega a Andorra. Ao entrar em Sant Juliá de Loria vai a rezar o terço. Escuta o toque de uns sinos e repete de si para si: “Deo gratias!, Deo gratias!”

Aborto como eugenia

Num Ocidente que muda o trajecto de uma estrada só para não ferir o habitat de um rato, num Ocidente obcecado com focas bebé, num Ocidente que endeusa as baleias do Árctico islandês, como é que se desvaloriza assim a vida de seres humanos?

Chamemos-lhe Joana. Tem uma filha com trissomia 21. Quando lhe dizem que demonstrou coragem ou grandeza, Joana abana a cabeça. Nunca lhe passou pela cabeça matar na própria barriga um bebé só porque ele era imperfeito na genética. Desde quando é que os seres imperfeitos não têm direito à vida? Desde quando é que aqueles que beliscam a estética não têm direito à existência? E como é que a genética pode ser o centro da nossa moral colectiva? Não é a Joana que é grande ou corajosa, a sociedade é que entrou numa caverna. Caverna, essa, que muda o nome às coisas. “Aborto” é “IGV”. “Eutanásia” é “direito à morte”. “Bebé” na barriga é “feto” ou “amontoado de células”, termos burocráticos que procuram anular a carga odiosa do aborto. E, claro, “eugenia” já não é “eugenia”. Convém sublinhar a palavra (“eugenia”), porque as nossas sociedades fazem eugenia em massa. 90% das inglesas que detectam um bebé com síndrome de Down fazem aborto. Na fofinha Islândia não há pessoas com trissomia. Há uma taxa de 100% de aborto nestes casos, e esta devastação é apresentada como um grande avanço médico. É como se estivéssemos a falar de uma campanha contra a tuberculose ou sida. É como se o bebé da Joana fosse em si mesmo uma doença erradicável. Isto não é “progresso”, é uma barbárie medicamente assistida.

Esta agenda eugenística é tão bárbara que chega a ser cómica. Ainda há dias a lei francesa proibiu a divulgação pública de um vídeo de uma associação de pais como Joana. O vídeo mostra a alegria de crianças com trissomia 21. O vídeo foi proibido. Alegou-se que podia ferir a susceptibilidade das mulheres que abortaram. Confesso que isto me dá vontade de rir. Dante Alighieri ensinou-nos que o grotesco tem sempre um lado cómico. Esta proibição é tão grotesca, tão absurda, que até parece piada. A piadinha porém é agora a realidade. É uma piada que não ataca apenas o direito à vida, ataca o próprio direito à liberdade de expressão de pessoas como a Joana. Mas repare-se que a proibição revela acima de tudo a má consciência dos defensores do aborto, dos defensores de campanhas médicas contra crianças deficientes, das próprias mulheres que abortam. Revela embaraço, culpa e remorsos. Serão estes remorsos que acabarão por destruir o edifício intelectual e moral deste cultura eugenística.

E essa destruição está para breve. Chegámos ao fim da linha. Este quadro grotesco é indefensável. Como é que chegámos ao ponto em que se consideram “estúpidas” as pessoas como Joana? Como é que chegámos ao ponto em que uma mensagem comovente de crianças com trissomia é vista como “ofensiva”? Num Ocidente que muda o trajecto de uma estrada só para não ferir o habitat de um rato, num Ocidente obcecado com focas bebé, num Ocidente que endeusa as baleias do Árctico islandês, como é que se desvaloriza assim a vida de seres humanos? Daqui a vinte e cinco anos, teremos sérias dificuldades para explicar aos nossos netos esta comédia grotesca.

Henrique Raposo in RR (seleção de imagem 'Spe Deus')

Seja o que for que Ele queira, por muito mau que nos pareça, é na verdade o melhor

São Tomás Moro (1478-1535), estadista inglês, mártir 
Carta escrita no cárcere a sua filha, 1534 (trad. Breviário, 22/6, rev.)


Não vou deixar de ter confiança, Meg, na bondade de Deus, por mais receio que tenha de, com medo, poder vacilar. Mas lembro-me sempre de São Pedro que, à primeira rajada de vento, começou a afundar-se por causa da sua pouca fé; se tal me vier a acontecer, farei como ele: gritar por Cristo e pedir-Lhe que me ajude. E assim espero que Ele estenda a Sua mão para me segurar e me salvar das águas tumultuosas, impedindo que me afogue.

E se Ele permitir que a minha semelhança com Pedro vá mais longe, ao ponto de me precipitar e cair totalmente, jurando e abjurando (que de tal coisa Deus me livre na sua infinita misericórdia e que, se assim for, dessa queda me venha antes mal do que bem), ainda assim espero que o Senhor me dirija, tal como fez a Pedro, um olhar cheio de compaixão (Lc 22,61) e me levante de novo para que possa outra vez confessar a verdade da minha consciência e suportar aqui o castigo e a vergonha da minha anterior negação.

Por fim, querida filha, estou plenamente convencido de que, sem culpa própria, Deus não me abandonará. Por isso, com toda a certeza e esperança me entrego nas suas mãos. […] Assim, minha querida filha, fica tranquila e não te preocupes comigo, seja o que for que me aconteça neste mundo. Nada pode acontecer-me que Deus não queira. E seja o que for que Ele queira, por muito mau que nos pareça, é na verdade o melhor.

Evitar o supérfluo

«O Senhor não manda que deitemos fora a nossa fazenda e nos afastemos do dinheiro. O que Ele quer é que afastemos da nossa alma a primazia das riquezas, a desenfreada cobiça e febre delas, as solicitudes, os espinhos da vida, que afogam a semente da verdadeira vida.»

(Clemente de Alexandria - Quis dives salvetur, nº 11) 

O Evangelho do dia 2 de dezembro de 2017

«Velai, pois, sobre vós, para que não suceda que os vossos corações se tornem pesados com o excesso do comer e do beber e com os cuidados desta vida, e para que aquele dia não vos apanhe de improviso; porque ele virá como uma armadilha sobre todos os que habitam a superfície de toda a terra. Vigiai, pois, orando sem cessar, a fim de que vos torneis dignos de evitar todos estes males que devem suceder, e de aparecer com confiança diante do Filho do Homem».

Lc 21, 34-36