Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

"Running"

Quando se candidatam a um cargo, os anglófonos dizem que vão "correr" rumo a esse cargo. As eleições são sempre uma "corrida" para os parlamentos, congressos ou senados. A pergunta mais comum nas vésperas de campanha é sempre: "are you running?". Os meus amigos mais próximos, e alguns deles estão na política, disseram-me ao longo deste este ano: estás sempre a correr. Tem graça isso; talvez seja verdade. Agora que a corrida se aproxima da meta, é importante falar da pista.

Há uns dias, num debate, lembrei-me como o jornalismo me obrigou a ir conhecer o meu país. Como as reportagens levaram um beto da avenida a ver de perto a terra. Como trabalhar nos jornais me mostrou um Portugal que eu não conhecia. A campanha eleitoral, na rua, obrigou-me a conhecer os portugueses. A falar com eles sobre os seus anseios, as suas queixas, as suas aspirações. Mostrou-me como temos vários portugais dentro de um só; que em meio quilómetro vamos do condomínio mais moderno a barracas debaixo de um viaduto, do trânsito mais cerrado a quintas onde ainda se cria gado.

É um enorme desafio levar um programa único a um território tão diverso – e muitas vezes tão desigual –, mas creio profundamente que o fizemos bem e que cada ideia faz justiça a cada diversidade desse território. 

Um homem muito mais velho do que eu disse-me, uma vez, que 'a democracia é o ato de coragem que coloca o nosso próprio futuro nas mãos do nosso semelhante, tão diferente de nós'. Fazer parte desse ato foi – foi mesmo – um privilégio. Não sei, afinal, o que acontecerá este domingo. Sei que vou continuar a correr.

Sebastião Bugalho (candidato independente pelo CDS no círculo eleitoral de Lisboa)

A festa da alegria

Nestas últimas semanas, a Igreja lançou, em todo o mundo, um projecto renovado de evangelização. Este mês de Outubro foi declarado um Mês Missionário Extraordinário, do qual ninguém está excluído. Porque, justificou o Papa, «ninguém está excluído da missão da Igreja».

O Papa identificou a alegria como sinal da evangelização verdadeira. «Deus ama quem dá com alegria. E ama uma Igreja em saída». Este programa é para todos, cada um no ambiente em que vive. «Se não estiver sem saída, não é Igreja. É preciso que sejamos uma Igreja em saída, missionária, uma Igreja que não perde tempo a chorar as coisas que correm mal, os fiéis que faltam, os valores de um tempo que passou. Uma Igreja que não busca oásis protegidos para estar tranquila; deve ser “sal da terra e fermento do mundo”. Sabe que a sua força é a do próprio Jesus: não a relevância social ou institucional, mas o amor humilde e gratuito».

E qual é o sinal que garante a evangelização verdadeira, aquela que é realizada pelo Espírito Santo? É transbordarmos de alegria. Deus não quer gente de má cara.

O livro do profeta Neemias tem uma página muito curiosa, que se leu na Igreja católica em todas as Missas da passada quinta-feira. O povo todo reuniu-se na praça de Jerusalém e o escriba Esdras trouxe o Livro da Lei de Moisés. Desde a aurora até ao meio-dia, leu-se o livro e os levitas explicavam a Lei ao povo. O Governador e o escriba Esdras exortavam o povo «não vos entristeçais, nem choreis!» e mandaram-nos celebrar um almoço de festa, repartindo com os que não tivessem nada preparado. Esdras e o Governador repetiam a mensagem: «Não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa fortaleza». Os levitas acalmavam o povo dizendo: «Não vos lamenteis nem aflijais, porque este dia é santo». E o povo banqueteou-se, repartindo com quem não tinha, e manifestaram grande alegria porque tinham compreendido as palavras que lhes anunciaram.

O Papa Francisco comentou que aquela reunião emocionou o povo porque o Livro da Lei tinha ficado fechado muito tempo. Para nós, habituados a ouvir a palavra de Deus cada Domingo, este encontro com a palavra de Deus pode parecer quase rotineiro, enquanto, quando Esdras trouxe o Livro, o povo chorava de alegria a ponto de ser preciso acalmá-lo.

O Papa comentou que a alegria é a nossa força. O demónio produz «corações tristes» enquanto a alegria de Deus «nos levanta, faz-nos ver e cantar e chorar de alegria». O Papa recordou um salmo que descreve o momento em que os judeus foram libertos do cativeiro da Babilónia: «pensavam que estavam a sonhar, nem podiam acreditar. Esta é a nossa experiência, isto é um sonho!, não podemos acreditar numa beleza tão deslumbrante!».

S. Lucas também diz que, depois da Ressurreição de Jesus, os discípulos «não podiam acreditar por causa da alegria» (Lc 24, 41). Foi preciso Jesus ficar a comer peixe assado com eles para se convencerem de que Jesus tinha mesmo ressuscitado.

O Papa terminou a homilia de quinta-feira pedindo a Deus «a graça de nos abrir os corações para o encontro com a sua palavra, sem medo da festa da alegria».
José Maria C.S. André

Amar com todo o coração a pobreza

Se estamos perto de Cristo e seguimos as suas pegadas, temos de amar com todo o coração a pobreza, o desprendimento dos bens terrenos, as privações. (Forja, 997)

Como imaginas tu o porte de Nosso Senhor? Já pensaste com que dignidade vestiria aquela túnica inconsútil, que provavelmente terá sido tecida pelas mãos de Santa Maria? Não te lembras de como em casa de Simão se lamenta por não lhe haverem oferecido água para se lavar, antes de se sentar à mesa?

Com certeza que o Senhor trouxe à baila essa falta de urbanidade, para realçar com tal facto o ensinamento de que é nos pormenores que se mostra o amor. Mas procura também deixar claro que se atém aos usos sociais do ambiente. Portanto, tu e eu esforçar-nos-emos por estar desapegados dos bens e das comodidades da terra, mas sem destoar e sem fazer coisas estranhas.

Para mim, uma manifestação de que nos sentimos senhores do mundo, administradores fiéis de Deus, é cuidar das coisas que usamos, com interesse em conservá-las, em fazê-las durar, em mantê-las impecáveis e em fazê-las servir o mais tempo possível para o seu fim, de maneira a não haver desperdício. (Amigos de Deus, 122)

São Josemaría Escrivá

‘As sandálias do pescador’

Disse-se que Bento XVI calçava Prada, o que a muitos escandalizou. Não faltou quem comparasse o sapato pontifício aos pés descalços dos indigentes, para retirar conclusões que eram mesmo, valha a expressão, de se lhes dar com os pés.

O Papa Francisco, fazendo jus ao nome, fez questão de aparecer em público com sapatos pretos, por sinal já velhos e cambados. Também agora houve clamores de indignação ante a aparente pobretice de um sumo pontífice que parece não compreender as exigências da sua nova condição. Vozes de burro que, como se costuma dizer, não chegam ao céu.

Esta prosaica questão tem antecedentes clássicos, porque já Aquiles tinha problemas com o calcanhar. Não consta se o usava ao léu, revestido de púrpura ou dentro de velhas botas de guerreiro. Mas, para sua desgraça, foi a debilidade do seu calcanhar que passou à história, e não a sua lendária bravura de herói homérico.

Jesus, que certamente trajava modestamente, usava, contudo, uma túnica que não tinha costura, toda tecida de alto a baixo, que foi sorteada pelos soldados que O crucificaram – o que não teria ocorrido se fosse um farrapo. Não me escandalizam, portanto, as boas vestes, nem os ricos paramentos e alfaias litúrgicas que Francisco de Assis queria para o culto divino, nem os trajes ou calçados mais simples, como os que ele e os seus frades usavam. Mas incomoda-me a hipocrisia dos que, em vez de atentarem no essencial, se perdem em considerações mesquinhas. Porque, qualquer que seja a sandália do pescador, são sempre “formosos os pés dos que anunciam o Evangelho”! (Rm 10, 15).

Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada em 2013

Oração de S. Francisco de Assis

Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz;
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;...
Onde houver dúvidas, que eu leve a fé;
Onde houver erros, que eu leve a verdade;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei com que eu procure mais consolar, que ser consolado;
Compreender, que ser compreendido;
Amar, que ser amado;
Pois é dando que se recebe;
É perdoando, que se é perdoado;
E é morrendo que se vive para a vida eterna.

Evangelho do dia 4 de outubro de 2019

«Ai de ti, Corazin! Ai de ti, Betsaida! Porque se em Tiro e em Sidónia se tivessem realizado as maravilhas que se têm operado em vós, há muito tempo que teriam feito penitência vestidas de cilício e jazendo sobre a cinza. Por isso haverá, no dia de juízo, menos rigor para Tiro e Sidónia que para vós. E tu, Cafarnaum, “que te elevas até ao céu, serás abatida até ao inferno”. Quem vos ouve, a Mim ouve, quem vos rejeita, a Mim rejeita, e quem Me rejeita, rejeita Aquele que Me enviou».

Lc 10, 13-16